Capítulo XXII

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Amados, obrigado mais uma vez pelas palavras e elogios. Niss, o garoto Rafael não era um amigo meu. Na verdade, sequer o conheci em vida. Ele foi mais uma vitima da homofobia vigente em nosso mundo cruel, preconceituoso e hipócrita, como bem frisou Nickkcesar. Você, e todos mais, podem ter mais informações sobre o caso e a investigação que se segue em vários sites jornalísticos e/ou informativo. Segue um exemplo: http://revistaladoa.com.br/2015/06/noticias/rafael-14-anos-foi-morto-por-parente-com-quem-dividia-quarto-mae-diz-que-esperava

Queridos, já publiquei “Um Destino de Bruno” no Wattpad, porém há mudanças, como a junção dos primeiros capítulos: http://www.wattpad.com/myworks/39325391-o-destino-de-bruno Acessem, leiam, curtam, comentem e divulguem!

Quem desejar conversar comigo sobre a serie ou deixar criticas e comentários privados ou, ainda, sugestões: j.drex@hotmail.com << Responderei todos os e-mails nas Quartas-feiras. Abraços e boa Leitura!

Música tema: Felicidade – Marcelo Jeneci

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Em meio ao nosso beijo fui lentamente levantando a camisa de Carlos, logo segui distribuindo beijos pelo seu rosto, bochechas, queixo, desci pelo seu pescoço e senti a barba dele arranhar meu pescoço e também retirar minha camisa. Voltei a beijar a boca de meu namora e dar leves chupões em seu lábio inferior, enquanto empurrava-o para minha cama onde caí sobre seu corpo nos fazendo rir ainda com os lábios unidos. Senti a língua de Carlos tentar passagem em minha boca e logo consenti iniciando um beijo mais necessitados e fervente.

Sem esperar por mais, desci beijando seu pescoço, mordi carinhosamente o lóbulo de sua orelha, voltei para seu pescoço distribuindo beijos e dando leves mordidas e chupões, mas me preocupando sempre em não deixar marcas. Continuei descendo e parei um pouco chupando os mamilos de Carlos, dando atenção cada um e beliscando o outro, e logo continuei minha descida pelo seu peito nu, sua barriga que bastante seca devido o tempo de academia que ele iniciou junto comigo em Portugal, mas devido aos últimos acontecimento, não fiquei muito tempo nos exercícios. Carlos não apresentava gominhos, mas já se notava uma diferença considerável. Continuei minha descida e fui puxando sua calça social marrom e deixando a amostra sua cueca boxe roxa. Apertei seu volume que já estava bastante evidente e sorri para ele antes de começar a tira-la.

Quando finalmente seu membro pulou para fora, segurei e dei uma rápida massagem e voltei a retirar sua ultima peça de roupa o deixando completamente nu sobre minha cama. Trocamos sorrisos cumplices e voltei a beijar seu “caminha da felicidade”, desci para suas coxas ao passo que segurava seu pênis com uma das mãos e masturbava-o lentamente. Olhei mais uma vez para Carlos que mantinha a boca semiaberta e os braços esticados e segurando fortemente o lençol da cama. Sorri e me alegrei ao ouvir o gemido leve de meu namorado no instante em que dei uma rápida lambida em toda extensão de seu membro.

Repeti o gesto duas ou três vezes antes de iniciar uma chuva de beijos em seus testículos e pênis. Chupei cada um de suas bolas e por fim dei uma leve chupada na glande de seu membro causando quase um grito de prazer em Carlos. Eu já estava experiente nesta ação e sempre fazia o possível para causar as melhores sensações nele já que não permitia que me penetrasse.

Deixei de atiçar Carlos, e sem nenhum pudor, coloquei o máximo que consegui em boca, o que fez o corpo de meu professor tremer e se contorcer. Olhando nos olhos de meu namorado, iniciei o sexo oral subindo e descendo devagar e passando a língua na glande sempre que possível. Os gemidos de Carlos iam aumentando cada vez mais e solo senti sua mão segurar meus cabelos forçando minha cabeça contra sua virilha na mesma proporção que eu alisava sua barriga e peito, beliscando seus mamilos e puxando alguns pelos. Senti o pênis de Carlos tocar minha garganta e logo tirei tossindo e buscando folego. Não me importei com os pedidos de desculpas de meu namorado, apenas voltei a repetir o movimento, colocando seu membro cada vez mais fundo em minha boca. Não demorou muito para Carlos anunciar seu gozo.

