Capítulo XX

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Queridos, já publiquei “Um Destino de Bruno” no Wattpad, porém há mudanças, como a junção dos primeiros capítulos: http://www.wattpad.com/myworks/39325391-o-destino-de-bruno Acessem, comentem e divulguem!

Quem desejar conversar comigo sobre a serie ou deixar criticas e comentários privados ou, ainda, sugestões: j.drex@hotmail.com << Responderei todos os e-mails nas Quartas-feiras. Abraços e boa Leitura!

Música tema: Enquanto houver Sol – Titãs

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Acordei cansado, mas esperançoso. Eu finalmente iria começar a me reergue. Ainda sonolento caminhei para o banheiro, fiz minha higiene matinal, tomei um banho, troquei de roupa, arrumei a cama e desci para tomar café. Logo que saí do quarto dei de cara com Gabriel, que fazia o mesmo.

- Bom dia. – cumprimentei e segui pelo corredor. Ele, instantaneamente arregalou os olhos e segurou meu braço, me puxando para encara-lo.

- O que você disse?

- Hã? – franzi o cenho.

- Você me desejou bom dia ou eu entendi errado?

- Desejei. Algum problema?

- Não. Mas... Você ao menos fala comigo.

- Tudo tem a primeira vez. – desvencilhei-me de Gabriel, sorri de cato e segui meu caminho o deixando parado me olhando.

Eu estava muito feliz para me aborrecer com aquele entojo. Minha noite havia sido espetacularmente maravilhosa. Claudia era um anjo em minha vida. Como eu amo aquela mulher. Nunca poderia imaginar que alguém pudesse me dar tanta esperança de ser feliz. Ela realmente era minha segunda mãe.

Cheguei à cozinha e encontre Claudia servindo a mesa de costas a mim. Sem pensar duas vezes, abracei-a pelas costas e desferi um beijo em sua bochecha, o que a deixou bastante corada, pois não esperava por isso. Sorri de orelha a orelha para ela e sentei em uma cadeira vendo-a terminar de pôr a mesa.

- Está feliz hoje, hien? – disse rindo.

- Muito.

-Posso perguntar o porquê?

- A senhora.

- Para com isso Bruno. – censurou-me meramente corada.

- Obrigado pela noite de ontem, Claudia.

- De nada criança. Mas hoje será muito melhor. – disse piscando para mim. Apenas sorri.

- Espero que isso não seja o que estou pensando. – bravejou Gabriel entrando na cozinha. A raiva que ele sentia estava perceptível até mesmo no seu olhar.

- Achei que eu fosse o mal-humorado. – falei rindo de sua cara.

- Não seja palhaço.

- Gabriel! – repreendeu-o sua mãe.

- Não vou admitir a senhora com gracinha com ele. Ele tem a idade de ser teu filho!

- Você não sabe o que está dizendo.

- Você acha que eu não vi quando ele te abraçou por trás? Se você encostar um dedo em minha mãe, eu te mato! – gritou comigo. Não aguentei e ri de sua e em sua cara.

- Não seja ridículo, Gabriel. – Claudia parecia calma com a situação. – Você não está assim porque ele tem a sua idade. Você tem ciúmes de mim com todo e qualquer homem. – Calei-me no mesmo instante.

- Eu estou assim porque... – ele me encarou, mas não terminou a frase. Gabriel ainda gritava.

- Vai querer torradas ou panqueca, Bruno?

- Torrada.

- Café, certo? – apenas concordei com a cabeça e Claudia me serviu.

- Vão mesmo ficar de gracinha na minha frente? – Gabriel continuou gritando, mas minha segunda-mãe o ignorou completamente.

- Quer seu leite agora, Gabriel?

- A senhora me ouviu? – eu apenas admirava o show. Aquilo tudo era muito engraçado.

- Ouvi. E você, me ouviu?

- Olha aqui seu garoto-suicida... – parei de rir no mesmo instante que vi seu dedo apontado em minha direção. Aquele definitivamente não era o Gabriel que eu conhecia.

-Gabriel, cala a boca! – Durante todo o período que eu estava naquela casa nunca vi Claudia falar tão serio, principalmente por se tratar de seu único filho. Como todas as mães ela estava sempre em seu pé, tinham suas brigas e divergências, mas nada que não se resolvesse com converso ou no máximo um olhar matador que só Dona Claudia sabia dar. Era muito semelhante com o da minha mãe, na verdade.

- Não vou aceitar isso na minha casa. – ele gritou tudo olhando em minha direção e enfatizou principalmente o ‘Minha’.

