Apenas o começo (1x07 - Final)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Adolescência a flor da pele

Eu ainda encarava os dois sem saber muito bem o que deveria dizer ou fazer.

- Você está com fome? – Perguntou o Gustavo.

Eu ainda estava perdido em meio aos dois irmãos. Eles me encaravam esperando uma resposta. Eu afirmei com a cabeça e disse:

- Um pouco.

O Gustavo encarou o Eduardo.

- O que foi? – Disse o Edu.

- Você sabe cozinhar – afirmou o Guto.

O Eduardo riu.

-Não precisa de nenhum truque pra fazer um sanduíche – disse o garoto loiro. – Qualquer um pode fazer.

- Certo, então, faça três para nós – disse o garoto do ônibus se afastando. – Só não demore muito, irmão.

O Eduardo foi para a cozinha reclamando. Restaram apenas eu e o Gustavo na tensão que era óbvia demais.

- Por que você me convidou para ficar? – Quis saber.

Ele não estava esperando a pergunta.

- Você é sempre tão direto assim? – Perguntou ele.

- Não mude de assunto – continuei.

- Eu te convidei porque me senti culpado... O que é totalmente culpa sua!

Eu o encarei sem acreditar.

- Se você se sentiu culpado por ser um idiota a culpa é só sua! – Respondi.

- Você disse que eu não prestava... E também disse outras coisas das quais eu nem lembro – disse o Gustavo enquanto me olhava.

- Então você me convidou por culpa.

- É por ai.

Eu tinha que sair da perto daquele imbecil. Andei em direção à cozinha, o que era estranho, porque eu detestava mais o Eduardo do que qualquer outro.

- Precisa de ajuda? – Perguntei ao ver o garoto loiro com uma camisa azul clara.

- Não, mas eu aposto que você vai continuar aqui, não é?

Eu coloquei a mão sobre a face e disse:

- Você ouviu.

- Sim... E também tive uma pequena impressão.

Eu gelei. Será que era tão óbvio assim?

- Você está gostando do meu irmão! – Disse o Eduardo sem hesitar.

Eu comecei a rir com o nervosismo.

- O que? Não!

Ele me encarou com aqueles olhos escuros penetrantes.

- É tão óbvio? – Perguntei.

- Está escrito na sua testa.

Eu me sentei à mesa e desabei sobre o vidro dela. Era tão humilhante e embaraçoso. O Edu sentou ao meu lado.

- Tem uma coisa que você precisa saber sobre ele – disse o Eduardo me fazendo levantar a cabeça.

- O que? – Disse.

- Ele não é gay!

E depois de alguns segundos o Gustavo entrou na cozinha e nos encarou sentado.

- Eu pensei que você estava fazendo os sanduíches – disse ele olhando para o Eduardo. – E Gabriel, que droga você está fazendo aqui atrapalhando ele?

- Eu não estou atrapalhando. Eu estou dando apoio moral, não é Edu? – disse.

O Eduardo confirmou com a cabeça rindo.

- Edu? Vocês já estão íntimos... Que coisa.

Eu revirei os olhos... O garoto do ônibus conseguia ser um otário quando queria.

- Seu irmão é sempre assim? – perguntei ao Eduardo.

- Por ser um ano e meio mais velho ele se acha – respondeu o Edu.

O Guto pigarreou.

- Eu estou bem aqui – disse o Gustavo erguendo o braço.

Eu e o Eduardo o ignoramos e então ele saiu.

Eu comecei a ajudar o Eduardo com os sanduíches. Quando me aproximei com o queijo ele me encarou.

- Quer continuar aquela conversa que estávamos tendo? – Perguntou ele.

Eu balancei a cabeça em sinal negativo. Era tão humilhante o fato de eu estar dando em cima de alguém hétero. Enquanto ele queria apenas amizade eu estava tentando outra coisa.

- Só não conta pra ele sobre... Você sabe – disse.

- Eu guardo o seu segredo – disse o Eduardo sorrindo.

Naquele instante eu percebi que estava julgando o Eduardo mal. Ele não parecia ser quem eu pensava que fosse. Mesmo sem parte da minha mente ainda acreditar no fato eu o estava achando legal e uma ótima companhia.

Quando terminamos os sanduíches eu fui procurar o Gustavo para avisá-lo de que ele finalmente poderia comer. Eu o encontrei deitado na cama do seu quarto.

- Se cansou do meu irmão?

- Um pouco – respondi me aproximando da cama. – Mas ainda o acho mais divertido do que você.

- Isso é porque você ainda não ouviu as minhas piadas- disse o garoto do ônibus sorrindo.

- Os sanduíches estão prontos – disse tentando mudar de assunto.

Eu não poderia mais nutrir esperanças em relação ao Gustavo. Eu tinha que tentar me afastar um pouco.

