Capítulo VI

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série O destino de Bruno

Falei que não postaria nos finais de semana, mas estou mais ansioso para escrever que tudo no mundo. Fico feliz que estejam gostando, aparentemente.

Ah! Não que alguém tenha falado, mas estou me esforçando para deixar os capítulos maiores, até eu acho eles pequenos. hahaha

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Sai desnorteado da casa do Fernando. Não poderia acreditar que ele foi capaz de tal cafajestagem. Até que sentia atração por ele. Ele era legal, engraçado, divertido. Mas era de se esperar, afinal a primeiro momento ele era mais tímido que qualquer pessoa que já conheci, depois super simpático, oferecendo carona, tentando aproximação com meus amigos e comigo.

Agora não passava de um safado que acredita que toda comunidade LGBTTT(Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis, Transexuais e Transgêneros)é promiscua. Que só se interessam em sexo e que só em ver um pênis ereto em sua frente, que já vai se ajoelhar ou ficar de quatro.

Posso até me arrepender depois por não ter ao menos reparado no tamanho dele, mas não daria o gostinho da vitória. Agora, nem se ele se rastejar aos meus pés.

Não tinha mais saco para festejar, por isso decidi pegar um ônibus e ir direto para casa, tomar um bom banho, comer algo e tocar meu violão. Essa era a única coisa que me acalmava. Aprendi a tocar com meu avô paterno, Seu Jandir. Enquanto ele tocava seu cavaquinho, eu acompanhava-o com meu violão, presente da vó Edith, mãe da minha mãe. Ela trouxe meu violão na ultima vez que veio ao Brasil. Viveu seus últimos dias na França, sua terra natal.

Já estava na esquina de casa, quando meu celular começou a tocar. Sai tão aéreo, que me esqueci de avisar para meus amigos que não voltaria mais para a colorada. Era a Beatriz ligando.

- Bruno? O que aconteceu? Onde você está? – perguntou preocupada.

- Oi, Bia. Não estava me sentindo bem, decidi vir para casa. – omiti.

- O que você está sentindo?

- Nada que um banho e dormir não resolva.

- Está mentindo. Estou indo para sua casa com o Felipe. Você vai, né? – imagino que ela tentou falar a ultima parte só para Felipe, mas acabei escutando.

- Não precisa, eu estou bem. De qualquer forma tem os meninos em casa.

- Eu não perguntei se você quer nossa presença. – me cortou sem mais. – A Alice perguntou por você.

- Vou mandar uma mensagem para ela. – havia esquecido completamente dela.

- Ok. Já estamos indo. Beijos. – E desligou sem me deixar responder.

Chegando em casa, mandei uma mensagem para a Alice, como prometido, avisando que não voltaria mais, pois estava um pouco indisposto, ela perguntou se precisava de cuidados e se ofereceu para isso. Recusei dizendo que meus amigos já estavam vindo fazer tal “serviço”.

Após fazer todo meu roteiro: banho, comer e estava com meu violão e tocando “Dom de iludir” do Gilberto Gil quando Beatriz e Felipe entraram no quarto. Imediatamente guardei meu violão, pois depois da morte do Vô Jandir e da Vó Edith, não me senti bem tocando na presença de mais ninguém que não fosse meus pais. A ultima vez que toquei em público, foi no enterro do Vô, tocando e cantado sua música preferida: “As rosas não falam” do Mestre Cartola, como ele o chamava.

- Affz, porque parou? – Perguntou Beatriz.

- Você sabe. – Falei colocando ele no gancho que há na parede.

- O que aconteceu para não voltar para lá? – indagou Felipe sentando-se na cama de Gulherme. Beatriz sentou-se do meu lado na minha.

- Quero saber como vocês ficaram sabendo que eu não iria mais. – fiquei curioso.

- Quando vi o Fernando chegando, estranhei por você não ter voltado. Fui perguntar, claro. – respondeu Bia. – Ele disse que você não quis voltar, mas não sabia o motivo.

- “Palhaço!”. – xinguei mentalmente.-

- Eu sei que você não tá doente coisa nenhuma, pelo contrario não estava tocando seu violão, coisa que você só faz quando está nervoso ou chateado. – lembrou Felipe.

- Eu tô puto. – falei. Eles era meus melhores amigos, nunca escondemos nada um do outro.

