"Meu futuro"

Conto de escritor da noite como (Seguir)

Parte da série Lago dos Cisnes

Muitos dizem que ser ator é fácil, que é uma vida boêmia. Eles podem até estar certo, ser ator pode ser fácil; atuar pode ser fácil. Quantas vezes não se vê um filho fingindo uma doença para seus pais, com o objetivo de não ir à escola, ou uma menina fingindo ser descolada perto do cara mais gato da sala, enfim, existem inúmeras maneiras de se atuar, e, para muitos, pode ser fácil.

No entanto, a profissão ator, foge à regra. Conseguir um papel é extremamente difícil. Conquistar um papel com um grande diretor é no mínimo raríssimo para um iniciante. E, aos 21 anos, a canadense Adrienne Marshall tinha esse privilégio. Trabalhar com George B., era algo inacreditável. A atriz já havia contentado-se com a peça de teatro de todas as quintas e sextas no teatro Princess of Wales em Toronto, com as inúmeras cadeiras vazias que percebia durante a apresentação de seu musical e, na sequência, da peça dramática; levando-a a pensar em trabalhar durante o final de semana, ali mesmo, na recepção,melhor dizendo, vendendo os ingressos para os espetáculos.

O teste para o filme de George foi uma grande vitória, uma vez que tinha juntado dinheiro para comprar a passagem para os EUA durante anos, e ainda teve que fazer um empréstimo para cobrir os gastos do hotel em que se hospedou. Caso não conseguisse a personagem, o que era muito provável, ela teria uma grande dívida para arcar quando chegasse no Canadá, ou seja, trabalhar mais alguns finais de semana para suprir essa falta, talvez até desistir de seu sonho. Perder esse papel não era opção.

Adrienne levantou-se do sofá e foi para o quarto, abriu seu notebook jogado em cima da cama e foi pesquisar filmes ou vídeos sobre patinação. Concentrou-se naquilo, deixando de lado a procupação com a gravidez. Pôs-se de pé, pausando o vídeo e começou a fazer os exercícios que seu corpo faria dentro da pista. Tinha que sair perfeito, mais que perfeito. Depois de ficar um bom tempo fazendo aquelas performances, ela foi ao banheiro, tomou uma ducha e logo se deitou. Estava tão exausta que nenhum pensamento lhe veio, apenas fechou os olhos e descansou.

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Como jurado, Jack não se apartou mais de Kevin naquela noite. Os dois chegaram ao quarto abraçados e assim que o ator fechou a porta, foi surpreendido pelo patinador que o prensava contra a mesma, e, encarando-o maliciosamente, levou seus lábios no pescoço do prisioneiro, primeiro beijando e, em seguida, mordendo de leve, o que tirava gemidos de Jack e o fazia arrepiar-se.

Os braços de Kevin prendiam os punhos de seu amante acima da cabeça deste, porém, não fazia qualquer tipo de força, como se Jack já aceitasse o fato de estar rendido por ele. E por que estaria? Era o que ele mais queria naquele momento: Kevin. Este, subia com seus lábios por todo o pescoço, passando pelo rosto, mordendo o queixo do detento e seguindo na direção de sua orelha, onde massacrava seu parceiro, mordendo seu lóbulo e suspirando quase dentro dele, fazendo ecoar aquele som prazeroso que excitava ainda mais Jack.

Além da boca, o atleta ainda provocava o artista com seu corpo, movendo-se lentamente aproveitando cada momento. Naquele choque, o membro já ereto e pulsante de Kevin buscava perfurar a roupa fina do aprendiz, encontrando-se com o dele, como se o convidasse para uma dança. E ele ia. Notava-se cada vez mais intensamente ele erguendo-se e friccionando com o parceiro. Iam de uma lado para o outro, apertavam-se, mas não se importavam, na verdade queriam por mais. A dança começava a se acelerar, mas os membros não erravam quaisquer passo, estavam em sintonia, não se desgrudavam um do outro mais nem um momento sequer. Como em toda a dança, alguém queria tomar a o parceiro do outro. Era a mão esquerda de Kevin que largara o pulso de Jack e descia, arranhando braço, ombro, pescoço, peito, abdômen até chegar no pênis do cativo e o apertar seguidas vezes.

