INTRODUÇÃO
Parte da série Os Verões Roubados de Nós
Acordo com o barulho do celular. Olho as horas. São 7:15 de uma manhã ensolarada de domingo. É verão do ano de 2018.
Levo um tempo para me mexer, pois meu amor esta agarrado em mim. Dormimos sempre assim, agarrados, Enzo morre de medo de me perder novamente. Agora só nos perdemos para morte. Juntos até o fim. Olhos em seu rosto adormecido. Hoje comemoramos 14 anos de casamento. Sorrio e meus olhos lacrimejam ao pensar que quase não chegamos aqui.
Hoje sou um homem de 43 anos muito bem vividos em todos os sentidos, até mesmo naqueles que quase me levaram para longe dele e do nosso amor. Mas nada disso foi culpa nossa. Na minha vida desde que me conheço por gente girou em torno do Enzo. Sim. Enzo. Meu amor, meu companheiro, minha vida, meu tudo. A única pessoa com quem eu realmente me sinto completo.
Levanto-me cuidadosamente para não acorda-lo. Dou um leve selinho em sua boca e caminho até o banheiro. Estava cheio de esperma seco grudado em meus pêlos onde há alguns esbranquiçados pelo tempo. Tomo meu banho rápido, escovo meus dentes e volto para o quarto nu. Olho-me no grande espelho que temos estrategicamente colocado em frente a nossa cama. Ideia de Enzo (rsrs).
Vou até a janela e fico olhando a paisagem. Estamos na praia, mas precisamente na nossa casa em Paraty. Enquanto observo o mar beijar a areia, na minha cabeça passa um filme. As lembranças de uma vida toda, sendo metade sofrimento e a outra de completa felicidade que dura até hoje.
Vocês devem estar pensando o que um coroa está todo emotivo lembrando o passado. Pois é, meus amigos... Nem tudo são verões ensolarados, há primaveras coloridas, outonos avermelhados e invernos cinzentos (explicar ao longo do conto) ao longo dos anos... Enfim, um ciclo de estações completo.
Observo um barco ao longe e meu pensamento volta ao passado...