Logo que iniciou-se as aulas no primeiro período, Beatriz logo se aproximou de mim, ficamos bem amigos desde aí. Com Felipe, foi uma amizade inesperada, o professor Carlos sempre que passava algum trabalho em grupo, gostava de ele mesmo formar os grupos. Uma forma de maior interação da turma e misturar os grupinhos que se formavam. Eu e Felipe nos demos super bem, ele era bem inteligente e responsável, atitudes que admiro.

Uma vez, quando fazia um trabalho com os dois, Felipe e Beatriz, ela deu uma saidinha e, não sei de onde tirei tal ideia de fazer isso, mas acabei roubando um beijo do garoto, achando que ele curtia. Resultado, ele não correspondeu, me empurrou, bati com a cabeça na parede e quase perdi sua amizade. Depois disso nunca mais beijei outro homem. Depois de Bárbara (travesti que cresceu comigo), Felipe tinha sido o segundo homem que beijei.

Depois da garfe, ele se afastou um pouco de mim, mas decidi conversar com ele e contei que eu era bixessual e que ele também era. Ele acabou achando graça, disse que tinha gostado, mas não era a praia dele. Ele até tentou arranjar uns carinhas, mas sempre recusei.

- O que aconteceu afinal? – Perguntou Beatriz já estressada.

- Aquele puto do Fernando, me levou para casa dele, tirou toda a roupa e tentou abusar de mim.

- Quê? – Felipe se assustou – Serio isso? – apenas afirmei com a cabeça.

- E o que você fez? – perguntou Beatriz. Contei tudo para eles. Cada detalhe. Desde a saída da casa do Alex, quando o encarei, os ultimo insulto no corredor.

- Ele é um babacão mesmo. – concordei com Felipe.

- Talvez ele só tenha ido rápido demais. – falou Beatriz.

- Como é a história? Você vai defendê-lo? – perguntei incrédulo.

- Você mesmo falou que ele não faria nada sem a sua vontade. Ele abriu a porta sem tocar em você... – permaneci calado, não acreditando no que ouvia.

- Não tô acreditando no que ouço, Bia. – falou Felipe.

- Aaah! Ele mesmo falou que achava o Fernando uma gracinha.

- Isso não é motivo para fazer o que fez. – alertei.

- Você queria. – afirmou.

- Não dessa forma. – rebati.

- Bruno... – Felipe começou – Você... – limpou a garganta e olhou rapidamente para Beatriz. – Você ficou com meu do... Negocio?

- Quê? Claro que não. Quer dizer, estava tão nervoso que nem prestei atenção. – Falei não entendendo na mudança de assunto do nada. – Mas o que isso tem a ver?

- Pelo jeito que você falou... Ah, sei lá... – tentou se defender.

- Vocês também acham que todo gay ou bi são promiscuo? Isso é preconceito, sabiam?

- Não – falaram juntos. Esperei que continuassem.

- Acho que vocês têm que conversarem. – falou Beatriz.

- Também acho. – disse Felipe.

- Se depender de mim, nunca mais olho na cara daquele... Babaca.

- Você nem sabe adjetiva-lo, cara – Felipe rio.

- Bruno... Você gosta dele?

- Eu gosto da Alice... Não vou dizer que não sinto atração por ele... O que me lembra: ele falou que eu estava brincado com ela, iludindo-a. – soltei um riso irônico. – Podem acreditar?

- O que você vai fazer? – perguntou meu amigo.

- Ficar longe dele.

Eles ficaram comigo o resto do dia, indo embora somente quando Zé Carlos chegou com sua namorada, Erica. Logo depois chegou Pedro trazendo lanche para nós. Comi achando que era presente ou algo do tipo, já que ele nunca trás, mas me enganei, pois ele cobrou uma fortuna. Acho que cobrou pela viagem e o esforço de trazê-los.

Guilherme chegou já de madrugada batendo na porta do quarto e me acordado. Contou tudo que eu “perdi”, o que fizeram com os pobres novatos do curso, quantas meninas pegou, o tapa que levou de uma caloura por agarra-la por trás na piscina. Enquanto isso eu fingia prestar atenção, pois na verdade eu dava mais um cochilo.

