Capítulo XXVII

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Música tema: Eu nunca amei alguém como eu te amei – Ivete Sangalo (Intr.)

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Não sei ao certo quanto tempo eu e Gabriel ficamos nos beijando em frente a sua casa, mas sei que foi mais que o tempo necessário. Quando finalmente nos separamos, não dissemos nada, apenas esperei que ele abrisse a porta e, em silencio, subimos cada um para o seu quarto. Não sei se foi um erro o que fiz, mas tenho certeza que fiz sem intenções maldosas, apenas tentei abrir seus olhos sobre a verdade evidente, pois s e Gabriel fosse realmente hétero, jamais teria aceitado tão prontamente me beijar.

Tirei Gabriel de minha cabeça e, depois de um rápido banho, deitei-me e logo dormi, ansioso para logo cedo ir encontrar com Carlos. Desde que eu voltei de Paris, esta foi à noite que dormi mais tranquila, pois finalmente ouviria os conselhos de todos e rira conversar com Carlos.

Acordei com um humor sem igual. Na verdade nem eu sabia porque estava tão feliz, só sabia que estava disposto a tudo para reconciliar com Carlos, mas antes, eu precisava conversar com Rafael, Marcel e Cristal. Só assim eu poderia rever o meu conceito: conhecendo uma família homoafetiva. É fato que eu já os conheço, mas não como uma família. Eu nunca tive preconceito com gays, negros, pobres ou outras minorias, pois eu conhecia-os, convivi com os mesmos. Mas nunca tive contato com um casal de mesmo sexo que tivesse adotado uma criança. Não quando eram dois homens, o que me causava calafrios só de pensar. Entretanto, eu só precisava me desculpar pelas barbaridades que eu havia falado.

Como consequência de ter ido dormir mais de meia noite, acordei um pouco mais tarde que o normal, por isso preferi visitar o casal pela tarde e depois iria para a casa de meu namorado. Quando eu estava de saída para a casa de Marcel, mandei uma mensagem para o mesmo e para Carlos avisado que logo apareceria por lá. Eu nunca havia ido a casa deles, mas tinha o endereço, pois Carlos havia me dado, já que quando cheguei a Portugal não conhecia ninguém senão eles e por eu poderia visita-los caso me sentisse solitário, assim como poderia visitar meu então professor.

Durante o período que estive em casa, não tive muito contato com Gabriel, por isso não tive tempo de conversar sobre o que aconteceu. Quando nos víamos, era como se nada tivesse acontecido e não notei nenhuma mudança de temperamento. Passei a maior parte do tempo na sala conversando com Claudia, já que ela não trabalhava aos domingos. Logicamente, ela percebeu meu bom humor e questionou diversas vezes não acreditando que tudo dizia respeito a uma simples conversa que aconteceria com meu namorado. Não que tivesse algo haver com o beijo com Gabriel, mas preferi não contar-lhe nada sobre o ocorrido.

Quando finalmente cheguei ao meu destino, percebi o quão grande é a casa deles. Talvez desse duas da casa de Claudia. Logo na frente havia uma cerca viva. Depois de apertar a campainha e me identificar no interfone e alguns minutos esperando, finalmente Marcel apareceu abrindo o portão para que eu entrasse, mantinha uma expressão seria no rosto.

Caminhando até a porta, pude apreciar rapidamente o jardim, com duas grandes arvores cujas folhas começavam a amarela, e um balanço preso em uma das mesmas. O piso da entrada era coberto por um gramado bem aparado e roseiras no lado esquerdo, porem sem rosas. Havia também uma mesinha de vidro próximo às roseiras com quatro cadeiras e alguns brinquedos, que julguei ser de Caíque, espalhados ao lado.

- Sinta-se a vontade. – Disse Marcel abrindo a porta para que eu entrasse em sua casa.

Por dentro a casa era ainda mais bonita e com uma decoração moderna. O hall de entrada era decorado com vários quadros em preto e branco com diferentes tipos de molduras multicoloridas. Totalmente aconchegante e espaçosa, a sala era dividida em duas, a de tevê e a de estar. Após o convite de Marcel, sentei- me em uma das poltronas de madeira com estofado branco.

Eu estava me sentindo um pouco nervoso por estar ali, mas era necessário. Eu nunca poderia me reconciliar com Carlos. Além do mais, seria obvio que ele pediria para que eu me desculpasse com eles. E eu não poderia tirar sua razão.

- O Rafael já está descendo, mas vou apressa-lo. – Disse quando me sentei em uma das poltronas. Sem dizer mais nada, Marcel deixou-me sozinho na sala. Logo senti meu celular vibrando anunciando que uma mensagem avia chegado. Era de Carlos. Euforicamente, abria a mesma para ver a resposta de meu namorado.

“Infelizmente não estou em casa. Conversamos na sexta.” – dizia a mensagem.