- Esta casa ainda me pertence e se não está satisfeito...

- Claudia... – tentei falar, mas Gabriel foi mais rápido.

- Já entendi. Sejam muito felizes!

Senti uma dor alucinante queimar em meu peito quando vi Gabriel sair da cozinha batendo em tudo. Claudia simplesmente sentou-se a mesa com a cabeça apoiada nas mãos e suspirou pesadamente. Tudo, mais uma vez tinha sido minha culpa. Eu estava certo, eu iria destruir aquela família. Eu destruí.

- A senhora não devia ter o deixado pensar que nós...

- Ele não vai sair de casa, não se preocupe.

- Foi minha culp... – ela não me deixou terminar.

- Para com isso Bruno. Gabriel já fez esse showzinho dele diversas vezes. Sempre que trago alguém que estou conhecendo ele faz isso.

- Mas...

- Relaxe. Ele ficará na casa do amigo durante dois ou três dias e volta.

- Não vou permitir Claudia. Não vou estragar a vida de você e seu filho.

- Bruno...

Dessa vez fui eu a não permitir concluir a frase, simplesmente sai da cozinha e fui atrás e Gabriel. Ele estava em seu quarto. Não me preocupei em bater no quarto, apenas girei a maçaneta e a porta continuou fechada. Bati, chamei, mas ninguém respondia. Eu apenas ouvia fungadas e coisas batendo dentro da habitação. Depois de algum tempo a porta foi aberta e antes que Gabriel saísse, o empurrei para o quarto fechando a porta logo em seguida.

- Sai da minha frente, seu porco!

- Me escuta.

- Por que eu faria isso? – quando pensei em falar ele falou entre os dentes. – Não era você quem não me suportava? Logo imaginei que algo tinha acontecido para você ficar todo feliz falando comigo. Seu novo enteado. – ele dizia tudo ironizando e gesticulando. Gabriel não estava preocupado em esconder o chorando. – Chegou aqui como não quer nada. Seduz todo mundo e pega a senhora. Não duvido que já tenha tudo armado quando pulou no rio.

- Você não entendeu nada.

- Vai dizer que tudo que eu vi e ouvi é mentira?

- O que você viu e ouviu?

- Mais do que era necessário. Agora saia da minha frente.

- Não até você me ouvir.

- Não estou com paciência para você. Sai da frente.

- Ontem a tarde quando eu sai...

- Não quero saber o que vocês fizeram.

- Me escuta, babacão! – falei o empurrando para a cama.

- Faz isso novamente e eu perco todo o respeito que restou por você.

Não foi fácil contornar a situação com Gabriel, mas enfim consegui. Ficamos trancados no quarto por mais de uma hora e eu tive que lhe contar tudo que aconteceu na noite anterior até o momento. Vi um pouco de tristeza no olhar do garoto quando mencionei o que nós, Claudia e eu, fomos fazer na rua depois da briga que tive com ele. Mas também vi alivio. Tive de contar a Gabriel mais do que eu queria que qualquer pessoa precisava saber, mas foi preciso. Mas sabia que mais cedo ou mais tarde todo mundo iria saber.

Depois de tudo, da conversar, dos pedidos de desculpa e do abraço, fiz o estojo desculpar-se com a mãe e abraça-la também. Depois de tudo, nossa relação voltou ao que era antes: ele falava comigo e eu o ignorava. O bom humor, como qual eu havia acordado, foi embora no momento que o palhaço decidiu tirar conclusões precipitadas.

Passei o resto da manhã em meu quarto trancado e estudando. Li algumas apostilas que o Professor Carlos havia me mandado na noite anterior, corrigi alguns exercícios de meus alunos e iniciei o resumo que me foi exigido para o evento parisiense. Com de costume, desci para almoçar com minha quase família e, pouco antes de Claudia ir trabalhar, por volta das 14 horas, tive minha sessão de acompanhamento psicológico.

Minhas conversas com Claudia, minha psicóloga, eram sempre muito agradáveis, ela me ouvia e me entendia. Dessa vez nossa conversa fluiu em torno de tudo que havíamos planejado para logo mais a noite. Como eu me sentia, minha ansiedade, o que faria depois etc. Eu mantinha um sorriso constante no rosto por todo o período que conversamos, era até um pouco cabuloso conversar sobre tais assuntos com Claudia, uma mulher com mais de 50 anos de idade, extremamente religiosa e conservadora. Mas que possuía uma mente extraordinariamente aberta.

