Capítulo XV

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Cá está mais um, como prometido e cheio de emoções. Infelizmente, tenho mais uma mudança para fazer sobre as postagens: Minhas aulas a tarde irão começar na semana que inicia, então postarei os próximos capítulos nas terças e sexta e continuarei a responder os emails nas quartas.

Aos adorados leitores, obrigado pelos comentários e por acompanhar a serie. Continuem a comentar!

Ah, Criei uma conta no site Wattpad a fim de publicar esta obra: http://www.wattpad.com/myworks/39325391-o-destino-de-bruno Acessem, comentem e divulguem! Ainda estou postando os primeiros capítulos, porém estão sendo revisados e melhorados.

Quem desejar conversar comigo sobre a serie ou deixar criticas e comentários privados ou, ainda, sugestões: j.drex@hotmail.com << Responderei todos os e-mails nas Quartas-feiras. Abraços e boa leitura.

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Como de costume, meu final de semana foi saindo com o professor Carlos. Fomos novamente ao Jardim da Luz, à noite saímos com Cristal – forçada – para uma sorveteria. No dia seguinte, ficamos em casa assistindo filme, comendo e conversando. Cristal ainda mantinha seu humor estranho, sempre com a cara amarrada e não conversando tanto como de costume. Além do mais, continuava negando a me contar o motivo.

A segunda-feira foi um dia tedioso, assim como o resto da semana: aulas de francês pela manhã, reuniões e orientação pela tarde e trabalhos para o dia seguinte pela noite. Contudo, finalmente voltei para minha casa, onde me sentia mais a vontade. Porém Carlos passava boa parte da noite comigo, mas não tínhamos muito tempo juntos, pois me dedicava as minhas responsabilidades e ele as dele. No pouco tempo livre que encontrava, aproveitava para falar com meus pais para saber como andava as investigações de Bárbara, porém nada aconteceu, afinal só haviam se passado dias. Também, a pedido de Carlos, eu tocava meu violão e cantávamos algumas músicas: Marisa Monte, Elis Regina, Adriana Calcanhotto, Lulu Santos e outros, que eram ídolos do meu professor.

Para minha surpresa, na quinta-feira, ele levou sua flauta vertical e tocou algumas sinfonias para mim. Ao que percebia, Carlos era muito culto em suas preferencias artísticas, o que me impressionava, pois ele apenas não gostava como também se mostrava um expert nesses assuntos. Era muito bom discutir tais coisas com ele, já que divergíamos em vários aspectos, como por exemplo: ele preferia Rock, eu por outro lado, Samba; por isso tocávamos o que nos eram da mesma identidade: a MPB e Bossa Nova. Cazuza era um de nossos ídolos em comum que sempre era lembrado.

Os exames que havia feito no hospital saíram três dias depois e como era de se imaginar, nada de errado. Por insistência do Dr. Jessé e do Professor Dr. Carlos Xavier, eu, uma vez por semana, visitava a Dra. Mariza, minha psicólogo, para evitar outro estresse mental com outra queda de pressão. E, para completar minha felicidade, o médico achou melhor eu continuar a tomar os remédios para o mesmo proposito.

- Posso recitar um poema? – perguntou Carlos depois de um tempo em silencio.

Tínhamos acabado de transar e estávamos na minha cama. Era sempre assim, desde a primeira vez, depois de nos relacionarmos, nos abraçávamos e ficávamos trocando caricias ainda pelados. Eu estava com a cabeça apoiada no ombro do meu professor com ele alisando minhas costas, eu dedilhando seu peito e vez ou outra o beijando e com nossas pernas entrelaçadas.

- Poema? – estranhei.

- Sim. Posso?

- Claro. – ele levantou-se e pegou um livro em sua bolsa que estava na escrivaninha. – Chama-se “Puro demais para você”, do Caio Fernando de Abreu.