Ainda sem folego sorri para meu namorado e segurei seu membro completamente babado. Ofegante Carlos segurou minha mãe e me puxou para mais um beijo e virando-se sobre mim em seguida. Eu já sabia o que ele iria fazer, e não me enganei, ainda com nossos lábios unidos, o senti desabotoar minha causa jeans e tentar tira-la. Levantei a parte inferior do meu corpo e, juntos, conseguimos concretizar a ação. Aos poucos fomos parando o beijo com leves selinhos e beijos em meu queixo, a barba roçar meu pescoço, chupões, beijos e uma mão subir alisando meu corpo. Diferente de mim, Carlos foi diretamente ao ponto e começou a morder meu membro por cima do tecido da cueca. Senti meu membro pulsar de excitação, mas logo Carlos puxou minha roupa intima subiu beijando e cheirando minhas coxas até chegar a meus testículos onde colocou um por vez na boca e chupou e passou a língua me arrancando altivos gemidos.

Rapidamente senti Carlos lambendo a cabeça do meu membro e engoli-lo por inteiro. Fui às estrelas e voltei com a sensação. Carlos tinha realmente a habilidade de me proporcionar prazer. Ele ficou cerca de 10 minutos me chupando até que anuncie que iria gozar e ele subiu beijando todo meu corpo até chegar à minha boca. Desta vez meu namorado não tentou me penetrar com o dedo, como sempre fazia.

- Você quer tentar algo novo? – me perguntou.

- Como o que? – revidei dando selinhos.

Carlos não me respondeu, apenas encostou seu pênis em minha entrada e esfrega-lo por alguns instantes. Logo em seguida senti seu dedo me penetrar e iniciar um vai e vem lendo. Não demorei a perceber o que ele estava querendo e me assustei.

- Carlos... – adverti.

- Você não gosta? – respirei fundo antes de falar qualquer coisa.

- Eu sou virgem. – revelei olhando em seus olhos, que brilharam em seguida.

- Bruno... Desculpa, eu... Eu...

- Tudo bem, só não estou preparado. Tenho receio.

- Eu não vou te machucar. – garantiu.

- Não me sinto preparado. – ao contrario do que pensei, Carlos esboçou um sorriso.

- Tudo bem, eu espero. – afirmou entre rápidos selinhos.

- Desculpa!

- Para com isso Bruno. Eu já devia ter percebido, fui um tolo e um insensível. Vou esperar o tempo que você achar necessário até estar preparado para isso.

- Obrigado.

Não disse mais nada, apenas selei nossos lábios em um beijo de língua ardente. Assim como eu perambulava entre o popular e o erudito na arte musical, Carlos era amoroso e selvagem quando necessário. E assim como eu tinha uma maior disposição ao popular, meu namorado tinha para o romantismo.

Aos poucos Carlos sentando-se em meu colo e me puxando para que eu sentasse na cama e assim o fiz. Continuamos nos beijando por um bom tempo. Aos poucos meu professor começou a fazer movimentos em meu colo fazendo nossos membros se rosarem nos arrancando gemidos e suspiros. Logo depois posicionei meu pênis em sua entrada e comecei a esfrega-lo em sua entrada, mas parei quando senti Carlos forçar entrada.

- Carlos. – o chamei entre o beijo.

- hum? – não nos separamos.

- O preservativo. – me afastei olhando em seus olhos.

- Não precisa. – eu não queria ter que negar algo a mais para ele, mas ainda me sentia hesitante para avançar assim.

- É melhor.

- A gente tá junto, não temos nenhuma doença venérea.

- Eu sei, mas eu tenho medo.

- Mas... – o interrompi.

- Posso fazer uma sugestão?

- Claro.

- Por favor, não fica com raiva de mim, é só por segurança.

- Não vou ficar, sei que é para nossa segurança.

- A gente pode fazer os exames para se certificar, aí faremos sempre sem camisinha. – ele me beijou demorado.

- Claro, assim não teremos duvida alguma.

Como sempre, Carlos foi muito atencioso e compreensível e foi buscar a camisinha com o lubrificante para consumarmos o ato. Contudo, eu começava a notar o quão irresponsável poderia ser Carlos, já que em nossa intimidade ele mostrava ser menos racional que eu. Não era a primeira vez que ele tentava fazer sexo sem preservativo e eu o advertia. Mas ao contrario das outras vezes, a proposta de nos certificarmos de qualquer doença sexualmente transmissível pareceu tranquiliza-lo.