Eu tinha sorte de ter pessoas assim sempre ao meu redor. Mesmo com o afastamento, Beatriz e Felipe sempre foram meu apoio e estiveram ao meu lado para o que der e vir. Eu, sinceramente, sentia muita falta deles. Guilherme, meu companheiro de cela (~ Que saudades daquele tempo ~ pensei) era uma rapaz igualmente compreensível. Nunca, em dois anos que moramos juntos, houve um desentendimento entre nós. Com excursão do dia que eu dormi com o Fernando no nosso quarto. O que não tiro sua razão. Lembrar esse dia fatídico faz com que um arrepio percorrer minha espinha dorsal, mas por conselho de Claudia, espanto rapidamente pensamentos de minha cabeça. Há também o Zé Carlos e o Pedro. Dois idotas dos quais eu sentia muita falta. Elizabeth, então?! Que mulher. Ela não era simplesmente uma diarista em meu apartamento, era uma amiga, mesmo que nós tivéssemos pouco contato. Cristal também era especial. Em menos de um mês morando em Lisboa, ela já conhecia todas as minhas intimidades. Vivia me aperreando, juntamente com Elizabeth, para dar uma chance para Carlos. Além de mandar eu para de bater punheta, o que me dava raiva no momento, mas risos logo depois.

Além de todos estes, tinham meus pais e Patrick. Meus pais sempre me entenderam e me apoiaram em tudo. Faziam e fazem o possível e o impossível para satisfazer meus gostos e vontades. Nunca me deixaram faltar nada, não somente no que diz respeito a coisas matérias, mas no carinho e afeto. Dona Vitoria e Seu Flavio são, sem duvida de erra, os melhores pais do mundo. Mesmo com dificuldades, eles batalhavam arduamente para mim. E além de tudo, ainda conseguiam tempo, carinho e dinheiro para ajudar aqueles que não tiveram a mesma sorte que eu. Meu primo, Patrick, era outro que estava sempre ao meu lado. Crescemos juntos e mesmo com nossas brigas costumeiras, sempre fomos unidos. Conhecíamo-nos apenas pelos olhares. Éramos cumplices em tudo. Bárbara realmente tinha razão. Eu possuía as melhores pessoas do mundo ao meu redor. Mas fui burro o suficiente para afastar a maioria.

Passei tanto tempo pensando em minha sorte, que não vi o tempo passar. Quando percebi, já estava na hora que falava com meus pais diariamente. Imediatamente levantei-me da cama, peguei meu computador portátil e o liguei. Patrick já estava online me esperando. Vi Felipe e Beatriz também online, mas foi com meu primo que convidei para uma chamada de vídeo.

- Cadê meus pais? – perguntei vendo que meu primo estava só no escritório.

- Eu estou bem, e você? – respondeu ironicamente e ri.

- Oi Patrick, tudo bem?

- Estou sim. Que sorriso é esse no rosto?

- O de sempre.

-Faz tempo que não te vejo sorrir, Bruno. Sempre que te vejo, você está de olhos inchados de chorar. Isso quando não chora. – disse rindo.

- Impressão sua.

- Vou fingir que acredito.

- Então, cadê meus pais?

- Eles já vêm. Sua mãe está muito preocupada por você não ter aparecido ontem.

- Eu tive um contra tempo e tive que sair.

- O que aconteceu? Ah, esse deve ser o motivo de seu sorriso.

- Mais ou menos.

- E vai me dizer o que foi?

- Amanhã.

- Por que amanhã?

- Galego! – meu pai gritou da porta. – Vitoria, Bruno está no computador! – Não demorou muito para que uma mulher de cabelos cacheados como o meu aparecesse na porta do escritório correndo.

- Bruno, meu filho! – minha tirou Patrick da cadeira e sentou-se no lugar, me pai puxou outra e colocou-se ao seu lado. – como você está?

- Muito bem, e vocês?

- Estamos bem. – respondeu meu pai. – Por que não entrou em contato conosco ontem?

- Eu tive um pequeno problema. Mas não se preocupe, já foi respondido.

- Vou acreditar pelo sorriso em seu rosto. – minha mãe falou toda alegre.

- Fala logo o que é, Bruno. – gritou meu primo, mas eu não podia mais vê-lo.

- Amanhã todos vocês ficaram sabendo.

- Sabendo o quê? – indagou meu pai confuso.

- Não é nada demais.

- E por que não pode nos falar de uma vez? Sabe que eu sou curiosa.

- Porque ainda estou resolvendo. Quando eu tiver certeza de tudo é que falo para vocês.

- Precisa mesmo fazer todo esse alarme? – Patrick gritou novamente.

