Capítulo XI

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Desculpa pela demora, mas minha vida estás sendo muito corrida nos últimos dias. Por esse motivo, começarei a postar os capítulos duas vezes por semana: Segunda e Sexta. Mas será temporário. Enfim...

Boa leitura e não deixem de Comentar!

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Mal podia acreditar que hoje seria minha primeira aula como professor de língua francesa. A viagem para Portugal foi maravilhosa. Meus pais choraram muito, não sei quem estava mais emotivo com a minha despedida, meu pai ou minha mãe. Felipe, Bia e Guilherme também acompanharam a mim e ao Professor Carlos até o aeroporto. Minha amiga não soltou meu braço até a hora do embarque, me abraçando com meus pais a todo instante. Já meus amigos eram mais retraídos, para não dizer machistas, e só me deram um abraço na hora do embarque.

Logo nos primeiros dias no país, Carlos me levou para conhecer vários lugares pela cidade de Lisboa. Conhecemos a Torre de Belém, A Igreja de São Roque - mesmo que meu ‘guia’ fosse ateu, a igreja era um lindo patrimônio histórico, e como tal, ele fez questão de me apresentar-, fomos ao museu Nacional de Arte Antiga, o Terreiro do Paço, entre outras atrações. Também tive o prazer de conhecer o Fado, um estilo de música portuguesa, elevado à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Na ocasião, fomos a um show maravilhoso com um casal, Maciel e Rafael, e Stefani, todos amigos portugueses do Professor Carlos. Apaixonei-me de cara com o estilo musical, foi fabuloso ver como a cantora alcançava altas notas sem muito esforço. O Fado é sem duvida inigualável.

Os amigos do meu professor, que também são pesquisadores da mesma instituição que frequentaremos, são pessoas maravilhosas, e me recepcionaram, tanto no aeroporto quanto nas outras vezes que nos vimos ou saímos juntos, muito bem. São super educados e simpáticos, sempre me explicando gírias e normas da língua que são costume em Portugal e, absolutamente, distinto do português falado no Brasil. Eu não me acostumei, afinal estou aqui apenas a uma semana, e acho que não me acostumarei com a forma com eles falam aqui, chego a rir às vezes.

Houve um momento que tive vontade de bater em um cara por chamar uma garota de “Rapariga”. Não o fiz, pois Carlos, ao perceber meu desconforto, alertou-me que é comum por aqui, e que significa “moça”. Palavras como “Gajo”, “Paneleiro”, “Bengaleira”, ou expressões como, “chapéu-de-chuva”, “calça de canga” e outras, me fazer perder o chão. Não entendo nem pelo contexto em que se fala, muitas vezes.

Também passei constrangimento na primeira vez que sai com Maciel, Rafael e Stefani. Na ocasião, a mulher disse se sentir só e, em outras palavras, estar segurando vela saindo com dois casais: Rafael e Maciel e EU e CARLOS. Ao perceber o que ela havia dito – estávamos em um restaurante jantando – engasguei-me. Todos só faziam rir da minha situação, Carlos, por sua vez, nem se se preocupou em negar a afirmação, o que acabei fazendo ao me recompor. Ela, não acreditou muito.

Minha turma, a qual eu daria aulas, teria 25 alunos, ou clientes, como dizem aqui em Portugal. Haverá dois brasileiros, dois mexicanos, três italianos, três cabo-verdiano, um francês – que não entendi porque está num curso de francês, quando já se sabe falar fluente -, cinco americanos, dois portugueses, três alemães e quatro ingleses, todos falantes de língua portuguesa, pois descobri ser um requisito obrigatório para o intercambio.

Cheguei a sala, meramente atrasado, e todos já se faziam presentes.

- Boa tarde – falei depois de organizar meu material e violão a mesa. Todos responderam em unissonoro. – Acredito que todos aqui presentes estejam matriculados no curso de francês, correto? – perguntei e confirmaram com a cabeça. – Para quem ainda não percebeu, eu serei o professor – tentei falar descontraído. – Meu nome é Bruno Bernart, mas acredito que já saibam. Sou brasileiro, como alguns de vocês, como descobri. Penso que estejam se perguntando o porquê de um brasileiro dar aulas de francês. – falei escorado na mesa e falando tudo em português. – A resposta é simples: Minha família materna é francesa, e por esse motivo, fizeram questão que eu aprendesse a falar a língua materna de minha linhagem. – fui fazendo minha apresentação.