“Vai demorar a chegar? É urgente.” – Tentei mais uma vez. Eu não podia dizer por mensagem qual era o objetivo de nosso encontro.

“Vou sim. Na verdade não estou em Lisboa.” – Respondeu logo em seguida.

“Tudo bem.” – não insisti mais, tão pouco ele disse algo mais.

Senti-me sem chão. Não sabia se Carlos estava falando a verdade ou simplesmente não queria me ver, mas se fosse verdade, e ele estivesse viajando, era angustiante o fato de ele não ter me contado nada sobre sua viagem. Tubem que tivemos um desentendimento, que não nos falávamos com frequência, que fui a uma festa e não lhe dei satisfação, que beijei Gabriel – mesmo que meu objetivo era mostrar para o garoto que não é um crime amar outro homem. Mas ainda sim ele deveria ter me dado alguma satisfação, afinal ele passaria, pelo que entendi, mais de um da fora.

Senti as lágrimas molharem meu rosto, mas rapidamente as enxuguei quando ouvi a porta da frente abrir-se. Cristal entrou pela mesma com Caíque todo risonho segurando um boneco. Ao julgar pela cara de espanto da mulher, imaginei que Marcel não havia lhe contado de minha visita. Ficamos nos encarando por alguns segundos até a criança em seus braços pedir para ir para o chão e sair correndo escada à cima.

- Oi. – disse finalmente. Minha voz quase não saiu, por consequência do choro preso em minha garganta.

- Oi Bruno. – cumprimentou-me depois de mais alguns segundos me encarando e, lentamente, caminhou até próximo a mim.

- Poderia me oferecer um copo de água? – pedi querendo aliviar a pressão.

- Claro. – disse me convidado para segui-la até a cozinha. A mesma, assim como a sala, era bastante espaçosa, com moveis inox com detalhes negro. Assim que adentramos ao espaço, Cristal serviu-me em um copo de vidro. – Não finja que eu não percebi: você estava chorando. O que aconteceu? – disse quando deixei o copo sobre a bancada. A água me ajudou a controlar mais a vontade de chorar, mas a dor em meu peito era cruciante.

- Não foi nada. – menti.

- Bruno, não nos falamos há algum tempo e nos conhecemos a pouco, mas te conheço suficientemente bem. Eu consigo ler suas atitudes, sei quando tem algo que te incomoda. E tenho certeza que não é só o que aconteceu com o Rafael. – apenas desviei o olhar. Ela tinha razão em tudo, principalmente sobre me conhecer. Nenhuma vez seus julgamentos estavam errados. Desde que cheguei a Portugal, todas as suas premunições estavam certas. Especialmente sobre eu e Carlos, cujo ela e Beth me enchiam o saco para que assumíssemos nosso “caso”. Por isso respirei fundo e decidi falar.

- Depois do que aconteceu no apartamento de Carlos, não estamos nos falando. – disse com a voz embargada novamente.

- Por causa do que você disse. – não foi uma pergunta, mas apenas acendi com a cabeça ao que Cris aproximou-se envolvendo- me em seus braços.

- Enviei uma mensagem para ele hoje avisando que iria ao seu apartamento para conversarmos, mas ele disse que está viajando. Ele sequer me falou sobre essa viagem. – desabafei quando finalmente nos separamos.

- Não fique assim Bruno. Talvez tenha sido uma viagem de emergência e Carlos não teve tempo de te avisar. – Quiçá ela estivesse com a razão e eu estava, mais uma vez, tirando conclusões precipitadas.

Respirei fundo me convencendo que era exatamente isso e, em silencio, voltamos para sala onde Marcel e Rafael já me esperavam. Após justificar onde estávamos respirei fundo várias vezes encarando a todos sentados em um dos sofás de fronte para mim. Estava tentado juntas todas a minhas forças e coragens para justificar minha atitude de 15 dias atrás.

- Rafael... Eu... É... – gaguejei nervoso. Respirei fundo e finalmente consegui falar. – Eu queria pedir desculpa pelo que aconteceu no apartamento de Carlos. Eu... Eu não deveria ter falado aquelas coisas. Na verdade eu quero pedir desculpa a todos vocês. Por tudo.

- Bruno, se foi o Carlos que te fez vir aqui, não precisar continuar. – adiantou Rafael com a voz seca.

- Não foi. – assegurei. – Eu vim aqui porque sei que errei.

- Não acredito que tenha mudado de opinião tão rapidamente. – provocou com u m sorriso de desdém. Cristal e Marcel, que estavam cada um de um lado de Rafael, apenas me encaravam se qualquer reação no rosto.

- Não mudei. – Rafael, aparentemente sem querer me ouvir, levantou-se e acompanhei seu gesto. – Por favor, escuta o que tenho para dizer. – disse com a voz suplicante.