- Não. É você quem esta fazendo.

- Você está pegando alguém. Fala a verdade. – Ele apareceu do nada tomando a visão que eu tinha do rosto de meu pai.

- Mais respeito moleque. – meu pai o empurrou, o que me fez rir.

- Que saudade eu estava de seu sorriso, filho. – minha mãe já tinha a voz chorosa.

- Para com isso vocês.

- Galego, fala logo o que você está tramando.

- Não é nada. Ah, acho que não falei a vocês, próximo mês eu vou para a França.

- França? O que vai fazer lá? –perguntou meu pai.

- Vou apresentar um trabalho.

- E em qual cidade vai apresentar? – foi meu pai quem falou dessa vez.

- Na cidade luz. – meu sorriso era tanto que minhas bochechas já doíam.

- Paris? Serio? Ah, primo, me trás uma lembrança de lá. – meu primo apareceu novamente na tela do computador, mas dessa vez entre meus pais.

- Claro. Comprarei um cartão postal para você. – disse sabendo que ele odiaria

- Para que eu quero um papel?

- Deixa de ser mal agradecido. O que vale é a intenção. – censurou minha mãe.

- Mas tia...

- Sem mas. Bruno...

- Vou levar lembranças para todos, não se preocupe.

-Quantos dias pretende ficar por lá? Quem vai com você? – foi tudo meu pai.

- Não sei quantos dias. Mas eu vou com o Carlos.

- Quem é Carlos? – perguntou minha mãe confusa, eu via meu primo rindo de minha cara.

- Meu professor. O que me trouxe para Portugal. – acrescentei vendo a cara de confusão de mais pais. Patrick continuava a rir apoiando os braços sobre cadeiras.

- Hum. – não entendi muito bem a cara de tedio que meus pais fizeram, mas continuamos a conversar.

Quando olhei novamente para o relógio, já passava das 18 horas. Logo Claudia apareceu no quarto para ver se eu estava dormindo, mas quando viu que eu ainda falava com meus pais, logo se sentou ao meu lado e continuamos um dialogo que se prolongou por mais uma hora. Nunca havia dialogado tanto com meus pais como desta vez. Nossa ‘recorde’ havia sido no dia em que contei que estava morando na casa de minha segunda mãe e Claudia teve que ter uma conversa particular com meus pais.

Foi algo extremamente engraçado ver minha mãe irritada e com ciúmes de Claudia no dia que, sem que eu percebesse, a chamei de segunda mãe. Eu nunca havia falado isso para ninguém, era algo que ficava apenas na minha cabeça. Mas acabei falando justamente para minha mãe biológica. Minha sorte era que estávamos a um oceano de distancia. Pois ela gritou, xingou, bravejou e tudo mais. Meu pai quase não conseguiu acalma-la. Meu primo, coitado, sofreu no meu lugar, pois segundo ele, ela passou dias reclando sobre o ocorrido. No dia que tudo sucedido não teve como continuarmos uma conversa civilizada, logo desliguei a câmera. Nos dias seguintes Dona Vitoria sequer citou o nome de Claudia. Ri muito de seu ciúme besta. Era dela que eu herdava. Éramos mais parecidos do que imaginávamos. Não havia duvidas que éramos mãe e filho. Mais além de nossa aparência física, nossa psicologia era quase a mesma.

Deixei os pensamentos de lado e fui tomar meu banho para sairmos. Eu e Claudia iriamos a um restaurando jantar e realizar o que havíamos planejado no dia anterior. Vesti a roupa que tinha comprado no shopping – uma calça jeans azul meramente colada, nem demais nem de menos, vesti a camisa social branca e o blazer marrom, calcei o sapato de mesmo estilo e me perfumei com a fragrância que ganhei de Claudia. Por fim, peguei o objeto que comprei para presentear e o admirei por alguns minutos com um sorriso enorme no rosto.

Quando desci as escadas encontrei uma Claudia maravilhosa mente bem vestida – usava uma calça pantalona negra, o que lhe dava o aspecto de ser mais alta que o normal; trajava uma blusa listrada preta e branca com mangas um pouco mais abaixo do ombro. No braço carregava uma bolsa também preta com corrente prata e um casaco branco. Seu cabelo estava magnificamente bem arrumado em um coque. Claudia estava simplesmente linda e elegante. Como a ocasião pedia.

- A senhora está espetacular, Claudia. – elogiei.

- Obrigado criança. Você também está lindo. Vamos?

