01x01 - Chapter One

Conto de Dougglas como (Seguir)

Parte da série Same Old Love

Bom galera, como já tinha escrito esse capítulo, resolvi postar logo pra quem já leu o prólogo ter o que ler, e quem ainda não leu, ter pelo menos alguma história pra aproveitar. O capítulo ficou um pouco grande, tentei não passar das 5 mil palavras kkk.

Esse capítulo serve só pra dar introdução aos personagens que vão ter mais presença na história. Ainda vou desenvolver bem eles no decorrer dos capítulos, não se preocupem.

E, respondendo os comentários do prólogo:

"luan silva": Awn kra. Fico feliz que tenha curtido. Fiquei meio ansioso por saber o que iriam achar do prólogo.

"Jeff Hovac": Pronto, já que o senhor deixou, eu estou postando o cap 1 hoje mesmo. rsrssr. Que bom que gostou, e espero que goste desse capítulo.

"ThersonD": Tá desculpado. kkkk. Brincando, eu que peço desculpas. Depois que decidi o título da história, eu vi que algumas pessoas iriam pensar que tinha a ver com a história. Mas lá pra frente eu faço um capítulo que tenha relação com a música rsrs.

Bom, vou parar de atrapalhar e deixar vocês lerem. Boa leitura.

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O sinal indicava o fim da primeira aula. Como eu tinha previsto, só teve algumas explicações sobre a nova grade curricular, que se tornava obrigatoriamente integral esse ano por conta da preparação pros vestibulares. No mais, os 30 minutos restantes serviu pro pessoal poder cumprimentar os outros após as férias de verão. A segunda aula era de Biologia, e a professora Henriqueta iria confirmar se o mesmo monitor iria continuar. No caso, Eu.

Cinco minutos se passaram, e nada da filha do Satã dar as caras e ela não era de se atrasar. Então todos na sala voltaram para suas panelinhas já prevendo uma aula vaga logo no inicio do ano, assim poderiam colocar as fofocas em dia, já que foram quase dois meses de férias. Como de costume, passei em todos os grupinhos, tentando dar atenção a todo mundo, fazendo questão de soltar piada pra cada um.

- Cadê o líder vagabundo dessa sala? - uma voz se sobrepôs às outras.

- Presente! - gritei, procurando quem havia se dirigindo à mim.

- Que milagre tu vim no primeiro dia de aula. Porque ainda não foi atrás de saber se a Henriqueta vem ou não? É ano de vestibular e a gente tá perdendo aula e conteúdo. - disse Rebeca, se levantando da cadeira.

- Bekinha, ainda estamos no primeiro dia. Só você tá reclamando. Mas vou atender ao teu pedido. - me levantei e fui em direção à porta.

- Duvido. Vai aproveitar pra passear, né?

- Acertou em cheio. - pisquei pra ela e saí da sala fechando a porta em seguida.

O pátio e os corredores estavam quase vazios, com exceção de alguns alunos que pediam pra ir ao banheiro ou bebedouros. Decidi ir na coordenação saber alguma notícia da professora e aproveitaria pra passar na sala da Vick, só ainda não saberia se conseguiria tirar ela da sala, já que todos os professores me conhecem. Resolvi pegar o caminho do jardim porque é o mais longo e eu não estava nem um pouco afim de voltar logo pra sala de aula. Já estava chegando na saída pros corredores quando alguém vem correndo sem olhar na minha direção e esbarra sem me dar chances de desviar.

Tive que me equilibrar em uma das árvores pra não cair no canteiro de areia. Olhando pra frente vejo um garoto baixinho em contraste com meus 1,80m. Ele tinha a pele levemente bronzeada, cabelos curtos e castanho, e vestia uma blusa verde-escuro e jeans escuro (farda provisória na primeira semana de quem entra na escola).

Um novato! Beleza. Esboço um pequeno sorriso de vilão (como diz meu irmão mais novo) mas logo dissipo-o quando ele me encara envergonhado com aqueles olhos castanhos. Fecho a cara quando ele chega um pouco mais perto e fala com uma voz baixa e sussurrada.

- Olha cara, me desculpa. Ainda não conheço direito a escola, peguei o caminho errado e estou atrasado pra voltar pra sala.