Ainda na mesma posição, Carlos ajoelhou-se em meu colo e foi introduzindo meu membro em seu orifício, ao passo que uníamos nossos lábios em um beijo lento e calmo. Ele passou seus braços pelo meu pescoço ao mesmo tempo em que eu enlaçava sua cintura o abraçando e uníamos nossas testas nos encarando nos olhos enquanto ele iniciava leves movimentos de sobe-e-desce. Aos poucos ele foi aumentado à velocidade gerando mais gemidos da parte de nós dois.

Não mudamos de posição. Ficamos assim por o que pareceu horas, até que finalmente ele gozou em minha barriga em meio ao nosso milionésimo beijo. Ao sentir suas contrações anais, acabei por acompanha-lo e caímos exaustos na cama depois de eu tirar o preservativo sujo.

- Vai tomar banho. – disse Carlos depois de alguns minutos descansando sobre meu peito em pleno silencio.

- Estou muito cansado ainda. – relutei.

- Claudia está nos esperando.

- Posso ligar para ela e me despedir por telefone.

- Não mesmo. Cuide! – disse me dando um selinho e se levantando. – Estou te esperando no boxe. - Gemi virando na cama e ficando de bruços. – Rápido. – levei uma tapa leve na bunda e ri fracamente.

Finalmente, depois de Carlos me chamar do banheiro várias vezes, me levantei resistente e fui ao seu encontro. Como de costume, esfreguei as costas de meu namorado, suas pernas, lavei seu cabelo, trocamos muitos beijos e caricias e ele fez o mesmo comigo, me banhando. Por fim, vestimos roupas casuais, comemos umas besteiras que tínhamos comprado quando voltávamos da faculdade pela manhã e descemos para o estacionamento, de mãos dadas, como sempre andávamos nos últimos tempos.

No elevador, para minha surpresa, quando chegamos em meu antigo andar, minha ex-vizinha, Cristal, entrou no ascensor, me causando um certo desconforto. Por insistência de Carlos e Claudia, eu acabei entregando meu antigo apartamento, visto que eu passava mais na casa de meu namorado e de minha segunda mãe. E contra a vontade dela, entregava o dinheiro que antes usava para pagar o aluguel em suas mãos, a fim de ajudar nas despesas.

Eu não entendia muito bem o porquê, mas a presença de Cris me deixava atordoado, assim com a de Maciel. Este foi me visitar um dia na companhia de seu marido e não tive coragem de trocar uma palavra sequer com ela. Cristal também havia ido, mas simplesmente recusei vê-la. Estas rejeições acabaram sendo tema de várias terapias com minha psicóloga, Claudia.

- Oi Bruno. – cumprimentou Cristal. – Tudo bem?

- Oi Cristal. – ignorei-a, ao contrario de Carlos.

- Olá Carlos. Como vocês estão? – comecei apertar insistentemente o botão do elevador para que abrisse.

- Muito bem, e você?

- Bem também. – falou em um suspiro. – Ainda magoado comigo, Bruno?

- Ele ainda está se acostumando. – ignorei-a novamente.

Quando finalmente o elevador abriu, ainda no segundo, soltei a mão de meu namorado e sai do compartimento. Como eu imaginei que faria, Carlos me acompanhou, mas vi a cara de tristeza de minha amiga quando a porta fechou-se. Eu não sabia explicar, apenas não conseguia ficar no mesmo ambiente com ela.

- Você poderia perdoa-la. Ela não te fez nada.

- Eu não consigo. – falei apertando o botão do elevador novamente.

- Ela veio falar comigo esses dias.

- Eu acho que essa repulsa que tenho dela é consequência da depressão.

- Depressão? – Carlos pareceu ficar abalado com minha afirmação.

- Eu ei que é isso que vocês estavam tentando esconder de mim. Eu ouvi você conversar com Claudia um dia que você foi me buscar para ir para a faculdade.

- Bruno...

- Tudo bem, eu não fiquei com raiva. – finalmente o elevador chegou e segurei a mão de Carlos novamente para entrarmos.

- Quero que saiba que eu fui contra em esconder. – desse segundando meu rosto em sua direção quando começávamos a descer.

- A Claudia segue uma linha de pensamento que acredita que a melhora é mais rápida quando o paciente não tem conhecimento de sua doença. Ela aceita melhor a ajuda e tem maiores avanço com o tratamento. Eu pesquisei sobre isso.