Foi somente quando estávamos pronto para sair que eu vi Gabriel sentado no sofá nos encarando. Ele estava serio. Com raiva, quiçá. Mas não demos importância. Saímos pela porta e um taxi já nos esperava em frente sua casa. A noite seria magnifica ao seu lado.

Seguimos no taxi até que chegamos ao restaurante que havíamos feito a reserva. Não era a primeira vez que eu ia aquele ambiente, Carlos já me havia levado logo que chegamos a Portugal. E assim como todos que ele me levou, esse era espetacularmente lindo e chick. Dei o braço para que minha acompanhete se apoiasse, respirei fundo e entramos. Fomos recebidos por uma mulher jovem, alta e loira igualmente elegante e vestida de com um vestido bege totalmente elegante. Ela nos guiou até uma mesa reservada. Não tanto quanto eu gostaria, pois lá estaríamos à vista de todos.

Sentamos em uma mesa com quatro lugares. Claudia sentou ao meu lado e tínhamos uma visão perfeita da entrado do restaurante. O ambiente era perfeitamente lindo, como na primeira vez que o visitei. Iluminação baixa, plantas e flores espalhadas por todos os lugares. Um lugar extremamente lindo para um primeiro encontro ou algo semelhante.

- Nervoso? – perguntou Claudia quando ficamos a sós.

- Um pouco.

- Não se preocupe, tudo vai dar certo. – ela pegou minha mão que estava sobre a mesa e a apartou.

- Espero que sim.

- Ei. Eu estou aqui. Do seu lado. Confie em mim. Vai dar certo. – sorri para ela.

Era por volta das 21 horas. Pedimos um vinho tinto bardo suave de origem italiana: 1987, envelhecido em oliveira. Sugestão do garçom. Com da vez que fui ao restaurante com Carlos no Brasil, onde dei minha resposta que viria com ele para Portugal, o garçom fez todas as degustações necessárias. Mas ao contrario de meu professor, eu e Claudia não entendíamos nada dessa bebida, apenas bebemos.

Não pude acreditar no que meus olhos viam, mas depois de algum tempo percebi que não era uma miragem. Ele realmente estava ali. Lindo e elegante como sempre. Não muito diferente de mim, vestia uma calça jeans preta, uma camisa social branca e um blazer verde musgo. Sua barba estava espetacularmente bem feita. Também usava seus óculos de armação preta, o qual há muito tempo não o via usando. Logo ele percebeu nossa presença e veio caminhando em nossa direção. Ele estava muito serio. Eu encarei Claudia e ela também mantinha um semblante de surpresa, o que estranhei.

- Boa noite, Claudia. – cumprimentou Carlos.

- Boa noite, Carlos. Sente-se conosco. – convidou minha segunda mãe. Eu o encarei e ele em nenhum momento me olhou nos olhos.

- Obrigado.

Carlos sentou-se, com foi sugerido, e finalmente me olhou, mas apenas acenou com a cabeça com um pequeno sorriso. Retribui tímido. Logo o garçom apareceu para servi-lo com vinho. Fizemos nossos pedidos: comida tipicamente portuguesa, como era a especialidade do restaurante. Pedimos outro vinho para acompanhar os pratos, também português. Não houve muita conversa durante o jantar, o clima não era muito agradável, coisa que e eu Claudia não havíamos previsto. Normalmente eram Carlos e Claudia que conversavam ou Eu e Claudia. Poucas palavras foram trocadas entre mim e Carlos, apenas o necessário. Ele com certeza estava magoado pelo nosso ‘termino’ no dia anterior.

- Claudia... – quebrei o silencia que havia se instalado após o jantar. Virei-me em sua direção, segurei suas mãos sobre a mesa e a encarei nos olhos. – Muito obrigado por tudo que a senhora tem feito por mim todo esse tempo.

- Bruno... – ela tentou me interromper, mas levantei a mão pedindo que me deixasse prosseguir e fui atendido.

- Não é qualquer pessoa que levaria um estranho para sua casa e cuidaria deste como se fosse um filho. Obrigado por tudo. Amo-te muito e nunca vou esquecer. Eu sei que não estou indo embora, mas estas palavras estavam presas a minha garganta há muito tempo. E eu tinha que te contar. Eu te amo como uma mãe. Tanto que a minha própria tem ciúmes de você – falei rindo – Eu nunca vou esquecer todas as coisa que você fez e faz por mim. Eu na verdade nem tenho palavras para agradecer e dizer o cainho que sinto por você. Saiba que estarei ao seu lado para tudo e qualquer coisa que aconteça.