Uma coisa engraçada que aconteceu quando cheguei a Portugal, foi que no dia seguinte a minha chegada, eu estava tocando violão em meu apartamento quando o Professor Carlos bateu a minha porta – moro no terceiro antar, ou piso, ele no quinto, mas nunca o visitei – e após entrar, percebeu que eu estava tocando meu instrumento musical. Logo pediu que eu tocasse novamente, e ao contrario do que normalmente acontecia com outras pessoas, me senti confiante para fazê-lo em sua presença. Toquei três músicas e acabei descobrindo uma voz bastante afinada do meu professor, e me espantei ao descobrir que ele tocava flauta vertical.

Após esse acontecimento, perdi, por algum motivo desconhecido, o medo, ou algum sentimento parecido, de tocar na frente de outras pessoas, e por esse motivo, decidi trazê-lo para minha aula inaugural, a fim de conhecer um pouco da cultura dos meus alunos e apresentar a minha.

- Alguém aqui, além dos brasileiros, conhece alguma música brasileira? – perguntei pegando o violão.

- Eu conheço. – falou um garoto gordinho com um sotaque. Imaginei ser um americano.

- Qual? – perguntei.

- Garota de Ipanema. – respondeu.

- Claro. Grade sucesso. Alguém mais a conhece? – negaram – Gostariam que eu a tocasse? – afirmaram e fiz o que eles pediram, toquei e cantei a música, olhando a cifra em meu computador. – Bom, vocês já me conhecem um pouco, conhecem uma música do meu país. – falei ao terminar de cantar. – Agora eu gostaria que fizessem o mesmo. Se apresente e, se quiserem, cantem uma música de seu país. Eu acompanho no violão.

Foi demais. A aula foi uma baderna, rimos, cantamos, conhecemos um pouquinho dos alunos e de suas muitas culturas. Percebi o quão talentosos eram muitos dos presentes, outros nem tanto, o que causava riso na sala. Escutamos cantores como Adele, Amy Winehouse, Cesária Évora, Carla Bruni, Mariza – cantora portuguesa de Fado -, Maná, Laura Pausini e outros. Muitos dos quais eu não conhecia, mas que me encantaram com suas melodias.

Nas semanas seguintes de aula, sempre levava o violão para cantar músicas francesas, pois deixava as aulas mais lúdicas. Apresentei cantores como Edith Piaf – que aprendi a aprecia-la graças a minha vó Edith, que me presenteou com o violão para que eu tocasse as músicas de sua cantora preferida. Também toquei Carla Bruni, Jacque Brel, entre outros populares franceses.

Passei a dar minhas aulas totalmente em francês, o que não agradou a muitos, pois era difícil entender o que eu dizia, mesmo que eu tentasse falar o mais calmo e devagar possível para que entendessem. Mas não adiantou muito, pois eles realmente não compreendiam o idioma. Contudo, isso foi diminuído ao que passavam as aulas. Com um mês, eles não me perguntavam tanto o que eu falava, pois já tinham um pequeno léxico e eu cobrava que praticassem.

Nesse mês, a pesquisa com professor Carlos já me arrancavam os cabelos. A cada dia eu recebi mais livros e apostilas para ler, resumir, fichar. Escrevia artigos, reescrevia e refazia. Tinha que conciliar meu tempo entre dar aulas, corrigir os trabalhos dos meus alunos, ler e fazer os trabalhos exigidos pelo meu orientador e conseguir tempo de falar com meus pais, Beatriz e, com pouca frequência, Felipe. Guilherme também falava comigo às vezes, mas nunca por câmera, como fazia com os outros. Era ele quem me dava noticias da universidade, da casa onde morei em São Paulo e Alice.

Meu problema com Fernando, desde a nossa ultima conversa, só me causava insônia. Não aguentei e, após 15 dias em Lisboa, depois de falar com Felipe e Beatriz e descobrir que ele não ia mais as aulas da faculdade, que estava mais aéreo, consequência das drogas, e desleixado, tomei coragem e contatei sua irmã. Andrea, ao descobrir por mim o motivo do irmão estar acabando com a própria vida, providenciou um acompanhamento com um psicólogo, me deu um sermão que não pude deixar de concordar e, antes de desligar na minha cara, pois falávamos por webcam, ordenou que nunca mais entrasse em contato com Fernando, pois eu já havia o feito sofrer demais. Assim o fiz.

