CAPÍTULO 1.1

Conto de Dhidhy como (Seguir)

Parte da série Os Verões Roubados de Nós

CAPÍTULO 1.1

Ano de 1995 – Verão em São Paulo

Narrado por Gabriel

Faz calor e estamos num domingo quente de verão e todos, ou melhor, quase todos estavam à beira da piscina na casa da tia Alice e tio Pietro. Estou de sunga deitado numa espreguiçadeira, e eu adoro vir pra cá, pois em casa era um saco ter que aturar minha mãe, então sempre que eu tinha chance fugia das suas garras indo para casa da minha irmã Tatiana ou aqui. Minha mãe era exigente, dura, preconceituosa, super ‘carola’ de igreja e definitivamente ela não concordava com o modo que tia Alice educava seus filhos, que, segundo ela era uma educação muito liberal. Para minha mãe a educação tinha quer ser rígida, severa, com castigos infinitos que por vezes quase beiravam a violência. Não que ela nos batesse, meu pai jamais permitiria, mas ela tinha seu ‘jeito especial’ de castigar a mim e Tatiana. E esta foi uma sortuda, pois assim que teve a chance sumiu de casa para fazer faculdade em outro Estado e quando voltou foi morar sozinha alegando que havia conquistado sua independência financeira e queria sua privacidade. Ela até me convidou para morarmos juntos, mas meu pai, influenciado por minha mãe não permitiu. Sortuda do caralho. Então, toda a ‘atenção educativa’ de minha mãe voltou- se para mim.

Ao me formar no ensino médio tive meu período ‘sabático’ e viajei para fazer intercâmbio durante 18 meses pela Europa. Tudo isso conversado antes com meu pai e minha irmã, pois se minha mãe fica sabendo antes, ela foderia com tudo. Aproveitei muito essa viagem, pratiquei meu inglês, italiano e francês, fiz alguns cursos como culinária, alguns voltados para administração de restaurantes. Conheci lugares diferentes, pessoas incríveis, enfim, eu acabei me descobrindo também. Sim, sou homossexual, mas sou enrustido. Um gay enrustido. Retornei faltando uns meses para meu vigésimo aniversário.

Atualmente estou com 20 anos de idade recém completados e passei no vestibular para Administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Gritos me fazem olhar para piscina. Aline e Enrico (irmão mais novos do Enzo) brincavam com minha irmã e seu atual namorado. Faltava uma pessoa. Enzo. Ele ainda não havia descido. Somos grandes amigos e confidentes, pelo menos eu acho que sim, ou éramos até antes da minha viagem. Trocamos algumas, quer dizer, eu enviei muitas cartas e postais para, mas ele respondeu somente algumas. Em cada cartão postal eu dizia que um dia o levaria para conhecer cada um desses lugares. Eu sentia um tesão enorme por ele desde os 10 anos quando ele caiu em cima de mim num esconderijo em minha casa, e com o tempo isso foi aumentando. Mas eu nunca tentaria nada. Primeiro porque ele é menor de idade, segundo porque é meu primo e terceiro que isso causaria um inferno nas nossas vidas. Meu desejo por ele aumentava na medida em íamos crescendo. Minha irmã Tatiana já suspeitava disso desde o episódio com ‘meu pau duro pelo Enzo’ e sempre me incentivou a assumir minha homossexualidade. Mas não dava, minha mãe me mataria. Simples assim.

Em parte meu intercâmbio serviu para me afastar um pouco dele. Transei com outros caras, mas todas às vezes era ele que eu imaginava comendo.

“Porra, sou um pervertido! Ele é menor de idade!” penso voltando minha atenção para piscina.

Enzo agora está com 15 anos e a cada dia que passa fica mais lindo, mais homem e tem uma sensualidade que lhe é natural. “Saco” penso comigo.

- Gabe, meu querido. – tia Alice me chama.

- Sim, tia... Quer ajuda? – no período em passei viajando aprendi a cozinhar (rsrs)

- Não, querido, obrigada. Mas preciso que chame seu primo, por favor? Vou servir o almoço em 30 minutos.

Levanto-me da espreguiçadeira e sigo para dentro encontrando meu pai e meu tio saindo do escritório deste.

- Onde vai, filho? – pergunta meu pai.

- Estou indo chamar o Eno, pai! A tia disse que estará pronto em 30 minutos.

- Opaaa... – meu tio Pietro diz. – Vamos, Chico porque estou morrendo de fome.

E eles saem rindo feito bobos. São os melhores amigos um do outro a vida inteira. Subo as escadas ligeiro e chegando a porta do quarto de Enzo bato e espero ele permitir minha entrada.

- Vai embora! – ouço ele dizer com voz chorosa.

Algo estava errado e resolvo entrar assim mesmo. Foda-se.

- Eno... – chamo delicadamente por seu apelido de infância. O quarto estava na penumbra com as cortinas semicerradas, mas a janela aberta permite entrada de uma leve brisa.

- Sai daqui, Gabe. – ele estava debruçado sobre a cama com o rosto enterrado no travesseiro.

- Não. – respondo me aproximando da cama. – O que houve?

- Nada. – ele responde.

