Capítulo 19
Parte da série O Contrato
Capítulo 19
-ooOoo-
Luan estava assustado com as coisas que tinha acabado de ouvir, se Marcos estava mesmo armando alguma coisa com a víbora da Katrina ele tinha que avisar alguém e esse alguém era Lúcio, o delegado com certeza saberia o que fazer. Quando se virou para correr ele deu de cara com Marcos.
– Que feio Luan, ficar ouvir atrás da porta não é uma coisa muito educada de se fazer.
– Marcos?
– Vem comigo, vamos conversar em um lugar mais reservado.
– Eu não vou conversar com você.
– Ou você vem, ou eu vou estourar sua linda cabeça.
Ele disse mostrando um revolver que estava preso na sua calça e no mesmo momento Luan ficou com os olhos arregalados e com o corpo tremendo.
– Então gatinho, você vem comigo?
Luan lentamente concordou com Marcos e o mesmo deu um enorme sorriso.
– Então, vamos?
Os dois saíram da casa sem fazer nenhum barulho e entraram no carro de Marcos, ele colocou uma musica no som e saiu em alta velocidade. Luan estava tremendo muito, ele não sabia o que podia lhe acontecer, mas esperava o pior.
– Venho te observando muito Luan, você é muito esperto.
– O que vai fazer comigo?
– Só eu falo aqui me lindo jardineiro. Desde quando eu entrei naquela casa você fica olhando e fica me seguindo pelos cômodos, mas ouvir atrás da porta é um pouco de mais não acha? Pensava que você tinha uma obsessão por mim, mas vejo que você é apenas um filho da puta que não sabe o que faz. E por isso vai ter que sofrer as consequências.
– Por favor não faz nada comigo.
– Ué, mas você não ia fazer comigo? Não estava pensando em me entregar para aquele delegado de merda? Só estou te devolvendo o favor. Agora cala a boca, sua voz me da nojo.
As lagrimas já desciam nos olhos de Luan e única coisa que era ouvida no carro eram seus soluços, Marcos fez questão de desligar o som só para ouvir o mais novo chorar. Depois de mais ou menos uma hora de viajem eles entraram em uma estrada de terra e chegaram em uma cabana que ficava no meio do mato.
– Bem vindo a sua nova casa.
– O que?
– Eu estava pensando nela para o Evan, mas ainda não é o momento de traze-lo para cá, então você vai ficar cuidando dela para mim.
– Por favor, não faz isso comigo.
– Sai do carro.
Marcos disse apontando a arma para o mais novo.
Ele saiu devagar e Marcos puxou Luan pelos cabelos, os dois entraram na pequena casa e foram para um quarto escuro sem janelas. Luan foi jogado no chão e acorrentado.
– Foi um pouco caro para tentar deixar essa casa um pouco apresentável, vejo que ficou perfeita.
As correntes de aço estava presa nas paredes.
– Isso daqui vai para a sua boca.
Ele enrolou no pano na boca do mais novo.
– E isso daqui para o seu rosto.
Em capuz preto foi colocado em seu rosto e cobrindo seus olhos.
– Desculpa Luan, mas isso foi uma escolha sua.
Marcos disse fechando a porta, ele deu um pequeno sorriso e trancou a porta colocando a chave em seu bolso. Saiu da casa e foi para o seu carro, pegou seu celular e discou o telefone do Bruno, precisava saber como tinha sido com Jorge e precisava de alguém cuidando do Luan, para que o garoto não morresse de fome, mas não foi Bruno que atendeu o telefone.
– Alô – disse a voz de uma mulher.
– Quem fala?
– Você que está ligando, tu que tem que dizer quem é.
– Esse celular... quem está falando?
– Olha, eu encontrei esse celular no morto, então ele é meu... – a mulher disse um pouco alto.
– Espera, você disse morto?
– Sim, não quero me envolver, mas achei esse morto perto da minha casinha e o celular agora é meu. Passar bem.
A mulher desligou o celular e Marcos ficou com os olhos arregalados.
– Se Bruno está morto, significa que Jorge está vivo... e Thiago está com ele. Desgraçado – ele disse batendo no volante. – Eu fui enganado, aquele maldito está vivo e ainda tem uma testemunha com ele. Preciso char o Thiago e o Jorge, eles dois podem acabar me fodendo.
Marcos disse ligando seu carro e saindo em alta velocidade, nem se lembrou do Luan.