- Rafa, o deixe falar. Não custa nada. – Marcel pediu ao meu favor.

- Não foram vocês que ouviram as barbaridades que ele gritou. – falou gesticulando indignado.

- Acredite, já ouvi coisa pior. – Cristal tomou a vez me encarando. Rapidamente a cena em meu antigo apartamento, onde descobri que ele tinha um caso amoroso com Marcel, me veio à cabeça.

- Tudo bem, vocês venceram. Seja rápido. – disse ainda de pé. Respirei pesadamente e finalmente consegui falar.

- Não posso dizer que mudei minha opinião sobre a adoção gay, porque estaria mentindo. A verdade é que tenho medo por qualquer coisa que seu filho pode vir a sofrer. – confessei olhando para minhas mãos. – Eu poucas vezes sofri preconceito por minha sexualidade, mas nas poucas ocasiões machucaram muito. Também tenho medo, não acredito que vocês vão fazer isso, mas já vi varias reportagens onde homossexuais abusam de crianças. É por isso que sou contra a adoção. Tanto é que sou a favor quando se trata de lésbicas, porque acredito que a mulher, em si, tem o dom para cuidar de seus filhos. Não que todas sejam assim, mas ela é preparada, desde criança, quando brinca com suas bonecas, para ser mãe. – olhei rapidamente para Rafael que parecia incomodado com minhas palavras. – Contudo, eu não tinha o direito de falar tudo que eu te falei naquele dia Rafael. Pelo menos não daquele jeito. Mesmo que eu não aceite, tenho que respeitar.

- Que bom que você tomou consciência disto. – disse ríspido.

- Não sei se foi realmente consequência de meu problema ou atitude minha mesmo. Mas vocês conhecem, como professores, a variação de humor causada pela depressão.

- Bruno... – começou Cristal, mas não a deixei continuar.

- Não quero justificar meus erros pela doença, longe disso. – disse apressado a encarando. Rafael continuava em pé, agora atrás do sofá, enquanto Marcel me encarava com os cotovelos apoiados sobre os joelhos e as mãos tapando a boca.

- Você está com depressão? - Cris indagou perplexa.

- Sim. Aceitei o convite de Carlos para vir para Portugal meio que tentando fugir de meus problemas no Brasil, mas só piorei as coisas. – disse analisando o rosto de cada um. – Por isso tratei vocês com tanta raiva quando... - pensei duas vezes antes de continuar, mas no final conclui que não fazia mais diferença, afinal eles estavam vivendo todos juntos. - ... Quando descobri sobre você e Marcel. – falei apontando olhando nos olhos da mulher de cabelos curtos. – Hoje estou fazendo tratamento para me livra da depressão. Carlos e Claudia são as pessoas que mais têm me ajudado com isso. Mas o fato é que vocês são meus únicos amigos aqui em Portugal e nos últimos tempos eu só tenho conseguido afastar as pessoas mais e mais. Cheguei a tentar suicídio justamente por isso.

- Suicídio? – indagou Cristal incrédula.

- Sim. Foi quando conheci Claudia. Ela quem me levou para o hospital e cuidou de mim. – todos pareciam chocados com minhas palavras. Marcel e Rafael sequer abriram a boca enquanto Cristal atirava-se entre minhas pernas limpando as lágrimas que sequer percebi caírem.

- Bruno, você sabe que pode contar comigo para tudo. Eu sei que também estava errada quando comecei a sair com Marcel. Nunca guardei magoas de você, pois sei que suas palavras quando você me expulsou de sua casa foram para o meu bem. Eu sabia que eu era a errada. – disse com o olhar fixo aos meus e com os olhos marejados. Simplesmente a abracei recebendo todo o conforto que poderia receber em seus braços.

- Sinto tanto a sua falta. – disse chorando.

- Bruno... Eu... – Rafael me chamou fazendo com que eu me soltasse de Cris e sentando-se novamente ao lado de Marcel. Ele pigarreou algumas vezes antes de começar a falar. – Eu simplesmente não posso esquecer tudo que você me falou. Assim como você, eu estaria mentindo se dissesse que te perdoo. Mas eu posso compreender o que aconteceu, com o tempo. Só quero que você entenda, sobre a adoção, que é mais que um desejo de ser pai. É um ato de carinho e amor. Os orfanatos estão cheios de criança... – não o deixei que continuasse, pois estes argumentos já foram utilizados comigo.

- Eu sei. Compreendo também que muitos dos meus argumentos não são cabíveis e fáceis de contra argumentar.

- Também sabemos que Caíque irá passar por algumas situações indesejadas, mas estaremos. Acredite quando digo que não permitirei que não permitirei tais coisas com ele. Sou capaz de tudo para protegê-lo. – disse serio e me encarando.