Quando eu terminei de falar Claudia já tinha os olhos cheios de lágrimas. Não tivemos outra ação a não ser nos levantarmos e nos abraçar entre lagrimas. Repeti mais um “eu te amo” em seu ouvido e quando finalmente nos afastamos pude ver Carlos com cara de quem nada entendeu. Continuamos em pé, Claudia segurou uma de minhas mãos e, de frente para mim, começou um carinho no meu rosto. Senti sua mão macia acariciar minha face com todo carinho que só uma mãe poderia ter com um filho.

- Eu também te amo, criança. Eu não preciso que agradeça nada, pois sua felicidade é muito mais importante para mim, que suas palavras de agradecimento. Sinto privilegiada de receber seu amor e te considero e te amo também como um filho. Não foi nenhum sacrifício te ter em minha casa. Você é um presente que Deus trouxe. Além de tudo, você é um dos motivos pelo qual nosso Senhor me mantem. – mais uma vez nos abraçamos, mas dessa vez foi muito mais apertado.

Quando finalmente nos soltamos, o que pareceu horas, eu olhei mais uma vez para Carlos. Ele mantinha a mesma cara: estava serio e sem entender nada. Claudia se sentou e acenou para mim com um sorriso encorajador. Respirei fundo e dei a volta na mesa, pondo-me ao lado de meu professor que me olhos com a testa franzida. Peguei em sua mãe eu pedi que se levantasse. Eu já podia sentir todos os olhares do restaurante sobre mim, mas tentei imaginar que só havia eu Carlos e Claudia naquele ambiente.

- Eu sei que eu vivo pedindo, sei que você já pediu que eu parasse, mas eu preciso. Pelo menos desta vez pedir. Desculpa-me, Carlos. Por tudo. Sei que errei. Não foi só uma vez, nem duas. Foram muitas.

- O que está acontecendo, Bruno? – meu professor olhava de mim para Claudia em plena confusão no olhar.

- Deixe-me continuar. – pedi e ele olhou para mim. Assim como eu estava com minha segunda mãe minutos antes, segurei as duas mãos de Carlos e continuei meu discurso. – Eu sou um tolo por ter feito tudo que fiz. Joguei fora todas as minhas chances de ser feliz. Ignorei-te por semanas. Mas eu peço a você uma única chance de me redimir. – tirei o objeto do bolso do blazer que vestia e a mostrei. –Claudia me fez perceber a burrada que eu faria se te deixasse ir. Carlos... – abri a caixinha de veludo cinza e tente me ajoelhar, mas meu professor não permitiu. – Aceita namorar comigo?

Os segundos que se sucederam foram os mais longos de minha vida. Não aguentei e a fonte inesgotável de lagrimas que eu tentava segurar transbordou de meus olhos. Carlos olhava para mim espantado por tudo que eu havia falado, talvez. Não sei ao certo. Mas seu silencio fez meu coração congelar por alguns segundos, quando ele finalmente rompeu o silencio que se instalou durante todo o restaurante. Parecia que todos os presentes: garçons, clientes, música, recepcionistas, pararam para observar o desenrolar daquela cena cinematográfica.

- Bruno... – ele mal conseguia falar, sua voz estava embargada e ele se jogou em meus braços. O abracei o mais forte possível. De maneira que eu não quisesse que ele partisse de perto de mim, que nós nos tornássemos um só. – É claro que eu aceito. – ele falou no meu ouvido.

Não tive mais palavras para trocar, simplesmente segurei seu rosto, e na frente de todos e todas, o beijei. Senti os braços fortes de Carlos agarra minha cintura e aproveitei aquele beijo que só ele sabia dar. Me perdi no tempo. Ouvi o estouro de aplausos, assovios, mas ainda sim não nos separamos. Quando finalmente o fizemos, vi dezenas de pessoas em pé, algumas mulheres choravam outras mantinham a cara emburrada e cochichavam. Não ligamos.

Segurei a mão de Carlos, peguei uma das alianças prateados e coloquei em seu dedo anelar da mão direita. Entre sorrisos e lagrimas de alegria, levei sua mão aos meus lábios e depositei um beijo em sua mão. Carlos não fez diferente, pegou a aliança, segurou minha mão colocou a aliança e a beijou. Abracei-o mais uma vez, dei um selinho rápido e fechei meus olhos aproveitando o abraço apertado de meu namorado. Logo senti outra pessoa me abraçar: Claudia. Que também chorava como uma criança.

