David, você não está mais no colégio! (Especial)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Adolescência a flor da pele

Eu encarava o Junior esperando por uma resposta. Eu estava tão decidido a fazer aquilo, e por isso, escolhi o meu namorado para ser o primeiro a saber do fato. O Junior me encarou com um sorrisinho que era a sua marca.

- Você vai fazer faculdade? – Perguntou ele.

Ele não se controlou e começou a rir.

- Qual é a graça? – Disse irritado. – Você pode e eu não?

- Não é isso, é que você... Como eu posso dizer...

- Diga logo – disse o interrompendo.

E então ele terminou a sua frase: - Você é infantil demais. Eu não acho que voltar para uma espécie de “escola” será bom.

Eu não estava acreditando.

- Você não me chamou de infantil? Eu me recuso a aceitar – disse ainda com raiva.

Fazia tanto tempo que ele não me dizia aquilo. Nós não discutíamos desde o dia que eu o segui. Aquele dia, eu havia visto uma parte do Junior que eu não conhecia muito bem. A parte sentimental.

- Mas eu gosto disso em você. Você infantil, mas é o meu garoto infantil – continuou ele se aproximando. – Você é meu bebezinho infantil.

Ele me abraçou.

- Nem tente concertar o que disse – respondi.

- Você sabe que eu estou certo. David, você tem vinte anos... Não está mais no ensino médio – disse ele como se eu não soubesse. – Você não vai me ter lá pra te livrar dos seus planos infalíveis que sempre falham.

Eu suspirei.

- Acontece que eu estou decidido – eu fiz uma pausa. – Você não pensou que eu fosse ficar aqui nesta casa sem fazer nada o dia inteiro para sempre, não é?

Ele sorriu de novo.

- É melhor do que sumir de novo. É melhor do que se envolver em coisas perigosas, o que é a sua especialidade – continuou o meu namorado com o seu sermão. – Eu não sei se suporto mais um impulso seu.

- Eu não vou mudar de ideia. Fim de papo, e eu já devo estar atrasado – disse o deixando com raiva.

Ele segurou o meu braço. Aqueles olhos azuis me encararam.

- Eu ainda não acredito que você se inscreveu em uma universidade e só foi me contar no primeiro dia de aula – disse ele irritado.

Ele não estava mais com o sorrisinho sexy para o meu azar. Ele soltou o meu braço.

Uma coisa sobre o Junior: quando algo o estressa demais, algumas vezes, ele perdia o controle. Ele não é violento comigo, mas costuma descontar em pessoas que não são eu, ou seja, qualquer um com exceção de mim.

- Se eu te contasse, então, você não me deixaria nem fazer o vestibular. E se eu não fizesse naquele dia iria ter que esperar mais seis meses – disse a ele.

- Você não tem o direito de me questionar. Você fez burradas demais... Você não vai e pronto! – Disse ele me fazendo rir. – E agora sou eu que digo. Fim de papo!

Eu deixei ele ali e fui para o quarto. Peguei uma blusa verde para combinar com os meus olhos e em seguida a minha mochila roxa. Quando estava descendo a escada o Junior estava parado lá em baixo me observando descer.

- Essa bolsa é muito gay – continuou ele tentando me deixar com raiva. – Você vai sofrer bullying lá.

Ele usava o mesmo truque sempre, me deixava com raiva e então eu desistia de ir a certo lugar, mas desta vez era diferente. Eu não estava indo para a faculdade por impulso como ele pensava. Eu queria algo diferente, algo novo em minha vida. Não aguentava mais ver as outras pessoas vivendo a vida enquanto eu só existia nela.

Eu reclamava de barriga cheia. O Junior era a melhor coisa do mundo e eu o tinha. Mas ainda sim eu precisava de outra coisa. Talvez fosse a faculdade. E se não fosse eu iria descobrir logo.

- Você quer me levar ou será que eu devo chamar um amigo para isso? – Perguntei.

- Hum, bom saber que você tem “amigos” pra isso – disse ele se roendo de ciúmes. – Só não me deixe saber quem eles são.

Eu sorri e o acompanhei até a garagem.

- Tudo bem, ok. Você pode ir, mas eu te levo e te busco todos os dias. Eu consigo te levar e chegar à minha faculdade sem me atrasar. Ai é só você me esperar quando as aulas acabarem – disse ele como se eu realmente precisasse de sua aprovação.

- Ok, pai – disse.

O fato do Junior sempre querer decidir as coisas por mim, às vezes, me irritava, mas eu não podia negar que gostava disso em certas ocasiões. É bom se sentir seguro. E ele ficava mais sexy quando bancava o mandão.

Mas se existe uma coisa que mais odeio na face da terra é ser manipulado. Eu passei muito tempo sendo controlado por terceiros e não queria mais isso.

- Se você mudar... Se você mostrar uma pontinha de mudança, por mínima que seja, então, acabou faculdade – continuou ele.

Eu apenas confirmei com a cabeça.

O Junior estava certo em se preocupar. Eu sempre fiz coisas por impulso. Coisas como ir embora para outro país, fugir e me atirar de um penhasco. Coisas que pessoas com um mínimo de normalidade não fazem. Eu não culpava o Junior por achar que isso era uma má ideia.

- É ali – disse encarando a fachada da faculdade.

Eu estava tão ansioso. Eu havia sido selecionado no segundo vestibular, então, tecnicamente não era o primeiro dia de aula para todos, mas eu não me importava.