***
Katrina estava olhando as imagens aterrorizantes nas paredes na casa da mãe. Úrsula adorava colecionar quadros de pessoas mortas, sofrendo e sendo torturadas, aquilo deixava Katrina incomodada perguntando-se como a mãe conseguia viver em lugar como aquele.
A casa estava caindo as pedaços. Infiltrações no teto, as paredes descascando, o banheiro sem azulejos e sem portas nos cômodos. E sem falar na iluminação que não era nada boa.
– Sente-se, temos muito o que conversar – disse Úrsula animada e entregando uma xicara de café para a filha que negou sentando-se no sofá.
– Não estou aqui para uma reunião de família mamãe, quero saber o que está havendo com você? Tirando o fato de ser uma mulher mal amada, sem coração e na pobreza... Bom, vejo o porque de ser assim, sua situação é deplorável.
– Veja bem Katrina, não tenho um marido rico para me sustentar... quando se casou pensei que fosse me ajudar, mas apenas me virou as costas.
– Ho por favor, não fique se fazendo de vitima. Seu falatório sobre homens já estava me deixando de cabelos brancos. E me conhece muito bem, sabe que eu não tenho um temperamento muito bom.
– Claro que sei, você puxou a mim.
– Exatamente. Mas não vim aqui para ficar de conversinha.
– O que quer exatamente?
– Quero seus conhecimentos.
– Meus conhecimentos?
– Pois é, até eu estou chocada. Mas no passado você foi uma boa conselheira, pena que se tornou isso o que é hoje.
– Se veio aqui para me humilhar... bom, sabe que eu não faço as coisas de graça.
– Sei que não.
Katrina jogou para a mãe um bolo de notas de cem.
A velha mulher pegou o dinheiro e levou até o nariz aspirando o cheiros das notas e deu um leve sorriso. Úrsula guardou o dinheiro dentro de uma pequena jarra e sentou-se na poltrona na frente da filha.
– Agora me diga, em que posso te ajudar.
– Eu disse preciso de um concelho.
– Te ajudarei no que for preciso.
– Eu me juntei ao irmão do Augustin para mata-lo, pensei que tido seria mais fácil, mas ele se apaixonou por um garoto e está se afastando cada vez mais, a minha única salvação é essa maldita criança que nem existe. Me diga o que fazer mamãe.
– Mate o garoto.
– O que?
– Mate esse garoto enfeitiçou seu homem e depois disso se faça de vitima...
– Eu não posso matar o Evan...
– E porque não Katrina? – a velha a analisou por alguns segundo e concluiu. – Você está apaixonada por esse menino?
– Por Deus, é claro que não. Ele idade para ser meu irmão mais novo – Katrina se levantou e foi até a janela olhar o dia nublado. – Evan é diferente de todos os outros, sinto que é uma boa pessoa. Ele ganhou o coração do Augustin e não vi isso acontecer depois da morte do outro... outro que todas as noites atormenta o meu sono...
– Isso se chama culpa minha garota. Mas você é uma Rainha e uma rainha nunca se arrepende de seus atos.
– Mas nem sempre fui assim, isso foi coisa que você colocou na minha cabeça.
– Ai que você se engana, Katrina você é igual a mim. Ambiciosa, vaidosa, bela... sangue frio e nunca aceita um não como resposta. Quando se casou com Alberto Augustin achou que teria ele aos seus pés, mas estava enganada. Podia ter o matado antes, mas esperou esse circo todo ser armado e agora está ai, perdida e sem saber o que fazer.
– Não estou aqui para receber lição de moral, eu quero saber como chego ao topo...
– Matando o garoto.
– Mas eu não posso fazer isso.
– E porque não?
– O irmão do Alberto é obcecado por esse garoto, se eu mata-lo será meu fim.
– Mate-o também e depois seu marido Alberto, com eles todos fora do seu caminho tudo estará livre para você ter o seu reinado minha flor.
– Para você tudo parece fácil, mas acho que vim aqui por nada.
– Pediu um concelho minha pequena rainha e eu te dei, esse garoto é o fruto dos seus problemas e ele pode acabar causando a sua ruina.
Quando Katrina ia responder seu telefone toca.
– O que você quer Marcus?
– Mudanças de planos.
– O que?
– Jorge está vivo.
– Como assim?
– Não tenho tempo para explicações viúva negra, Jorge está vivo e eu vou antecipar o nosso plano, vou pegar o Evan e encontro você na casa da floresta.
– Não acha que está sendo precipitado? – ela pergunta com a sua voz calma e doce.
