Ódio, ovos e um pouquinho de lama - Parte 2 - (1x05)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Adolescência a flor da pele

Trinta minutos se passou desde que fui preso na casa do garoto do ônibus. Eu não sabia o que fazer? A minha grande dúvida era se deveria encontrar um modo de sair da casa ou continuar nela e aproveitar a chance para mexer nas coisas dele. O que será que ele escondia no quarto? Quais eram as coisas que ele gostava?

Não. Não. Espantei todos aqueles pensamentos. O cara me tranca na casa dele e eu fico pensando sobre as coisas que ele gosta? Eu deveria bolar uma estratégia para sair e participar do trote.

Onde poderia ter uma chave reserva? Talvez no quarto do Gustavo. Boa tentativa, mas não colou... O meu subconsciente estava jogando contra mim, usando o que eu sentia por aquele completo estranho como uma forma de me manter na casa.

Eu procurei por tudo. Nada de chave, mas achei camisinha, dinheiro, camisinha de novo e também encontrei uns chocolates, que obviamente comi, afinal, era o mínimo que poderia fazer depois de ser preso.

Terminado de ver no primeiro andar da casa, com um chocolate na mão eu subi os degraus da escada. O segundo andar era divididos em quartos. Mesmo tendo jurado que não entraria no quarto do Gustavo eu estava disposto a quebrar a promessa para achar a chave, até porque eu não teria outro motivo para ir lá, era só pela chave mesmo... Eu nem me preocupava em bisbilhotar as gavetas dele ou saber quais eram os livros que ele lia, eu não me importava com isso.

Entrei em um quarto com as paredes brancas, um guarda-roupa planejado imenso cobria quase todo o quarto, um quadro na parede me disse que aquele não era o quarto do Gustavo. Na foto estava um casal, devia ser os pais dele. Procurei nas gavetas, embaixo da cama, no banheiro que tinha no quarto para a minha inveja. Nada.

Eu mudei de quarto, as paredes no tom azul escuro me mostraram que aquele só poderia ser o quarto do Gustavo. Tudo ali combinava com ele e, estranhamente, comigo. No centro da parede havia uma estante com vários livros, livros dos quais eu adorava, eu li e reli vários títulos da estante. Obviamente ele tinha o triplo de livros que eu, mas nossos gostos eram parecidos, não só na leitura, mas na música também, ele ouvia OneRepublic, minha banda preferida. Ele tinha vários CDs. Eu fechei a porta do quarto e me dirigi à cama, sentei-me nela. Eu ainda estava impressionado com a semelhança entre os nossos gostos.

Ao olhar para o teto um nó se formou em minha garganta. O Gustavo tinha adesivos de teto, aqueles que brilham no escuro... Eu também gostava, mesmo que não tivesse no meu quarto. Eu sempre quis ter, mas nunca encontrava um que realmente brilhasse, eu comprava e descobria que era propaganda enganosa. Ele tinha o sistema solar completo no teto do seu quarto. Levantei-me da cama, apaguei a luz e retornei a deitar enquanto me maravilhava com aquela visão.

Será que seria muito indecente da minha parte mexer nas roupas dele? Mas se ele não soubesse, isso faria com que se tornasse menos indecente? Sem esperar por respostas levantei, liguei a luz e fui bisbilhotar. Ao abrir o guarda-roupa cinzento do Gustavo, notei que havia várias fotos coladas na parte de dentro. Só tinha um problema. Não era o Gustavo que estava estampada na maioria das fotos, mas o Edu.

Este não era o quarto do Gustavo.

Eu sabia que não havia chave ali, porque bisbilhotei em tudo quando pensei que ele fosse do Gustavo. Saí dele tão rápido quanto entrei. Havia mais três quartos, eu entrei no quarto ao lado do Edu.

As paredes eram vermelhas, um tom escurecido. Não havia estante de livros, mas uma televisão que devia ter umas cinquenta polegadas, um aparelho de TV a cabo, SKY. A cama de casal Box era espaçosa, com vários travesseiros. O guarda-roupa marrom escuro com portas de correr tampava uma enorme parede. Ao lado continha um espelho que dava duas portas. Era o quarto mais bonito da casa, o mais organizado, mas o que eu menos havia me identificado.