Não tivemos mais o que fazer naquele restaurante. Meu objetivo havia sido alcançado. Claudia era a mulher pessoa do mundo. Ela tinha organizado tudo. Levou-me ao shopping, upa adequada a ocasião, pois segundo ela tinha que ser nova. Presenteou-me com um perfume especial para o momento, escolheu comigo as alianças e ligou para Carlos convidando-o para um jantar. Só eles dois. Por isso ele tinha uma cara tão estranha em minha direção, não entendia minha presença no ambiente. Claudia havia preparado tudo, cada passo nosso.

Minha conversa com Gabriel foi o mais difícil. Ter que contar e explicar para aquele menino chato que ao contrario do que ele pensava, que eu estava saindo com sua mãe, eu pediria a mão de meu professor em namoro. Ele não pareceu acreditar de primeira, argumentando que eu já havia falado que não tinha nada com Carlos. Ele tinha razão, eu sempre neguei a todos. Mas já era hora de ultrapassar essa barreira.

- Tem certeza que não quer que eu vá te deixar, Claudia? – perguntou Carlos. Já estávamos fora do restaurante, estávamos de mãos dadas e com os olhos vermelhos. Nós três.

- Claro. Podem ir, eu pego um taxi de volta.

- Você realmente me enganou... – Carlos falou para Claudia.

- Eu não poderia permitir que vocês continuassem com uma briguinha besta. E que essa briguinha separasse um casal tão lindo quanto vocês.

- Obrigado. – agradeci pela milionésima vez.

- Não me agradeça, criança. Aproveitem!

- Tchau, Claudia. – meu professor abraçou e beijou o rosto dela e eu fiz o mesmo.

- Não chegue muito tarde, Bruno. – falou no meu ouvido.

- Pode deixar, antes do almoço estou em casa.

Deixamos Claudia dentro de um taxi e seguimos, ainda de mãos dadas, para o carro do meu professor. Já dentro do automóvel, não resisti e roubei um beijo demorado. Era maravilhoso poder sentir sua barba roçar em meu rosto novamente, seus lábios macios tocando os meus, sua língua invadindo minha boca e brincando com a minha, suas mãos acariciando meu rosto. Tudo. Nele era maravilhoso.

Não demoramos muito ali, logo Carlos ligou a ignição de seu carro e fomos para seu apartamento. Já fazia muito tempo que eu não entrava naquele prédio. Minha primeira moradia aqui em Portugal. Onde tudo iniciou efetivamente. Quando passamos em frente à cafeteria onde demos nosso primeiro beijo, um sorriso grandioso surgiu em meus lábios quando lembrei. Agora sim éramos um casal.

Deixamos seu carro no estacionamento e seguimos para seu apartamento. Seguimos todo o caminho de mãos dadas e troncando sorrisos cumplices. Quando entramos no elevador não resisti e o abracei sorrindo e depositando vários beijos em seus lábios mais uma vez.

- Senti tanta sua falta. – disse-me meu namorado entre beijos.

- Eu me arrependi antes mesmo de te falar aquelas coisas.

- Já havia perdido minhas esperanças.

- Nunca. Vou. Te. Dei. Xar. – silabei entre beijos.

Finalmente a porta do elevador abriu e saímos em direção ao seu apartamento. Abracei Carlos pelas costas e ele abriu a porta para que entrássemos. Ele fechou a porta do AP e eu o encarei, prendendo-o na porta. Não dei chance de que falasse qualquer coisa, apenas o beijei. Foi um beijo calmo e tranquilo, como sempre era. Carlos era a pessoa mais romântica que eu conhecia, e eu amava isso. Perdi toda a noção do tempo que ficamos ali, mas quando finalmente nos separamos, eu estava ofegante e quase sem folego.

- Vou tomar um banho. Vem comigo? – perguntou-me.

- Vou sim.

Acho que eu nunca tive muito tempo para reparar direito no quarto de Carlos. E ele não poderia ser diferente, era sofisticado. Em frente à cama de casal, que eu tive o prazer de dormir algumas noites, com três quaros retangulares preto e branco de alguma cidade do período industrial. Tinha uma bancada com um som, o qual eu também já conhecia. Do outro lado da cama estava o guarda-roupa ao lado de uma escrivaninha. E na outra extremidade, entre a porta de entrada e a porta do banheiro, uma parede repleta de quadro, fotos e molduras. E uma das fotos se destacou.

- Você trouxe a foto!

- Claro. Não foi você mesmo quem disse que eu tinha que coloca-la na cabeceira da cama? – Carlos me abraçou por trás e depositou um beijo em meu pescoço, enquanto eu admirava a foto que minha turma de pedagogia havia o presenteado.

- E por que não está na cabeceira? – brinquei.

- Ela ficou melhor aí. Vem!

