Capítulo XIV

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Desculpem-me mais uma vez, queridos leitores. Mas como disse, minha vida está muito atarefada. Contudo, aqui está mais um presente: capítulo novo e antes do tempo. E se tudo ocorrer bem, amanhã tem outro.

Adorados leitores, obrigado por acompanhar a serie. Não esqueçam de comentar!

Ah, Criei uma conta no site Wattpad a fim de publicar esta obra: http://www.wattpad.com/myworks/39325391-o-destino-de-bruno Acessem, comentem e divulguem! Ainda estou postando os primeiros capítulos, porém está sendo revisada e melhorada. Abraço e boa leitura!

Quem desejar conversar comigo sobre a serie ou deixar criticas e comentários privados ou, ainda, sugestões: j.drex@hotmail.com << Responderei todos os e-mail's nas Quartas-feiras. Abraços.

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Acordei no fim da tarde com o Carlos me chamando e cobrindo-me beijos por todo meu rosto para me avisar que iria sair e comprar algo para comermos. Ele já estava completamente vestido com uma camisa e uma bermuda. Após ficar só no apartamento, espreguicei-me e levantei para ir tomar mais um banho para tirar o cansaço do corpo.

Eu mal podia acreditar no que havia acontecido mais cedo. Eu tinha transado com meu professor. Com o Carlos. “Meu responsável aqui em Portugal, meu professor, meu orientador e meu namorado”, como ele havia dito antes. Mesmo eu não o considerando como tal. Tudo bem que nos conhecemos há anos, mas só começamos a nos conhecer dessa maneira a menos de um mês, não podíamos nos precipitar e começar algo de uma hora para outra. Também, mesmo que temporariamente e por questões de minha saúde, nós já estávamos morando juntos como namorados que, além do mais, não fui consultado se queria ou não namorar. Ainda, em menos de duas horas morando juntos, já tínhamos tido nossa primeira transa. Se continuar como está, semana que vem adotaremos um cachorro, compraremos uma casa e nos casaremos.

Fui tirado dos meus pensamentos com a campainha tocando. Enxuguei-me e fui até o quarto de hospede vestir meu robe vermelho e fui ver de quem se tratava, e para minha surpresa, era o Maciel, amigo do Carlos.

- Oi, Bruno. – me cumprimentou quando abri a porta.

- Olá, Maciel.

- O Carlos está?

- Ele deu uma saída, mas logo estará voltado. Entre. – convidei.

- Obrigado. Soube do que esteve no hospital, está melhor? – perguntou sentando-se no sofá.

- Sim. Não foi nada grave.

- Que bom. Iria visitar você quando voltasse, mas não será mais necessário. – levantou as sobrancelhas por fim.

- O Carlos preferiu que eu ficasse aqui até que eu me recupere de vez. Ele tem medo que eu tenha outra recaída ou algo assim.

- O que você teve?

- Queda de pressão.

- Ah, sim. O Rafael ficou bem preocupado quando soube.

- Por que ele não veio com você? – quis saber.

- Está trabalhando.

- Entendi.

- E como está você e o Carlos? – perguntou serio.

- Como assim?

- Eu sei que vocês estão namorando. – tentou sorrir.

- Estamos bem, mas não namorando.

- Não foi o que ele me disse. – falou apoiando as costas no sofá.

- Eu não sei o que ele te falou, mas somos... – escutamos a porta abrir-se e Carlos entrou segurando algumas sacolas.

- Maciel! – falou surpreso.

- Podemos conversar Carlos? – levantou-se.

- Não agora. Não aqui. – ele olhou para mim.

- Não quero atrapalhar, Carlos.

- Tem que ser agora Carlos. – alertou Maciel.

- Posso ir para meu apartamento ou para o da Cris. – sugeri.

- Não. Fique aqui, nós vamos para meu quarto.

- Ótimo.

- Pode organizar essas coisas na cozinha, Bruno? – me pediu Carlos.

- Claro.