- Seja bem vindo. - estendi a mão ainda com uma cara nada boa. Quando ele a segura, puxo-o pra perto de mim e sussurro no seu ouvido. - Agora pode ir passando o dinheirinho que tem na carteira e ir ficando caladinho.

Soltei a mão dele e o vi tremendo mas pegando a carteira e retirando o dinheiro. De cabeça baixa ele me entrega o dinheiro vai saindo mas seguro o braço dele novamente.

- Só esse esmola? Isso aqui não dá nem pra repetir a fatia de bolo de cenoura. E eu amo bolo de cenoura. - Fiz uma expressão irritada mas logo cai na risada. - Fica calmo tá? Eu só estava brincando contigo. Meu nome é Guilherme, tenho 17 anos e te enganei, não foi? - estendi a mão novamente.

- Não quero apertar sua mão, nem saber seu nome e muito menos dizer o meu. - ele falou me olhando com uma expressão de raiva.

- Então talvez não queira o dinheiro de volta. - levantei as cédulas enroladas com uma mão, enquanto a outra continuava estendida. Ele sustentou o olhar mais um pouco, mas logo apertou minha mão.

- Kaio, tenho 15 e sim, você me enganou. - Ele abriu um sorriso (e tenho que confessar, um belo sorriso, sou louco por sorrisos bonitos) e logo começamos a gargalhar. - Sério, parece até um expert em teatro.

- Frequentei uma academia de teatro durante três anos. Você sabe fingir bem? Preciso de um favor seu.

- Sei um pouco. Do quê precisa?

Expliquei pra ele rapidamente o que era preciso fazer e mostrei o caminho até a sala que ele precisava entrar. Fiquei escondido em uma das colunas, onde eu poderia escutar tudo, já que a mesa do professor ficava próximo à porta.

- Com licença, professor. O diretor Martin pediu para chamar a aluna Vitória Almeida. Ele quer conversar sobre algumas advertências que era pra ela ter levado no ano passado, mas por conta das festas do fim de semestre, ele não conseguiu conversar e arquivar na ficha dela. - Kaio falou numa calma imensa, que me surpreendeu bastante.

- Tudo bem. Vitória, você pode ir até a diretoria. - o professou permitiu.

Tive que ficar apenas ouvindo, pois qualquer tentativa de olhar alguém me veria. Mas pelos passos irregulares da Vick, sabia que ela estava apreensiva. Ela era um pouco mais baixa que eu, da minha idade. Tinha um pele branca, cabelos lisos e loiros que iam até abaixo do ombro. Esperei que eles passassem pela coluna e virassem o corredor logo em seguida, pra chegar perto dela e cobrir seus olhos.

- Adivinha quem é? E pra facilitar vou dar uma dica, sou o amor da sua vida. - falei, disfarçando a voz.

- Pela dica, só pode ser o Hugh Jackman. Mas pela brincadeira velha, besta e sem graça, só pode ser meu viado preferido. - Kaio soltou várias risadas enquanto eu suspirava.

- É assim que você me trata na frente do novato? Vai tirar toda a minha moral. - fingi estar decepcionado.

- Aposto que ele já fez algum trote com você, não foi? - ela se dirigiu ao Kaio.

- Sim, me roubou pra comprar bolo de cenoura. - ele respondeu meio envergonhado.

- Eu também roubaria por aquele bolo. Mais tarde você vai ver que ele vale a pena. Você devolveu o dinheiro pro garoto?

- Devolvi sim. Era só um trote. Se ele vai ser meu novo amigo, vai ter que se acostumar com minhas brincadeiras. - respondi, indo pro meio dos dois e pondo os braços em seus ombros.

- Eu? Seu novo amigo? - ele indagou meio surpreso.

- Olha, o Guilherme é chato? É. Tosco? Também. Sem noção? Muito. Mas ele é a melhor pessoa nessa escola e conhece todo mundo. É o popular mais legal que você vai conhecer. - Vitória respondeu.

