1 - Rotina

Conto de Drexler como (Seguir)

Parte da série Maktub

- Caralho!! – gritei no mesmo instante.

Estávamos eu e meus amigos em minha casa. Era por volta das 16 horas da tarde, minha avó tinha saído para caminhar e depois iria ficar na casa da vizinha, como era de costume. Rafael me forçou a depilar minhas pernas e era isso que estávamos fazendo. Nunca senti uma dor tão grande como aquele momento quando Isabel puxou o plástico com cera quente levando junto meus pelos, pele e carne, eu acho. Senti como se minha perna estivesse sendo arrancada junto.

- Porra, como vocês aguentam? – perguntei me revirando na cama.

- Deixa de ser fresco, Leo. Foi só o primeiro. – Rafael rio de mim.

- E ultimo.

- E como você vai tirar a cera? Vai logo, vira essa bundinha pra mim. – apressou-me Belzinha.

Eu estava só de cueca sobre minha cama. Rafael também estava apenas de roupa intima, pois ele havia sido o primeiro a se depilar, mas ao contrario de mim, ele já fazia isso há bastante tempo, e diferente de mim, ele tirou de todos os lugares. TODOS. E quando eu digo todos, são todos. Ele sempre gostou de ficar lisinho, pois ajuda na hora da penetração e insistia que eu também tirasse. Mas com a dor que eu estava sentindo ao tirarem meus pelos das pernas, tão cedo faria tal loucura.

Isabel também estava de roupa intima: calcinha e sutiã, pois ela seria a próxima a passar pela sessão tortura. Depilará as pernas e fará as sobrancelhas. Rafa também fará. Eu sou afeminado, mas não sou masoquista para deixar tirarem a minha sobrancelha a cera. De nenhum jeito. Elas são bonitas por natureza, não vou ficar sofrendo a toa.

A sesso tortura durou por alguns longos minutos. Quando finalmente terminamos as depilações, fomos para a praça que fica próxima a minha casa. Levei meus patins, Rafa sua bicicleta e Belzinha um livro. Típico de uma nerd. A nerd que eu amo. Rafael logo avistou um de seus peguetes e foi para onde? Falar com ele. Minha amiga sentou-se em um daqueles bancos de tabuleiro de xadrez e eu fui patinar um pouco até que vi aquela tentação de meus sonhos e voltei para próximo de Isabel.

- O que aconteceu? – perguntou-me.

- Nada. – dei de ombros.

Ficamos conversando um bom tempo, até que Rafa apareceu se despedindo, já estava tarde e tinha que ir embora. Mentira, ele foi dar o rabo. Vimos quando ele saiu com o boy dele e entraram em um beco. Nem soube disfarça. Eu e Isabel não ficamos muito tempo naquele lugar, logo decidimos ir embora e cada um foi para sua casa. Minha vó já havia chegado. Falei com ela e segui para meu quarto fazer o que melhor sei: usar a internet e acessar as redes sociais. E não demorou muito para Felipe me chamar para chatearmos, como sempre fazíamos nos últimos meses.

>Felipe: Hey, boy!

>Eu: Oiê =D

>Felipe: Tudo bem?

>Eu: o de sempre.

>Felipe: Bem e alegre!? Haha

>Eu: Exatamente kkkk E vc?

>Felipe: Entediado, mas bem.

>Eu: Vc vive entediado.

>Felipe: Nem sempre.

>Eu: Diga-me uma vez em que não estava.

>Felipe: Quando eu leio =P

>Eu: E pq não vai ler?

>Felipe: Está msm me expulsando?

>Eu: Não! Não quis dizer isso.

>Felipe: hahaha eu sei

>Felipe: Gosto de te ver nervoso

>Eu: Escroto!

>Felipe: Vc nunca lê?

>Eu: Nem! Não sou fã.

>Felipe: Serio? Vc tem cara de leitor

>Eu: Pq?

>Felipe: Não sei...

>Eu: Besta.

>Eu: E vc esta lendo algo ultimamente?

>Felipe: Sim.

>Felipe: “Cidade dos Ossos”, Cassandra Clare.

>Felipe: Conhece?

>Eu: Não, nunca ouvi falar.

>Felipe: Vou mandar uma foto.

>Eu: Ok.

Uou! Isso que é foto de capa de livro. Na foto Felipe segurava o livro, dava para ver sua mãe e algo mais. Era perceptível que ele estava deitado em uma cama (uma cocha de cama com estampa de onça) e logo atrás estava um guarda-roupa grande de seis portas. A foto mostrava muita coisa, inclusive coisas que tenho certeza que ele não teve a intenção. Por exemplo, vou descrever: ele estava de calça jeans deitado sobre a cama e, abaixo do livro, quase imperceptível, estava um volume legal. Ele estava excitado, disso eu não tinha duvidas. Mas disfarcei.

>Eu: Bonito livro. Mas não conheço.

>Felipe: Deveria ler.

>Eu: É bom?

>Felipe: Sim, muito.

>Eu: É sobre o que?

>Felipe: Ah, eu não vou te contar, terá que lê-lo.

>Eu: Deixa de ser chato e fala logo.

>Felipe: Não kkkkkkk

>Eu: =P #TeOdeio.

>Felipe: Mentira kkkkk

>Eu: Tchau.

>Felipe: Ei!

>Felipe: Psiu!

>Felipe: Leo!

>Felipe: Não vai mais falar comigo?

>Felipe: Vc ainda está online

>Felipe: Vou ficar te perturbando.