Recebi as sacolas que trazia e segui para o compartimente indicado enquanto os dois foram para o quarto conversar. Era impossível não criar hipóteses sobre o assunto. O que eles iriam conversar? Parecia serio? Será que Maciel e Rafael estavam em crise no casamento? Ou será alguma surpresa que Maciel fará e conta com a ajuda do Carlos? Será ao contrario? – arregalei os olhos com.

- Não pode ser! – pensei alto.

- Não farei isso! – gritou Carlos do quarto. Tomei um susto, pois mesmo curioso, não queria ser metido nos assuntos que não me eram cabíveis. – Acabou, entenda. – Falou depois de um pouco de silencio.

- É por causa dele? Ele nem te quer. – meu coração acelerava a cada palavra que ouvia.

- Cala a boca.

- Você está bancando o palhaço.

- E você? – Carlos falou alguma coisa que eu não pude ouvir.

Eu estava de cabeça baixa olhando para baixo e com as mãos, que tremiam, apoiadas para o balcão. Eu não entendia muito bem o que ele falavam, mas uma coisa eu tinha quase certeza: era sobre mim. Era muita coincidência o Maciel chegar aqui me perguntando como estava indo minha relação com o Carlos e agora dizer para ele que alguém não o quer. Quem poderia ser esse alguém senão eu?

- É diferente. – ouvi depois de um longo silencio Maciel. – A gente se ama.

- Nós também. – contrabateu Carlos.

- Ele tá te usando.

- Nunca mais repita isso. – houve um barulho de algo se quebrando e me alarmei.

- Espero que você saiba bem o que esta fazendo – disse Maciel calmamente indo em direção à porta sem olhar para ninguém.

Fiquei estático olhando em direção a porta e depois de alguns instantes Carlos apareceu. Mas sem dizer nada e com uma cara de poucos amigos, pegou uma vassoura e uma pá e voltou para o quarto, certamente para limpar o que havia quebrado. Eu estava cada vez mais confuso. Carlos, Maciel e Rafael eram super amigos, algo muito serio estava acontecendo. Novamente meu professor apareceu trazendo um dos abajures quebrado. Ele respirou forte antes eu ouvi-lo falar.

- Você ouviu, não foi? – falou calmamente.

- Você devia ter me deixado ir para meu apartamento. – falei ainda de costas.

- Espero que não tenha interpretado errado. – falou se aproximando e me virei.

- Eu não sei... – falei serio.

- Eu gostaria muito de poder te explicar, mas eu não posso. – sua face e sua voz eram um pedido de desculpas.

- É melhor eu ir para casa...

- Não. Você ainda está se recuperando, não quero que fique só...

- Se vai te fazer sentir melhor, posso pedir para a Cris me fazer companhia um tempo. A Beth também, ela vai amanhã e posso pedir que fique comigo um tempo.

- Ok. Se for o que você quer, vou respeitar.

- Obrigado.

- Espero que não mude nada no nós temos.

- Nós não temos nada.

- Claro que temos. – ele se aproximou mais de mim e segurou meu rosto. – Nós somos namor...

- Não! Não somos namorados. – interrompi afastando-me dele.

- Eu não significo nada para você? – ele me olhava com tristeza.

- Claro sim... Mas... Foi um erro o que aconteceu hoje. Tudo o que vem acontecendo.

- Você sabe que isso não é verdade.

- Eu só trago desgraça na vida das pessoas... Fui um idiota achando que com você seria diferente. – uma lagrima escorreu em meu rosto.

- Não vou deixar você fazer isso! – berrou.

- Para Carlos... Eu vou embora. – dei as costas para ele e fui em direção ao quarto onde estavam minhas coisas.

Arrumei toas as minhas bolsas, vesti uma roupa mais adequada para sair pelo prédio e parei na janela olhando a chuva que começava a cair. Ainda estava fina, mas não demoraria muito para intensificar. Suspirei, peguei o máximo de coisas que podia carregar e fui saindo. Carlos falava no celular.