- Assim você me deixa sem graça, Vick. - disse fingi uma falsa vergonha. - Eu vi que você é meio tímido e achei que iria gostar de logo fazer amizade. Mas tudo bem, eu entendo se não quiser. - fui retirando meu braço do ombro dele, mas ele segurou e colocou no lugar de novo.

- Eu adorei cara. Você é meio perturbado, mas pessoas assim são legais. É que eu me mudei pra cá não faz nem um mês, então não tenho nenhum amigo aqui na escola. E me surpreendi por alguém do terceiro ano querer amizade comigo. Mas seria legal ser seu amigo. - ele terminou e abriu novamente aquele sorriso lindo.

- Ah, deixa eu apresentar vocês oficialmente. Esse é o Kaio, meu novo amigo. E está é a Vitória, minha melhor amiga. E eu sou o Guilherme, o gostosão. Agora vamos os dois comigo lá na coordenação E no fim de semana a gente te leva pra conhecer Fortaleza.

Fomos os três andando pelos corredores conversando banalidades até chegarmos na coordenação (o que não demorou muito, antes que achem que minha escola é enorme. A Vick que anda se arrastando mesmo). Cumprimentei as coordenadoras e fui até a mesa do centro, onde estava a professora que antes era diretora de turma da minha sala.

- Claudinha, meu amor. Não sabe o quão orgulhoso eu estou pela sua promoção de diretora de turma da melhor sala pra coordenadora. Mas diz ai, vai sentir saudade da gente, não vai? - perguntei sentando em uma das cadeiras, Vick na outra e fazendo o Kaio sentar no colo dela, o que fez todos rirem com o rosto corado dele.

- Já está passeando, Sr. Guilherme? E ainda não são nem 09:30h. E ainda carregando outros dois alunos de salas diferentes. E ainda um deles é novato. E ainda... Deixa pra lá. - Ela falou e riu consigo mesma. A risada dela era muito aconchegante, e sempre que ia dar uma bronca, se enrolava e dava essa risadinha. - Obrigado. É uma ótima promoção mesmo. Mas sei que não vou sentir saudades, porque vocês vão fazer questão de vir me visitar da pior maneira, levando várias advertências. E melhor sala? Melhor sala em fazer bagunça, né?

Ela deu mais uma daquelas risadinhas gostosas que só ela tinha e a Vick e o Kaio seguiram rindo. Poxa, só porque eu tava tentando montar uma imagem legal pro novato, até a coordenadora resolveu atrapalhar.

- E não, Claudia. Na verdade, eu vim saber alguma notícias da Henriqueta. Ela nunca foi de se atrasar e sempre chegava antes do outro professor terminar de dar aula. A Vick me viu passando pela sala e saiu correndo pra me seguir. O Kaio é parte do meu desafio como veterano, "Adote um novato com cara de bobão". Vou ganhar o primeiro lugar. - respondi segurando o riso.

- Hey! - protestou Kaio, tentando parecer bravo, mas aquele rosto branco ficando corado atrapalhava tudo. - Eu não tenho cara de bobão.

- E eu não corri atrás de você. Tá louco? - a loirinha completou.

- Eu sei gente, conheço essa peça não é de hoje. - respondeu a coordenadora Cláudia. - Gui, na verdade, hoje temos um professor de biologia substituto. O nome dele é Kallios e ele saiu agora a pouco para sua sala. Ele foi indicado pela própria Henriqueta, e vai dar alguns avisos sobre ela. Ainda não sabemos bem o que houve.

- Espera. Quanto tempo falta pro intervalo? - eu falei com uma pressa repentina.

- Vinte e cinco minutos - a coordenadora respondeu.

- Vitória, você sabe o caminho até a sua sala. Kaio, me siga e corra como se não houvesse amanhã, porque tenho que te deixar na sua.

- E porque essa pressa? - Kaio perguntou.

- Porque biologia é a matéria preferida dele, ele não quer perder a monitoria por nada nesse mundo e causar uma má impressão no professor substituto não seria nada legal. Acertei? - Cláudia deduziu.

- Isso mesmo, professora. Quer dizer, coordenadora. Você me conhece super bem e é por isso e mais um pouco que te amo. - disse dando um beijo na testa dela e saindo pro pátio.

