Trancafiados
Parte da série Gaiolas & Gatos
Passou-se messes.
Chegou o dia de ir para o novo colégio. Para Iam, isso foi a pior coisa de sua vida, ele odiava a ideia de fica trancafiado numa prisão de adolescentes, mas só de olhar para a cara do seu pai todo orgulhoso, já lhe deixava aflito.
Iam não tinha coragem de decepcionar seu pai e por isso estava finalmente indo para o tal “colégio militar” que ficava a quilômetros da cidade, bastante distante de sua casa e de tudo que Iam não queria deixa para trás. Foram apenas seis horas de carro com seu pai ao lado tentando puxar assuntos não impróprios para o momento.
Ele estava ali, mas ao mesmo tempo não. Estava morrendo de ódio por ter que mudar, morrendo de ódio por que ir pra um lugar em que alguém pudesse impor regras que ele não se habituaria. Por fim Iam acabou ignorando seu pai de vez, colocou seus fones de ouvidos e inclinou a cabeça para o lado encostando-se a o vidro do carro.
Suas musicas acabaram lhe salvando daquela viagem tediosa e duradoura, Iam ficou apenas com a cabeça sobre o vidro do carro observando o nada enquanto passavam-se as musicas pelo o modo aleatório do seu celular, ali ele adormeceu. Enfim, chegaram, Iam saio do carro cambaleado e com a cara toda amassada de sono. O sol queimava os seus olhos por ele ter passado muito tempo com o olho fechado enquanto dormia.
Na entrada do colégio estava a maior movimentação de rapazes entrando com suas mochilas e malas, alguns se despedindo dos seus pais. Há frente de um carro velho e totalmente acabado, um garoto que aparentava ser criança, não por sua parencia, e sim, pela forma que lhe foi tratado por sua mãe. Dava para ouvir sua mãe dizer: – Natanael, já olhou se esta tudo direitinho ai dentro meu filho? – Perguntou a mulher de vestido vermelho e que parecia esta falando com uma criança de nove anos. – Sim mãe olhei tudo umas vinte vezes já!– Afirmou o garoto em um tom alto, ele parecia de saco cheio.
Iam observou tudo calado. Na entrada um grande letreiro se destacava na parede do prédio “Colégio Militar” o prédio parecia mais uma prisão para assassinos psicóticos. Uma enorme e extremamente exagerada porta lhe esperava. Um rapaz um pouco mais velho recepcionava os jovens no canto da porta para aqueles que se aproximavam do portão de entrada, e finalmente se tornarem um “recruta”, porém, os pais não podiam acompanhar seus filhos ate lá dentro, era um tipo de norma ou regra, uma coisa desse tipo.
– Pronto Iam! Esta entregue – Disse seu pai batendo a porta da sua Toyota verde. – Quando der, volta pra visitar seu coroa, e de preferência leve uma namorada junto – Continuou seu pai tentando se despedir. Iam simplesmente lhe deu um sorriso falso, se virou seguindo em direção a grande porta, que mais parecia uma enorme boca que engolia os jovens que passavam por ela. Iam foi se aproximando do portão e sentia-se que se entrasse lá, iria arrepender-se. Ele olhou para trás para conferir se seu pai ainda estava ali lhe olhando entra com segurança (Como se ele fosse fugir)
Realmente.
Iam pensou por varias vezes em fugir, sai correndo como uma noiva em fuga do altar, mas sempre se imaginava correndo em pleno pátio militar aos gritos e uma correria de saldados super fortes lhe perseguido com armas apontadas para sua cabeça mandando-o abaixar e por as mãos na cabeça. Assim foi essa a visão que Iam teve enquanto se aproximava da entrada.
Seu pai ainda estava ali, fazendo gestos com a mão o mandando entrar, o recruta que estava recepcionado lhe encarava fixo sem mover os olhos para nenhum outro canto. Sério. Quando Iam se aproximou o rapaz lhe fez um gesto apontando a mão para entrada indicando o pátio exterior. – Bem vindo recruta – Disse o rapaz. Ele tinha os olhos verdes e sua aparência era perfeita, cabelo encaracolado e alto estava fardado. Iam não encarou pelo fato de ele ter medo dos militares. Os amigos de Iam lhe fizeram a cabeça, e só falaram coisas ruins dos militares do exército, do jeito que o rapaz lhe encarava, sério, ele tinha o que temer, pelo menos era o que Iam achava.