- Tudo bem ele ficar aí então?... Ok... Então... Certo... Estou indo deixar suas coisas aí... Não se preocupe... Até mais... – desligou por fim o telefone e passou a mão pelo cabelo jogando-o para trás. Limpei a garganta chamando sua atenção e quando finamente me encarou falei.

- Já vou.

- Falei com a Cristal, você vai ficar na casa dela.

- Não, eu vou para minha casa. E não precisa ficar se preocupando comigo.

- Não seja idiota. Eu não estou pedido que fique na casa da Cristal. Estou mandando. – ri.

- Com licença. – pedi passagem. – Até amanhã na universidade. – disse passando por ele.

- Não precisa ir, está de atestado e tem que se recuperar.

- Já estou ótimo.

- Bruno! Não seja uma criança.

- Para com isso Carlos. Para de se preocupar, de fingir uma coisa que não somos. Não haja como se focemos namorados, porque não somos. Nossa relação é estritamente profissional.

- Estritamente profissional? – falou com ironia. – A gente saí, se beija, dorme abraçados, transa, e tudo isso é uma relação estritamente profissional? Não seja hipócrita Bruno. – dei as costas.

- Já falei, foi tudo um erro. Que não se repetirá.

- Tudo por causa de um mal entendido?

- Mal entendido? – foi minha vez de ser irônico. – Eu sei o que ouvi. – o olhei em seus olhos.

- Então ouviu o que falei sobre você.

- Ouvi... Mas não é só isso.

- Você está tentando arranjar uma desculpa. É isso que você está fazendo.

- Carlos...

Não consegui terminar minha frase, pois Carlos me agarrou e roubou-me um beijo. Não consegui me controlar e correspondi. Não conseguiria ficar longe daqueles lábios que já há tanto desejei. Aqueles lábios que nos últimos tempos me faziam levitar. Esqueci tudo. Esqueci os motivos fúteis pelo qual brigava com Carlos. Apenas me entreguei mais uma vez aquele homem. Quando dei por mim, já estava sem camisa e sendo arrastado para o sofá da sala. E ali mesmo na sala, naquele mesmo dia, sem quaisquer preliminares, transamos pela segunda vez.

Ofegantes deitamos no sofá tentando recuperar o folego e dizer alguma coisa. Carlos mantinha a cabeça sobre meu peito, com os braços envoltos em mim, eu, por outro lado, afagava seus cabelos negros e lisos pensando no quão fraco havia sido. Mesmo repetindo o que havia acabado de acontecer, não poderia mais ficar naquela casa. Eu não entendi o motivo que Carlos e Maciel tinham brigado e enquanto não compreendesse o mínimo, não teria como continuar algo que mal havia começado. Quando passei a mão pelas costas do meu professor e olhei para ele, percebi algo novo para mim.

- Não sabia que você tinha tatuagens. – irrompi o silencio.

- Tenho três. – ele apoiou o queixo no meu peito e me olhou nos olhos.

- O que tem escrito nesse? – perguntei alisando suas costelas próximo ao peito onde havia uma frase.

- “I believe in angels”.

- E o que quer dizer?

- “Eu acredito em anjos” – falou como se não fosse obvio.

- Eu sei. – ri. – perguntei o que significa para você.

- Ah... É um trecho de uma música que amo muito: “I have a dream”, ABBA.

- Hum... E onde são as outras duas tatuagens que eu não vi?

- No tornozelo: o símbolo das relíquias da morte. E abaixo do braço: uma coruja.

- Serio? Por que nunca vi? – perguntei surpreso.

- Eu escondo com maquiagem.

- Ah, entendi... O mais estranho de tudo isso é você gostar de Harry Potter. – gargalhei.

- Eu era um adolescente quando fiz e era fã, ok?

- Não é mais? Arrepende-se de ter feito?

- Claro que não. Sou um Potterish – gargalhei novamente. – Para com isso. – falou serio e sem paciência.

- Um cara... de 28 anos..., professor... universitário fã... de Harry Potter... – eu mal consegui pronunciar a frase de tanto rir.

- E um cara de 20 anos com uma cabeça de uma criança de dois. Estamos quites. – falou levantando-se.