Toco seus ombros ao me sentar na cama e viro seu corpo. Ele me olha e vejo seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

- O que houve? – pergunto de novo. – Eno... Conversa comigo. Somos amigos, não somos?

Ele apenas confirma com um gesto

- Então me conta o que houve? – pergunto delicadamente abraçando pelos ombros

- Gabe... – ele recomeça a chorar.

- Shiii... – acaricio seus cabelos. Seu cheiro entorpece meus sentidos e meu corpo estremece de emoção. “Não... Agora não. Que porra de tesão é esse?” penso quando sinto uma ereção se formando. Cruzo minhas pernas para disfarçar. – Conta pra mim o que houve.

- Gabe... Eu acho... – ele fecha os olhos e respira fundo. – Eu acho que sou... Gay.

Respiro fundo. Meu coração salta dentro do peito e não sei o que há comigo. Várias emoções tomam conta de mim, um misto de felicidade e pavor, mas não podia pensar nisso agora. Eno precisa de mim.

- Por que você acha isso? – minha voz continua calma. Ainda bem. – Como chegou a essa conclusão?

Enzo inspira e se solta de mim, sinto um vazio quando ele faz isso, mas sei que ele precisa de espaço para me contar. Ficamos frente a frente. Aproveito para admira-lo. Ele usava um short curto branco e uma camiseta regata, seus cabelos estão bagunçados e seus olhos verdes brilhavam intensamente.

- Lembra do Hugo, meu amigo do colégio? – confirmo que sim. – estávamos estudando na casa dele e ele começou a fazer algumas perguntas estranhas para mim.

- Que tipo de perguntas? – já estava odiando esse pirralho do caralho.

- Se já tinha beijado muitas meninas, se gostei e... – ele pausou inspirando profundamente. - E ele perguntou se eu já tinha beijado outro menino. Quando disse que não o Hugo chegou perto de mim e me beijou. Eu fiquei surpreso na hora...

Resolvo incentiva-lo, mesmo já com ódio desse pirralho idiota.

- Enzo, o que houve depois? O que ele fez ou vocês fizeram? – eu desencosto da cabeceira da cama. Desespero.

- Eu correspondi, Gabe. – responde finalmente. – Depois eu empurrei o Hugo e saí de lá correndo, mas... Quando cheguei em casa percebi que meu pênis estava duro. – ele fica corado e baixa o olhar. É tão lindo. – Tem uma menina que gosta de mim. A Ana... Eu fiquei com ela.

Ele se cala novamente. Percebi que ele estava incomodado.

- E você gostou de ficar com ela? – pergunto. Confesso que tive medo da resposta.

- Eu não gostei. – Enzo responde olhando em meus olhos. Vejo sinceridade neles. Meu coração salta. – minha cabeça está confusa desde então. Ou melhor, nem tanto... Olha eu já nem sei. Ao mesmo tempo em que tenho certeza do que sou ainda tenho dúvidas. Você consegue entender isso? Porque se sim, me ajuda... Por favor, Gabe. – seus olhos são dois pontos de esmeraldas suplicantes.

- Eu consigo te entender perfeitamente, Eno. – Claro que sim. Sou um filho da puta enrustido.

- Consegue, Gabe? – seu olhar é de surpresa. Ele se aproxima e coloca sua mão direita sobre meu peito. Eu juro que senti um choque. – Me ajuda, então, por favor!

Respiro fundo segurando sua mão sobre meu peito e pergunto.

- Você quer tirar a prova do que sente? Se realmente gosta de homens ou mulheres?

Ele me olha aturdido, mas confirma que sim com um gesto. Seu olhar agora é de curiosidade.

- Vem cá... – ainda segurando sua mão eu puxo Enzo para meus braços.

- Gabe... – ele começa, mas eu coloco meu indicador em seus lábios.

- Shiii... Calma, Eno. – e traço o contorno de seus lábios com meu dedo delicadamente. – Confia em mim?

- Gabe... Eu...

- Confia, Enzo? – aperto mais em meus braços. – É simples. Sim ou não? – meu tom de voz é mais firme. Apesar de estar com as emoções à flor da pele ainda consigo demonstrar calma.

“Eu sou um filho da puta pervertido!” penso amargamente pelo o que estou prestes a fazer.

- Sim, Gabe... Eu confio.

Sorrimos um para o outro.

- Seu sorriso é lindo, Eno! Você é todo lindo... – acaricio seu rosto e seus olhos escurecem. – Fecha os olhos.

Ele fecha. Como sou mais alto que ele, aproximo meu rosto do seu e sinto sua respiração ficar mais pesada. A penumbra do quarto faz o ambiente se tornar excitante. Desço minha cabeça lentamente até meus lábios tocarem os seus. Suave. Sem pressa.

