Capítulo X

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Vejam bem, foi mais rápido do que eu pensava. Cá já está o novo capítulo.

Espero que gostem. Boa leitura!

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Já na faculdade, pedi uma reunião com minha superior, a bibliotecária. Avisei que iria embora para Portugal estudar. Ela, por outro lado, pareceu já saber da noticia e disse estar muito feliz com a ideia, me dando bastante força. Fui dispensado do meu trabalho para resolver as ultimas pendencias para a viagem. Contudo continuaria a receber até a viagem, quando o novo bolsista assumiria meu lugar. Descobri no horário da tarte, na reunião com o Professor Carlos e o Reitor, que isso era uma iniciativa de Carlos para me ajudar com as despesas.

Passei o resto do mês assim, reuniões, assinatura de documentos, conversas, advertências e adjacentes. Confirmei meu vinculo na nova universidade, meu compromisso na pesquisa e assinei o contrato de Professor de Língua Francesa na universidade para alunos também intercambistas.

Nesses dias, não tive nenhum contato com Fernando, sempre que o via e tentava falar com ele, era ignorado; tentei falar com ele pelo celular, mas não me atendia; também não respondia minhas mensagens. Preferi pensar que queria um tempo para ‘se recuperar’ do ocorrido.

Beatriz me ignorou completamente. A única vez que me dirigiu a palavra foi para deixar claro que não deveria procura-la, que esperasse, pois quando ela quisesse falar comigo, viria até mim. Felipe, como sempre, era responsável por apaziguar as coisas, mas dessa vez ele concordava com ela, pois ele também havia ficado chateado, mas não era tão emotivo ao ponto de dar chilique como a Bia.

Guilherme estava na mesma, conversávamos bastante. Como eu não mais frequentava as aulas, ele me repassava todos os ocorridos, principalmente sobre a Alice, que depois de nossa ultima conversa na praça, não nos falamos mais.

Na ocasião, descobri, ao contrario do que pensei, que ela estava revoltada por eu manter relações com outro homem, o que para ela era inadmissível. Disse não ter preconceito com homossexual, mas não ficaria um que se “converteu”. Expliquei mais uma, inutilmente, que eu era bi, que sentia atração pelos dois gêneros, mas fui retalhado por ela, afirmando que eu apenas não havia me descoberto por completo.

Depois de um discurso completamente preconceituoso da parte dela, fui eu quem quis dar um basta na relação. Mesmo que ela não concordasse, ela estava sendo preconceituosa e intolerante. Não é do meu feitio conviver com pessoas assim, que não aceita a condição dos outros.

Meu único passa tempo nos últimos dias, era meu violão. Sempre que estava em casa só, era com ele que eu afastava as péssimas lembranças da brica com Beatriz e a ausência de Alice e Fernando. Felipe e Guilherme eram quem me faziam companhia de vez em quando e todas as noites minha mãe me ligava. Segundo ela, meu pai ainda não estava conformando com minha viagem.

No jantar que eles fizeram, toda minha família e amigos foram, até mesmo Beatriz, mas não me deu bola, estava só de corpo presente. Foi um choque para meus parentes saberem da minha viagem, pois só souberam no final do churrasco o motivo da comemoração, que era mais uma despedida.

Hoje anoite haveria uma festinha de despedida para mim, organizada por Guilherme e Felipe. E eu teria que convidar Fernando, mesmo depois dos vácuos que recebi nas outras primeiras tentativas.

- Olá, professora André. – perguntei ao chegar a sua casa.

- Olá, Bruno. Que faz aqui?- perguntou surpresa ao me ver.

- Eu gostaria de falar com o Fernando. Ele está?

- Está sim, entre. – falou me dando passagem. – O quarto dele fica subindo a escada, a segunda porta a esquerda.

- Ok, obrigado. – falei subindo.

- E desculpa a indelicadeza. – sorri de como resposta e segui o caminho indicado que eu já conhecia. Bati na porta e entrei sem que ele respondesse.

- Oi, Nando. - falei

- Bruno? Que faz aqui? – perguntou assustado, baixando o livro que lia de lado e sentando-se na cama.

- Vim te ver.

- Hum... – resmungou.