Jack urrava com os movimentos e os toques do garotinho em si, não conseguindo reagir àquelas investidas incrivelmente delirantes. Kevin afastou sua boca do pescoço que atacara e, sem parar os movimentos pélvicos, encarou o coitado a sua frente que sofria com seus ataques, soltou um riso e, atendendo ao pedido que seus olhos sedentos imploravam, beijou-o com força.

Talvez o beijo fosse o combustivo que fizesse Jack acelerar. Ele saiu do seu encanto e com sua mão livre apertou a cintura do patinador e com a direita, soltou-se da prisão, seguindo até o pescoço do parceiro, puxando seu corpo ainda mais contra o dele. Os movimentos na região pélvica se intensificavam, assim como os da mão de Kevin sobre o mastro do ator subindo e descendo, mesmo que ele ainda estivesse por dentro do pijama. Sua outra mão seguia o contorno lateral, indo do tórax até a coxa e subia vagarosamente, arrancando mais arrepios de ex-prisioneiro. Este respondia arrastando sua mão do pescoço para a nuca, invadindo os cabelos desse, descendo simultaneamente a outra da cintura para a bunda de Kevin apertando-a várias vezes, tirando o garotinho do solo e do ar. Isso fez com que o ex-dominador parasse por um momento o beijo enquanto suas testas escoravam uma na outra, e soltava sorrisos e gemidos que se abafavam com selinhos e mordidas em seu lábio inferior, dados por Jack.

Ele estava com os olhos fechados sentindo seu corpo sair do chão com o aperto que seu amado lhe aplicava, sentindo toda sensação de tesão que aquele cara provocava em si. O outro estava enlouquecido com a cena que seus olhos viam, aquele rosto angelical agora era invadido pela ereção que ele causava; os gemidos que eram músicas para os seus ouvidos e que ele fazia questão de ouvir mais vezes; o cheiro que ele exalava, que mexia com todos seus sentidos.

Mais um aperto. Kevin não conseguia mais segurar a vontade de ter Jack naquele instante. Abriu seus olhos e deixou seu rosto demonstrar tudo o que queria quando mordeu seu lábio.

-Jack... -mais um aperto- AAAH...

-Você gosta gostoso? -perguntava Jack apertando outra vez.

-Amo. Aaaah... Jack...

-Fala.

Kevin não conseguia, apenas gemia com aqueles amassos em sua bunda. Subiu suas mãos e segurou o pescoço de Jack, que desceu a outra e buscou suas nádegas, agora por dentro do calção. Eles ainda estavam com as testas coladas, com os olhos fixos, Kevin gemia ainda mais e Jack aprofundava os toques.

-Jack... Aaaaaah... Jack, me fode. -suplicou.

-Tem certeza?-provocou com mais um aperto.

-U... Aaaah... Uhum.

Os dois se encararam e mais um beijo aconteceu. Jack retirou as mãos de dentro da roupa dele, para conduzi-lo até a cama. Com cuidado para não atrapalharem o beijo, retiraram suas blusas e se deitaram, ficando Jack entre as pernas de Kevin e agora repetindo os movimentos que ele fazia quando estava preso. A costas do ator já estavam completamente arranhadas pelas unhas do patinador. Sem parar de se beijarem, seus pijamas foram retirados, ficando apenas de cueca. Agora a resistência era menor e podia-se sentir no outro a pulsação de seus mastros.

O ator ia beijando o pescoço, peito, lambendo a pontinha deles, e voltava para a barriga sarada, causando suspiros altos de seu parceiro. Mordia de leve a entrada da cueca que era retirada com incrível habilidade e ia de encontro ao pênis ereto dele. Mal havia colocado na boca e ele escuta Kevin gemendo forte. Começou a subir e a descer naquela jeba, deixando o outro enlouquecido na cama.

-Jack, não aguento mais. Para, me come logo, por... aaaaah... Por favor.