Aos finais de semana, depois de fazer amizade com Cristal, uma portuguesa branquinha de cabelos negros, lisos e curtos – cerca de cinco cm de cumprimento-, olhos cor de mel e baixinha, saíamos sempre para um barzinho perto do nosso prédio – ela era minha vizinha, morava de frente comigo. Ou saia com Carlos e seus amigos.

Hoje, eu Carlos e Cristal, iríamos para um showzinho cultural que aconteceria a noite na faculdade, e como de costume, acordei logo cedo para ir tomar nosso café da manhã na cafeteria ao lado do meu prédio com meu professor. Já era habitual espera-lo para irmos juntos todo final de semana.

- Bom dia, Carlos. – disse abrindo aporta após ele tocar a campainha.

- Bom dia. Vamos? – Concordei com a cabeça, fechei a porta e seguimos para o elevador.

- Bruno! – ouvi alguém me chamar. Era a Cristal.

- Olá, Cris. – era assim que eu a chamava.

- Vai à cafeteria? – perguntou.

- Vou. Também está indo? – perguntei.

- Não, vou ao mercado. – falou se aproximando. – Vou descer com vocês, tudo bem? – concordamos com a cabeça.

- Tudo bom, Cristal? – perguntou Carlos.

- Tudo... Tudo em pé para hoje à noite? – quis saber.

- Agora que você perguntou, eu nã... – ela me interrompeu.

- Cala a boca, perguntei ao Carlos. – Era incrível como ela se parecia com Beatriz.

- Tudo sim. – respondeu rindo.

- Ótimo. Convidei um amigo meu, para eu não segurar vela só. – corei.

- Não entendi. – tentei disfarça, mas os dois entraram rindo no elevador.

Não tocamos mais no assunto dentro do elevador, apenas combinamos que iriamos todos, com exceção desse amigo dela, no carro do professor. Como de costume, na cafeteria, fizemos nossos pedidos e ficamos conversando para passar o tempo.

- Já leu a ultima apostila que te mandei? – perguntou Carlos.

- Já, mas fiquei com alguns duvidas sobre alguns aspectos.

- Ok. Segunda nós nos reunimos para tira-las.

- O senhor corrigiu o artigo que te mandei?

- Dei uma rápida olhada, não fiz nenhum comentário ainda, mas logo o farei. Até sexta te dou um retorno, mas está quase bom. Tanto que vamos submetê-lo para o congresso na França.

- Como? – perguntei assustado. Meus olhos quase saíram do crânio.

- Não achou que apenas escreveríamos artigos, achou? O congresso acontecerá em agosto, tenha calma. – ele falou a ultima parte passando um guardanapo no canto da minha pouca, me deixando um pouco corado. – Estava sujo. – se justificou e se afastou sorrindo meigamente.

- Obrigado.

Continuamos discutindo a respeito do artigo que eu estava escrevendo e que ele, como professor-orientador, me fez aceitar calado que apresentaria no Congresso que aconteceria na França. Não demorou muito e logo voltamos para casa, que ao entrar em meu apartamento, encontro Elizath, a mensalista contratada por Carlos para arrumar o apartamento dele e meu, pois como minha rotina é corrida, não teria tempo de arrumar minha casa. Não gostei muito da ideia de Carlos pagar uma mensalista para mim, mas após muita insistência, acabei por aceitar. Eu estava ficando surpreendentemente dependente de Carlos.

- Olá, Beth. – falei ao chegar à cozinha onde ela varria o chão.

- Bom dia, senhor Bernart. – por mais que eu pedisse, ela nunca parava de me chamar formalmente pelo meu sobrenome. – Olha, sinceramente, não sei porque vocês não se juntam de vez, só servem para me dar trabalho. – falou ela.

- Desculpa? –perguntei confuso.

- O Senhor e o Senhor Xavier. Não sei porque essa frescura de morarem separados, vivem juntos mesmo.

- Concordo, Elizabeth. – falou Cristal.

- Como você entrou aqui? – perguntei confuso.

- Esse não é o assunto.

- Olha só. Vocês parem de achar que eu e o Carlos temos alguma coisa, nossa única relação é de professor. – aluno.

