Capítulo 12

Conto de escritor da noite como (Seguir)

Parte da série Promessa

Olá galera, desculpa a demora, mas é que a semana foi cheia e tava sem inspiração. Obrigado pelos comentários e aos que acompanham.

Fran: ainda estou morrendo de vergonha kkkkkkkkkk mandou o abraço?

Anderson P.: obg pelo comentário, espero que goste desse.

Bem, eu disse que iria começar uma nova fase então é pra já...

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[Léo]

Em 2012, o Japão sofreu um estardalhaço. Um terremoto seguido de tsunami devastou o país. Como se não bastasse essa tragédia, as usinas nucleares foram atingidas e danificadas, o que gerou grande temor no país, vide o acidente de 1988 em Chernobyl. Em meio a isso, a população e o governo começaram novamente e rapidamente reconstruíram o país, que voltou a crescer e se tornar um dos gigantes do mundo.

Por que eu estou falando isso? É por que minha vida tem sido como a do Japão. Caio e me ergo cada vez mais forte. Porém, as adversidades crescem diretamente proporcionais à minha vitória e fica mais difícil vencer. Primeiro descobri ser homossexual no ensino médio, mas só me revelei pra alguém no terceiro ano. Depois, tive que criar um novo Leonardo. Falso. Controverso. Mentiroso. Tudo pra esconder da só sociedade quem eu realmente era. E isso só me fez sofrer.

Sofri mesmo porque eu me apaixonei pelo cara mais gato da sala, não que eu não seja um, mas ele é um Hércules. E como só sofro baques na vida, ele é hétero, ou parece ser. Sem a resposta concreta, recorri aos outros meios para tentar esquecê-lo. Foi a maior burrada que fiz na vida. O resultado: tenho HIV. Não bastasse a dor de saber que serei rejeitado pela minha família por ser gay, ainda sou portador desse maldito vírus.

No entanto, recebi ajuda da pessoa mais doce que conheci nesse mundo, André. Ele simplesmente me acolheu sem perguntar se eu queria, se eu precisava. Ele me salvou da morte. Venci essa moléstia com ajuda dele. E foi ele também que me abriu os olhos para o que não conseguia enxergar, meu amor não era tão impossível quanto eu imaginava. Isso era espetacular.

Como tudo pra mim é difícil, Davi faz o favor de ficar incomunicável durante as férias, e minha angústia só aumentou. Resultado: não me cuidei nesse período e estava fraco. Muito fraco. A ponto de me desequilibrar e cair no meio da sala, onde não havia nada que eu pudesse tropeçar. E foi o que aconteceu, justamente quando meus país estavam em casa.

Acordei na cama de um hospital com meus pais sentados no sofá. A cara deles era de preocupação, então não sabiam de nada. Ainda. Minha mãe se levantou e veio até mim, perguntando se eu estava melhor. Respondi que sim e ela ficou acariciando meus cabelos.

O médico entrou na sala e pediu para que meus pais saíssem. Minha mãe depois de quase esbofetear o doutor foi convencida pelo meu pai e o acompanhou até a recepção. Já sozinho comigo o especialista me encarou e foi categórico:

-Vi na ficha aqui do hospital e você é paciente soropositivo.

-Sou sim.

-Mas na identidade sua foto está diferente.

-Uma longa história.

-Tenho todo tempo do mundo.

Contei pra ele que o André recebia os remédios no meu lugar, pra que ninguém me descobrisse.

-Você sabe que isso é errado não sabe?

-Sim.

-Mas vamos deixar isso pra lá, por enquanto. Seu colega pegou seus remédios nos últimos meses, mas parece que não surtiram efeito.

-É que... é que...

-Você não os tomou?

-Não.

-Você quer morrer?

-Mas foram apenas dois meses.

-Esse apenas dois meses fizeram com que suas células CD4 caíssem consideravelmente e o vírus aumentassem te deixando com imunidade baixíssima e com sério risco de morte caso adquira outra doença como uma simples gripe.

Eu fiquei em silêncio.

-Vou ser franco com você Leonardo, se você não se internar agora, talvez eu não te veja mais.

-Quanto tempo eu teria?

-Não se trata de tempo, várias doenças virais mais simples estão por aí e no seu estado...

-Mas o que eu vou dizer pra eles?

-Que tal a verdade?

-Não posso.