Eu me impressionei com as roupas todas muito bem organizadas, cor com cor, camisas com camisas, camisetas com camisetas, calças sociais em um lugar, calças jeans em outro. Acho que eu não tinha tanta roupa para organiza-las por cores.

Ao espirrar um dos perfumes que continham em uma prateleira, acabei descobrindo de quem era o quarto fabuloso. Este era o guardo do Gustavo, continha o seu cheiro nele.

Fui encontrar as chaves dentro de uma lata prateada em cima em um compartimento do armário do banheiro.

Tudo havia sido tão estranho. A pessoa que eu mais odiava na faculdade era a que mais se parecia comigo.

Deixei a casa e me escondi para não ser pego. Sem se demorar mais pelo quintal corri em direção à reserva e me infiltrei no meio do mato fechado.

Eu não era nada corajoso a cada passo que dava imaginava que uma aranha estava subindo sobre os meus pés, ou pior uma cobra estava preparada para dar o bote, enfim, os perigos me assustavam demais. A escuridão fazia com que eu criasse monstros.

Quando minhas pernas estavam quase caindo de tanto que andei, acabei percebendo que eu devia estar perdido e que aquela reserva não era tão pequena quanto eles fizeram parecer. Obviamente me desesperei, mas não tive muito tempo para isso, porque há cem metros de distancia havia alguém ainda mais desesperado. O Henrique estava amarrado em uma arvore, quando em aproximei aquele odor do ovo quebrado por todo o seu corpo me revirou o estomago.

Ele me viu, pensei que fosse me entregar para que eu tivesse o mesmo destino, mas me enganei, ele fez gestos com a cabeça para que eu fugisse, mas fugir para onde? Correr o risco e me perder?

Ele começou a fazer sinais coma cabeça, mas eu não entendia. De repente uma mão tampou a minha boca e me puxou para trás, eu havia sido pego. Eu me vire, a mão continuava em minha boca. Encarei um garoto de cabelos escuros me pedindo para fazer silêncio.

Quando o Gustavo tirou a mão da minha boca eu pensei em gritar, mas de que adiantaria? Eu seria pego pelas pessoas que apanharam o Henrique e daria no mesmo.

- O que você faz aqui? E como saiu da casa? – sussurrou ele.

Eu sorri.

- Eu usei a minha força para arrombar a porta.

Agora, ele ria.

- Certo, portanto, acho que você nem precisou da chave que deve ter pegado no meu quarto. Pode me devolvê-la agora.

- Claro, mas antes, que tal me dizer o que estava passando por sua mente quando me prendeu lá? – gritei.

Ele arregalou os olhos.

- Silêncio! E você sabe o porquê da minha atitude. Você já viu o seu amigo, não viu?

Eu desviei o olhar e encarei mais uma vez o pobre do Henrique.

- Porque você deixou que fizessem isso com ele? Aprenda a controlar os monstros dos seus amigos.

Ele estava rindo novamente.

- Fui eu que o amarrei, fui eu que atirei os ovos e, primeiramente, fui eu quem o capturou correndo pela mata.

Foi como um soco no meu estomago. Se ele fez tudo àquilo com o Henrique, imagine o que faria comigo após quebrar uma de suas ordens das quais eu nunca seguiria?

- Só não jogue nada no meu cabelo e também não amarre dos meus pés, porque eu tenho que andar de ônibus amanhã, eu não vou conseguir me soltar mesmo.

- Cala a boca, por favor? – disse ele rindo – Acho que você não está entendendo...

Ele se aproximou do meu ouvido.

- Eu não vou te amarrar – sussurrou ele como se fosse me contar um grande segredo, só que com uma voz sexy.

Eu me afastei.

- Eu não sou melhor do que eles.

- É sério que você está me pedindo para te amarrar, jogar ovos em você e te deixar fedendo? – disse ele.