- Uhum. Super normal um professor levar o aluno para jantar quase todas as noites. Super normal um professor tomar café da manhã como aluno todos os dias. Super normal um professor dormir na casa de um aluno, sendo que ele mora dois andares a cima. Super normal um professor limpar o sujinho no canto da boca do aluno em publico. Achou que eu não vi, não foi? – falou rindo quando arregalei os olhos em sua direção. - Quer que eu continue?

- Primeiro: ele é uma das poucas pessoas que eu conheço aqui, ele é meu amigo. E ele só dormiu aqui duas vezes. Uma porque estava um pouco bêbado; e eu dormi no sofá da sala. A outra... – calei.

- A outra? – insistiu Cristal.

- Por que ele pediu. – falei baixo.

- Dormiu na sala de novo? – perguntou rindo, mas não respondi.

– Mas não quer dizer que tenhamos alguma coisa. – só havíamos dormido na mesma cama, porque ele havia insistido, mas não contaria isso para elas.

- Talvez porque o senhor não queira. – falou Beth que fingia estar alheia a conversa enquanto apanhava o lixo.

- Cara, você está a um mês morrendo na mão, dá uma chance para ele. – disse Cristal no meu ouvido.

- Beth, fecha a porta quando sair. Vou para meu quarto estudar. – falei ignorando o ultimo comentário e saindo da cozinha em direção ao meu quarto me trancando lá dentro em seguida.

Deixei Cristal batendo na porta da minha suíte sem dar mais importância para o que ela dizia. Vendo que não abriria, ela desistiu, mas pude ouvir murmúrios na cozinha – que era perto do meu quarto, como tudo era – falando com Elizabeth sobre minha, suposta, relação com o professor Carlos.

Na verdade, nós estávamos mais juntos do que eu imaginava, era perceptível. Eu mesmo já havia pensado que o Carlos sentia algo por mim, o que era reciproco antes mesmo de vir para Portugal. Ele sempre teve aqueles abraços que me deixava atordoado, mas sempre achei que ele fazia aquilo para me constranger. Agora, aqui em Lisboa, ele não dar mais os abraços demorados, mas sim abraços normais. Por outro lago, me beija a bochecha com frequência, segura minha mão em certas ocasiões, além das coisas que a Cristal mencionou.

Mesmo que eu percebesse que houvesse outras intenções, não pensei que estivesse tão visível ao ponto de outras pessoas perceberem. Talvez eu devesse conversar com ele a respeito. Não poderia acontecer nada entre a gente, éramos professor / alunos, orientador / orientando, colegas de trabalho. Estaríamos indo contra o código ético profissional.

Com esses pensamentos, não consegui corrigir nenhum trabalho dos meus alunos ou estudar. Dediquei-me a tocar e pesquisar músicas francesas. Como agora eu praticava o idioma diariamente, comecei a cantar muitas mais músicas na língua. Mas meu samba nunca saia do meu repertorio.

Passei a tarde trancado no quarto tocando e cantando, só saia para comer. Toquei “Paris”, “La vie en Rose” de Edith Piaf, como uma homenagem póstuma a minha Vó Edith, “Cabide”, “Rosas”, interpretadas por Ana Carolina, dentre outras dedicados aos meus pensamentos e as pessoas que neles insistiam em aparecer: Fernando e Carlos.

Eu sentia algo por Carlos, não havia como negar, mas o remorso pelo que fiz a Fernando não saia de minha mente. Eu acabei com toda a esperança dele. A cada noticia que eu recebia dele, era pior que a outra. Até fugir de casa, ele já tinha feito. Roubou de sua irmã para comprar drogas e tudo por minha culpa. Eu, em pouco mais de um mês, havia feito a vida de um garoto ir de mal a pior.

Acabei meus devaneios, quando recebi uma mensagem de Cristal me mandando calar a boca e ir me arrumar, pois estava quase na hora de irmos para a universidade apreciar ao show, que seria de dança. Obedeci e fui tomar banho. Logo depois vesti uma causa jeans preta, uma camisa cola em V branca e um blazer jeans azul claro e calcei um tênis preto. Assim, segui para a casa de Cristal.

- Nossa, tá bonita. – falei quando ela abriu a porta. Ela vestia uma saia longa preta com uma blusa social bege folgada, com a parte da frente ensacada na saia e usava um colar com o símbolo da paz mundial.

- Você também tá lindo. – falou sorrindo.

- Vamos? – perguntei.

- Não vamos com o Carlos?