Na mesma posição que estava, de frango assado, Kevin viu se amante encapar o membro e lubrificá-lo. Ver Jack nu, em pé, ereto e por sua causa dava-lhe a maior satisfação que poderia ter tido em anos. Satisfação mesmo, por que o prazer viria depois. Assim que Jack encaminhasse até ele e o penetrasse olhando em seus olhos, estocando fundo em seu ânus, fazendo-o gemer, mordendo seus lábios, massacrando seu peito, arranhando seu abdômen. Tomando posse de seu corpo definitivamente.

E assim fizeram. Os dois nem trocaram a posição. Ficaram apenas naquele encontro em que o ativo podia ver a expressão de dor misturada a prazer no rosto do passivo, que segurava em seu pescoço com as duas mãos e envolvia seu tronco com as pernas, deixando-o preso naquela cadeia de prazer. Jack, como sempre lorde, não forçou muito o ritmo, apenas penetrou seu parceiro de modo que ele não se machucasse, sempre perguntando se estava tudo bem consigo, ao mesmo tempo que fazia de tudo para transformar sua dor em prazer. Seja olhando-o nos olhos, demonstrando com tesão e paixão, o quanto estava amando o ato; seja falando no ouvido dele o quão lindo e gostoso era; seja com carinhos na nuca, no peito; seja pela respiração ofegante que passava e sentia dele, enquanto estavam com as testas coladas; seja masturbando-o simultânea e ritmicamente às estocadas. Por fim, gozaram.

-Como eu desejei esse momento. -confessou Jack, beijando a boca do patinador lentamente.

-Ah, então ter vindo até aqui foi uma desculpa só pra abusar de mim. -respondeu fazendo biquinho com os lábios.

-Claro que não. -disse imediatamente- Vim por que não conseguia mais ficar longe de você.

-Seeei... -Kevin ainda estava manhoso.

-Você sabe que você vale muito mais pra mim do que uma simples foda, não sabe? -dessa vez falou sério.

-Valho? -Kevin não desistia fácil de seu charme.

-Pode ter certeza que não tem comparação.

-Então quer dizer que você não vai me abandonar, agora que já me usou?

-Pra que eu sairia? Tudo que eu preciso está a poucos centímetros de mim. -disse confiante encarando-o.

Kevin reconheceu que havia perdido o jogo, ou havia ganhado, e beijou novamente seu parceiro.

-Mas, e então, se você não vai fugir, quer dizer que gostou? -dessa vez estava meio receoso com a resposta.

-Melhor impossível.

-Como você pode ser tão perfeito? -disse fazendo carinho em seu rosto e filmando cada traço dele.

-Sou de Hollywood, lembra? -brincou- Mas eu não sou perfeito. Só quero te convencer a todo instante de que sou melhor que esses gaviões à solta, que com certeza já devem querer o que eu não abro mão.

-Aaaah, e o que seria?

-Você.

-Para, assim você me deixa sem jeito. - falou olhando pro lado, sorrindo envergonhado.

Jack virou seu rosto delicadamente e o beijou. Foi o beijo mais sincero que Kevin deu em toda sua vida. Calmo, delicado, apaixonado. Assim que abriu os olhos, não viu mais Jack, mas sim o homem com quem queria viver por muitos anos, talvez pelo resto da vida. Suas bocas estavam quase coladas ainda, e a do atleta transpassava o que sua mente pensava e seus olhos viam, sem qualquer som, apenas moviam num imperceptível "eu te amo", devido à posição dos dois.

O choque dos lábios causado pelo movimento de Kevin, somado aos olhares dos dois, foram um convite irrecusável para um novo beijo. A mão direita de Jack tateou sua face, enquanto a outra pressionou novamente sua cintura, enquanto as do patinador se fechavam atrás de seu pescoço arranhando suas costas e ombro, subindo pela nuca encontrando seus fios dourados.

A excitação foi inevitável, nem precisavam dizer o que queriam, apenas consumarem. Jack voltou a penetrá-lo na posição anterior, sem nenhum momento deixar de beijá-lo. Além do movimento pélvico, só suas mãos que seguraram por detrás do corpo de Kevin fazendo o se sentar em seu colo ainda com seu membro dentro dele. Os beijos não se cessaram quando Kevin começou a se movimentar hum sobe e desce no pênis de Jack, que alisava suas costas, sua bunda, revesando com a jeba dele que estava ereta. Alguns minutos depois, eles novamente atingiram o ápice. Dessa vez foram tomar banho, antes que mudassem de ideia e começassem um novo round.