Me despedi de Vitória e agarrei a mão de Kaio, puxando-o pelos corredores. No começo ele me seguiu aos tropeções, mas logo equiparou a velocidade com a minha, conseguindo desviar de alguns alunos e tias da limpeza que estavam no caminho. Cheguei em frente à sala dele e antes de aparecer na porta, o puxei para um abraço apertado que ele espantou logo em seguida.

- Se vai ser meu amigo, se acostume. Eu sou carinhoso pra caralho. - falei sorrindo em seguida.

- Tudo bem, eu gostei. - ele sorriu junto comigo (puta que pariu, ele tem um sorriso lindo pra chuchu, pra beterraba, pra cenoura, pra feira inteira.) - Mas o professor vai achar ruim eu chegar no meio da aula.

- Qual é o professor?

- Ricardo, de Física. - ele respondeu.

- Ah, vai não. É ainda melhor. Claudinha vai ser nosso trunfo. - disse puxando a mão dele com cuidado. - Professor Ricardo. Com licença, tudo bom? Senti falta das suas aulas. Na verdade, não posso demorar. Só vim entregar um aluno seu, dessa turma. A Cláudia me pediu pra levar uns livros pra biblioteca e perguntou a ele se podia me ajudar.

- A Claudin.. Digo, A coordenadora Cláudia pediu? - Ele engasgou, mas logo se recompôs.

- Sim, o senhor pode confirmar com ela depois. Agora também preciso ir para minha aula. - Olhei pro Kaio antes dele entrar na sala. - Passo aqui na sua sala na hora do intervalo, ok?

Ele sorriu e entrou na sala.

Tive que correr mais uma vez. Passei por dois corredores sem diminuir o passo e quando ia virar a esquina de um deles, noto alguém vindo da outra esquina. Volto um pouco e me escondo na parede antes que me veja e fico observando. Era um homem não muito velho, devia ter seus 27 anos. Tinha a estatura baixa, cabelos arrepiados e negros, a pele bronzeada. Tinha um andar despreocupado e eu nunca havia visto na escola. Mas ele carregava alguns livros de biologia e a pasta de arquivos dos professores. Com certeza ele era o substituto. Ele deve ter passado em algum outro lugar depois da coordenação.

O problema nisso tudo era que ele estava mais próximo da porta da minha sala, e eu nem teria tido a chance de entrar sem ser visto fazendo isso. Claudinha podia até me acobertar, mas a desculpa dos livros não colaria. Ele vinha da coordenação pelo caminho da biblioteca, e as cobras que estudam na minha sala não iriam me ajudar. E algo me dizia pra tomar cuidado com esse cara. Tá decidido. Ele vai conhecer meu lado descarado, antes do meu lado estudioso e esforçado.

Esperei que ele entrasse na sala e apressei o passo para ficar junto à porta, tinha que esperar a minha deixa. Ouvi seu cumprimento de bom dia, os alunos voltando aos seus lugares e ele colocando as coisas na mesa. Ok, é agora.

- Desculpem pelo atraso... - o substituto começou, mas logo parou quando viu a porta abrindo.

- Poisé, pessoal. Desculpem pelo nosso atraso. Fiquei encarregado de trazer e apresentar o professor substituto, mas parei pra amarrar o cadarço e olhar um novato do segundo ano e não consegui alcançá-lo. - alguns risinhos ecoaram pela sala. - Este é Kallios... - Olhei de relance para a pasta com a identificação dele. - Machado.

- E você quem é? - ele me olhou confuso, sem saber muito bem o que estava acontecendo. Isso, ele tinha caído. - Espere, deixe-me adivinhar. Berkhout. Guilherme Berkhout. Acertei?

- Isso mesmo. - confesso que fiquei espantado em ser desmascarado assim, mas eu não iria deixar transparecer. - E como você podem ver, além de professor de biologia, ele também é vidente nas horas vagas. - as risadas dessa vez são mais altas.

- Magro e alto como um bambu, branco como um palmito, senso de humor forçado. Me deram uma descrição um pouco exagerada, mas se parece com você. - ele falou, indicando com a mão para que eu me sentasse, enquanto a turma ria e soltava vaias provocando ainda mais.

- Talvez seja meu irmão gêmeo.