- Nós não estamos só Bruno. – completou Marcel, falando pela primeira vez com a voz terna e calma. – E para conseguir vencer este preconceito, é preciso enfrenta-lo. E sobre Caíque ser gay, não o incentivamos, pois o mais importante é que ele saiba respeitar as diferenças. Se ele vier a ser gay, não será porque tinha pais gays, será porque tinha de ser. A homossexualidade pode até ser genética, todavia não somos seus pais biológicos. Entende o que quero dizer? – apenas acendi com a cabeça.

- Sabe Bruno – continuou Rafael no mesmo tom de voz do marido. – não que você tenha dito algo do tipo, mas nós sempre achamos que a imagem da mulher é um fator importante no crescimento de uma criança. Antes de Cristal, esse papel era exclusivamente de minha mãe e de minha sogra. E elas dificilmente aparecem aqui ou as visitamos. Agora não, ele tem Cristal que o faz companhia sempre, ele convive imagem masculina e feminina diariamente, o que é importante.

- Sobre isso. – disse cauteloso. – Meu um único receio é sobre a confusão que pode ficar na cabecinha dela por ver um pai trocar caricia com uma pessoa, depois com outra.

- Eu e Rafael nunca trocamos caricias explicitas na frente de Caíque. – assegurou Marcel. – Sabemos que ele pode ficar confuso, por isso tomamos o dobro de cuidado.

Como eu não tinha mais nenhum compromisso para o resto do dia, visto que Carlos não deu mais sinal de vida, passei o resto da tarde na casa do casal. Rafael, depois que terminamos a conversa que se seguiu por quase uma hora, não falou muito comigo, só o essencial. Conversei com Cristal um pouco mais sobre o distanciamento entre eu e Carlos, e me assegurou, mesmo que eu não tenha perguntado, que nunca o tinha visto com outra pessoa pelo prédio que não fosse Rafael ou Marcel.

Caíque, ao que conversávamos na sala, estava no quarto assistindo uma animação. E foi justamente ele que pôs fim na discursão na sala quando desceu chamando o pai Rafael para brincar. Ao que fiz menção de ir embora, Rafael propôs que eu o fizesse companhia, e assim o fiz com Cristal.

Quando cheguei em casa, já pela noite, fui direto para meu quarto tomar um banho. Despois que fiz uma rápida refeição, iniciei a leitura de um dos arquivos que havia recebido por e-mail na tentativa de me distrair. Porém, tudo que consegui foi pensar mais em Carlos, por esse motivo, passei a fazer o planejamento das minhas aulas da semana seguinte.

Não sei que horas aconteceu, mas simplesmente apaguei sobre a cama com vários papeis e o computador sobre mim. Quando acordei, já estava atrasado para minha aula, por isso tomei café no meio do caminho mesmo. Como era rotineiro, a aula foi tranquila, sem acontecimentos extraordinários. Dei meu conteúdo, passei um exercício de interpretação de texto baseado em um poema de Arthur Rimbaud. Ao que, por fim, cheguei em casa, encontrei Gabriel em meu quarto, sentado na poltrona, com um olhar assassino sobre mim.

- O que faz aqui? – perguntei cauteloso colocando minha bolsa tiracolo sobre a escrivaninha e sentando-me sobre a cama um pouco distante dele.

- Estava te esperando. – respondeu indo até a porta e fechando-a.

- Se for sobre o que aconteceu sábado à noite, não estou com saco agora. – disse tirando meus tênis e o casaco, logo em seguida.

- Não quero saber. – vi, de esguelha, que Gabriel sentou-se novamente na poltrona. – Você que queria que eu provasse que não era gay e sugeriu um beijo, e eu dei.

- Sim? – pedi que continuasse enquanto me dirigia até o banheiro para vestir algo mais confortável.

- O que isso provou? – percebi duvida em sua voz, mas apenas respondi depois que voltei ao quarto vestido com uma calça moletom e uma camisa.

- O que você sentiu? – respondi com uma nova pergunta escorado da porta cruzando os braços e o olhando serio.

- Como assim? – indagou com as sobrancelhas erguidas. Sua expressão raivosa havia passado, só havia duvidas agora.

- Foi bom? Ficou desejando outro? Repulsivo? – sugeri.

- Indiferente. – respondeu ao jogar o corpo para trás.

- E se eu pedisse outro? – indaguei dando—lhe as costas e pegando minha escova de dente e pasta. Porém Gabriel não respondeu por alguns instantes. – E aí? – insisti começando a lavar a boca.

- Talvez eu desse. – sorri vitorioso e terminei de escovar os dentes antes de voltar a falar.

- Então você gostou. – disse o encarando.

- Que diferença faz? Isso não prova nada, foi só um beijo. – sua voz era tranquila, o que me surpreendeu. Calmamente caminhei e sentei-me na cama próximo a ele o encarando com um sorriso de lado.