-Prefere morrer a dizer quem você é?

Eu fiquei pensando.

-Me dá um tempo?

-Vou dizer a seus pais que você precisa fazer alguns exames. Até amanhã. Ok?

-Não tenho escolha não é?

-Te vejo amanhã.

-Pega meu celular ali na mesa fazendo favor -ele pega-. Obrigado. Enrola eles um instante, preciso falar com o André.

O doutor saiu e eu liguei para meu amigo.

-E aí maninho. Como tá indo?

-Dé -chorando-, preciso de você.

-O que aconteceu? Tá tudo bem?

-Não. Eu desmaiei em casa e dessa vez não vai ter como fugir, vou ter que falar com meus pais.

-Você tá melhor pelo menos?

-Eu vou ter que ficar internado ou corro risco de...

-Léo o que você tá fazendo com sua vida? Você parou de se medicar?

-Por favor, não briga comigo agora. Fica aqui comigo quando for falar com eles. Eu tô morrendo de medo.

-É claro que eu vou. Aguenta aí um pouco e me fala o endereço.

-Te amo sua passiva escrota.

-Também te amo sua bicha enrustida.

Em dois tempos o André estava lá, do meu lado me dando croques ao invés de carinho. Ele era mais que um amigo. Não o trocava por nada.

-Mãe, pai esse é o André, meu amigo.

-Prazer -ele disse meio desajeitado.

-Prazer -disseram meus pais com um sorriso atravessado.

-Não precisa dizer agora -André sussurrou.

-Se não for agora eu acho que não vou conseguir nunca.

-O que não vai conseguir? -perguntou minha mãe.

-Mãe, pai, eu sou... sou... -André pegou em minha mão e consegui ter força pra terminar- eu sou gay.

-O que? -minha mãe- Que brincadeira de mal gosto é essa? Só falta me dizer que essa bicha do seu lado é seu namorado.

-Mais respeito comigo senhora -disse André.

-Cala sua boca seu verme.

Meu pai não dizia nada, ele estava transtornado. Eu via em seus olhos o quanto ele estava decepcionado. Ele me olhava como se quisesse me pegar pelo pescoço e me atirar pela janela de tanto repúdio que seus olhos demonstravam.

-Eu não criei filho pra ficar no meio dessas zonas não. Eu não criei filho pra ficar dando a bunda por aí.

-Mãe, eu não acabei.

-O que mais pode ter? Você ficou viciado em drogas? É prostituto? Contraiu AIDS?

Eu apertei a mão de André, que a alisou com seu polegar e solteira.

-Sim.

-O que?

- Eu...

-Fala logo! -minha mãe gritou.

-Eu sou HIV positivo.

Minha mãe soltou gargalhadas em meio a seu choro intenso e voltou a me acusar:

-Pra variar não é? Tinha que ter a maldita doença que essas desgraças passaram para o resto do mundo.

André se segurava pra não voar nela. Meu pai se encaminhou a ela, pegou em sua mão e a levou à porta. Fê-la passar e me olhou com desprezo, falando pouco e tranquilamente, todavia me afundou de vez:

-Seu tratamento vai ser a última coisa que vai receber de mim. Nunca mais apareça em minha frente - e saiu.

Eu me desmanchei em lágrimas e novamente André me consolou. Eu não tinha mais minha família de sangue comigo, mas tinha a família que escolhi pra mim, meus amigos, sobretudo: André.

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[Davi]

Desviei meu olhar com vergonha de Leandro ter ouvido meu sonho e me levantei.

-Bom dia. Dormiu bem? -perguntei sem o olhar.

-Dormi. E você?

-Uhum. Gostou da cama?

-Ah, desculpa por ter dormido aqui, é que eu peguei no sono e...

-Fica tranquilo, tá tudo bem.

Eu me levantei e ele se sentou na cama.

-Que pesadelo você teve de madrugada?

Fiquei em silêncio.

Leandro se levantou, me virou de frente pra ele, olhou em meus olhos e disse:

-Eu estou aqui pra te ajudar. Vou te tirar dessa barra que você tá passando tá?

Meus olhos estavam em lágrimas e eu só pude dizer "Obrigado" antes de abraçá-lo.

-Desculpa, me emocionei demais.

-Sem problemas - ele voltou a olhar em meus olhos-. Eu quero te ajudar. Posso?

-Uhum.