- Sim, ele mandou uma mensagem avisando que já estava descendo e esperava a gente lá no térreo.

- Ok, já vou volto.

Descemos e encontramos Carlos, como sempre, muito bem vestido: de paletó e grava. Depois de muitos elogios da parte de Cristal – eu ganhei um abraço de cara-, fomos para a universidade. Sentamos em uma mesa razoavelmente próxima ao palco, onde o grupo se apresentaria. Logo, para minha surpresa, a Stefani apareceu e o tal amigo de Cristal, que conheci por Luiz, apareceu também.

Meu professor, imediatamente pediu uma garrafa de vinho, mas eu apenas observava os demais beberem. Passamos a noite assim, até a hora de ir embora, onde aconteceu:

- Eu não vou voltar com vocês. Luiz e Eu vamos para a casa de uma amiga. –disse Cristal.

- Ok. Stefani quer que vá te deixar? – se ofereceu Carlos.

- Não, querido, estou de carro também. – respondeu.

- Ok, então. Vamos Bruno?

- Vamos. – disse. Ficamos calados até entramos no carro, onde decide quebrar o silencio. – A apresentação foi linda, não acha? – perguntei.

- Foi maravilhosa. Esses alunos são talentosos. – sorriu e deu partida no carro – Ainda está cedo, quer ir a um café 24 horas?

- Claro. – concordei.

- Se arrependeu algum momento de ter vindo para Portugal? – perguntou olhando rapidamente para mim.

- Nenhuma. Quer dizer, só quando sinto falta de meus pais ou amigos. Mas em geral, está sendo ótimo. – respondi sorrindo convicto.

- Que bom. Fico mais calma agora.

- Por que? – perguntei estranhando.

- Não sei. Às vezes você parece distante, pensativo, como se não quisesse estar aqui.

- Não é isso, fica tranquilo. – falei tentando manter o mesmo sorriso.

- O que é então?

- Nem eu sei... – ficamos calados até chegarmos à cafeteria, entramos e sentamos de frente um para o outro em uma mesa mais reservada.

- O que os senhores desejam? – perguntou a garçonete assim que sentamos.

- Dois capuchinos? – sugeriu Calos e concordei com a cabeça. – Então quer falar sobre aquele assunto? – perguntou depois que ficamos a sós.

- Melhor não. – falei olhando em direção da garçonete.

- Sabe que pode confiar em mim, não sabe? - falou pegando minha mão que estava sobre a mesa me fazendo olha-la.

- Sei... – respirei fundo e decidi falar. – Olha, não fica com raiva, mas acho... Acho que estamos muito próximo. – falei tirando minha mão.

- Como assim?

- As pessoas estão achando que temos algo. – falei com ruborizado.

- E qual o problema que elas pensem isso?

- Nada, mas não é verdade. Uma coisa dessas pode nos prejudicar. Trabalhamos juntos e sou seu aluno-orientando.

- Dentro da universidade. – olhei em seus olhos.

- Como assim? – arrisquei. Ele levantou-se e sentou-se ao meu lado.

- Você não pode achar que eu te trouxe para Portugal somente por acha você um ótimo aluno. – ele pegou minha mão novamente e alisou. – Eu te falei desde o inicio, que o fato de você ser tão dedicado e falar francês, não eram os únicos motivos para eu te indicar. Poderia ser um aluno falante de qualquer idioma, mas eu optei pelo francês. Por você. Sempre existiu outro motivo, apenas não quis te falar antes.

- Você está querendo dizer que...

- Que eu gosto de você, que eu quis me aproximar e que não suportaria ficar um ano longe de você. – eu mantinha meus olhos fixos no dele.

- Carlos, eu...

- Não se preocupe. – falou alisando meu rosto. – Não vou cobrar e nem fazer nada que não queira. – e começou se aproximar e, por instinto, fechei meus olhos e senti seus lábios vagarosamente tocar os meus. Mas logo me afastei.

- Desculpa. – falei desviando o olhar.

- Ok. Podemos fingir que isso nunca aconteceu se quiser. – falou voltando para o seu lugar. Logo a garçonete trouxe nossos pedidos. – Acho que estou ficando um pouco gordo e sedentário. – falou rindo, na tentativa de amenizar o clima que se formou, apenas ri de lado. – Acho que vou entrar na academia, o que acha Bruno?

- Acho que também preciso. – tentei relaxar.