- Isso prova muita coisa. Você não ficou todo estressadinho na boate só porque um cara te paquerou. O que aconteceu de verdade? – tentei.

Como uma luz minha cabeça, pulei da cama assustado. Agora tudo começava a fazer sentido. A simpatia de Gabriel comigo logo que cheguei a sua casa, suas perguntas sobre meu professor quando ainda estava acamado e com uma perna engessada, sua arrogância quando comecei a namorar com Carlos, nossa reaproximação quando soube de meu desentendimento com meu namorado, seu mau humor por eu estar com conversando com uma garota, e por fim, o beijo, sem protesto, ao que sugeri.

- Gabriel... – comecei lentamente ao que ele tinha uma expressão de confusão no rosto. – seja franco comigo. O que você sente por mim?

- Como assim? – perguntou balançando a cabeça.

- Você gosta de mim? - Esclareci ao que ele pulou do seu assento me assustando.

- Você está louco? – gritou.

- Eu só...

- Claro que não! – me interrompeu.

- Então por que...?

- Te trato bem pela minha mãe, porque ele gosta de você. – antes que ele me interrompesse novamente, expliquei todos os motivos que me levavam a crer em seus sentimentos, que se fosse verdade, não seriam correspondidos da mesma forma, como aconteceu com Fernando.

Pensar em Fernando, depois de tanto tempo, me fez sentir uma nova pontada em meu peito. Mesmo que eu não gostasse de Alice da mesma forma que eu AMO Carlos, eu tinha sentimentos por ela e queria seguir em frente ao seu lado. Não seria muito diferente do que estava acontecendo agora. Eu namorando o Carlos, enquanto outra pessoa, Gabriel, cria expectativas sobre mim que não aconteceria. E para piorar minha aflição, o filho de Claudia já tinha problemas demais para lidar com uma desilusão amorosa, por isso eu tinha que esclarecer.

- Não seja idiota. – xingou-me quando terminei. – Te tratei mal, pelo motivo que você já sabe, eu ODEIO os gays. – enfatizou o verbo. – Não gosto daquele seu namoradinho de merda. E sobre a boate, o cara tentou me beijar. O meu amigo, o DJ. – eu não sabia se sentia alivio em suas palavras ou raiva por estar insultando Carlos.

- Isso é bom. – disse caindo com todo meu peso sobre a cama e encarando meus pés. Gabriel ia sando de minha habitação, quando resolvi perguntar. – E o que você sente pelo seu amigo DJ? – falei voltando a olha-lo. Ele ficou em silencio com a mão na maçaneta em silencio, o que foi bastante para mim. – Você gosta dela, não é? Tem medo que...

- Eu não gosto dele.

- Gosta sim. Você apenas tem medo que aconteça novamente. – falei calmo e indo em sua direção ao que ele me encarou confuso.

- Do que você está falando?

- Eu sei sobre os ataques homofóbicos que houve contra você.

Gabriel não disse mais nada, simplesmente saiu do quarto. Todavia quedei-me feliz, pois havia dado o primeiro passo para ajudar Gabriel, o que me fez me sentir bem. Eu estava um tanto quanto realizado, pois além da alegria que enchia meu ser, a lembrança da discursão com Carlos deixou-me por um instante e consegui dedicar-me aos trabalhos que ele havia me requisitado.

Durante o resto da semana não conversei muito com Gabriel. Contudo, não parecia chateado comigo ou qualquer coisa. Também não tivemos tempo de nos falar, já que eu estava dedicando-me quase que exclusivamente ao trabalho e aos estudos, e com isso, quando estava em casa, passava basicamente o tempo todo em meu quarto. Gabriel também parecia bem ocupado com sua faculdade de psicologia, pois o via conversando bastante com sua mãe sobre algumas teorias behavioristas, ou teoria do comportamento.

Por outro lado, Claudia percebeu que havia algo de diferente em seu filho e acabou por comentar comigo, e foi minha deixa para contar-lhe sobre os últimos acontecimentos, incluso o nosso beijo. Ela, como esperado, agradeceu-me por fazer isso por seu filho. No entanto, ficou preocupada do que Carlos poderia pensar sobre isso, principalmente por estarmos em crise, mas não perdi as esperança. A única coisa que me importava, era que eu estava fazendo abrindo os olhos de Gabriel para o que estava bem a sua frente. E isso não passou despercebido pelos olhos de Claudia, pois tanto ela quanto meus alunos perceberam o quão alegre e positivista eu estava. Eu estava sorrindo mais, conversando mais, cantando mais e chorando menos.

Quando finalmente chegou sexta-feira, o dia que Carlos havia marcado para nos reunimos, meu coração batia freneticamente, por mais que eu soubesse que falaríamos somente de assuntos acadêmicos, porém eu o veria e não sairia de lá até que marcássemos de resolver tudo sobre nosso relacionamento. Não deixaria sua sala até que pudesse me desculpar.