Carlos me puxou para o banheiro. Tiramos nossas roupas e entramos debaixo do chuveiro. A água estava meramente quente. Não sei se foi minha imensa felicidade ou o que, mas aquele foi o melhor banho de minha vida. Quiçá era por estar ao lado do homem que eu amava. Sim, eu amo meu professor. E como Bárbara havia pedido, não o deixaria ir-se. Esfreguei as costas de meu namorado, suas pernas, seus braços, barriga e peito e lavei seu cabelo. Carlos fez o mesmo comigo, lavou cada parte do meu corpo. Sempre trocando beijos e caricias.

Não nos demos o trabalho de nos vestir, simplesmente nos enjugas e caímos na cama. Deitei Carlos carinhosamente e fiquei sobre seu corpo, sustentando meu corpo em meus braços enquanto beijava seus lábios. Senti a mão de meu professor em meu rosto e comecei a distribuir beijos em todo seu rosto, queixo, pescoço e mordiscadas em sua orelha. Voltei a beijar Carlos e percebi sua língua tentar invadir minha boca. Permiti.

Não demorou muito para que nossos membros estivessem eretos e se tocassem. Ao perceber isso rir ainda com nossas bocas coladas. Não liguei muito, apenas continuei a beijar meu professor. Aos poucos Carlos foi me virando e fiquei deitado com ele sobre mim. Não paramos nenhum momento de nos beijar. Meu namorado começou a distribuir beijos pelo meu rosto como eu havia feito a pouco e senti-o segurar meu pênis enquanto posicionava-o em sua entra.

- Carlos... Espera. – adverti quando senti ele forçar em sua entrada.

- O que houve? – ele me olhou com as sobrancelhas franzidas.

- Você esqueceu o preservativo.

- Ah, sim. Já volto. – ele saiu de cima de mim e eu me sentei no móvel.

~Ele estava triste?~

Logo Carlos voltou e sorri para ele. Deixei-o deitado, encapei meu membro e deitei-me sobre seu corpo, beijando-o calmamente. Aos pouco fui forçando entrada em seu orifício. Senti Carlos parar nosso beijo e instantaneamente parei meus movimentos. Quando ele finalmente deu seu aval para que eu continuasse, o fiz ainda mais lento. Como sempre, Carlos me proporcionava as melhores sensações. Experimentei novamente a sensação quente de seu interior apertar meu pênis e gemi quando senti o primeiro espasmo de meu professor. Ele não ficou muito tempo calado, ainda nos beijando os sons de meu corpo batendo contra o seu inundaram o quarto acompanhado de nossos gemidos que aumentava a cada estocada.

Não era apenas sexo. Não era apenas uma necessidade fisiológica. Estávamos comemorando nossa reconciliação. Nenhuma de nossas transa foi tão magica com aquela. Havia muito mais sentimento envolvido. Muito mais afeto e carinho.

Deixei meu corpo cair sobre o de Carlos abraçando-o e ele, por sua vez, agarrou-me com as pernas em volta de minha cintura e passou os braços sobre minhas costas arranhando. Passei meus braços por baixo dos seus e agarrei em seus cabelos. Por fim, uni nossos lábios uma ultima e vez o encarei colando nossas testas nos encarando nos olhos um do outro. Nós dois mantínhamos as bocas semiabertas enquanto gemíamos e eu continuava meus movimentos. Não demorei muito para chegar ao êxtase, e quando percebi que estava próximo, desci uma de minhas mãos para que meu namorado gozasse – literalmente - das sensações junto comigo.

Não tive força para mais nada. Uni nossos lábios e fui saindo, contra a minha vontade de dentro de Carlos, e gemidos das duas partes. Joguei o preservativo amarrado para fora da cama e voltei a deitar sobre seu peito que ainda mantinha mesmos poucos pelos de antes. Não fizemos mais nada, apenas nos encaramos com sorrisos nos lábios e brilho no olhar e dormimos na mesma posição em que estávamos: abraçados.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Niss em 2015-06-16 23:28:46
Nooooosssaaaaa quanto tempo eu esperei por isso *-*, tão lindo, tão magico. tão intenso, simplesmente magnifico Drex. Muito bom msm. Finalmente Bruno e Carlos juntos.... Espero o proximo capitulo. Bjs. Niss
Por CarolSilva em 2015-06-16 12:50:36
Muito feliz por ler isso. Muito feliz por ler isso. Bruno merece um pouco de felicidade.
Por Cass em 2015-06-16 11:27:09
O melhor capítulo até agora! Esperando o próximo.