Carlos colou-se de joelhos, ainda nu, sobre a cama a minha frente segurando o livro entre as mãos. Enquanto eu ajeitei-me sentando encostado na cabeceira da cama com um lençol cobrindo meu sexo.

- “Meu coração é um bordel gótico

Em cujos quartos prostiuem-se

Ninfetas decaídas, cafetões sensuais,

Deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos,

Centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco.

Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon,

Gravado em fundo preto.

Puro artifício, definitivo.

(...) Meu coração é um bar de uma única mesa,

Debruçado a qual um único bêbado bebe,

Um único copo de Bourbon,

Contemplado por um único garçom.

Meu coração é um sorvete colorido

De todas as cores, é saboroso de todos os sabores.

Quem dele provar será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa

Com paredes cobertas por papel de florezinhas miúdas.

Lareiras acesas, poltronas fundas, macias,

Quadros com gramados verdes

E casas pacíficas cobertas de heras.

Sobre a renda branca da toalha de mesa,

O chá repousa em porcelana da China.

No livro aberto ao lado,

Alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath:

"I’m too pure for you or anyone."

Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir

Projetado num cinema de quinta categoria.

A plateia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.”

- Uou. Que coração, hein. – ri e ele me olhou com um sorriso.

- Gostou?

- Gostei. Mas nossa... Eu não conhecia esse lado do Carlos F. de Abreu.

- Ele tem muitos assim. – Carlos engatinhou até mim deixando nossas bocas bem próximas.

- Achei muito quente para você ler para um aluno, sabia? – o encarei serio.

- Não quando esse aluno é meu namorado. – finalmente tocou meus lábios.

- Ok. Também tenho um para você.

- Certo. Sou todo ouvido. – falou sentando-se com as pernas cruzadas a minha frente.

- Chamasse “Cântico negro”, de José Régio.

- Não conheço.

- “"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!” – recitei encarando-o seriamente em seus olhos.

- Lindo! – elogiou batendo palmas.

- É um dos meus preferidos.

- E você costuma decorar seus poemas preferidos?

- Alguns.

- Gostei, vou querer ouvir mais vezes você recitando. “Cântico Negro”, certo? – concordei com a cabeça. - Forte ele. Impactante.

- Não sei se vou recitar outro novamente. – desafiei.

- Claro que vai. – falou alisando os cabelos das minhas pernas. – Sei como conseguir que recite. – ele subiu a mão para minha cocha e rimos.

- Isso é abuso. – disse inclinado meu corpo para ele e chamando-o com o dedo.

- Acho que não... – falou rindo e negando com a cabeça.

- Você atiçou... – tirei o lençol que me cobria. – Agora termine. – olhei-o com um sorriso safado.

- Você está virando um pervertido.

- Eu já conheço esse discurso. – disse e fiquei de joelhos a sua frente.

- Você tá acabando comigo. – sorriu e, olhando para mim, segurou e começou a massagear meu pênis.

- Mon professeur. – falei inclinando-me para beija-lo.

- My pupil.

Ainda olhando em meus olhos, Carlos começou lentamente a chupar a cabeça do meu membro, segurando a base com uma mão e manuseando meus testículos com a outra. Lentamente ele começou a engolia todo meu membro em uma velocidade mediana. A cada ida, meu professor abocanhava mais meu pênis me causando delírios e sempre mantendo contato visual. Segurei sua cabeça e fiz tragar tudo de uma vez, o fazendo engasgar.

- Carlos... – gemi.

O afastei e sorrindo ele voltou chupando meus testículos, colocando um por vez em sua boca e brincando com a língua. Inclinei-me sobre seu corpo e, com ele me dando espaço, cheguei ao seu ânus, o qual eu tanto gostava. Alisei e senti as piscadas que meu orientador dava. Chupei meu dedo e voltei a acaricia-lo. Não aguentando mais, deitei-me sobre a cama e puxei Carlos para que ficasse sobre mim fazendo um 69. Dessa maneira, eu poderia continuar a sentir a boca sedenta e úmida que eu amava sentir, chupar seu membro, que também me fascinava, e brincar com seu orifício.