Quando minha aula de francês acabou, caminhei pelos corredores nervosamente até sua sala, que fica no mesmo prédio que damos nossas aulas, porém no segundo andar. Eu estava me sentindo tremulo, pois já havia pouco mais de uma semana que não nos víamos, ou sequer nos falávamos. Depois das mensagens de sábado, não tive mais coragem de entrar em contado. E ele também não fez.

Quando finalmente cheguei a frente a sua sala, fiquei a encarando, pensando sobre o que poderia acontecer ou quais as novidades Carlos iria me reportar, coisa que não pensei uma vez sequer desde o e-mail que me enviou. Meu coração estava demasiadamente acelerado, e eu ao menos fazia ideia do porquê. Levantei a mão diversas vezes criando coragem para bater, mas quando finalmente decidi fazer, ela abriu-se me deixando congelado.

Carlos estava na porta segurando um maço de cigarros. Já fazia algum tempo que ele não fumava. Eu não sabia se ele realmente tinha vencido seu vício ou somente evitava fazer em minha frente, pois talvez percebesse meu desconforto. Até mesmo depois das refeições, ou depois do sexo, onde ele fumava um cigarro sempre, tinha acabado quando estávamos juntos. O fato era que ele já não fumava há pelo menos um mês na minha frente ou quando íamos nos ver.

Meu namorado vestia uma camisa social vinho abotoada em sues pulsos, calça jeans preta e sapatos sociais e usava seu óculos quadrado de armação preta. Seu cabelo estava penteado de lado e, pela primeira vez que me lembre, estava sem barba. Ainda sim estava, como sempre, maravilhosamente bem vestido e lindo.

- Oi. – disse depois de um tempo que ficamos nos encarando.

- Boa tarde. Entre, fique a vontade. Espero que não se incomode de esperar eu fumar. – falou levantando a mão com o objeto para que eu pudesse vê-lo melhor. Apenas concordei ao que ele me deu espaço para que entrasse em sua sala, sentando-me em uma das duas cadeiras enfrente ao seu birô logo em seguida, ao mesmo tempo em que ele fechou a porta atrás de si me deixando sozinho.

Fiquei um pouco conturbado com tudo. Carlos sempre soube dividir os assuntos pessoais do profissional. Nossas atitudes dentro do campus era o mais discreta possível: sem abraço, sem beijo, sem mãos dadas. Nosso tratamento, dentro da universidade, era completamente diferente de quando estávamos em outro ambiente. Mesmo estando somente nós dois dentro de sua sala, nós nuca trocamos caricias, sempre o respeito profissional no, como requer o código ético.

Contudo, algo em meu peito apertou. Havia algo em Carlos diferente. E não era somente pela discursão que havíamos tido. Meu professor estava seco, amargurado, ou algo semelhante. Sua voz estava diferente e indiferente comigo; ele não me sorriu ou apertou minha mão, como fazíamos; e pediu para fumar, o que há tempos não fazia.

Fui tirado de meus pensamentos pela porta batendo novamente, me fazendo a dar um pequeno salto pelo susto. Carlos não me olhou nos olhos ao que arrodeou a mesa e sentou-se e m sua cadeira a minha frente. Ficamos em silencio enquanto eu o observava mexer e ler alguns papeis em sua mesa até que ele decidiu falar.

- Tenho novidades. – disse ainda focado em suas papeis. – Boas... Ou ruins, talvez. Vai depender de você. – meu coração praticamente parou. Aquela não era uma boa forma de iniciar uma conversa, e embora eu soubesse que ele não fosse fazer isso aqui, só consegui pensar que ele iria terminar nosso namoro.

- Que novidade? – minha voz quase inaudível, mas fez finalmente Carlos me olhar, porém não em meus olhos.

- Como você sabe, domingo eu estive viajando. Não tive como te avisar ou convidar para ir, pois foi um tanto inesperada. – suas palavras fizeram parte de mim ficar mais calmo.

Era bom saber que ele não tinha me avisado por falta de tempo, mas ainda sim não era suficiente, ele poderia ter me esclarecido ao que entrei em contado. Mas talvez ele estivesse em reunião. Porém ele poderia ter entrado em contato comigo quando acabou. Por fim, ele passou a semana inteira sem falar comigo.

- Eu entive em reunião com meu orientador e a reitoria da universidade sobre o nosso intercambio. – A voz de Carlos me tirou do conflito interno que acontecia em minha mente. – Você bem sabe que nossa pesquisa já está no processo de analise de dados. Quando concluirmos esta etapa seguiremos para a produção dos resultados finais. – ele falava tudo com as mãos apoiadas sobre a mesa com seus dedos cruzados e finalmente me encarando nos olhos. – Não preciso ficar aqui falando dos processos que você já conhece, certo? – apenas concordei. – Pois bem. Conversei com meu orientador e a reitoria e concluímos que se tudo continuar como está, podemos adiantar nossa volta ao Brasil. Mais do que nunca precisarei de sua colaboração, Bruno, o que significa manos distrações.