- É. talvez seja. Que seja. - Ele respondeu claramente pondo fim àquele assunto. Não acho que consegui causar uma boa impressão. - Bom galera, como vocês todos devem estar se perguntando, eu estou substituindo a professora Henriqueta. Ela foi minha professora na faculdade no Rio de Janeiro, me recomendou o concurso daqui, e quando eu passei, ela me indicou a escola para que eu a substituísse permanentemente.

- Aconteceu algo com ela? - Cristiano perguntou.

- Sim, aconteceu. Algo sobre estar de saco cheio, cansada, e que se fosse pra enfrentar demônios, ela iria pro inferno e não pra escola.

- Sendo a filha do Satã, ela seria bem vinda lá. - sussurrei pra alguns alunos, e todos riram um pouco alto, o que chamou a atenção do professor.

- Falou alguma coisa, Berkhout?

- Sim, eu perguntei se ela havia se aposentado.

- Vou fingir que acredito. Mas sim, ela se aposentou.

- Que pena que ela não avisou pra gente. Galera, sexta-feira a gente faz a festa de comemoração. Quer dizer, de despedida. - Corrigi, mudando minha expressão para algo mais triste.

- Muito engraçado, Sr. Berkhout. Seu sobrenome também é engraçado - ele deu um sorriso cínico. - Eu iria deixar as apresentações pra próxima aula, mas já que você é tão solícito, poderia fazer a sua agora. Pelo seu jeito suuuper engraçado (ele fez uma ênfase enorme no super), deve ser aquele popular que é amigo de todo mundo, metido a engraçado, que pega todas as menininhas e no final do ano tá mendigando alguns pontos pra evitar a recuperação.

Alguém, por favor, me diz que este indivíduo não está citando estereótipos. A sala inteira olhou de repente pra mim. Eles sabiam que a ventania estava por vim. Me levantei da cadeira e o fuzilei com o olhar.

- Como já sabe, meu nome é Guilherme Berkhout, tenho 17 anos, nasci e me criei aqui em Fortaleza-CE, mas descendo de holandeses, por isso tenho esse sobrenome "engraçado" - Fiz questão de fazer as aspas com as mãos exagerando no movimento. - Agora, sobre suas suposições. Sou popular porque procuro não ter inimizades. Conheço praticamente todos os alunos dessa escola, e até a sexta-feira terei conhecido os novatos, porque sou uma pessoa sociável. Não chamo todo mundo de amigos e todos aqui sabem disso, mas também sabem que no momento que eles precisarem de ajuda, seja numa matéria ou outro problema eu irei ajudar. É isso que me fez popular. Não saio por aí pegando as menininhas porque o meu negócio é outro. Ganhei o prêmio de melhor aluno, concorrendo com todos, desde o primeiro ano. O sorriso lindo que estampa algumas propagandas dessa escola, infelizmente é o meu. Eu sou nada mais nada menos que líder do grêmio estudantil, líder de sala, monitor de Matemática, Português. Física, Química e a sua matéria, Biologia. - Suspirei tentando aliviar a raiva. Não consegui, mas mantive minha voz mais calma possível em todo o momento. - Então me faça um favor, pegue esses seus pontos que eu iria mendigar, seus julgamentos precipitados e enf...

O sinal indicava o fim de mais uma aula e uma broxada imensa no furacão Berkhout. Kallios ainda me olhava com o mesmo olhar fixo, imóvel, e inabalado. Não era possível que eu não tinha atingido aquele homem de nenhum modo.

- Você ainda não é meu monitor. - Ele desviou o olhar para a turma. - Próxima aula continuamos as apresentações. - deu um sorrisinho e ia ajeitando as coisas pra sair de sala.

- Como assim eu não sou monitor de Biologia? - E como assim ele só tinha isso pra falar pra mim? Fui andando em direção à sua mesa.

- Eu farei testes para escolher meu monitor. Se estiver interessado, terá que se sobressair nele. Podia começar levando os livros até a sala dos professores. - Algo no olhar dele dizia que aquilo não era uma opção recusável.

