Ano novo, vida velha...

Parte da série Um quase "Feliz para sempre"

Outro ano estava por vir, e eu beirando os 20, não aguentava mais os velhos hábitos, a escola, minha casa, TUDO!

E claro a velha ilusão pelo meu antigo colega e amigo de escola, já eram 5 anos nessa fantasia, o querendo e o amando em segredo. Não tinha ninguém para que eu pudesse contar, tinha muitos amigos, mas não me sentia a vontade para expressar meus sentimentos, meus reais e profundos sentimentos... Contar para ele? Estava fora de questão porque não ter o mesmo sentimento correspondido já era ruim, mas perder a amizade ia ser bem pior, eu não iria suportar, mesmo que pra ele não houvesse problemas e a amizade continuasse, porém jamais seria do mesmo jeito que antes, nunca nada ficaria igual...

Estava decidido a mudar de escola, já que tinha perdido o ano, tudo que eu menos queria era continuar naquela escola que mesmo com bons momentos, me trazia muitas lembranças que preferia esquecer, quis recomeçar numa "nova" escola, mesmo eu já tido estudado lá milhares de anos antes, mas dessa vez, não seria aquele pirralho de 10 anos que tinha medo de olhar nos olhos das pessoas, que vivia, tímido, encubado, calado e com medo pelos cantos, voltaria com outra postura, mais intimidadora, forte e segura de si, (aparentemente por fora)...

Varias razões me levaram a querer isso, a primeira foi a decadência da minha antiga escola, que tava caminhando para o buraco e iria levar os alunos juntos, a segunda, "ELE", não aguentava mais tá apaixonado por um grande amigo (hétero) que namorava uma garota muito legal que me tratava super bem, não suportava vê-los todos os dias abraçados e se beijando, e eu visivelmente agindo naturalmente, mas arrasado por dentro... E a terceira é que queria ver novas pessoas, conhecer gente diferente, respirar novos ares, já estava estudando lá a 5 anos, a escola era pequena e os alunos os mesmos de sempre, os conhecia de A a Z, já que tinha perdido o ano mesmo, era tudo ou nada.

O ano virou, mas as aulas ainda continuaram por conta de uma greve que teve e que nos obrigou a estudar todo o mês de janeiro, horrível! Mês de meu aniversário em que não tem nada de especial pois não gosto de festa para mim, sempre fico em casa dormindo, mas dessa vez estava socado dentro de uma sala de aula no tédio eterno.

Assunto novo...

Revisão...

Prova da 4ª unidade...

Resultado...

Recuperação...

Resultado final. (Repeti o 2º ano).

Já sabia mesmo, nem me importei, queria logo pegar minha transferência e ir embora daquele "Titanic", e o pior que eu não era o único, vários colegas saíram de lá, inclusive ele, foi pro mesmo colégio que eu, mas com uma diferença, eu no matutino como sempre (mesmo odiando acordar cedo) e ele no noturno, por causa de um trabalho que tinha conseguido, eu confesso que gostei, pois nada como a distância para diminuir os sentimentos, não esquece-los, mas se conformar e assim tentar partir para outra com mente desprendida do que não iria me levar pra frente.

Fiz minha matricula, num sacrifício pois o turno mais disputado era o matutino e depois de um tempo as vagas se tornaram limitadas, mas felizmente consegui, fiquei quase 10 horas lá esperando ser chamado, tinha tanta gente que me senti nas filas de postos de saúde, esperando a triagem... De matrícula pronta, só restava "Aproveitar minhas 2 semanas de férias" em casa como sempre, não por opção, mas por não ter aonde ir, confesso que não sou bom aluno, estava naquele entusiasmo para voltar e curtir o começo das aulas porque é ótimo mesmo sabendo que na metade do ano estaria pra morrer de não aguentar mais ver números e formulas das matérias de exatas, acho que por isso que repito o ano, sempre dou um jeito e mato essas aulas, definitivamente não fui feito pra estudar... De última hora soube que um grande amigo iria se juntar a mim, porque sua mãe tinha conseguido uma vaga pra ele, na mesma sala e turno que eu, isso me deixou muito contente por já ter alguém para conversar e não ser um completo ignorado e anti-social nas primeiras semanas de aula.

Finalmente chegou o grande dia, parece que quando você tá entusiasmado com uma coisa os dias demoram de passar, e isso me deixava louco, tava subindo pelas paredes de tédio em casa, ia dormir de madrugada, acordava meio dia, e ficava a tarde toda em casa olhando pro teto e ouvindo as reclamações de meus pais no casamento conturbado deles, e problemas pessoais, não aguentava mais, queria logo voltar as aulas, pois bom ou ruim, na escola teria quem conversar comigo, e além do mais tendo meu amigo lá, ele seria um porto seguro, nós dois gays, um entendia perfeitamente o outro.

Fui pra escola, e foi um máximo, tantos meninos e meninas lindas, que eu ficava impressionado, parecia um desfile, aonde eu olhava tinha perfeitos modelos de rosto, corpo e estilo, (Ainda estava deslumbrado com tudo novo) mesmo tendo estudado lá a muito tempo antes, mas o colégio estava muito diferente, mudou para melhor, e agora comigo adolescente aproveitaria bem essa reta final de ensino médio lá.

Mas como tudo que é bom dura pouco, a porra do governo do estado não pagou os salários das faxineiras, e o que elas fizeram? Isso mesmo, GREVE!

Por 2 semanas, pra você ver como é a minha sorte...