Na segunda acordei logo sedo para me arrumar e ir para a faculdade. Fui direto para meu armário, guardei minha bolsa com meus livros e levei dois para devolver e pegar outro. Já na hora do almoço, estava indo para a cantina, quando avistei Alice e fui cumprimenta-la.

- Oi, Alice.

- Oi, Bruno. Como você está?

- Tô bem melhor, obrigado. E você, como está?

- Tô bem. – me deu um sorriso.

- Está indo para o RU?

- Uhum. Você também? – confirmei com a cabeça.

Passamos a hora do almoço toda conversando, nos despedimos apenas quando fui para o banheiro dos funcionários da Biblioteca, que fica no mesmo prédio. Era de costume tomar um banho sempre antes de ir para a aula, pois não seria legal para meu corpo, saúde, tão pouco para meus colegas de classe.

Como toda segunda, a primeira aula era de Psicologia Infantil e teria que ver o Fernando. Mas o que me acalmava, era o fato da professora ser sua irmã, então ele não tentaria nada, não teria a ousadia de vir falar comigo e algum escutar.

Segui para a sala e lá encontre o Felipe e o Guilherme conversando. Juntei-me a eles.

- E aí? – falei.

- Já viu a atividade que a professora passou? Ela quer um ensaio sobre livro “A Psicologia da Criança”, de Piaget. – Deu-me boas vindas Felipe.

- Quando ela passou isso? – perguntei surpreso.

- A louca veio só avisar e saio. – respondeu Guilherme.

- Então não haverá aula? – Estranhei.

- Até parece. Ela foi buscar um material para discursão de hoje. – Bufou Guilherme.

- Falta de sexo. – Brincou Felipe fazendo-nos rir.

- ‘Taca-lhe pau’ – entrei na dele.

- Meninos! – Beatriz gritou da porta toda estranha.

- Que aconteceu? Que cara é essa? – perguntei.

- Consegui um emprego – suspirou pesadamente.

- Isso não deveria ser uma boa noticia – estranhou Guilherme.

- Desde quando trabalhar é bom? – ela bufou.

- Então, onde vai trabalhar? – Indagou Felipe.

- Em uma lojinha de roupa. Podem acreditar? Eu sendo vendedora de roupa?

- Qual o problema? – perguntei.

- Ei, meus pais são donos de uma loja de roupas. Antes de vir estudar, eu ajudava lá também. Não tem nada demais. E não me envergonho por isso.– disse Felipe se exaltando.

- Não tem nada de errado ser vendedora, mas vamos combinar que não é uma profissão que deixe alguém realizada. E você trabalhava no caixa. É bem melhor.

- Eu não vou ficar aqui ouvindo você reclamar de barriga cheia, Beatriz. – Disse Felipe se levantando e indo para outro lugar. Segui-o com o olhar, mas fixei-me no outro lado da sala, com aqueles olhos castanhos me encarando. Mas logo retornei minha atenção para Beatriz e Guilherme que estava só de corpo presente ouvindo tudo.

- Bom, eu vou indo para meu lugar. Até mais. – Guilherme também se levantou e seguiu Felipe.

Beatriz abriu a boca para falar algo mais, mas levantei a mão em sinal de que não tinha nada a falar sobre o assunto. Permanecemos em silêncio até que a professora entrou na sala e explicou o bendito trabalho para os demais alunos da sala.

O resto da aula foi tranquilo. No intervalo Fernando tentou falar comigo, mas ignorei-o e puxei e fui para o banheiro e me tranquei no boxer. Ele não tentou mais aproximação. Eu estava indo para a parada de ônibus quando o Guilherme apareceu na minha frente avisando que o Fernando estava me esperando para ir. Menti dizendo que passaria em outro local antes. Mas acabei decidindo me encontrar com Alice. Mandei uma mensagem para ela marcando em uma lanchonete para conversamos.

- Oi, Bruno. – Falou ela quando chegou.

- Oi. – Dei um selinho quando se sentou ao meu lado.

- Como foi a aula hoje?

- Chata. Mas agora está bem melhor. – sorri e peguei em sua mão. – E as suas?

- Chata também.

- Quer beber ou comer algo? – perguntei chamando o garçom.

- O que você pedir está bem. – disse tímida.