“Eu bem sei dos problemas pessoais que você vem passando, afinal eu venho acompanhando tudo bem de perto. Por isso não iremos interferi em suas consultas com a psicóloga. Mas a partir de hoje teremos encontros mais frequentes e serei um pouco mais rígido contigo”.

- Isso é realmente bom. – foi tudo que consegui dizer. Na verdade, tudo que consegui relacionar foi que voltaríamos mais cedo para o Brasil e que tínhamos uma relação intima fora da faculdade, o que foi o verdadeiro motivo do meu sorriso.

- Ah, e antes que eu me esqueça, haverá dois eventos que participaremos antes de concluir nossa formação. O primeiro acontecerá agora no final de setembro, aqui mesmo em Lisboa. O outro será em Veneza, em novembro. Como o de Paris, o evento em Veneza será custeado pela universidade, sua única preocupação será com o trabalho e a alimentação, que ficará por sua responsabilidade. Serão dois dias de evento. Já o daqui, que será daqui a um mês, já submeti seu trabalho para apresentar.

Continuamos a conversar sobre os eventos por horas a fio. Carlos me explicou tudo sobre quais eram os temas dos eventos que participaríamos, os grupos temáticos, nosso objetivo, os minicursos que deveríamos participar e adjacentes. Quando finalmente Carlos concluiu as explicações, me dispensando, resolvi tirar o peso de minhas costas. Ou pelo menos marcar de nos encontrar fora da universidade para conversarmos.

- Carlos... – comecei com a voz tremula e nervoso. – Será que poderíamos conversar... Sobre nós?

- Acho que aqui não é o lugar para isso. – respondeu voltando sua atenção para os papeis de antes.

- Podemos ir apara algum lugar então?

- Agora eu não posso, tenho que organizar estes documentos para enviar a reitoria.

- Não pode entregar segunda? Seu expediente já acabou. – tentei argumentar. Carlos respirou fundo antes de me olhar.

- Tudo bem. Acho que já enrolei demais com esta conversa. Aqui não é o lugar, mas como você disse, já não estamos em horário de expediente, podemos falar aqui. – apenas concordei com a cabeça sentindo um nó formar em minha garganta impedindo-me de falar qualquer coisa por alguns minutos.

- Eu quero... Ah... Eu queria, mais uma vez, me desculpar.

- Por?

- Pelas coisas que falei naquele dia. Eu tenho plena consciência de que eu estou errado, não deveria ter falado aquelas barbaridades pera Rafael ou você, mas foi por impulsivo. Eu não consigo controlar as palavras que saem de minha boca quando estou em choque. Às vezes eu penso em dizer uma coisa, mas acabo dizendo outra. – eu falava tudo encarando minhas mãos que brincavam com um botam de minha bolsa que estava em meu colo e dava rápidas olhadas para Carlos, que continuava me encarando serio e impassível. – Eu quero me redimir com todos. Começo a pensar que tudo que estou passando são consequência de minhas más decisões e atitudes. Estou seguindo os concelhos de Claudia, Minha mão, meu pai e Patrick e tentando rever meus conceitos. Já conversei com Cristal, Marcel e Rafael...

- Eles me contaram. – rapidamente o olhei com meus olhos arregalados, pois havia pedido para eles não comentarem nada. – Eles também me falaram que não havia sido nenhuma mentira o que você disse. Eu realmente não consigo acreditar que aquele preconceituoso é você. Não o rapaz que eu admirei por anos em minhas aulas, por quem eu me apaixonei.

- Eu apenas tenho medo.

- Bruno, nós temos que vencer o medo. Rafael me falou que você esta tentando fazer isso, no que diz respeito à adoção, e eu realmente me alegro por isso. Mas o que de verdade me entristeceu, foi o fato de você não se aceitar. Eu não...

- Eu me aceito. – o interrompi exasperado. – Nunca neguei minha sexualidade. Eu sou bissexual porque sinto atração pelos dois gêneros. Mas o único que eu amo, é você. – vi um pequeno e rápido sorriso formar-se nos lábios de Carlos, mas tão rápido quando apareceu, ele sumiu. – Eu falei com meus pais estes dias... Sobre nós. E meu primo me disse uma coisa que faz todo o sentido. Se eu não me aceitasse, se sentisse vergonha por estar namorando você, eu não teria te apresentado a eles.

- Eu sei. Isso também passou pela minha cabeça. – ele concordou com um leve sorriso nos lábios, o que também me tranquilizou um pouco. –Ficamos nos encarando por um tempo em silencio antes de ele continuar. – Acho que não podemos continuar. – meu mundo caiu. Instantaneamente uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- O que você quer dizer com ‘não podemos continuar’? – por incrível que parece, minha voz não falhou.