Como sabia que meu professor gostava, expus também minha entrada para que ele aproveitasse. Senti seu queixo tocar meu púbis engolindo meu pênis e ele abrir minhas nádegas passando o dedo no meu anel. Na outra extremidade, eu chupava a cabeça do seu membro meio bomba e já introduzia dois dedos vagarosamente no cuzinho que habituei a receber-me. Não passou muito tempo e pedi que Carlos encapasse meu membro, ele, muito prestativo e sorrindo, posicionou o preservativo na minha glande e, com a boca, desceu cobrindo-me.

- Você me mata. – disse quando ele sentou-se sobre minha barriga.

- Você quem pediu. – excitou-me alisando meu peito e mordeu meus lábios.

Passei a mão pela sua entrada e enfiei um dedo novamente, ao que ele gemeu e segurou meu pênis posicionando-o. Separando nossos lábios e olhando-me nos olhos, começou a descer sobre meu membro arrancando gemidos de nós dois. Mordi os lábios ao sentir aquele orifício apertar meu pau por completo e sua quentura interna. Alisei suas coxas carinhosamente e sorrindo ele se levantou até quase sair por completo e voltou a sentar-se. Ao ver minha cara de prazer e meu gemido, repediu o movimento duas vezes vagarosamente.

- Isso... OH... – gemi.

- Está gostando? – perguntou apoiado com as mãos sobre meu peito.

- IssOH. – gritei quando ele saiu completamente e sentou-se de uma vez rapidamente. – De novo – pedi e ele sorriu.

Ele fez três vezes mais. Logo unimos nossos lábios novamente e com as mãos abrindo mais as nádegas do meu namorado, fiz cavalgar mais rapidamente. Quando, com a rapidez, meu membro escapuliu dele, parei por um instante e enfiei um dedo a fim de sentir como estava seu orifício. Relaxado. Virei-me sobre ele e desci beijando seu queixo, pescoço, peito, barriga e cheguei ao seu pênis que ainda estava meio bomba. Sem pensar duas vezes, abocanhei e fiz crescer em minha boca. De inicio, pela flacidez, conseguia coloca-lo todo em minha boca, mas aos poucos aquele mastro foi ficando duro e impossível de caber, então me dediquei a estimula-lo com a língua, descendo por toda sua extensão, chupando seus testículos e voltando a engolir até pouco mais que a cabeça. Carlos contorcia-se na cama e me ajudava conduzindo minha cabeça, forçando-a contra seu pau.

- Isso, chupa, Bruno... Que boquinha... – me incentivava e elogiava.

Por mais alguns minutos, fiz o que me pediu, mas logo me posicionei novamente atrás dele. Levantei uma de suas pernas e encachei meu membro em sua entrada. Empurrei de uma vez fazendo meu professor gritar e eu gemer. Rapidamente comecei a meter nessa posição, até que cansei de ficar em pé e deitei-me, sem sair de dentro dele, por trás de Carlos. Coloquei meu braço embaixo de sua cabeça e segurei sua perna no ar com a outra. Nessa posição, beijando meu professor e o mesmo se masturbando, comecei a meter mais rapidamente até que senti a preção do meu orientador.

-Tá vindo? – quis me certificar.

- Sim... – gemeu.

O mais rápido que consegui, sai de dentro dele, tirei a camisinha e, ficando novamente de frango assado, segurei nossos membros juntos e marburtei-os. Logo Carlos, com a cabeça jogada para trás, de olhos fechados, gemente e com uma cara de puro prazer, gozou em sua barriga. Não demorou muito e logo me veio também, me fazendo gozar em sua barriga igualmente. Estimulei os últimos resquícios de espermas que poderiam sair de nossos membros e, trocando sorrisos, misturei nossos sêmens, deitei-me melando minha barriga e beijei-o.