Peguei os livros enquanto ele carregava os arquivos e a sala se enchia de burburinho à medida que a porta era fechada. A segunda aula terminava cinco minutos antes de liberarem pro intervalo. Fui andando calado até à sala dos professores, pensando que se fosse qualquer outro teria me dado uma advertência e me mandado pra coordenação, mas ele se limitou a retirar meu posto de monitor. Quando chegamos na porta da sala, entreguei os livros pra ele e me virei pra sair mas ele me chamou.

- Berkhout. Eu adorei o discurso. Olha, espero que entenda que é meu primeiro dia aqui. Eu não poderia deixar de um aluno brincar comigo e baixar a minha moral. Henriqueta me falou muito de você. Muito mal. Mas também falou bem. - Ele sorriu e eu também. Meu primeiro contato com a Henriqueta também não tinha sido dos melhores mas eu a respeitava e no fundo, ela também. - Ela que me disse exatamente como te irritar. Aqueles estereótipos todos? Ela que me indicou.

- Eu devia saber. Ela usava aquilo algumas vezes pra me irritar. Então quer dizer que eu ainda sou monitor?

- Não. Ano novo, professor novo, oportunidades novas. Quero realmente fazer um teste com os alunos, e você realmente me parece ser o mais indicado. Mas creio que esse ano reserva muita coisa pela frente. Gosto da sua personalidade, e na próxima aula eu já conserto a nossa relação de professor e alunos e logo eles não vão mais falar disso. Combinado?

Ele estendeu a mão e eu a apertei com firmeza. Ele era mais legal do que pareceu quando estava me manipulando. Montou toda uma moral em cima do aluno mais conhecido da escola. Com certeza isso tinha sido ideia daquela bruxa. Voltei pra sala e sentei na minha cadeira no fundo. Todos sabiam que depois de uma explosão daquelas, não era nada sábio incomodar. E embora eu já tivesse esclarecido toda a confusão, ainda estava chateado por ter que passar no teste pra ter a monitoria de volta. Biologia era uma das que eu sempre quis ser monitor (e português também).

Coloquei os fones de ouvido, dei play na lista de músicas e decidi aproveitar o intervalo da manhã da melhor maneira possível: dormindo. Coloquei a mochila na mesinha, acomodei minha cabeça, fechei os olhos e deixei a baba escorrer (Sim, eu babo. Pouco. Mas babo).

Não sei como consegui dormir tanto, mas acordei quando o povo voltou e o próximo professor entrou na sala. Não estava nem um pouco interessado em saber o que ele tinha pra falar, porque os professores não fazem nada de diferente a não ser enrolar 50 minutos de aula. Acabei dormindo as duas aulas de história e acordei somente na aula anterior ao almoço, porque a professora de química pediu para me acordarem. Aproveitei e copiei as anotações dela e da aula anterior, que eram nada mais que tópicos a serem estudados esse ano.

Ficamos mais algum tempo jogando conversa fora antes da secretária vir nos chamar, já que seríamos uma das últimas turmas a saírem pro almoço. Eles sempre chamavam sala por sala, assim dava tempo de cada um se servir e não tumultuar nada. Havia a alimentação servida pela escola, custeada pelo governo, mas graças ao grêmio estudantil, nós conseguimos abrir uma cantina terceirizada, que oferecia um cardápio mais alternativo. Acabei preferindo eles e comprei uma fatia de lasanha. Sentei em uma mesa qualquer com alguns conhecidos, já que o que me faltava não era mesa com conhecidos. Comi rapidamente minha fatia e me dirigi até o jardim, avistando duas figuras perto de um carvalho enorme em um dos cantos do jardim.

- Primeira semana de aula: fofocas à sombra do carvalho. - Vitória anunciou como se conferisse um cronograma invisível.

Me sentei ao lado dela e cumprimentei Kaio em seguida. Os dois abriram espaço pra que eu sentasse, mas deitei apoiando minha cabeça no colo de Kaio e as pernas no colo de Vick.

- Mas é muito folgado mesmo. - reclamou ela.

- Porque você não segue o exemplo do Kaio que tá me fazendo cafuné e me faz uma massagem nos pés? - E era verdade. Ele tava me fazendo um cafuné delicioso.