- Que talvez nós devêssemos terminar. Eu te amo Bruno, mas...

- Se me ama, porque quer terminar então? Você sabe que eu te amo também. – o interrompi levantando-me para encara-lo e deixando minha bolsa, como meu notebook dentro, cair no chão.

- Porque eu quero que você viva sua vida. Não quero ser um estorvo. – ele também levantou-se, mas continuou atrás de sua mesa. Sua voz era calma, mas eu percebia que ele estava tão abalado quanto eu.

- Você nunca atrapalhou minha vida, só melhorou. Tanto pessoal quanto profissionalmente. – argumentei aumentando meu tom de voz. – Eu preciso de você, Carlos. – confessei arrodeando à mesa.

- Eu sou velho, Bruno. Você precisa de alguém da sua idade, que te faça bem. – disse segurando meus pulsos ao que tentei abraça-lo. Eu estava desesperado, não poderia viver sem ele, meu pilar de apoio, meu professor, meu orientador, meu namorado, mon professeur, meu amor.

- Não, eu preciso de você. – falei chorando abertamente. – Você é tudo que eu preciso.

- Você lembra o que respondi quando Rafael perguntou se eu perdoaria traição? – perguntou se desvencilhando de mim e me dando as costas. Fiquei estático olhando Carlos caminha lentamente em direção a uma estante de livros e mexer em alguns livros distraidamente.

- Sim... O que eu... – respondi tentando raciocinar e entender onde ele queria chegar com isso.

- O que eu disse depois...

- Ah... Eu nã... Que eu não tentasse descobri? - indaguei confuso encarando suas costas largas e deixando as lágrimas lavarem o meu rosto.

- Eu também não queria descobrir... – ele finalmente olhou para mim. Carlos estava chorando tanto quanto eu.

- O que...

- Eu vi Bruno. – ele me interrompeu. – Eu achei que fosse coisa só de minha cabeça, insegurança. - Carlos continuou sentando-se em sua cadeira novamente apoiando os cotovelos sobre a mesa e cobrindo os olhos com a palma das mãos. – Eu poderia até pensar que Gabriel te agarrou a força e te beijou, mas eu vi o sorriso em seu rosto.

Agora tudo fazia sentido. Sua indiferença comigo na ultima semana, sua atitude quando cheguei a seu escritório, o cigarro, tudo. Mesmo que tivéssemos passado 15 dias sem nos beijar ou qualquer outra proximidade física, estávamos nos falando, mesmo que com menos frequência que o habitual. Na ultima semana não nos falamos ou nos vimos nenhuma vez.

- Carlos eu posso explicar... – falei lutando contra meu choro que se intensificava aos poucos. – Foi um mal entendido.

- Não tem o que explicar, eu sei o que vi.

- Eu pedi aquele beijo porque... – falei puxando Carlos, mas ele se desvencilhou de mim e foi e direção à porta. Sem pensar duas vezes corri a sua frente o abraçando forte para que me ouvisse. – Me escuta. – falei com a voz tomada pelo choro enquanto ele tentava se soltar de mim.

- Não torne as coisas mais difíceis para nós dois Bruno. Por favor. – meu professor não usava mais seus óculos e tinha os olhos extremamente vermelhos e o rosto molhado de lágrimas, como o meu.

- Carlos... - os soluços não deixaram que eu dissesse mais nada.

Sem mais nada a dizer, Carlos abriu a porta para que eu pudesse ir. Com meu peito ardendo em angústia, meus olhos queimando e jorrando lágrimas, as mãos tremulas, peguei minha bolsa que ainda estava jogada no chão enfrente a mesa, e saí sem encara-lo. Quando finalmente passei pela porta e Carlos fechou a porta, ouvi algo quebrar dentro da sala.

Quando cheguei fora do prédio, escorei em uma arvora que havia ali ao lado e fui escorregando aos poucos deixando o choro sair sem medo de quem pudesse escuta-lo. Sentia-me destruído. Eu consegui afastar a única pessoa que um dia amei e que me amou. Meu peito subia e descia descompassado lembrando-me de nossa ultima semana junto em Paris, quando finalmente havíamos dito um ao outro que nos amávamos. Agora eu não era mais nada sem ele. Nunca mais poderia dizer que o amava, dormir ao seu lado, abraça-lo, beija-lo. Agora, mais do que nunca, éramos professor e aluno, orientador e orientando.

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Tô chorando amados. Mais do que nunca, ouçam a música tema: https://www.youtube.com/watch?v=5Zqcymrxc88

Comentários

Há 1 comentários.

Por CarolSilva em 2015-07-18 01:09:12
Poxa, do triste isso. Poxa, quando a vida voltará de fato a sorrir para o Bruno?