- Olha, sei que ainda está com raiva de mim, mas depois do que aconteceu depois da nossa conversa, achei...

- Foi um adeus. – falou seco.

- Entendi. Bem eu estou indo segunda feira para Portugal.

- É, estou sabendo. – ele não desviava o olhar de mim, como se estivesse me lendo.

- Imagino que o Felipe tenha te convidado para a festa hoje à noite.

- Sim. Mas eu não vou.

- Posso perguntar por que?

- Primeiro, você sabe bem o motivo, depois, não há importância de minha presença. – desviei o olhar rapidamente para a porta, mas logo voltei a olha-lo.

- Você sabe que tem.

- Sim, como um objeto sexual.

- Fernando, já falei que gosto de você. Não na mesma intensidade que você gostaria, mas gosto. Seria importante você lá, eu iria ficar feliz com a sua presença. – sorri.

- Vou pensar no seu caso. Mais alguma coisa?

- Não, era só isso. Espero te ver lá. – levantei-me da poltrona e sai do quarto sem mais nada a dizer.

Após uma breve conversa com a Professora Andrea, que me presenteou com um livro de Psicologia, fui para a casa da Beatriz, não poderia ir embora sem estar de bem com ela. Lá, fui recebido por Marizete, mãe da minha amiga, e fui para seu quarto, a encontrando sentada de costa para aporta mexendo em seu computador na mesinha.

- Oi. – falei tímido a fazendo virar.

- O que faz aqui? – perguntou seca.

- Vim visitar minha melhor amiga. – tentei aliviar a pressão e sentando em sua cama.

- Agora sou sua melhor amiga?

- Você sempre foi, e sabe disso.

- Sei...

- Não sei se você sabe, mas não estou mais com a Alice...

- Lipe me contou. – sua atenção estava em seu computador mais uma vez.

- Também falei toda a verdade para Fernando. Que o enganava e que... – evitei falar da viagem.

- Tô sabendo.

- Hoje é minha festa de despedida.

- Que bom.

- Você vai? – arrisquei.

- Lipe vem me buscar. – ela não olhava para mim.

- Meus pais chegam amanhã, poderíamos fazer um programa, eu, você, Felipe e eles antes de eu viajar segunda de madrugada. O que acha?

- Pode ser. – já era um começo.

- Não vai olhar para mim?

- Estou ocupada.

- Bia... – ela respirou fundo e olhou para mim. – Você me perdoa? – ela ficou calada um instante.

- Só porque você veio aqui. – ela prendia um riso. – E porque vai viajar depois de amanhã. – sorri largamente.

– Você não está mais com raiva de mim. – afirmei e ela rio comigo.

- E eu consigo ficar? – me joguei encima dela abraçando-a. – Tinha que fazer você se arrastar aos meus pés, querido.

- Que cachorra. – riamos felizes por finalmente tudo está bem.

- Com pedigree, meu bem. – se gabou.

Conversamos e rimos contando dos últimos ocorridos por horas, até que bateu a hora de eu ir para casa me arrumar para a noite sair para me despedi dos meus amigos. Iriamos para uma danceteria que priorizava samba.

Em casa, arrumei uma bolsa com roupas para usar no outro dia, levei todas as minhas, muitas, malas que levaria para Portugal para a sala, pois seria na casa de Felipe que passaria meus últimos momentos no Brasil. Dormiria lá e de manhã, iriamos buscar meus pais na rodoviária, pois eles não gostavam de vir no carro deles. Peguei todos os meus livros, violão, objetos pessoais, porta-retratos e adjacentes e levei, também, para a sala.

Tomei meu banho pensando como seria minha nova vida em uma nova terra - era tudo que eu fazia nos últimos tempos. Quando sai, Felipe já guardava minhas coisas no carro, fui para “meu quarto” me trocar, e feito isso sai com um aperto no coração, dando adeus aquela casa que, por mais de dois anos, foi minha residência, onde passei mementos inesquecíveis com pessoas maravilhosas.

A casa estava silenciosa, imaginei que os rapazes já estavam no bar. Segui com Felipe para sua casa, guardamos meus objetos e seguimos para o mesmo destino dos meus ex-companheiros residenciais. Mas não fomos pela casa da Bia, como ela havia me dito.