>Felipe: Fala comigo.

>Felipe: Ei, Leo.

>Eu: Para de me perturbar.

>Felipe: Não 3:)

>Eu: Insuportáveeeeeeeeeel

>Felipe: Vc não vive sem mim.

>Eu: Até parece.

Ficamos, como sempre, até meia-noite conversando banalidades. Felipe havia se mostrado um ótimo amigo. Era muito bom me abrir com ele, mas sempre que falava de meus amigos ou do Jonathan ou Carlos, eu omitia alguns fatores. Por exemplo, nunca falei que eu e Rafa somos gays, que sou apaixonado pelo Jonathan e sofro bullying do Carlos. Eu apenas dizia que Rafael era meu amigo, que era apaixonado por alguém cujo eu nunca me declarei – nunca revelei o sexo da pessoa – e o Carlos era um inimigo.

Nem eu sei porque eu omitia essas coisa. Talvez fosse pelo fato de ele não me conhecer pessoalmente e não poder me julgar pelo meu jeito afeminado. Infelizmente essa sociedade suja é tão preconceituosa. Discriminam as pessoas apenas pessoa fato de amar o outro, por ser gay, e se for “ser gay, seja homem”. Por acaso meu pau vai cair se eu der a bunda? Logico que não. Ou seja, vou continuar ser homem.

Dormi tão tranquilo, tão bem, tão sossegado. Acordei por volta das 6 horas da manhã para ir para a escola. Ela não fica muito longe, tanto que vou sempre caminhando com minha amiga. São cerca de 10 minutos a pé. Depois de fazer todas as minhas necessidades matinais e higienização, tomei meu café e fui para a casa de Isabel. Ela já estava pronta, então seguimos para a escola encontrando o Rafa logo na entrada sentado nos batentes. Seguimos o mesmo protocolo: seguimos calado para a sala de aula, joguei minha bolsa jeans com bottons de minhas Divas do pop no chão e Rafael fez o mesmo com seu caderno (ele não usa bolsa), já Isabel apoiou cuidadosamente sua bolsa de tecido na lateral da cadeira e nos sentamos. Nossos lugares ficavam de frente para a porta, abaixo das janelas, lateral da sala. Eu e Rafa preferíamos o fundo e a nerd à frente, então para não ter mais discursão, sentamos no meio. Não havia muitas pessoas na sala, apenas os mateiras.

- E a trepada, foi boa ontem? – perguntou cochichando Isabel para Rafa.

- Do que esta falando? – indagou. Apenas nós três ouvíamos nossa conversa.

- Nós vimos você estrar no bequinho com aquele menino. – expliquei rindo.

- A gente não transou.

- Serio que você vai mentir para nós? – Isabel mostrou uma cara de indignada ao falar.

- Estou falando a verdade, não fizemos sexo. – lhe lancei um olhar inquiridor e ele revelou rindo. – Só chupei ele. – gargalhamos geral.

- Bixa, a senhora é destruidora mesmo. – falei entre risos.

- Do que os gayzinhos estão rindo? – bufei ao ouvir a voz daquele cretino: Carlos. E meus olhos brilharam ao encarar seu amigo logo atrás.

Eles estavam entrando na sala e seguiram para seus lugares, no meio da sala. Jonathan estava serio, como sempre e Carlos mantinha aquele sorriso de deboche que carregava sempre em sua cara de cachorro. O pior era que o infeliz era bonito. Não tanto quanto seu amigo, mas tinha seus atrativos. Era loiro, alto, forte, olhos verdes e cabelos curto. Era bastante charmoso, mas quando abria a boca... Saiam de perto. Só falava merda.

- Não é da sua conta, ridículo. – contrabateu Rapa.

- Olha, a poodle amanheceu estressada hoje. Que foi, não te comeram ontem?

- Não. – ri baixinho com Isabel.

- Fica quieto no teu canto, porque é melhor. – Rafa começou a se levantar e fiz o mesmo para segura-lo.

- Por que? Você vai me bater? – Carlos jogou a bolsa dele na carteira e veio em nosso encontro. Jonathan fez o mesmo, mas para segurar seu amigo.

- Para, Carlos, vem. – disse Jonathan puxando-o.

- Garanto que te quebro. – desafiou meu amigo.

Pela primeira vez eu vi que os dois não iriam ficar no bate boca, mas para nossa sorte a professor entrou na sala e mandou todos “abaixarem os fachos”. Oh, velha chata. Zefinha era nossa professora de português. Era quase uma múmia, já devia ter passado dos 60 anos, mas continuava a lecionar. Mas pelo menos ela tinha autoridade em sala e todos logo obedeceram. Eu nem havia percebido que a classe já estava cheia e todos formavam um circulo ao nosso redor para ver a briga que se desenrolaria.

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Leiam minha outra historia: "O Destino de Bruno" que também pode ser encontrada no site Wattpad.

Quem desejar conversar comigo sobre a serie ou deixar criticas e comentários privados ou, ainda, sugestões: j.drex@hotmail.com << Responderei todos os e-mails nas Quartas-feiras. Abraços e boa Leitura!

Comentários

Há 3 comentários.

Por Niss em 2015-06-16 23:45:29
Gostei bastante Drex. kisses
Por Lycan em 2015-06-16 18:13:24
Gostei muito desse primeiro capitulo :D ; Qual seu nik no Wattpad?
Por edward em 2015-06-16 17:54:20
Muito bom