Eu forcei um sorriso e circulei por trás do Gustavo. Peguei cada um dos braços dele com a maior calma do mundo e os juntei, o prendendo.

- Não, na verdade eu farei isso com você – disse.

Nós dois sabíamos que ele poderia se soltar a qualquer momento, mas ele continuava parado.

- Se você quer me manter preso, então, tem que usar mais força no braço – continuou ele.

Ele se sentou no chão e eu continuei segurando a mão dele. E para o meu azar um dos calouros nos encontrou. Ela se chamava Sara, era da minha sala, a única na turma com o cabelo vermelho.

- Você pegou um deles? – disse ela se aproximando. – Segure mais um pouco, eu tenho corda!

Não. Não. Não. Minha intenção nunca foi amarrar o Gustavo, ele sabia e por este motivo continuava parado. Sara passou por mim e seguiu em direção a ele, ela acabou dando vários nós apertados amarrando as mãos e as pernas do Gustavo.

O que eu faria? Ele merecia a minha ajuda depois de ter feito aquilo com o Henrique?

- Nós temos que desamarrar o Henrique – disse a ela – Ele está há uns cem metros daqui.

Ela concordou pensativa.

- Eu vou e você, não deixe que ele fuja. Está me ouvindo? – disse a Sara que não saiu até que eu confirmasse.

Estávamos a sós novamente. O Gustavo começou a rir quebrando o gelo que havia se formado.

- E agora, depois de me capturar, o que você fará? Ah, e só não suje o meu cabelo – disse ele debochando de mim.

- Minha intenção não era fazer isso – disse me aproximando.

Eu comecei a tentar desatar os nós que a Sara usou, mas acabei não tendo muito sucesso.

- Espere mais um pouco – eu me concentrei na corda e finalmente consegui ter algum progresso.

Logo o Gustavo estava parado na minha frente desamarrado. Antes que eu pudesse dizer para que saísse o mais rápido possível do lugar, ele se dirigiu e segurou os meus braços.

É ele me amarrou, os meus pés também.

- Acho que isso é a verdadeira gratidão – comecei a mostrar toda a minha indignação.

- Eles não iam acreditar em você se eu simplesmente fugisse, mas agora, acho que irão – argumentou o garoto do ônibus.

- Agora eu vou indo, tenho que amarrar alguns calouros!

É... Eu tinha um leve pressentimento de que não havia sido a melhor das decisões. Mas não tive nem tempo de me arrepender, porque logo a Sara voltou com o Henrique.

- Ele fugiu – eu disse como se já não fosse óbvio o bastante.

Ela sorriu... O que era mais estranho ainda.

- Eu sei que você o soltou e não me surpreendo com a sua atitude – disse ela desvendando o meu segredinho. – Mas se nós colocarmos as mãos no seu namorado de volta, você não se aproxima dele.

- O que? Namorado? – disse rindo.

- Ele te tirou de algum jeito do trote, deixou que você o capturasse e quando te amarrou foi com esses nós fracos – continuou a Sara com as acusações.

Eu me soltei sozinho e parei com o teatrinho.

- Pode até ser, mas ele não é meu namorado – repeti.

- Então, diga isso para ele – Completou o Henrique.

A discussão foi acabar quando o Edu e vários outros veteranos nos cercaram. Nós três nos entreolhamos e ficamos paralisados.

É isso gente capítulo entregue. Desculpe por ele ser muito grande, caso vocês desejarem eu vou começar a diminuir o tamanho. E obrigado por todos os votos e comentários. E lembrando que está temporada terá só mais dois capítulos!!

Comentários

Há 4 comentários.

Por LoveLucas em 2014-03-01 00:14:30
O.O.... publica mais rapido... mais capitulos... maiores... eu necessito disso!!
Por Cyruz em 2014-02-27 05:20:32
Não diminui os tamanhos dos cap. pois estão bem.
Por Jason_ em 2014-02-26 23:24:27
A curiosidade me consome, p publique logo os próximos capítulos, quanto maiores, melhor... bjs :-*
Por jv em 2014-02-26 22:19:37
Uau q vai acontecer com eles