Havia mais gente do que eu imaginava. Beatriz veio logo ao meu encontro me abraçando, o que deixou Felipe e Guilherme, que estava com Bia, curiosos com a cena, mas não comentamos nada. Vi também que Zé Carlos, a namorada e Pedro já estavam por ali, como previ. Em uma mesa mais reservada, encontrei o Professor Carlos, Andrea, Maria, a bibliotecária, e outros três professores conversando e bebendo discretamente.

Alice, para meu espanto também estava lá, com André, a namorada do mesmo, e seu grupinho de amizades com quem eu já havia me familiarizado. Quase todos da minha turma estavam presentes. Colegas bolsistas da biblioteca e outros setores também, e até conhecidos da vida. Talvez até gente que eu não conhecia.

- Não sabia que tinha tantos amigos. – falei para Felipe, Guilherme e Beatriz.

- Não é todo dia que alguém vai para Portugal. – falou Bia.

- Oi, Bruno, podemos conversar. – Alice apareceu do meu lado nos interrompendo.

- Claro. – nos afastamos um pouco de todos e percebi, curioso e confuso, o olhar atendo do Professor Carlos e de Andrea sobre mim.

- Olha, não queria que viajasse com raiva de mim. – ela começou.

- Eu não estou. Já superei. – falei sorrindo. – Na verdade, não tinha muito que superar e nem porque ficar com raiva de você. – ela pareceu surpresa.

Fui surpreendido com um beijo roubado, mas foi rápido e ficamos nos olhando por um instante, o que fez a entender que eu havia gostado e avançou de novo, mas a parei.

- Achei que não ficasse com bi. – falei irônico.

- Eu não devia ter falado aquelas coisas. Desculpa-me. Eu gosto muito de você Bruno. Me dá mais uma chance. – ela me olhava fixamente nos olhos.

- Eu vou embora.

- Mas não para sempre. Eu te espero Bruno. – e me agarrou de novo, dessa vez tentando um beijo de língua. Fiquei parado de olhos aberto e foi quando percebi a presença de Fernando que nos olhava a certa distancia. Afastei Alice imediatamente.

- Desculpa, não vai rolar Alice.

- Você está com ele, não é? – ela olhou para trás seguindo meu olhar.

- Não. Não que isso te diga respeito, mas estou indo viajar solteiro.

- Você não quer me dizer, mas eu sei. Espero que não se arrependa. – dito isso, ela me deu as costas e saiu do bar indo embora. Saí indo em encontro a Fernando que ainda me olhava de longe com algo nas mãos.

- Você veio. – falei sorrindo.

- Pois é. Mas não vou demorar, apenas vim te trazer isso. – falou me entregando o pacote que trazia.

- O que? – perguntei curioso e apalpando embrulho.

- Uma lembrancinha. Abre. – fiz o que ele mandou e me espantei com o presente.

- Uma luva de couro? – falei sorrindo largamente.

- Eu não sei qual estação está por lá, mas como vai passar um ano, uma hora irá precisar. – sorrio de lado.

- Está na primavera. – ri.

- Espero que faça uma boa viagem.

- Obrigado. – o abracei.

- Eu já estou indo. Boa despedida.

- Fica mais um pedaço. – pedi.

- Já fiz o que vim fazer. Obrigado pelo convite. – roubei-lhe um beijo – Tá louco? – perguntou exasperado me empurrando – E se alguém vê isso?

- Eu não tenho problema com isso. Você tem? Achei que fosse assumido.

- Sou sim. Mas não quero esse tipo de contato com você. Na verdade, vou aproveitar que está indo embora para me distanciar totalmente de você.

– Me odeia tanto assim?

- Não. Gosto demais de você, por isso quero essa distancia. Não vou ficar me torturando com alguém que não corresponde os meus sentimentos. Vou seguir seu conselho, não vou mais ficar esperando um príncipe, vou aproveitar minha vida. Sair para as baladas, transar com quem sentir desejo...

- Não foi isso que falei. – o interrompi.

- Mas é o que farei. – falou com convicção.

- Não faz isso com sua vida, por favor.

- Não se preocupe, “só darei o que eles querem”. – usou minha frase.