- Desculpa ter te escondido.

- Fica tranquilo. – falei beijando sua mão. – Na verdade eu comecei a suspeitar depois que tentei suicídio, que vi e ouvi pessoas falando comigo, eu pesquisei também. Achei vários estudo e depoimentos de pessoas depressivas que alegaram ter visto também. Foi por isso que Claudia me defendeu quando meu medico se mostrou incrédulo as minhas lembranças. Ela já suspeitava de minha doença.

- Eu não sabia que você tinha visto pessoas. – Carlos falou enquanto caminhávamos para seu carro. – O que elas diziam?

- Me incentivavam a me matar. Davam-me apoio.

Fui todo o caminho contando para meu namorado sobre tudo que sentia, motivações e sensações que sentia que cominaram em uma quase tragédia. Contei também sobre Bárbara, nossa “relação” e sua herança. Quando falei sobre Fernando, mesmo que com vergonha e cauteloso, descobri que ele já sabia, pois Andrea, minha ex-professora e amiga de Carlos, havia conversado com ele sobre o assunto e pedido ajuda sobre como auxiliar seu irmão que estava cada vez pior e mais independente das drogas. Essa noticia me causou uma angustia que há algum tempo u já não sentia, mas logo fui tranquilizado.

Segundo Carlos, Fernando esteve internado durante dois meses em uma clinica de desintoxicação de drogas. Depois desse tempo, Fernando foi morar com o irmão mais velho, André, que saiu da casa dos pais e iria morar sozinho em um apartamento também próximo a faculdade. De acordo com meu namorado, eles eram bem mais próximos, pois antes meu ex-alguma-coisa tinha alguns conflitos com o marido de sua irmã. Contudo, ele ainda não estava completamente limpo, mas seu irmão, que trabalhava apenas meio período na empresa do pai, podia ficar de olho em Fernando.

Fiquei bastante aliviado com as noticias que há muito não tinha. Mesmo que aos poucos eu estivesse voltando a falar com Felipe e Beatriz, eles evitavam ao máximo mencionar o nome dele. Guilherme, que muito pouco falava comigo, era o único que fazia isso. Entretanto, nas poucas oportunidades que nos falávamos, conversávamos apenas sobre nossos ex-companheiros com quem dividíamos nossa antiga casa, já que Guilherme também havia se mudado. Além de me contar sobre os acontecimentos na faculdade.

Depois de alguns minutos conversando com Carlos sobre os assuntos pertinentes a minha depressão, chegamos à casa de minha segunda mão. Eu já me sentia mais confiante para falar sobre esses assuntos. Já eram visíveis os efeitos do acompanhamento psicológico que eu vinha fazendo. Ainda sentia angustias, remorsos e sentimentos negativos, mas como logo de inicio comecei o tratamento e tomar remédios antidepressivos, já me sentia mais otimista, esperançoso, seguro e animado. No tocante aos remédios, Claudia me medicava afirmando serem para evitar minhas possíveis quedas de pressão. Entrementes, eu nunca tinha acesso ao envelope ou pote de medicação. Alguém sempre o trazia a mim com um copo de água.

- Oi queridos. – nos saudou minha segunda mãe ao abrir a porta.

- Boa tarde Dona Claudia.

- Oi Claudia. – falei abraçando-a.

- Achei que já iriam sem ter vindo me ver.

- Nunca teria coragem de fazer isso. – fomos entrando na casa. – A senhora nunca me perdoaria.

- Que bom que você sabe.

- Cadê o Gabriel? – perguntei não o vendo na sala.

- Está no quarto. Então, que horas é o voo?

- Às 23 horas da noite. – respondeu Carlos.

- Então dá tempo de jantarmos juntos, o que acham?

- Claro. – concordei.

- Vou ver se Gabriel nos acompanha.

Não demorou muito para que Claudia voltasse acompanhada por um Gabriel de cara amarrotada e seria. Com certeza ele estava dormindo. Logo em seguida minha segunda mãe pegou sua bolsa que estava no escritório onde acontecia a maioria de nossas conversas formais e fomos no carro de Carlos para um restaurante próximo.

- Falou com sua mãe hoje? – Perguntou-me Claudia. Já estávamos no restaurante e esperando nossos pratos que não demorou a chegar.

- Falei. Ela ficou bastante animada.

- Falou com sua família, Carlos?

- Somente com meu irmão. Vou tentar entrar em contato com minha mão quando eu chegar lá.