- Desculpa. – falei após me recuperar.

- Vou tomar um banho. – apenas concordei com a cabeça e apreciei aquele homem nu indo em direção ao corredor rebolando moderadamente aquela bunda grande, lisa e empinada.

A chuva ainda caía lá fora quando fui para o banheiro social também me limpar. Fiz vagarosamente, pois não sabia como iria dizer ao Carlos que mesmo depois do que aconteceu, eu não permaneceria em sua casa. Não tinha mais como eu continuar ali. Saí do banho e fui para o quarto, onde estava a mala com minhas roupas. Vesti algo confortável novamente e fui até a cozinha, onde meu professor estava. Ele vestia apenas uma cueca, o que me deixou hipnotizado com aquela visão de suas costas musculosas.

- Aconteceu tanta coisa, que até esqueci a comida que comprei para nós. – Falou quando me sentei na bancada olhando-o. – Vou esquentar aqui e te sirvo, ok?

- Tudo bem. – falei balançando a cabeça desprendendo-me daquela visão. – Carlos... – comecei.

- Oi? – falou virando-se para mim.

- Eu ainda quero ir embora. – disse timidamente.

- Tudo bem. Como disse, se é o que você quer, vou respeitar. Apenas ouve os meus conselhos, ok?

- Ok. Ficarei na casa da Cris e só volta para a faculdade na segunda. Tudo bem?

- Tudo. – ele veio em minha direção e, do outro lado da bancada, inclinou-se para mim. – E tem mais alguma coisa? – perguntou me olhando intensamente e com um sorriso nos lábios.

- Ainda continuo achando um erro.

- Quem se importa? – falou por fim guiando-me para um beijo calmo e carinhoso, como sempre fazia.

Depois de comermos o lanche que meu professor havia comprado, pegamos minhas coisas e, após ele se vestir respeitosamente para andar nos corredores do edifício, fomos até a casa da minha amiga, onde eu ficaria hospedado. Sua casa, do mesmo tamanho da minha, era, como ela, descontraído, não havia sofá, poltrona ou cadeira na sala, apenas grandes almofadas espalhadas pela extensão do ambiente; uma televisão mediana acoplada na parede e caixas de som espalhadas pelo chão. Em três prateleiras na parede com livros, DVD’s e DC’s, respectivamente cada.

Cristal ainda mantinha o mesmo humor estranho que a encontramos mais cedo, porém nos recebeu educadamente, me conduzindo até seu quarto para deixar minhas coisas. Eu dormiria na sala em um colchão que peguei no meu apartamento quando fui deixar algumas coisas. Depois de Carlos ir embora, logo depois de me instalar devidamente, fui para cozinha onde se encontrava a portuguesa. A chuva agora caía mais forte como previ.

- Então, vai me contar o que aconteceu? – perguntei.

- Não é nada, Bruno.

- Claro que não é nada. Olha sua cara.

- Como você está se sentindo? – tentou mudar de assunto.

- Você não me respondeu. – insisti.

- Não quero falar sobre isso, entenda.

- Não, não entendo. Não vou aguentar ficar aqui vendo você com essa cara de quem comeu e não gostou. – ficamos em silencio até que insisti novamente. – Tem a ver comigo e o Carlos?

- Claro que não.

- O que é então?

- Quer saber? Fica aí tentando adivinhar, vou para meu quarto dormir.

- Dormir? Ainda são 19 horas... – falei praticamente só.

Era incrível como em três meses minha vida havia mudado tanto. Eu levava uma vida tranquila, estudava e trabalhava. Aí apareceram Fernando e Alice que movimentou minha vida de uma maneira inimaginável, levando-me a brigar com minha melhor amiga. Tudo, aparentemente resolvido, venho para Portugal com meu professor a fim de estudar. Descubro que Fernando entrou cada vez mais no mundo das drogas, um amigo de infância morre deixando uma herança que ninguém sabe de onde veio em meu nome porque me amava, me envolvo com meu professor, minha melhor amiga tornou-se a outra de um relacionamento, as amizades que fez em Lisboa passam por crise e eu não osso fazer nada, porque aparentemente não confiam em mim e por fim, para melhorar, tudo isso me torna dependente de remédios para pressão.