- Você não é assim. Você está me assustando falando isso. – uma lagrima desceu pelo meu rosto. – Da ultima vez que você teve uma atitude assim, você estava drog... – Ele não poderia fazer isso. – Fernando, você voltou a usar drogas? – perguntei serio.

- É o que tem ajudado a te esquecer. – ele não desvio o olhar de mim.

- Você me prometeu...

- Você me usou. – me cortou.

- Ouça-me bem. Eu vou para Portugal, estarei muito longe de você, mas não permitirei que acabe com a sua vida. Você terá um mês para se livrar disso. Nem deveria te dar esse tempo, mas darei. Meus amigos ficaram de olho em você, caso não pare de usar essa droga, definitivamente, entrarei em contato com a sua irmã. E saiba que não será difícil, pois tenho o email dela como professora e também posso conseguir com o Professor Carlos o telefone dela. Acredite, estou me segurando para não entrar lá agora e contar tudo a ela, mas não pensarei duas vezes em fazer isso se não parar em um mês.

- Você não pode me ameaçar. Não tem o direito.

- Tenho e farei. Você esta avisado. – falei serio.

- Se já acabou com o seu discurso de bom moço, estou indo embora. Boa viagem. – me deu as costas e foi embora. Fiquei parado um tempo vendo-o ir, até que Bia me chamou.

- Bruno! Vem, vai começar. – estranhei.

- O que vai começar? – perguntei quando nos aproximamos.

- Você verá. – falou sorrindo.

Ela me colocou sentado em uma cadeira no meio do salão, apagaram as luzes e deixaram apenas um foco de luz sobre mim e outro a minha frente com um microfone sendo iluminado. Beatriz foi até o microfone e começou a falar.

- Era para a gente voltar a se falar agora, mas você, como sempre, estragou tudo indo até minha casa. Idiota. – falou rindo.

Ela começou a discursar sobre nossa amizade, o quanto eu faria falta, que não deixaria de manter contato, e que, hay de mim, se o fizesse. Logo depois foi a vez de Felipe, mas esse não falou muito, foi direto e apenas disse que éramos grandes amigos e que, com outras palavras, sentiria saudades. Guilherme e Zé Carlos também falaram, sinalizando o tempo que vivemos juntos, e como todos, que eu faria falta. A professora Andrea discursou em nome de todo o corpo docente, enfatizando meu desempenho acadêmico e que o professor Carlos fez uma ótima aquisição estudantil como orientando. Ele foi o próximo a me homenagear, falou que cuidaria de mim, brincou dizendo que seria um carrasco como orientador, alertou que não me preocupasse, pois quando víssemos, já estaríamos voltando. Por fim, disse que eu poderia contar com ele sempre, pois seria mais que um professor, seria um amigo.

Com tudo, o que mais me surpreendeu foi quando meus pais apareceram, pois eu havia combinado com eles que chegaria no domingo pela manhã. Descobri mais tarde que eles estavam na casa de Beatriz e que tinham combinado tudo na semana anterior que estivemos em minha cidade natal. Minha mãe não conseguiu falar muito, pois logo se emocionou, dando a palavra a meu pai, que me desejou sucesso, felicidades, realizações e tudo de bom que só um pai pode desejar. Também fez aquela serie de recomendações de praxe, que eu certamente ouviria antes do embarque. Concluímos com um abraço apertado entre eu, meu pai e minha mãe.

Repeti o gesto com todos os demais presentes, e o Carlos, como sempre deu aquele relativamente demorado. Ganhei alguns presentes de recordações, como cachecóis, tocas, livros, fotos etc.

A noite foi tranquila, regada de emoções, bebidas, para quem bebia, abraços, afeições. Mas logo me despedi de todos e, eu, Beatriz, meus pais e Felipe, fomos embora.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Olivier em 2015-10-07 22:19:30
Fe esta sofrendo por amor tadinho... Eh tão ruim quando somos usados...
Por Niss em 2015-05-05 01:22:58
OH meldelz... Li todos os capitulos hoje... adorei, esperava que o Fernando fosse fazer alguma surpresa pro Bruno nessas homenagens.. espero que eles fiquem juntos.... Quero mais capitulos viu... Espero ansiosamente... bjs