- Porque se ele fosse eu, estaria puxando seu cabelo. Deixou o garoto esperando na sala dele na hora do intervalo. - ela replicou.

OMG!!! Com toda a confusão eu havia esquecido que tinha dito que iria passar na sala dele.

- Kaio, que mancada a minha. Por favor, me desculpa por vacilar contigo. Juro que não vai mais acontecer. Na verdade, é provável que aconteça e você se acostume. Mas juro que sempre pedirei desculpas. - segurei as mãos dele enquanto falava.

- Tudo bem, bobão. Vitória me fez companhia, a gente conversou e se conheceu bem, assim não seria só uma amizade por tabela. - Ele respondeu e bagunçou meu cabelo, mas logo ajeitou e voltou a fazer cafuné.

- Verdade. O novato não é só um garoto tímido. Ele tem uns gostos parecidos com os da gente. Mas o que aconteceu mesmo? - Vick perguntou, já fazendo um carinho improvisado nas minhas pernas. Me sentindo uma rainha do Egito.

- Um furacão Berkhout aconteceu. - respondi.

- Furacão Blackout? - Kaio perguntou sem entender.

- Não gatinho, Berkhout. É o meu sobrenome. - esclareci a ele.

- Ah. Mas o que é o furacão Bleckhout? Digo, Berkhout?

- A gente também chama de erupção Berkhout. - respondeu Vick. - O Gui é uma pessoa super sociável, se dá bem com todo mundo. Mas quando pisam no calo dele, é pedir pra ser massacrado por um discurso inflamado.

- Poisé. O alvo da vez foi o professor substituto. Aquele tal de Kallios Machado. Mas já conversei com ele e me resolvi, por enquanto. Vocês tiveram aula com ele essa manhã? - perguntei

- Eu já. Ele é simpático, e até que é gatinho. - Vitória respondeu. - E tu, Kaio?

- Quem? Eu? Err. Não, ainda não tive aula com ele, mas acho que terei amanhã à tarde. - ele gaguejou um pouco, não sei se pela resposta, ou porque eu levantei a blusa e mordi a barriga dele, mas enfim.

- Olha, Vick. O Kaio tem uma barriga bem saradinha. - ele ficou extremamente corado. Ele é muito fofo. - E o que me faz lembrar que eu ia falar sobre macho contigo. Acho que encontrei meu amor verdadeiro.

- Outra vez? Já perdi a conta de quantos amores verdadeiros você arranjou. - os dois soltaram uma gargalhada, o que me fez me sentar.

- Você sabe que quando eu quando eu gosto de alguém eu sinto algo de verdade, e eu não gosto de sentimentos rasos. Mas dessa vez foi diferente. Eu senti algo mais forte quando eu olhei nos olhos deles pela primeira vez, quando segurei a mão dele e saí guiando ele pelo caminho. Quando a gente se despediu foi algo levemente melancólico.

- Ok, agora eu acredito. Tu nunca falou de um garoto dessa forma. - Ela me olhou espantada.

- Mas e ai, quem é o felizardo? - Kaio perguntou.

- É você, Kaio. Quer namorar comigo? - Perguntei olhando no fundo dos olhos dele e segurando sua mão.

- E-eeeuu? - ele me olhou espantado e totalmente surpreso.

Nessa hora, Vitória solta uma gargalhada alta que não me deixa segurar o riso e a acompanho. Kaio fica sem entender nada, mas quando supõe que eu estava brincando novamente, ele começa a rir de modo descontraído.

- Fica calmo, Kaio. Guilherme não se apaixona até dar o primeiro beijo. Tem que ser algo compatível. - explicou Vick.

- Verdade. Porque se o beijo for ruim, não dá pra sobreviver só dele ao longo dos meses. Mas enfim, foi um garoto que eu conheci na internet, a gente marcou de se encontrar nas férias, fomos ao cinema, e vou poupar vocês dos detalhes mais românticos, mas foi muito perfeito. - respondi voltando a me deitar no colo deles. - Mas você é um forte candidato, Kaio.

- Cala a boca. - ele falou rindo e dando um tapa leve na minha cabeça.

- Mas e onde anda esse teu príncipe encantando? - Vick perguntou.