- Você acabou, sabia?! – falou Carlos ofegante entre beijos.

- Você me excita. – respondi da mesma maneira deitando-me de bruços ao seu lado.

- Eu não aguento duas vezes em um dia, estou venho demais para isso.

- Você não está tão velho assim, Carlos. – sorri cansado.

- Não consigo me mover, você vai ter que me carregar até o banheiro.

- Não é a idade, temos quase a mesma e estou do mesmo modo. – nos olhamos sorrindo e logo gargalhamos.

- Bruno... Quando você vai me deixar...? – falou passando a mão na minha bunda.

- Calos... – alertei nervoso.

- Você teve alguma experiência traumatizante? – permaneci calado. – Só quero saber.

- Não é isso... É que...

- Você não sente prazer? – sua voz era calma e terna.

- É... Não sei... Eu... Não quero...

- OK. – sorriu. – Se você não quer, não vou insistir.

- Você não está satisfeito? – quis saber.

- Não é isso. – ele se virou ficando de frente para mim alisando meu rosto. – Você é muito bom em tudo que faz. – rimos fracamente. – É só que... Veja, desculpa falar sobre isso, mas eu não era acostumado a ser... Passivo, entende?

- Claro que entendo. Mas...

- Se você não quer tudo bem, Bruno. O importante para mim é você. – sorriu e uniu nossos lábios com carinho.

Após muito descansar, ainda nos arrastando, decidimos ir tomar um banho juntos. Não sei quem estava mais preguiçoso no inicio, mas logo melhoramos os ânimos quando a água morna tocou nosso corpo. Ajudamos um ao outro a se lavar e, depois do banho tomado, saímos para a cafeteria próxima ao prédio para comermos algo. Já passava da meia noite quando voltamos para casa – cada um para a sua. Despedimo-nos no elevador e, com muito protesto, pois queria dormir comigo, Carlos seguiu seu caminho.

Já em meu apartamento, coloquei um som muito baixo e deitei-me a cama a fim de dormir. O que não aconteceu tão cedo pensando no pedido de Carlos: que eu fosse seu passivo. Isso não saía da minha cabeça. Não sabia se ele havia percebido que eu era virgem, ou se apenas acreditava que eu não queria. Sendo como fosse, uma hora ou outra ele descobriria a verdade. E a verdade era que eu sentia medo de perder. Medo da dor. Medo de sangrar, como eu sabia que aconteceria. Medo do tamanho do meu professor, pois era maior, porém mais fino que o eu. Medo de como ficará depois de consumar o ato. E o pior, de na hora suja-lo ou acontecer algo inesperado.

Eu sabia, por pesquisas na internet, que havia precauções a serem tomadas antes da relação, mas minha timidez para comigo mesmo era tamanha. Só de pensar em introduzir algo em mim para limpar, me causava arrepios. Além do mais, tinha o fato de ficar exposto para Carlos. Não seria fácil. Em contra partida, um pouco de tudo já havia acontecido: ele já fazia sexo oral em meu ânus e introduzia, no máximo, dois dedos em meu orifício, o que já me causava bastante desconforto.

Ainda com esses pensamentos acabei adormecendo. No dia seguinte, sexta-feira, minha rotina foi, novamente a mesma: academia, café na cafeteria com Carlos, aula de francês, almoço, aula da graduação e orientação e, finalmente de 17 horas, fomos para casa. Espantei-me ao encontrar Maciel, depois de semanas, sentado no meu sofá enquanto Elizabeth arrumava minha casa.

- Maciel? – paralisei olhando para os lados a procura do Rafael.

- Oi, Bruno.

- O que faz aqui? – perguntei fechando a porta.

- Preciso falar com você. – sua expressão era séria.

- Cadê o Rafael? – senti-me na poltrona e coloquei minha bolsa tiracolo no chão.

- O assunto que tenho para tratar só diz respeito a nós dois. – alertei-me recordando o que escutei na casa do Carlos.