Pareciam dois moleques passando pelo corredor na ponta dos pés, com medo de serem percebidos. Tomaram uma ducha rápida e carinhosamente um lavou o outro e, é claro, beijaram-se e se agarraram mais um pouquinho no chuveiro, mas nada de sexo.

Já na cama, eles estavam deitados, com Kevin sobre o peito de Jack, fazendo carinho sobre ele e recebendo nas costas. Como nos dias anteriores, eles mantinham suas mãos desocupadas entrelaçadas.

-Jack...

-Pode falar.

Kevin travou. Ele queria falar o que estava em sua mente a minutos atrás,mas algo o dizia para não revelar agora.

-Eu tô com medo.

-De que meu anjo?

-De tudo. -virou-se para olhar em seu rosto- De arriscar e me dar mal.

-Arriscar em que sentido?

-Eu não sei, nas competições, deixar minha mãe sozinha...

-Comigo... -Jack completou com voz embargada.

Kevin só desviou o olhar e assentiu, deitando em seu peito outra vez.

-Você confia em mim? -perguntou esperando uma resposta sincera.

-Não me entregaria se não confiasse. -Jack não percebeu, mas existia outro sentido na frase que ia além do sexo.

-Eu quero te ajudar em todas os seus medos. Passar por cima de cada um com você. -olhou no rosto dele- Posso?

Kevin apenas o beijou em confirmação.

-Conta comigo pra qualquer coisa, tá bom? -via-se a sinceridade nos olhos dele.

-Obrigado.

-Agora vamos descansar, por que amanhã a tarde nós vamos viajar.

-Uhum.

-Ah, queria te fazer um pedido, na verdade é uma proposta.

-Pode falar am...Jack. -falou nervoso por quase ter revelado.

-Você quer passar uns dias no meu apartamento? Eu sei que eu disse pra gente ir com calma, mas eu te tirei da sua família, não posso te deixar sozinho num momento como esses.

-Tem certeza? É muito perigoso pra você. Os pap...

-Não, não. Não se influencie com isso, ok? Eu só quero o seu melhor, quero cuidar de você. E, poxa, te quero do meu lado também. Não precisa responder agora. Quando a gente chegar de viagem você dorme lá em casa e resolve, tá bom?

-Mas Jack...

-Por favor bebezinho.

-Tá bom, vou pensar. Mas você promete respeitar minha decisão?

-Talvez eu te sequestre, só isso.

-Bobo. -riu.

-Agora vamos dormir. Chega mais perto -disse puxando o corpo dele pra cima dele, praticamente-, calor humano ajuda contra o frio. E também, não sou doido de ficar longe de você. Boa noite anjinho. -deu um selinho e um beijo rápido e fechou os olhos.

As mãos dos dois estavam unidas, e era pra elas que Kevin olhava. Depois de um tempo deitado no peito de Jack, ele percebeu seu parceiro dormindo. Com a mão livre fez um carinho sobre sua face e começou a imaginar seu futuro ao lado dele. Os dois numa casa de campo, com duas ou três crianças. Ou ele vendo Jack em alguma gravação ou premiação, e Jack assistindo suas apresentações, sempre o esperando ao lado da área técnica para lhe dar ao menos um abraço depois da prova. Foi inevitável segurar:

-Te amo.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Ruth M. em 2015-07-25 22:52:29
Saudades de ler o seu conto. Você voltou, e pelo visto voltou com tudo. Parabéns, ótimo capítulo. Meu e-mail: rruthmaria2@gmail.com
Por CarolSilva em 2015-07-25 15:29:07
Gente, como senti falta desse conto. Lindo lindo lindo....de uma intensidade impar.
Por escritor da noite em 2015-07-25 03:58:52
depois de um longo e tenebroso inverno, olha só quem chegou... Euuuu. hehehe, espero que os que ainda terão a coragem de ler, gostem.