Lembrando-me dos meus deixados no Brasil, decido ligar para Beatriz, que segundo Carlos, havia ficado muito preocupada como minha situação de saúde. Após contar sobre minha melhora de saúde, da briga com o Carlos, deixando os detalhes da reconciliação sob o tapete, tentei mais uma vez:

- Como estão às coisas por aí? – iniciei.

- Estão bem. Nada de novo...

- E você André, como estão?

- Vai começar de novo? – bufou.

- Calma. Só estou perguntando como vocês estão.

- Ainda não conseguiu terminar o namoro dele?

- Não. Tá feliz?

- Eu estou. E você?

- Bruno... – sua voz tremeu.

- Beatriz? Tá tudo bem?

- Não... – minha amiga começou a chorar.

- Eu devia ter te ouvido... Você e o Lipe tinham razão... Ele não vai terminar.

- Bia...

- Não! Vocês estavam certos. – ele enxugou as lagrimas antes de continuar. – Não vou ficar nessa situação. Eu deveria contar tudo para a namorada dele, mas não farei isso. Vou esnoba-lo e encontrar alguém que me queira.

- Talvez você já tenha encontrado, só não o viu. – falei olhando em seus olhos.

-Do que você está falando?

- Que você não precisa viver procurando alguém para poder ser feliz.

- Não me venha com filosofias, Bruno Bernart. – rimos.

- Olha a sua volta, Bia.

- O que têm? – ela olhou para os lados como eu falei.

- Falei no sentido metafórico. – falei irritado. – Você está tão preocupada em ser feliz com um “amor” – fiz aspas com a mão. – que não viu que já tem quem te ame: Sua mãe, eu, FELIPE. – dei ênfase. – Aproveite a vida.

- Você fala isso porque tem o Professor Carlos.

- Mas eu não estava procurando. Simplesmente aconteceu.

- Com André também...

- Serei direto: Você sente algo pelo Felipe?

- O quê? – gritou.

- Para de escândalo.

- Claro que não. Ele é apenas meu amigo. Nosso amigo.

- Com certeza ele é meu amigo, porque acredite, ele não curte a fruta.

- Você já tentou algo com ele? – perguntou assustada.

- Sim, eu o beijei. Achei que você soubesse. – falei tranquilo.

- Não! – falou mais assustada ainda, mas logo caiu na gargalhada. – Vou zoar muito com ele.

- Deixa de ser palhaça e me responda. – ela ficou seria.

- Ele é meu amigo, Bruno.

- Esse argumento não cola. O Carlos é meu professor. – falei simplesmente. – Além do mais, o Felipe é muito bonito, carinhoso, te entende, sempre está com você e vocês são quase da mesma altura. – ri da ultima parte.

- Ele falou que gosta de mim, é isso?

- Não... Eu que estou supondo.

- Todo penso é torto.

- Ah, mas eu sei que você iria adorar ver o torto dele. – gargalhei.

- Bruno? O que fizeram com você? A mente suja do grupo é o Lipe.

- Convivi muito tempo com ele. – falei controlando minha risada.

- Ok, então. Quer dizer que não foi só um beijo. Você chegou a ver o “torto” dele; - falou fazendo aspas e eu gargalhei novamente.

- Claro que não.

- Bruno, sinceramente? Acho que essa viagem está te fazendo mal. Você era calmo, calado e observador. Agora olha isso! É um pervertido. Só pode ter dedo daquele vidro, não é?

- Não fala assim da Cristal.

- De mim? Ela está falando mal de mim? – tomei um susto com a Cristal atrás de mim.

- Não! Mal não. – tentei.

- O que você estava falando de mim, sua lata de tinta preta?

- Como é? Você percebe que está sendo preconceituosa para comigo? Eu posso te processar, garota.

- Você começou a falar de mim. E eu nem sei quem é você.