- Não sei o que é, mas também prefiro não saber. – disse sem pensar duas vezes.

- Mas precisa. Saí estressado naquele dia em que o vi na casa do Carlos, então não pude falar com você.

- Percebi. – olhei para Elizabeth que limpou a garganta.

- Sr. Bernat, já terminei por aqui, estava apenas fazendo sala para seu amigo, então já vou indo. Tudo bem?

- Tudo certo, Beth. Até segunda.

- Até. Não se esqueça de tomar o remédio antes de dormir e cuide-se. – acendi com a cabeça e ela sal pela porta.

Era incrível com todos se preocupavam comigo. Além das advertências que sempre recebia da Beth, Cristal e Carlos, meu professor vinha todas as noites me dar o remédio. Claro que eu sabia ser uma justificativa para me fazer companhia, mas fazia. Nos demais horários que não estávamos juntos, mandava mensagens lembrando.

- Então como dizia. – retornou Maciel a falar. – Quero pedir desculpas. – arregalei os olhos.

- Pelo quê? – quis saber.

- Pelo mal entendido. – falou como se não fosse obvio.

- O Carlos foi falar com você?

- Não. Eu sei que você escutou. – arqueei as sobrancelhas. – Pelos gritos. – acrescentou.

- É, foi meio difícil não ouvir.

- Primeiro, eu queria que o que aconteceu lá, ficasse somente entre nós. – suplicou com o olhar.

- Porque você não quer que o Rafael saiba o que você tinha com o Carlos. – falei calmo.

- O quê? – se sobressaltou. – Eu não tenho nada com o Carlos. – duvidei de suas palavras.

- Ok, então o que você esconde do Rafael, e Carlos é seu cumplice? – ele desviou o olhar antes de responder.

- Eu amo o Rafael. – falou com a voz tremula.

- E você não quer que ele saiba?! – ironizei.

- Não, isso ele sabe. Faço questão de dizer todos os dias. – ele me olhava em pedido de piedade.

- Que bom, então. – eu não correspondia o olhar, apenas o encarava serio.

- Eu traí o Rafael... – falou baixo.

- Isso eu já percebi.

- Mas não foi com o Carlos, como você está pensando.

- Não me importo se foi com ele ou não. Por que se foi, ele não te quer mais. E se você quer que eu termine com ele para ficarem juntos, esqueça, porque não farei.

- Não! Eu torço por vocês dois.

- Não foi o que ouvi.

- Eu estava com raiva. O Carlos queria que eu me afastasse de... – ele não terminou.

- Do seu amante. E ele não está certo? – ele passou a mão pelos cabelos desesperado e vi lagrimas surgirem em sues olhos.

- Eu amo Rafael. – ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro. – Mas ela me fascina.

- Ela? – estranhei.

- Sim. E ela está me fazendo pressão para terminar meu casamento.

- Então escolha. O que não dar é você continuar engando duas pessoas.

- Não posso decidir assim, de uma hora pra outra.

- Maciel, sabe o que mais eu odeio? Que eu mais abomino no mundo? – levantei-me também e o encarei com ódio nos olhos.

- Por favor...

- Traição.

- Bruno... – tentou falar.

- Cala a boco! – gritei - Não me peça para guardar segredo, porque eu não vou. Eu falei que não queria saber, mas você insistiu. Odeio gente como você – enfiei o dedo em seu peito o fazendo recuar contra a parede. – Egoísta! Sem moral! Sem caráter! – ouvi alguém bater na porta.

- Bruno, por favor, só vim aqui para justificar a conversar com o Carlos. – pediu Maciel em lagrimas.

- Bruno! – ouvi a voz de Cristal na porta.

- Por favor, não fala nada para o Rafael.

- Você não tem o direito de me pedir nada. – berrei de raiva.

- Bruno! O que está acontecendo aí? – Minha vizinha insistia esmurrando a porta.