- Porto Alegre. Se mudou com a avó. - respondi. - Ele também não respondeu mais minhas mensagens então eu preferi não ir mais atrás.

- Ow migo, que bad eim? Mas a vida tem dessas coisas. - Vitória respondeu deitado por cima de mim.

Ficamos o resto do intervalo do almoço deitados e conversando. Vitória me contava algumas novidades da viagem que fez nas férias. Eu conhecia um pouco mais do Kaio e fazíamos brincadeiras com todos que passavam. Aproveitei e apresentei o Kaio pra algumas pessoas que eu acharia legal que ele conhecesse e com o tempo ele se enturmou bem. O resto do dia passou voando, não tendo nada de interessante nas aulas a não ser uma discussão em turma sobre o alguns movimentos ativistas.

A última aula era de DT (direção de turma), e como a nossa antiga diretora de turma é agora coordenadora e ainda não escolheram ninguém pra substituir, tivemos aula vaga e consegui que liberassem a turma para ir embora mais cedo, já que era o primeiro dia de aula. Passei na sala do Kaio e da Vitória só pra dar um tchau e me dirigi até em casa.

Não havia ninguém quando cheguei e preferi assim. Subi pro quarto e tomei um banho e deitei um pouco. Com as aulas no turno manhã e tarde, não poderia mais dormir durante a tarde. Minha família foi chegando e meu irmãozinho veio me acordar para jantar. Após isso, voltei para o meu quarto e resolvi entrar no facebook. Respondi algumas mensagens, aceitei a solicitação do Kaio e de mais algumas pessoas e ri quando vi o post da Vick que dizia: "Essas pessoas que acham um amor verdadeiro à cada dois meses". Claro que ela ia jogar alguma shade.

Mas esse post me fez lembrar que depois que ele parou de falar comigo, eu havia parado de seguir as publicações. Resolvi stalkear e ver as novidades. Além de alguns gifs e imagens que ele havia compartilhado, havia um check-in chegando no aeroporto de Fortaleza. Há três dias.

Como assim? Ele havia dito que tinha adorado me conhecer, o encontro tinha sido muito bom. Só parou de falar comigo quando viajou, mas volta duas semanas depois e não me procura? É... realmente eu não tenho sorte com ninguém.

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É isso galera kkkk. Espero que tenham gostado de algo que eu escrevi. Queria a opinião de vocês sobre o capítulo. O tamanho tá bom, a escrita tá agradável, a história parece ser legal?

E sobre a história, no inicio ela vai ter uma pegada mais leve, mais natural. Então não vai ter muita ação ou drama por enquanto, espero que vocês sejam pacientes.

E mais um aviso. Eu vou demorar a postar os próximos capítulos. Fui assaltado e estou sem celular, além de estar sem internet em casa. Então to tendo que vir na casa do meu tio pra poder postar, mas enfim, não posso vir aqui todo tempo. Então vou tirar alguns dias pra escrever os próximos capítulos e adiantar bem a história. Acho que é só isso mesmo.

Comentem o que acharam dos personagens, do capítulo. Toda opinião é bem vinda.

Cheiro no cangote de vocês.

Comentários

Há 4 comentários.

Por Dougglas em 2016-04-15 14:12:12
Gente, passando pra visar que eu vou migrar pro wattpad e voltar a escrever por lá. Vou lançar só o prólogo novamente por enquanto, é depois retornarei com os capítulos. Se puderem aparecer por lá, ficaria muito feliz. Meu user lá é @DougglasM e a história vai ser postada com o título Same Love.
Por Ali T. Jones em 2016-03-30 01:48:17
Simplesmente adorando a escrita! Por favor, volta a escrever. Pode continuar fazendo capítulos grandes, adoro!! Já tô fazendo mil planos pra o shipp. Beijos, Ali.
Por edward em 2016-02-06 18:46:08
Incrível....kaio é um fofo,meu personagem favorito.ah da uma olhada na minha serie" A saga crepúsculo" bjus
Por luan silva em 2016-02-03 21:29:16
O tamanho esta ótimo, a escrita esta mais que agradável e a histórias esta mais que legal. Eu gostei muito e estou muito ansioso pelo próximo.. xero e não demora ;)