- Você está bem... Melhor do que eu...

Depois do rápido beijo, por mais que tentássemos muda-lo, o clima continuou. Logo decidimos ir embora. No caminho quase não trocamos palavras, eu estava inerte em meus pensamentos e imaginei que Carlos também se preocupava como seria nosso convivo depois do ocorrido.

Chegamos ao prédio, sem muito a dizer, se não um “boa noite” e “até mais”, seguimos cada qual para seu apartamento, onde desde a despedida, banho e deitar na cama, apenas uma coisa vinha minha mente: o beijo. Era mais que obvio que eu havia gostado, eu espera aquele beijo desde que o Carlos ministrou aula de Filosofia na minha turma no Brasil. À questão era: Se eu queria, se Carlos queria, por que não seguir em frente?

Aqueles lábios vermelhos, aqueles olhos negros me hipnotizavam. Eu gostava daquele cara mais do que gostei de Alice, ou da minha ex-namorada, ou gostaria de gostar do Fernando. Carlos não tinha defeito – se não o fato de que era fumante. Aquela voz grave, aquela barba... Tudo nele me chamava atenção. Mas eu não podia ceder a essa atração. Além do profissional, tínhamos a diferencia de idade... A quem eu queria enganar? Nunca me importei com isso...

Fui despertado dos meus pensamentos com o som da campainha tocando. Vesti um robe azul marinho– que ganhei da Stefani quando cheguei – e fui ver quem batia a minha porta de madrugada. Qual não foi meu susto ao ver Carlos também de robe - vermelho.

- Carlos? Aconteceu alguma coisa? – perguntei assustado.

- Sim. Podemos conversar? – me alarmei.

- Claro, entre. O que houve? – perguntei visivelmente preocupado.

- Vou ser direto: - falou sentando-se no sofá - sobre o que aconteceu na cafeteria, não vou conseguir esquecer. – paralisei em pé, minha respiração acelerou, senti meu sangue parando de correr. - Por favor, diga alguma coisa. – Ele falou depois de minutos de silencio, levantando-se e veio em minha direção.

- Eu... Eu não sei... Carlos... Eu...

- Você sente algo por mim? – arregalei os olhos com a pergunta. Foi inesperada.

- Carlos... Eu...

- Eu sei que estou pressionando. Mas eu preciso ouvir qualquer coisa vinda de você – ele estava tão nervoso quanto eu.

- Acho que sim... – foi tudo que consegui falar, não iria dizer tudo que sentia. Ficamos nos encarando serio por alguns segundos, até ele sorrir e falar.

- Isso me alivia tanto. – ele sorriu passando as mãos no cabelo e sentando novamente. Eu continuei estático em pé olhando para ele. O que posso dizer, é que o clima ficou muito estranho. Eu queria que ele fosse embora, não sabia com qual cara olharia para ele na segunda – isso se não nos encontrássemos no domingo.

- É... Carlos... – sentei na poltrona ao lado do sofá. – Como vai ser agora? – nem eu sabia que tipo de pergunta era essa, nós não tivemos nada.

- Como assim?

- Sei lá... A única coisa que eu sei, é que não podemos fingir que nada foi dito. – eu olhava para a porta, tentando fugir do olhar hipnotizante dele.

- Bruno... – ele tentou sentar comigo na poltrona e segurou meu rosto em direção ao dele. – Você quer tentar algo comigo? – mais uma vez paralisei. De imediato senti meu rosto empalidecer e não consegui assimilar suas palavras, até ele me tocar os lábios novamente.

Dessa vez eu não cedi, deixei ser levado por aqueles lábios que tanto desejei, apenas fechei os olhos e senti o beijo.

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SPOILER:

Matem-me hahahahahaaha Sei que muitos queriam Bruno com Fernando, mas a historia deles ainda não acabou.

Quem desejar conversar comigo sobre a serie ou deixar criticas e comentários privados ou sugestões: j.drex@hotmail.com << Responderei todos os e-mail's nas Quartas-feiras. Abraços.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Niss em 2015-05-07 01:20:14
Muito bom saber que ainda vão ter outros capitulos.. espero ansiosamente pelo proximo... bjs
Por Gee em 2015-05-06 21:35:50
Tenta só nao.demorar,.por favor. estou acompanhando desde do coneço e sempre é uma agonia para o prox. Aguardo ancioso. mt bom :)