- Tão pouco sei quem é você. Apenas te chamei de Vidro, e isso não é nada demais para me tratar com falta de respeito e descriminação por minha tonalidade de pele. Sou negra com orgulho! Afro-brasileira com prazer. – Bia gritava com Cris.

- Olha...

- Parem! – falei. – Vocês estão passando dos limites.

- Ela está mesmo. – disse Beatriz apontando para a tela do computador em minha direção.

- Foi só um mal entendido. – tentei.

- Então explique. – pediu Cris.

- Ela confundiu seu nome. Trocou Cristal com Vidro.

- Foda-se. – Disse Cris se retirando.

- Por isso não gosto dela, não tem senso de humor – cochichou Beatriz para mim.

- Senso de humor? – perguntei irônico.

Depois do desentendimento conversei com minha amiga sobre as coisas da faculdade, minha antiga residência, que ainda era dividida pelos três rapazes: Zé Carlos, Pedro e Guilherme; e Felipe, que andava cada vez mais na casa de Bia – que ao saber, zombei e incentivei meu pensamento. Sobre Alice e Fernando, ao que perguntei, Beatriz fez questão de não me contar. Se antes não fazia, depois da simples queda de pressão, que descobriu o motivo por Carlos, não me falaria.

Quando me despedi de Beatriz, já passava das 21 horas em Lisboa e, consequentemente, madrugada no Brasil. Por isso, preferi não ligar para meus pais, por mais que minha curiosidade fosse enorme para saber se, em dois dias, já havia acontecido alguma coisa. Contudo, meu melhor amigo ainda estava online e não hesitei em chama-lo.

- Fala meu bom. – disse a me ver.

- Cara a cada dia que passa, seu linguajar piora. – rimos.

- Cala a boca e me fala: como você está?

- Eu estou ótimo. E você? – ele me analisou um instante antes de me responder.

- Estou bem. – sorri largamente. – O que foi?

- Você parece mais que bem... Parece feliz.

- Isso porque eu estou. – sorriu também.

- Isso tem a ver com o fato de Bia ter terminado com o André?

- Ela te contou, é?

- Acabei de falar com ela...

- Que bom... Ela não me contou nada, eu quem descobri.

- Como? – franzi o cenho.

- Ela estava abatida desde o inicio da semana e nunca me dizia o porquê. Aí quando eu ameacei ir falar com o André, ela contou.

- Ela estava com medo que jogássemos na cara dela que a avisamos.

- Eu nunca faria isso com ela. – disse serio.

- Eu sei, eu também não. Mesmo ela tendo feito isso comigo várias vezes.

- Mas eu fico feliz por ela finalmente ter abrido os olhos e ver o canalha que ele é.

- Também fico. – o sorriso voltou ao meu rosto.

- Que cara é essa, Bruno? – Afinou os olhos.

- A minha. – ri.

- Eu te conheço. O que você fez? O que aprontou? – mordi os lábios e ele falou. – Já sei. Deu para o professor Carlos, não foi? – gargalhou.

- Até que eu estava com saudade da sua mente suja. Mas não tem nada a ver com isso.

- Peraí, deixe-me analisar suas palavras... “Não tem nada a ver com isso”... Caraí! – exclamou. – Você deu para ele. – gargalhou – Agora fala, o que mais te deixa tão entusiasmado? – perguntou eufórico enquanto eu negava com a cabeça serio.

- Primeiro: não dei para ninguém...

- Você comeu ele? Porra! Eu jurava que você era passiva... – fiquei boquiaberto.

- Cala a boca, idiota! Não estou aqui para falar da minha vida intima.

- Mas eu estou.

- Achei que fosse hétero, garanhão.

- E sou, mas não quer dizer que não posso saber. Anda, conta.

- Não. – falei exasperado.

- Além de gay...

- Bi! – Lembrei. Felipe me lançou um olhar de censura e continuou.

- Além de Bi – ironizou. – é fresca.

- Foda-se, Felipe. Não estou aqui para falar sobre isso.

- Então fala logo o que é.