Pedi um poção de batata frita enquanto esperávamos uma pizza e ficamos conversando sobre banalidades e nos conhecer melhor. Até que decidimos ir para uma praça, onde aproveitamos para trocar beijos e caricias. Estar com Alice era sempre muito bom. Ela me fazia bem, trazia calma, porém nossos gostos eram muito distintos. Eu preferia samba, MBP, jazz e rock. Ela internacional, pop e sertanejo. Eu gostava de literatura clássica. Ela de best-sellers. Eu não estava apresado em ter um relacionamento serio, queria mais curtir a vida, aproveitar a juventude. Era o que ela mais queria. Porém eu estava disposto a enfrentar um por ela, mas ainda era muito sedo, estávamos nos descobrindo ainda. Mas eu não poderia perder uma joia rara como ela.

Já de noite, seu primo veio busca-la e eu fui para casa. Tomei um banho, jantei, conversei um pouco com os garotos e fui dormir. De manhã, a mesma rotina. Aproveitei que estava na biblioteca e peguei o livro que a professora passou. Almocei, assisti às aulas e a noite fiquei na faculdade lendo o livro, como desculpa para não ir para casa no carro de Fernando. Foi assim a semana toda, ele tentava conversar e eu o dispensava. Na sexta-feira ele veio falar comigo na hora do intervalo.

- Bruno! – eu estava sentado na mesa com Felipe, Guilherme, Beatriz e Alice.

- Pois não. – Falei seco.

- Será que podemos conversar?

- Tô ocup... – fui interrompido.

- Pode. A gente já esta indo para a sala. – cortou-me Beatriz. Lancei um olhar de fúria.

- Te espero no corredor. – falou Felipe.

- Tá acontecendo alguma coisa? – Guilherme perguntou.

- Não. – respondi. – Alice, nos vemos na sala, ok? – dei um selinho e eles foram antando. – O que você quer? – perguntei sem paciência.

- Me redime. – Ele sentou-se de frente para mim. – Sei que agi errado.

- Que bom.

- olha só. Eu gosto mesmo de você. Eu não queria somente sexo, se foi o que pensou. – tive uma ideia.

- Continue.

- Eu sou gay. Desde o primeiro dia de aula, algo em você me chamou atenção. Até puxei assunto, quando sempre sou muito tímido para chegar em alguém. – ele parecia sincero.

- E?

- Eu queria te chamar para sair.

- Ok. Eu aceito.

- Sério? – Ele abriu um sorriso.

- Sim. Hoje, às 20 horas na minha casa. – Sai sem esperar uma resposta.

Encontrei Felipe e seguimos para a sala, ele me perguntava o que tínhamos conversado, e eu apenas dizia que falaria quando estivéssemos somente eu, ele e Beatriz. O que aconteceu no quinto horário, pois o professor havia faltado.

- Agora fala e deixa de enrolar. – disse Felipe. Dei um sorriso de lado.

- O de sempre: Pedir desculpas.

- Você não fez a gente esperar até agora para falar isso. Teve algo mais. Fala! – disse Bia.

- Ele disse que gostava de mim de verdade e me pediu para sair.

- E você? – perguntou ela.

- Topei. Ele vai me pegar hoje a noite.

- Serio cara? Não achei que você fosse tão fácil. – falou Felipe em deboche.

- Tenho os meus motivos.

- Você tá mesmo gostando dele. Eu sabia! – Beatriz ria.

Depois de falar à hora que me buscaria, muitas insinuações de Beatriz, indignação de Felipe por eu ter aceitado sair com ele, fui para casa, já estava quase acabando de fazer o ensaio sobre o livro, então aproveitei que sai mais sedo da faculdade e fui para casa. Liguei para Alice falando que não poderíamos sair hoje, e depois de quase meia hora falando com ela pelo celular, fui terminar meu trabalho. Feito isso, eram 19 horas e 20 minutos, fui tomar um banho. Vesti uma bermuda social azul, uma camisa polo branca, causei minha sapatilha confortável e coloquei sobre os ombros um casaco amarrado sobre meu peito.

Pontualmente ele chegou buzinando. Avisei aos rapazes que não tinha hora para voltar e sai, entrei no carro e, como sempre, ele estava lindo. Suas roupas não eram muito diferentes das minhas. Vestia uma bermuda jeans escura, camisa verde e calçava um tênis branco. Ele colocou uma música qualquer para tocar, e saímos.

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