- Eu acho melhor eu ir embora – disse por fim.

- A gente ainda não tomou banho na piscina, não jogamos um jogo muito bom que eu tenho e não comemos nada – disse ele como se tivesse quinze anos de idade.

Ele se levantou.

- Eu tenho mesmo que ir – eu disse.

- Então eu te levo.

- Não, eu peço pro Eduardo – disse fazendo com que a situação ficasse pior.

Ao julgar pelo olhar dele eu diria que não havia sido muito legal da minha parte aquilo.

- Eu te convidei para ficar, porque eu queria a sua companhia, mas o que você fez? Brigou comigo por um motivo idiota e ficou com o meu irmão o tempo todo e agora diz que vai embora e que ele vai te levar? – disse o Guto fazendo com que eu me sentisse mal.

- É melhor assim – disse.

Ele ficou pensativo por alguns segundos.

- O que você está escondendo de mim? – perguntou o Gustavo.

Eu fiquei pálido.

- Na... Nada.

Minha voz me traiu.

- Eu vou acabar descobrindo, então, fale logo! – continuou ele me pressionando.

- Não é nada! – Gritei.

- Então porque você está gritando? – Disse ele me devorando com aquelas esferas verdes.

Cansado daquilo resolvi falar parcialmente.

- Eu... Eu não quero ser o seu amigo, O.K – disse com a intenção de magoar ele.

- Tudo bem, não seja então – disse ele se aproximando – Sua amizade não é o meu principal objetivo.

Eu fui pego desprevenido pelo Gustavo. Ele se aproximou e me beijou, foi algo bem rápido, mas incrivelmente bom. Eu não conseguiria descrever a sensação. Foi esquisito, molhado e eu não faço ideia do que mais.

- O que foi isso? – disse gritando.

- Eu dando uns pegas em você – respondeu ele rindo. – Vai dizer que não gostou?

- E você gostou? – perguntei.

- Pensei que fosse ser um pouco melhor, mas até que foi bom – respondeu ele.

Minha cabeça ainda estava girando. Eu não conseguia absorver as novas informações.

- O Eduardo me disse que você não era gay – disse frustrado. – Eu não estou entendendo.

- Ele mentiu. O porquê disso? Eu não faço ideia – disse o Gustavo esclarecendo as coisas.

- Você pode me levar pra casa? – Perguntei.

Ele sorriu.

- Claro que posso.

Como eu pude ser manipulado pelo Eduardo? Eu era muito idiota. A única coisa que eu não sabia era o que ele ganhava com isso? Eu não conseguia entender como tudo o beneficiaria?

Eu fui direto para fora da casa e nem fiz questão de me despedir do Eduardo. Quando entrei no carro preto do Gustavo - um Golf. Eu não entendia de carro, então, não sabia qual era o ano e nem nada -, eu estava me perguntando o porquê de ele ter andado de ônibus aquele dia. Porque andar de ônibus se você tem dinheiro e um ótimo carro?

- O que foi? – perguntou ele ligando o carro.

- Nada – eu disse, afinal, não queria enchê-lo de perguntas.

Eu estava rindo sozinho, o que era tão idiota, mas, às vezes, o Gustavo me olhava em silêncio e eu fingia não ver, quando ele se concentrava novamente na estrada eu abria um sorrisinho.

- Eu estava planejando te beijar desde que te vi na faculdade – disse ele. – Você estava usando uma camisa de flanela azul e preta.

Eu sorri. Demorou um pouco para que eu percebesse de que ele não estava se referindo ao dia anterior.

- Eu só fui com essa camisa no primeiro dia de faculdade e a gente ainda nem se conhecia – disse. – Me explique isso direito.

- Eu sei. Mas eu te vi pela primeira vez no dia de aula... Eu fiquei encarando você.

Eu o cutuquei de leve.

- Você não estava dormindo naquele ônibus, estava? – Perguntei.

- Não e também nem perdi o celular... Foi um jeito para puxar papo – confessou o Gustavo.

- Então a culpa por eu ficar em coma é toda sua! – disse.

- Eu não mandei você quebrar aquele celular – respondeu ele rindo.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, nós já havíamos chegado a minha casa.

- Bela casa – disse ele.

Eu sorri. E encarei o meu quintal com todos aqueles lixos.

- Era meu trabalho jogar o lixo e agora... Minha mãe deve estar tão pirada – respondi rindo.

- Obrigado pela carona... Eu tenho mesmo que entrar.

Ele sorriu e entrou no carro. E eu o encarei desaparecer rua acima.

Quando entrei na minha casa os meus pais estavam sentados no sofá encarando a porta e a mim.

- Eu não acredito que vocês me esperaram – disse.

- Então acredite – respondeu o meu pai.