– Escuta uma coisa, se alguma coisa acontecer comigo você vai junto. A morte dos pais do Alberto, a morte do Bruno, o sequestro do Luan e do Evan.
– Quem é Bruno e o que o Luan tem haver com essa historia? – Katrina já aumenta o tom de voz com as revelações do Marcos.
– Tem encontro na casa, espero que você não esteja pensando em desistir Katrina...
– Eu não sou mulher de desistir – ela disse o interrompendo. – Vamos com isso até o fim.
– Assim que eu gosto, nos vemos em duas horas.
Katrina desligou o telefone e olhou para a sua mãe. Ela se recompôs e voltou a ser a mulher fria que sempre foi, deu mais uma olhada na casa e sua mãe e disse:
– Quando tudo isso acabar, vou te tirar desse lugar imundo.
– Minha filha...
Quando a mulher se aproximou Katrina a empurrou.
– Não encosta, você cheira a mofo.
Saiu da casa, entrou em seu carro e deu partida cantando pneu.
***
Lúcio estava observando Jorge deitado na cama de um dos quartos da clinica de Leonardo e o mesmo estava afoito falando ao telefone. Os dois não tinham se falado muito durante a noite e Lúcio queria conversar sobre o que Leonardo disse do Luan, mas o mesmo não queria brigar novamente, ele considerava muito o amigo assim como Alberto e não queria perde-lo.
– Tenho que ir.
– O que, mas para onde?
– Valentina acordou do coma.
– E vai vê-la assim?
– Tem outra maneira?
– Sinto muito, mas você não é a primeira pessoa que a Valentina quer ver depois de despertar de um coma.
– Mas temos que conversar...
– Sei que sim, mas não acho que agora é uma boa hora.
– Sei, mas ela quer falar comigo.
– Bom, já não posso fazer mais nada.
– Nós vemos depois, tem outros médicos que podem cuidar do Jorge e as enfermeiras estão atentas caso ele acorde.
– Tudo bem, pode ir lá. Mas mais tarde podemos conversar?
– Sim, já sei sobre o que é. Mias tarde nos falamos.
Leonardo disse correndo para o seu carro e seguindo para o hospital no centro da cidade, ele estava com medo do que podia vir a seguir, mas só de pensar que sua esposa estava acordada e querendo falar com ele, só de pensar que eles podiam ter outra chance o seu medo ficava para trás.
Quando chegou no hospital ele passou pela recepção correndo e entrou no elevador. Não conseguia parar de mexer seus dedos da mão de tanto nervoso e assim que chegou na porta do quarto da Valentina, ele respirou fundo e abriu a porta.
No lado de dentro na cama estava a sua mulher, sua linda mulher. Mesmo depois de quase dois meses em coma Valentina ainda continuava bela, seus cabelos pretos, seus olhos castanhos penetrantes e com um belo corpo. Ela perdeu muito peso nesses dois meses depois da gravidez.
– Meu amor... – ele disse com a voz falha e os olhos já com lagrimas.
Valentina o olhou e depois voltou a encarar a paisagem do lado de fora do quarto.
– Vamos ser o mais breve possível. Eu te chamei aqui para resolver de vez a nossa situação.
– Eu sei – Leonardo disse suspirando. – Antes de mais nada, me perdoa...
– Não quero ouvir suas desculpas esfarrapadas.
– Mas me de uma chance de lhe explicar... – ela o interrompeu.
– Explicar o que? O fato de ter encontrado você na nossa cama com ele? Acho que isso não tem explicação.
– Valentina...
– Eu te chamei aqui para dizer que não quero vê-lo mais na minha vida, você entendeu?
– Não tome decisões precipitadas.
– Precipitadas? – ela perguntou com sarcasmo. – Passei dois meses deitada nessa cama vegetando como se eu fosse um cadáver e você se acha digno de perdão? A minha vontade era de ter matado você e aquele veado maldito que estava dentro da minha casa, trabalhando para mim, como se fosse da família.
– Não pensei mais naquilo, agora temos nossa filha...
A risada alta da Valentina pode ser escutada do lado de fora do quarto, Leonardo estava assustado com essa reação da esposa. Valentina sempre foi amável e nunca agiu daquela maneira.
– Eu não quero saber daquele feto.
– O que?
– Só vai me lembrar dos anos que eu passei ao seu lado. Só te chamei aqui para avisar que estou indo morar da França e que você nunca mais vai me ver, vou pedir para o meu advogado cuidar do divorcio, mas espero que fique feliz já que tem um premio de consolação.
– Como você consegue ser tão fria?