- Então... Acho que agora é o momento de eu te deixar sair do carro e cometer um grande erro – disse ele.

- Eu acho que é – disse sorrindo.

Ele se aproximou e me beijou. Era como se a cada beijo ele me convencesse a não sair do carro, o que era jogo sujo da parte dele. Entre descer e continuou beijando ele eu, sem dúvida, preferia a segunda opção, afinal, o beijo dele para mim era a oitava maravilha do mundo, mas se eu ficasse ali o meu namorado sem vergonha iria ganhar.

- Guarde esse fogo para mais tarde – eu disse descendo do carro.

- Até depois então – disse ele antes de seguir rumo a sua universidade.

Era ótimo o Junior não estar na mesma faculdade que eu. A pior coisa do mundo é ter um namorado no pé. Ele não iria me deixar fazer amizades e o pior, controlaria cada ação minha. Mas como ele não estudava ali, então, eu estava certo de que iria ser melhor do que eu imaginava.

Esse era o bom de não estar mais no colégio e morar com o namorado. Eu poderia me divertir na faculdade e me divertir depois da faculdade com ele. Teria o melhor de tudo.

Quando eu entrei faltou ar para os meus pulmões. Ao ver os grupinhos formados foi impossível não me lembrar do colégio. Sim eu era um eterno infantil e sempre seria. Eu me aproximei das pessoas para ouvir as conversas alheias.

Uma garota de cabelos vermelhos encarava um garoto. Eu me aproximei deles para ouvir a conversa. Eu adorava tudo aquilo.

- Eu me pergunto como alguém pode rir mesmo depois de ser expulso de casa e perder o emprego no dia seguinte? – Dizia ela sorrindo enquanto ainda o olhava.

O menino tenha um ar de apaixonado.

- Espere, eu sei. O nome disso é Gustavo – continuou a ruiva.

O garoto conformou com a cabeça.

Eu senti vontade me meter na conversa, mas não faria isso. Eu encarei as outras pessoas. Naquela faculdade não havia muitos velhos. A faixa de idade devia se situar entre dezessete e trinta anos.

Voltei a minha atenção para a conversa dos dois, mas me afastei para que eles não percebessem a minha falta de educação em bisbilhotar em assuntos alheios.

- Olha, Gabriel, talvez eu esteja errada, mas... Eu não acho que o Gustavo Romanack queira um relacionamento com alguém – Disse a menina enquanto o garoto a encarava com uma cara de “Será?”.

Cansado daquele papinho deprimente eu me dirigi para minha sala. Quando comecei a subir a escada acabei esbarrando acidentalmente em um cara. O computador que ele segurava acabou caindo de seus braços e se espatifou no chão.

Droga.

- Desculpe, desculpe...

Eu não sabia o que deveria dizer.

Ele se abaixou e pegou o notebook.

- Se quebrou eu te compro outro, eu juro – disse.

Ele riu.

- Só trincou um pouco. Mas não precisa... Eu estava descendo correndo, a culpa não é só sua – disse o garoto simpático.

- Eu me chamo David e realmente quero te recompensar por... Você sabe – disse sorrindo.

- Eu sou o Gustavo Romanack, mas pode me chamar de Guto. Todos me chamam assim – ele disse e me encarou com um olhar estranho. – E acho sei um ótimo jeito de você me recompensar.

- E qual é? – Perguntei.

Ele sorriu cheio de si.

- Passando o seu número e quem sabe sai...

- Se você quiser eu até passo, mas o meu namorado vai te estrangular – disse o interrompendo com uma expressão séria. – Você não vai querer mexer com ele.

- Posso correr o risco – continuou ele.

Eu forcei um sorriso.

- Eu sou comprometido, muito bem comprometido – disse sem paciência. – Não me leve a mal, mas eu prefiro te pagar dois computadores novos a ter que sair com você.

Ele fez cara de paisagem. O cara estava surpreso. Ao que tudo indicava ele não era acostumado a levar muitos foras.

Eu segui para a minha sala e o deixei para trás.

Só quando eu estava próximo da minha sala que fui me tocar de que aquele garoto, o Gustavo Romanack, era o mesmo cara da conversa daqueles dois na entrada.

Eu comecei a rir e desejei sorte para aquele garoto. Afinal, eu poderia me definir como alguém experiente em relacionamentos e eu sabia que caras como aquele tal de Guto jamais iriam assumir algum tipo de relacionamento.

Espero que vocês tenham gostado deste especial e da reviravolta na história. Eu estou confirmando que o David será um personagem recorrente na segunda temporada, ou seja, irá aparecer em quase todos os capítulos. Mas não como narrador. Este é um especial e, sim terão outros, mas por enquanto o narrador da história é o Gabriel.

Não se esqueçam sexta-feira a Segunda Temporada tem início com o capítulo "Algo a mais". Espero vocês.

Comentários

Há 3 comentários.

Por LordPi em 2014-03-16 17:40:27
Omg! Como consegue ser tão perfeito? Continua, por favor. <3
Por Victor *) em 2014-03-16 13:36:40
Aiiiiiii esta sendo ótimo o David nessa história *-* ,estava com tanta sdds :( pena Muita pena qe ñ tem como recuperar Conto dele ;
Por Cyruz em 2014-03-16 04:59:12
Gostei muito desde capítulo, além disso a história parece que promete. Ainda bem que o Gabriel ainda continuará a ser o narrador.