- O Rafael não merece o que você fez ou faz, não sei.

- O que está acontecendo aqui? – Carlos abriu a porta do meu apartamento e entrou com Cristal. – O que você faz aqui Maciel?

- Eu vim me justificar. – respondeu. – Por favor, Bruno, não fala nada para ele.

- Falar o que? – perguntou Cristal.

- Sobre nós.

- O quê? – olhei para ela incrédulo. – Então é por isso que estava tão estranha?

- Bruno... – ela começou.

- Cala a boca. – falei pausadamente.

- Bruno, se acalma, sua saúde. – Aproximou-se Carlos.

- Me solta, Carlos. – o empurrei. – Fora daqui vocês dois!

- Por favor, Bruno, você vai acabar comigo. – ajoelhou-se Maciel.

- Por que está me tratando assim, Bruno? – perguntou Cristal.

- Por que você fez isso? – retruquei com outra pergunta mais calmo. – Logo você que sempre me ouvia reclamar da minha amiga no Brasil que passou pelo mesmo.

- Por isso não te falei. Você não me entenderia.

- Não mesmo!

- Você não pode contar para o Rafael. – ela falou seria e eu ri ironicamente.

- Me dê uma justificativa.

- Porque se ele souber pode tirar meu filho de mim. – paralisei ao ouvir Maciel.

- Filho? – repeti.

- Sim.

- Não sabia que você tinha um filho. – eu não sabia para quem olhar.

- Tenho o Caíque.

- Chega! – gritei. - Vão embora. Agora.

- Bruno... – tentou Carlos.

- Não! Eu quero vocês dois longe da minha casa. – falei para Cristal que ajudava Maciel a se levantar. - Agora.

Sem mais o que dizer, os dois saíram do meu apartamento e fechei a porta com toda força. Lágrimas de raiva surgiram em meus olhos e sentei-me no sofá pensando em tudo. Agora tudo fazia sentido: Cristal estava deprimida porque o Maciel não queria terminar seu casamento e assumir com ela. O que me fazia sentir pior era que eu havia os apresentados. Eu fiquei amigo de Cristal e a convidei para um jantar com Maciel, Rafael, Stefani e Carlos. Eu acabei com uma família. Eu acabei com o casamento de Rafael. Meu amigo.

- Toma, Bruno. – Carlos trazia um copo de água e comprimidos.

- Obrigado. – bebi. – Você sabia de tudo desde o começo, não era? – o olhei sem expressão.

- Sabia, mas sempre me mostrei contra. – se adiantou.

- Eu sou o culpado.

- Não. Você não é. – Carlos sentou-se no sofá e me abraçou.

- Eu apresentei os dois. Se não fosse por mim, Maciel não havia traído o Rafael.

- Para de pensar isso, Bruno. Você sabe que não tem nada a ver com você.

- Como não? – o encarei.

- Se não fosse a Cristal, seria outra. Ou outro. Eu conheço o Maciel. Rafael conhece. Rafael sabia no que estava se metendo.

- Mas não foi outro, nem outra. Foi minha amiga, a que eu apresentei.

- Bruno... – pediu juntando nossas testas. – Você está criando essas coisas. Você não pode se culpar por tudo que acontece.

- Como sempre, Carlos, minha vida só trouxe desgraça. Eu sempre acabo com a vida das pessoas. Da Bárbara, do Fernando, agora do Maciel, do Rafael, da Cristal, e até do Caíque, que nem conheço.

- Para com isso, você não acabou com a vida do ninguém. Maciel e Cristal se envolveram por escolha deles, não sua. Se eles ficarem juntos, Rafael vai superar.

- E o Caíque? Vai ficar sem pai.

- Rafael não vai tirar o menino do Maciel. Talvez no começo, mas vai superar. – meu professor tentava me tranquilizar.

- Me abraça, Carlos, por favor. – atirei-me em seus braços chorando compulsivamente.