– A momentos na vida que você acaba se transformando naquilo que você mais tem nojo. Agora vai embora e não me apareça mais aqui nesse hospital.
– Por favor Valentina.
– Vai ficar com o Luan, acho que ele vai ser perfeito para tomar o meu lugar naquela casa. Fora.
Leonardo catou o resto da dignidade que lhe restava e saiu do quarto de cabeça erguida.
***
Marcos desce do seu carro correndo e quando entra em casa da de cara com uma arma que estava apontada para sua cabeça. Katrina segurava o revolver e olhava com os seus olhos verdes penetrantes para Marcos que arregalou os olhos.
– O que você acha que está fazendo?
– Vamos conversar querido, como pessoas civilizadas.
– Abaixa essa arma Katrina, não quero que perca um olho.
– Se você não se acalmar e conversar comigo, pode ter certeza que vai perder muito mais que um olho.
– Vamos para o meu quarto.
Os dois vão para o andar de cima e verificam para ver se estão sozinhos na casa, quando entram no quarto e trancam a porta. Marcos se joga na cama e fica olhando para Katrina que está parada na sua frente.
– O que você tem na cabeça? – ela pergunta olhando para ele.
– Enquanto nós estamos conversando, nosso plano está indo por agua a baixo.
– Não seja tão dramático. Eu quero saber o que fez exatamente.
– Eu arrumei dois cara para matar o Jorge, mas um deles está morto e os outros dois desaparecidos... – ele foi interrompido pela mulher.
– Pelo que você me disse, eles levaram Marcos até um precipício que dá para um enorme lago, estou certa? – Marcos concorda. – Jorge pode muito bem estar sendo comido por peixe nesse momento, e o seu outro comparsa estar fugindo para o raio que for com todo dinheiro que você tomou do Jorge.
– Sim, isso faz sentido, mas se houver testemunhas.
– Testemunhas são irrelevantes quando não se tem provas – claro que ela não acreditava naquilo, mas Marcos estava tão fora de si que acreditaria em qualquer coisa dita a ele. – Vamos seguir com o combinado, tirando o fato do Luan estar preso em uma casa no meio do nada. Eu ainda me pergunto como você pode ser tão estupido em sequestra-lo agora.
– Ele ouviu nossa conversa, ele sabe o que estamos tramando.
Katrina se arrepiou por inteira.
– Maldito garoto. Deixe-o lá por um tempo, ele vai pensar bem antes de ouvir atrás da porta outra vez. Agora só vamos esperar o Evan chegar em casa e notar a ausência da sua vadiazinha.
Ela foi andando até a janela e observando o dia nublado.
– Antes que eu me esqueça, se livre de todos que possam depor contra nós – Maecos disse ainda olhando para o teto.
Katrina se lembrou do André o seu mais novo "amante" que a ajudaria com a gravidez. Ela apenas olha para Marcos e concorda saindo de seu quarto. Marcos deitado na cama dá um pequeno sorriso lembrando das coisas que a Katrina disse.
– Vai dar tudo certo – ele disse para si mesmo.
Do lado de fora Katrina fica tremendo e olhando para os lados.
– Sinto que as coisas vão começar a desmoronar, se prepara pequeno herdeiro. Seu reinado vai acabar antes de começar.
***
EVAN
Já era a noite quando eu acordei de um sonho estranho, parecia que alguém precisava da minha ajudava, mas infelizmente eu não sabia quem era. Eu apenas me levantei e fui para o banheiro tomar um banho demorado. Depois que eu sai eu estranhei o fato do Luan não ter ido no meu quarto me acordar.
Me vesti e fui até o seu quarto, mas estava vazio, então fui até o primeiro andar da casa e encontrei Alberto sentando em uma poltrona e lendo.
– Quem bom que acordou meu amor – ela diz para mim e eu não consigo me acostumar com esse jeito estranho do Alberto me tratar, as vezes eu até sinto saudades do maldito calabouço.
– Pois é, você viu o Luan?
– Pensei que ele estivesse dormindo com você.
– Não, eu não o vejo desde manha.
– Que estranho, bom ele deve estar por ai.
– Verdade – eu digo sentindo uma coisa estranha.
– Está tudo bem?
– Está sim.
– Sente-se aqui comigo que eu vou ler para você.
Eu me sentei em seu colo e fiquei ouvindo enquanto ele lia um trecho do seu livro, mas infelizmente minha cabeça estava em outro lugar.
"Onde será que está o Luan?"
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Continua...
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