Minha mãe estava com uma expressão tão séria no rosto que eu pensei que fosse apanhar. O meu pai que geralmente era o mais calma da casa, hoje, estava sério demais.

- Onde você estava? – perguntou a minha mãe.

Ela estava com os cabeços loiros todos embaraçados... O que tornava a cena ainda mais assustadora.

- Eu estava... Na casa de um amigo – disse por fim.

Quando estava me dirigindo para o meu quarto a minha mãe disse:

- Espere.

O meu pai a encarou. Ela retribuiu o olhar.

- Eu não aguento mais – disse ela. – Eu já fingi por muito tempo, não consigo mais fazer isso.

Eu não estava entendendo.

- Eu só não fiz isso antes porque ele havia acabado de sair do hospital, mas...

Antes que meu pai tentasse impedi-la de falar o que quer que fosse ela já havia começado.

- Eu sei – dizia ela e em seguida fez uma pausa e depois continuou com a revelação. – Eu vi aquelas mensagens no seu celular.

Eu estava sem palavras.

- Eu posso explicar – disse.

- Então me diga que não é o que parece. Então me diga que você não é...

A voz dela falhou na última palavra. Eu sabia qual era esta palavra.

- Eu sou isso – disse rindo. – E você não pode fazer nada, porque nem eu posso.

Eu não deveria ter dito aquelas coisas, porque depois de dizer eu ouvi algo ainda pior. A minha mãe estava me expulsando de casa. O meu pai tentava acalma-la, mas não adiantava, ela dizia que era pra eu sair.

Eu subi para o meu quarto peguei as coisas da qual mais gostava e enfiei dentro de duas mochilas grandes.

O meu pai entrou no quarto.

- Você não precisa ir só porque ela quer – disse ele. – A casa também é minha.

- E você não quer que eu saia? – Perguntei.

Ele demorou um pouco para responder.

- Eu não quero, mas você vai sair mesmo assim, não vai?

- Eu vou – disse.

Após terminar de arrumar as minhas coisas eu sai.

- Tchau pai – disse antes de passar pela porta.

Minha mãe não tentou me impedir, mas eu não achei que ela fosse.

Eu estava assustado e não sabia para onde ir. Na verdade eu sabia, mas não queria ir.

Sem ter mais nenhuma opção, peguei o meu celular e disquei para a única pessoa que iria me ajudar.

- Gustavo, eu precisa da sua ajuda! – Disse com a minha voz falhando a cada palavra. – Para ser mais exato... Eu preciso de um lugar para ficar.

É isso chegamos ao fim desta temporada. Quero agradecer a todos que continuaram lendo o conto e também aos que começaram agora. Obrigado pelos comentários de vocês seja no Romance Gay ou na Casa dos Contos... Os comentários e os votos me incentivam continuar escrevendo. Eu planejo uma segunda temporada, mas não sei quando irei começar a postar, mas não irá demorar, eu garanto.

Vou responder algumas perguntas feitas nos cometários.

A principal pergunta é porque eu excluí todos os outros contos? Porque eu estava decidido a parar de postar. Tem como eu postar de novo? Não, infelizmente não. Os contos não eram para ficar eternamente publicados, mas para as pessoas lerem e se interessarem por eles e quando eles acabassem, então seriam apagados dos sites... Esse sempre foi o meu plano. Não eu não vou apagar esse conto agora... Não se preocupem.

Sobre o meu último conto não finalizado eu tenho que me desculpar por isso. Eu fiquei sem tempo e não consegui terminá-lo... Ele não vai voltar, me desculpem mesmo.

Sobre a segunda parte do especial do David. Esse é o único conto que não foi retirado, vocês podem conferir. Eu irei postar a parte dois e será logo. Quem ainda não leu o primeiro conto este é o jeito de conhecer o protagonista da história anterior.

Sobre a primeira histórias de "Adolescência a flor da pele" ela foi a minha história mais famosa, sem dúvidas... Foi por ela que eu consegui vários leitores incríveis. Mas quem começou a ler agora não precisa se preocupar com a antiga, você não precisa lê-la para entender, porque são histórias diferentes, personagens diferentes.

Algum personagem da história antiga vai entrar para esta nova? Eu não sei, quem sabe. Mas se entrar terá que ser de um modo onde os novos leitores possam conhecê-lo sem ter que ler a antiga e também que os que já a leram não se entediem com as apresentações, ou seja, se vir a acontecer será algo bem pensado e necessário para a história.

Se tiverem mais perguntas as deixem nos comentários.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Victor *) em 2014-03-04 13:00:47
Nossa fiquei triste em saber que ñ tem como vc "repostar" Adolescência a flor da pele, éra o melhor conto que já li *----*
Por keuscheibe em 2014-03-03 21:58:40
Eu achei que esse conto que vc escreveu foi maravilhoso, mas o final ficou confuso como foi o final dos personagens ?