E então para minha surpresa, ou não, tem inicio o melhor beijo da minha vida. Sim, acredite quando digo isso. Simplesmente beijar Enzo é como ir ao paraíso. E sim, acreditem, eu viajo na maionese e constato algo que sempre esteve comigo e talvez por ignorância, medo ou sei lá o que, descubro que o amo. Foda-se. Coloco todo desejo acumulado por ele durante esses anos nesse beijo. Ao mesmo tempo em que aprofundo o beijo eu aperto e Enzo em meus braços penetrando sua boca com minha língua. Enzo enlaça meu pescoço e geme. Sinto que meu pau vai furar a minha sunga. O beijo fica mais intenso juntamente com nossa respiração. Desço as mãos por suas costas até chegar a bunda e aperta-la. Quero que Enzo sinta o quanto estou duro para ele e por ele. Sim. Somente por ele e por incrível que pareça eu o sinto esfregar seu pau duro em minha coxa, pois Enzo é um pouco mais baixo que eu.

O beijo torna-se frenético, nossas mãos passeiam ávidas por nossos corpos. As roupas se tornam uma barreira. Eu o quero para mim. Quero faze-lo meu. Só meu. Meu Enzo. Meu Eno. Meu amor. “Aiii... eu to fudido!” penso atordoado.

- Gabe... – Enzo geme meu nome por entre nossos lábios. – Gabe... mmm...

Eu me afasto relutante.

- O que foi, Eno? – pergunto beijando de sua bochecha até chegar à sua orelha. Sorrio porque ele se arrepia todo. Lindo.

- Eu já descobri... – ele diz ofegante.

Paro de beija-lo me afasto e olho em olhos. Estes estavam mais escurecidos que antes, as pupilas estavam dilatadas e seu rosto todo corado.

- O que você descobriu? – pergunto.

Ele se aproxima e me beija suavemente. É sua vez de acariciar o meu rosto e como sou um filho da puta carente me inclino para ficar em suas mãos.

- Eu gosto de meninos. – diz ele – E hoje eu descobri que gosto de beijar você, Gabe...

Dou um leve sorriso e encosto minha testa na sua. Sorrimos mais ainda. Feito dois bobos.

- E eu sempre gostei de você também, Eno. Só você! Desde que eu tinha 10 anos. – seu olhar surpreso e questionador me faz completar. – Qualquer dia desses eu te explico, ok?

Ele assenti e diz:

- Então me beija de novo... – ele pede.

E nos beijamos. Dessa vez o beijo é mais intenso que o primeiro. Vamos para cama e me deito por cima dele. Meu pau está tão duro que tenho medo de machuca-lo. Enzo abre as pernas e me coloco entre elas e começamos a nos esfregar um no outro.

- Delíciaaa... Enooo – enquanto falava ia beijando seu pescoço. – Meu lindo..

- Gabe... Eu quero você! – Eno aperta minha bunda e com isso meu pau encosta mais ainda nele. Gememos.

Então escutamos a voz da minha irmã gritando por nós. Dou um pulo da cama. Não há como disfarçar, mesmo minha camiseta encobrindo, minha ereção estava mais que evidente.

- Espera aqui, Eno. – vou até a porta e grito – Já estamos indo, Tati. Estamos conversando.

Ela resmunga qualquer coisa e desce. Fecho novamente a porta e olho para Enzo. Ele ainda estava deitado e seu pau fazia com seu short parecesse uma barraca. Sorrio e volto pra ele e resolvo ser ousado. Abaixo um pouco seu short e seu pau salta diante de mim.

- Confia em mim? – pergunto.

- Sim, Gabe... – Enzo está me olhando.

Então coloco a cabeça do seu pau na minha boca e dou uma chupada. Ele geme alto.

- Shiii... Eno... Mais baixo. – eu paro e olho pra ele – Se eu te chupar promete gozar logo? Não temos muito tempo.

Ele apenas confirma com a cabeça. Sorrio mais uma vez e caio de boca naquele membro delicioso. Enzo era dotado, nada exagerado, mas grosso e com uma cabeça em forma de cogumelo.

Chupo por vários minutos me deliciando com o pré gozo. Sinto que ele endurece mais e acelero um pouco a chupada. Enzo geme um pouco mais alto e goza na minha boca. Tomo tudo e ainda limpo seu cacete.

- Você engoliu? – Enzo me pergunta surpreso.

Sorrio malicioso. Engoli porque é ele.

- Sim, meu amor. Engoli tudo. Só porque é você, Eno. – e me aproximo de seus lábios – Quer sentir seu gosto?

Ele nem espera e me beija. Gememos. Eu o afasto um pouco.

- Precisamos descer. – digo.

Enzo suspira.

- Eu sei. – ele me olha. Agora estava encabulado. – Gabe... O que acontece a partir de agora? Com a gente?

Chego perto dele e o beijo. Estou viciado em sua boca.

- Vamos deixar rolar, ok? – ofereço – Não quero que se sinta forçado a nada. Vamos nos curtir e ver no que dá? Tudo bem pra você?

- Ok. – ele concorda.

- Vou ao banheiro me recompor. Preciso baixar meu fogo. Quer ir na frente?

Ele ri.

- Sim... Espero você lá embaixo.

Dou mais um beijo e entro em seu banheiro. Não rolaria punheta e sim um banho gelado rápido. Vejo Enzo caminhar até a porta. Ele olha para trás e me dá o melhor sorriso do mundo.

A partir daí percebo que estou perdido. Eu o amo.

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