- Sobre a Bia... e sobre... Você. – ri maliciosamente.

- Eu? O que tem eu?

- É você quem vai me contar. – fiz bico e ri.

- Fala logo, Maria do Bairro.

- Ok. O que você sente pela Bia? – falei sem mais delongas.

- Quê? – bufei com sua cara de desentendido.

- Não vou repetir a perguntar. Fala logo. – disse sem paciência.

- Não sinto nada. Somos amig...

- Esse papo de novo não. – o cortei.

- Você tá vendo cabelo em ovo. – desviou o olhar.

- Jura? – falei incrédulo. – É só olhar a sua cara, Felipe. Você estava desconcertado com Bia saindo com André, e nem vem dizer que é porque ele estava a usando.

- Não fala que ele estava sendo usada.

- Viu só? Sou tão amigo dela “quanto você”. – fiz aspa. – e nem de mim você aceita uma verdade como essa.

- Ela é minha amiga e não quero que falem mal dela.

- Ela também é minha amiga. Igual você é meu. E por isso sei que gosta dela. Admita!

- Meu sentimento por ela é de amizade. De irmãos.

- Cuidado que incesto é pecado.

- Não sinto nada por ela. – desviou novamente o olhar.

- Até quando vai continuar me negando? Ou também se recusa a aceitar/

- Mesmo que eu gostasse dala, Bia nunca iria me querer. Pelo contrario já teríamos algo há tempos. Não sou seu tipo. – falou tímido.

- Você já tentou algo com ela? – negou com a cabeça. – Então como vai saber que ela não te quer? Você sabe que mulher espera uma atitude do homem.

- O que quer dizer com isso?

- Não fui caro? Você tem que chegar nela, não o contrario. Eu sei que é um discurso preconceituoso, mas é como elas pensam. Ou a maioria.

- Não sei como fazer isso... – falou tímido.

- Ah, não Felipe. Vai dizer que nunca ficou com alguém?

- Não... sou muito tímido para isso... – falou baixo.

- Você é virgem? – perguntei pasmado.

- Sou, feliz? – segurei o riso.

- Então sua mente suja é secura! Cara, você poderia ter procurado uma prostituta pelo menos.

- Cala a boca.

- Felipe... – segurar o riso estava sendo uma tortura para mim. Por isso, respirei fundo antes de continuar – Eu já faria isso, mas agora é uma missão minha. Eu vou te ajudar com Bia.

- Vai fazer isso para que eu possa transar com ele? – perguntou exaltado.

- Claro que não. Não faria isso com minha amiga. Vou te ajudar, porque sei que gosta dela. E sinceramente, você precisa de ajuda com seu negocio torto. – lembrei de mais cedo e gargalhei.

- Negocio torto? Ele não é torto! Você andava me vendo pelado?

- Não... – eu não me controlava. – é coisa minha e de Bia...

- Você anda falando do meu pau? Com a Bia?

- Para... – eu ria sem parar. – tá me dando... uma... dor... – eu tentava me acalmar segurando minhas costelas que doíam.

- Depois eu que sou o pervertido.

- Cara, que realmente que ele não seja torto, - falei quando me controlei mais. – porque se ele for como você, pequeno, sendo torto, ela não vai querer. – gargalhei novamente.

- Você não era assim. Cadê o Bruno calado e calmo e observador? – vendo que eu não parava continuou – Adeus, Bruno.

Falando isso desligou a câmera e eu continuei a gargalhar. Quando finalmente quando me controlei assimilei s suas ultimas palavras: eu mudei.

- O que eu estou e tornando!? – pensei em voz alta.

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Tenho que dizer: Ri muito ao escrever o fim do capítulo,de verdade.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Niss em 2015-05-15 00:11:01
Nossa kkkk realmente ele mudou kkkk. é isso aí Drex adorei esse capitulo, foi o mais engraçado... hahah bjs
Por Cass em 2015-05-14 18:44:40
Gostei muito do episódio! Também ri muito ao ler o final haha
Por CarolSilva em 2015-05-14 15:41:46
Ficou legal. risos