- Não te contei Claudia, Carlos me apresentou a sua família. – falei sorrido enormemente e lançando um olhar significativo para meu namorado.

- Que coisa boa! – exclamou. – E como foi conversar a sogra?

- Perfeito. Ela é extremamente carinhosa. O irmão dele também, além de muito inteligente e educado, como Carlos. Sem falar na irmã, que é linda.

- Cuidado com os adjetivos. – Carlos me advertiu.

- Está com ciúmes de sua própria irão?

- Ela é realmente bonita, e vocês tem quase a mesma idade. – argumentou. Apenas neguei com a cabeça rindo.

- E quando foi à conversa? – perguntou Claudia aparentemente interessada.

- Com o irmão dele, hoje mais cedo. Mas ele já sabia que estávamos namorando, Carlos já havia falado antes.

- E com a sogra?

- Semana passada. Aproveitei que minha irmã estava em sua casa e falamos pelo webcam. – meu professor respondeu por mim.

- Nunca vi uma família tão unida. Eles apenas o apoiaram diferente de meus pais. – falei um pouco cabisbaixo.

- Não foi sempre assim Bruno. Eles também passaram pelo processo de aceitação. E seus pais te apoiaram sim, eles apenas pediram um tempo para... te entenderem.

- Mas eles já sabiam.

- Mesmo que saibam, não é fácil. Já te contei que quando... – Claudia não terminou de falar, pois Gabriel, que desde o momento que saímos de casa mantinha-se calado, levantou-se e saiu do restaurante. – Desculpe. – disse depois de um suspiro.

- Eu que peço. Eu te motivei a falar sobre isso.

- Não se culpe Bruno, ele está passando por algum problema que se recusa a se abrir comigo.

- Quer que eu vá conversar com ele? – Ofereceu-se Carlos.

- Não precisa. Tentarei mais uma vez quando chegarmos em casa.

- Talvez ele me escute, afinal temos a mesma idade. – sugeri.

- Acho difícil. Gabriel esta cada dia mais isolado. O que não é bom.

Não esperei que falassem alguma coisa, apenas levantei-me e fui à procura de Gabriel. Procurei-o no banheiro, que ficava na direção em que ele tinha saído, em vão. Acabei o encontrando no estacionamento encostado a um carro de costas para mim e com a cabeça baixa. Aproximei-me lentamente para que não fugisse novamente como uma criança que foge dos pais.

- Gabriel?! – chamei o mais calmo que consegui.

- O que você quer? – perguntou sem me olhar.

- Vim te chamar para voltar pra mesa. Sua comida vai acabar esfriando.

- Já estou satisfeito.

- Posso perguntar o que aconteceu?

- Não foi nada demais. Pode voltar.

- Se abre comigo, cara. – pedi colocando minha mão em seu ombro.

- Cai fora! Não quero papo contigo, será que não percebeu? - disse gritando e empurrando minha mão.

- Achei que o arrogante fosse eu.

- Pois é. Sua antipatia passou pra mim. Agora me deixe em paz.

- Desculpa tudo que eu te falei ou fiz. Não foi...

- Seu namorado está esperando, vai lá.

- É isso? Você tem ciúmes de Carlos? – perguntei cauteloso e Gabriel gargalhou.

- Eu com ciúmes de você? Você o que, que sou gay? – falou segurando minha gola na gola de minha camisa e me empurrando em seguida.

- Mas...

- Mas, o que? Eu tenho nojo de gente da sua laia! Paneleiro! – demorei um pouco a raciocinar suas palavras.

- O que você está falando? Sua mãe falou...

- Ela mentiu idiota. – falou me empurrando.

- Não acredito em você. Você está com essa raiva toda pelo que você passou anos atrás.

- Você não sabe de nada.

- Sei que você sofreu preconceito, foi hulha... – não consegui terminar, pois Gabriel deu um soca em minha face me fazendo cair no chão.

- Nunca! Nunca mais fale sobre isso!

- Deixe-me te ajudar como sua mão me ajudou. Como você me ajudou.

- Te ajudei porque achei que você fosse homem de verdade. Era melhor que você tivesse morrido naquela ponde. – suas palavras machucaram mais que seu soco. Logo senti as lagrimas escorrerem em meu rosto. Lagrimas que há semanas não apareciam.

- Não fala isso. – pedi.

- Isso é para você nunca mais tocar nesse assunto. – disse dando um chute em minhas pernas.