- Vem, vou te dar um banho. – falou depois de um tempo.

Sem nenhuma emoção, com o rosto inchado e lagrimas ainda descendo pelo rosto, segui Carlos pelo corredor e entrei no banheiro. Com todo cuidado, ele foi tirando minha roupa até deixar-me completamente nu e me levou para a ducha. Enquanto a água descia pelo meu corpo, me acalmando, meu professor tirava a própria roupa. Com todo carinho e calma, ele foi me banhando, me ensaboou, esfregou todo meu corpo, enjugou- me por completo e por fim me vestiu.

Sem nenhuma emoção deitei-me na cama pensando e me culpando por tudo novamente enquanto meu professor preparava algo pra comermos. Para completar meu pensamento, veio à lembrança que uma criança era criada por um casal gay, o que para mim era inadmissível. Nunca fui de ter preconceitos, mas a ideia de uma criança inocente conviver com dois homens não era aceitável. Não por eles serem gays, mas por serem homens. Homem é um ser nojento, sem pudor, sem vergonha, libidinoso.

O homem, muitas vezes, não consegue controlar seus desejos, por isso há tanto adultério de sua parte. Eles não conseguem se satisfazer com apenas uma união monogâmica. Ele sente a necessidade de trair, de buscar prazer fora do casamento. E imaginar uma criança convivendo com dois me faz pensar que ele corre risco duplo. Ainda mais sendo um casal gay homens. Ainda mais sendo um menino. Inocente, puro.

Despertei dos meus pensamentos quando Carlos retornou da cozinha trazendo uma bandeja com macarronada. Serio e sem humor, apenas sentei-me a cama e comi tudo em silencio.

- Se sente melhor? – perguntou retirando a bandeja.

- Melhor. – eu sentia meu rosto inchado e meus olhos arderem.

- Vou dormir aqui, ok? Fazendo-te companhia.

- Certo. – concordei.

- Vou guardar essas coisas lá dentro e já voltou. – Concordei e ele saiu novamente do quarto. Deitei-me na cama cobrindo-me com a coberta até a metade do peito e ouvi a chuva começar a cair. Fiquei admirando os pingos escorrerem pelo vidro da janela até meu professor voltar.

- Carlos... – Comecei quando ele se aninhou abaixo do lençol me abraçando.

- hum... – ouvi enquanto beijava minha bochecha.

- Como você abriu a porta?

- Er... Eu... – ele limpou a garganta antes de responder. – Eu tirei uma copia da sua.

- Sem minha permissão? – levantei uma sobrancelha.

- Por precaução. Tive medo de acontecer algo enquanto estivesse só. Como hoje.

- Mas hoje eu não estava só. – o olhei serio.

- Mas não quis abrir a porta. Dava para ouvir a gritaria do elevador.

Sem prolongar o assunto, abracei meu professor encostando minha cabeça na curva do seu pescoço sentindo seu cheiro e notei seus braços me envolverem. Tudo que eu queria era poder senti-lo comigo. E foi assim toda a noite. Adormeci em seus braços, recebendo suas caricias, seu carinho. Eu o necessitava. Sentia-me bem perto dele. Confiante. E encontrava nele força para não fazer algo que me arrependesse depois.

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O que acharam? Tenso, hein!?

Gostaram dos poemas? Sim? Não? Mandem-me emails sugerindo outros. Amo poemas e vou adorar conhecer um pouco do gosto dos meus leitores. Até o próximo.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Cass em 2015-05-15 21:36:24
O meu personagem preferido (Felipe) não apareceu, mas mesmo assim o episódio foi perfeito! Aguardando o próximo...
Por Niss em 2015-05-15 19:45:11
Um capitulo bem intenso, bem emotivo, porém, muito bom... amei Drex... bjs
Por CarolSilva em 2015-05-15 17:29:40
Gostei dos poemas. Adorei o capítulo. Cade Fernando? Será que Bruno vai se entregar totalmente ao Carlos....?