-Eu conheço uma clínica de reabilitação. Você aceita passar um tempo nela?

-Não dá, eu não quero ter que dizer pra minha mãe que eu vivo assim.

-Mas você precisa. Ela vai entender que você precisa de apoio e vai estar junto com você nessa. Por favor, não estraga sua vida.

Eu me lembrei do Thiago na hora. Acabei chorando e o abracei novamente.

Depois desse momento superação eu tomei banho, café e fui pra casa. Contei o que se passava pra minha mãe, que no início se desesperou, mas concordou com minha internação. Arrumei algumas roupas pra levar junto com dona Angélica que não parava de chorar e me aprontei pra ir. Fomos ao local indicado e eu me despedi dela.

-Eu vou sempre te ver, tá meu anjo?

-Tá bom mãe. Eu te amo.

-Também te amo meu filho. Se cuida. Mamãe está torcendo pra você e ansiosa pra sua saída.

-Pode deixar -dei um abraço nela como nunca havia dado. Ela me faria muita falta. Ela era a base da minha vida. Eu não estava fazendo isso só por ou por Thiago, mas estava fazendo isso por ela, pra dar orgulho pra ela.

-------------5 meses depois----------------

[Léo]

-Iiiiiih, que cara é essa? Nem parece que vai receber alta hoje.

-Eu fiquei 5 meses aqui e ele não veio me ver nenhuma vez. É difícil amar uma pessoa e ser praticamente invisível pra ela.

-Nossa que burro!

-O que foi André?

-Eu esqueci de te falar. Semana passada eu descobri que seu amorzinho não veio te ver porque ele está numa clínica.

-O que? Ele tá bem? Onde é essa clínica?

-Calma nego. Ele tá tratando aquela porcaria daquele vício que ele adquiriu.

-Que bom -sorridente-. E onde ele tá?

-Eu não lembro, pera aí que eu vou lembrar...

-Lembra logo, eu preciso vê-lo.

Aquela notícia era muito importante pra mim, saber que Davi estava bem era meu consolo. E agora que não tenho que usar máscaras poderia contar a ele quem eu sou e o que realmente sentia por ele. Não me cabia dentro de mim de tanta alegria, queria vê-lo já .

Finalmente André se lembrou e me passou o endereço. Fui correndo pra lá e deixei minhas poucas coisas por conta dele. Passei na recepção e consegui entrar. Procurei Davi pelos quatro cantos da clínica e por fim o achei. Mas não foi nada agradável.

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[Leandro]

Estávamos numa campina que tem nos fundos do terreno da clínica.

-Oi Davi, trouxe um presente pra você.

-O que é?

Ele disse pegando o envelope. Quando abriu, ele me olhou e começou a chorar. Era um bilhete dizendo que ele já podia ir pra casa.

Davi me olhou e em seguida me abraçou:

-Obrigado por ter estado comigo todo esse tempo, por não ter desistido de mim, por me dar forças.

-Você merece ser feliz. Merece toda a alegria do mundo -eu peguei em seu rosto que olhava o meu e com minha outra mão enxuguei as lágrimas que escorriam nele-. Você é muito especial pra mim Davi. Existe algo em você que me atrai e...

Davi não disse nada para me interromper, apenas me beijou, num beijo calmo e suave que eu não evitei, afinal era o que eu mais queria nesses últimos meses.

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O que acharam? Talvez eu não poste essa semana por causa do Enem, muito obrigado por acompanharem, bjos. Tô sem repertório pra esse kkkkk, me indiquem uma música pra ele.

Comentários

Há 4 comentários.

Por BitchBarbZ em 2014-11-09 00:41:22
Uma semana gente KD Vc autor???!
Por Angellix em 2014-11-03 14:41:29
Amando, ansiosa pro proximo!
Por fran em 2014-11-02 22:01:10
amei... maravilhoso. Acho que Leo E Davi vão acabar juntos. Leandro tem uma vida com a esposa e este sentimento pode ser apenas atração momentanea, mais só posso esperar e aproveitar. até o proximo. kkk vergonha de que? foi engraçado isso sim. ele mandou outro. como ele é mais velho e tem mais experiencia sabe levar na brincadeira. pode comentar sem se preocupar.
Por Anderson P em 2014-11-02 03:59:19
Coitado do Léo espero que ele acabe se declarando para o Davi.