- Ei! – ouvi a voz de Carlos. – O que está acontecendo? – perguntou quando chegou onde estávamos e me ajudou a me levantar.

- Foi só um mal entendido.

- Não, não foi. E é bom que o casalzinho de merda fiquem bem longe de mim. Vão e nunca mais voltem. – disse dando as costas e indo embora.

- O que aconteceu Bruno? Sua boca está sangrando. – falou tirando um lenço de papel do bolso de trás e limpando meu sangramento que eu sequer tinha percebido.

- Não foi nada demais. Vamos voltar.

- Explique-me o que aconteceu primeiro.

- Apenas me desentendi com o Gabriel. Falei o que não devia. Agora vamos. – falei o puxando para dentro do restaurante novamente.

- Tudo bem. Mas ainda quero saber o que aconteceu. Essa historia esta muito mal contada. – disse com sua voz grossa e beijando o canto da minha boca próximo ao machucado.

Voltamos para a mesa em total silencio e ao que Claudia perguntou o que tinha acontecido, respondi que tinha batido com o rosto contra uma placa de aviso por falta de atenção enquanto voltava com Carlos, que fez uma cara feia ao escutar minha mentira. Apenas o ignorei. Claudia pareceu não acreditar também em minha lorota, mas não contestou. Passamos o resto do jantar quase que em total silencio. Ela não perguntou se tínhamos encontrado Gabriel ou para onde ele tinha ido.

Quando finalmente terminamos o jantar, fomos, nós três, para o apartamento de Carlos pega nossas malas que já estavam prontas dois dias antes de nossa partida. Era por volta das 22 horas e seguimos direto para o Aeroporto da Portela, o aeroporto internacional de Lisboa, onde pegaríamos nosso avião. Claudia fez questão de ficar ao nosso lado até a hora de nosso embarque, aproveitando cada segundo de nossa companhia.

- Vou sentir muitas saudades de vocês! – falou já emocionada.

- Oh, Claudia. – Carlos foi o primeiro a abraça-la. – Logo estaremos de volta.

- Parece até que a gente não vai mais se ver. – falei rindo enquanto abraçava-a.

- Vocês vão demorar tanto a voltar. Sentirei falta de vocês em minha casa.

- Eu tenho estado mais no apartamento de Carlos do que em sua casa. – a lembrei.

- Ainda sim. Tínhamos um convívio diário.

- Quando você perceber, já estaremos de volta. – Carlos tentou acalma-la mais uma vez.

- Espero que sim.

- Está na hora. – falei quando ouvimos a voz da aeromoça ecoar pelo ambiente atordoado de gente caminhando de um lado para o outro puxando e carregando malas de todas as cores e tamanho avisando que nossa aeronave já estava se preparada para embarque.

- Vão com Deus! – Claudia me abraçou mais uma vez e trocamos beijos carinhosos. – Voltem logo e se cuidem.

- Pode deixar. Quando chegarmos lá te ligamos. – assegurei.

- É bom mesmo. – sorriu entre lagrimas. – E você, cuide se cuida e fique de olho nele. – repetiu o gesto com Carlos que ria de sua emoção.

- Não tirarei o olho dele nenhum segundo. Pode deixar. – disse se afastando de Claudia. – Fica tranquila, será pouco tempo até que voltemos.

Depois de muito abraço e recomendações, Claudia nos deixou ir. A breve despedida com minha segunda mãe mito se assemelhou com a que tive no Brasil, quando estava vindo para Portugal. Ou quando fui morar em São Paulo. Minha mãe, Dona Vitoria, sempre foi muito apegado a mim, e não foi muito fácil ter que ficar meses sem me ver. O mesmo parecia ter acontecido com Claudia. Depois que fui morar em sua casa, ficamos cada vez mais próximo, tanto que seu filho cogitou que estivéssemos tento algo.

Logo após entrarmos no avião e ele decolar, apoiei minha na cabeça no ombro de meu namorado e dormi a viagem toda, acordando apenas com o avião pousando em nosso destino. Fui despertado por beijos distribuídos em todo meu rosto, o que meu causou um sorriso enorme de felicidade.

- Chegamos. – Carlos anunciou.

- Finalmente. – sorri-lhe.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Niss em 2015-06-19 01:48:05
Nossa Drex, fiquei chocado com a ação do Gabriel. Que bom que ele chegaram ao Brasil, espero que o Fernando tenha se recuperado e que ele e o Bruno possam ter uma boa convivencia. Bjs