Lá dentro era um pátio enorme e largo de vários ângulos e estava o maior fuzuê, um grupo de doze saldados fardados passou por ele com as duas mãos para trás e cantando um tipo de grito de guerra:
“Infantaria
Ataca, máscara, impõe
O seu valor
Não tem medo da morte
E aos inimigos trás horror
Somos-nos a rainha e o
Nosso lema é vibração
E estamos sempre prontos
Para cumpri qual quer missão
INFA”
Iam fico parado junto a sua mochila em mão, sem saber muito que fazer, em um determinado momento, outro garoto apareceu do nada lhe dando as coordenadas, ele parecia querer ajudar – É pra sentar ali – Sussurrou o garoto gesticulando o dedo indicador, apontando para um tipo de arquibancada onde estariam vários outros garotos sentados esperando alguma ordem ou apresentação, Iam não sabia muito bem, mas mesmo assim se dirigiu para os acentos seguindo o garoto e se sentou na ponta. O garoto se sentou três acentos depois.
Após alguns longos e demorados minutos o garoto que tinha o indicado o que fazer antes, se aproximou de Iam passando três bancos vagos em sua direção. Os bancos eram verdes como quase tudo na dentro do quartel.
Iam com sua imaginação fértil, imaginou-se dentro do corpo de uma vaca e para onde se olhava via capins verdes no grande pátio. – Oi? Sou o Natanael, mas pode me chama de Natan – Disse o garoto assustando Iam e interrompendo suas alucinações malucas. – É... Sou o Iam, muito prazer! – Respondeu Iam estendendo a mão para Natan. Natan por sua vez apertou firme a mão de Iam.
Natan era tipo aqueles garotos, nem magro nem gordo, com cabelo encaracolado como o do rapaz de antes, porém, de coloração meio ruiva. Seu olhar era meigo e inocente, parecia ser mais novo do que sua idade, já que a maioria dos garotos tinha entre os quinze para cima.
Continuo Natan puxando assunto – Você veio por vontade própria? – Disse Natan olhando diretamente para Iam. Iam não gostava muito de encara as pessoas e muito menos quem ele tinha acabado de conhecer, então ele abaixou as sobrancelhas e com uma expressão vergonhosa, voz tímida e meio baixa, o respondeu. – Talvez sim... Na verdade foi pela vontade do meu pai. – Falou Iam enquanto se intertia mexendo no botão de sua mochila. – Então somos dois parceiros... Toca aqui! – Natan falou com entusiasmo levantando a mão para Iam bater, pena que Iam o deixou no vácuo e apenas deu um breve sorriso no canto da boca só para mostra que concordava com Natan. Natanael continuou:
– Você tem que se animar Iam eu também não estou por vontade própria, mas nem por isso vou ficar me lastimando, vamos se diverti pra ver se somos dispensados de primeira.
– Talvez você tenha razão.
– Você cometeu algum crime ou expulso de escola?
– Não! Porque á pergunta?
– Porque geralmente quando os pais trazem seus filhos para cá, é porque são “menores infratores”- Afirmou o garoto enquanto fazia sinal de aspas com ambos os dedos.
O local era tipo um grande castelo, com muros altos e arames farpados por toda sua volta e em cima dos muros, os muros eram todos pintados de cinzar e o pátio cheio de bugigangas de treinamento, escadas, cordas, muros médios e cheios de bolsas de cimentos que Iam também preferia não saber para que servia.
Entre os novatos só havia uma garota, cabelos curtos e escuros, sua franja cobria parte do seu rosto, na sua orelha direita tinha um alargador escuro e seu braço esquerdo era coberto por uma tatuagem que começava no braço e terminava dentre seu short curto passando pelo lado direito de sua barriga, Iam percebeu os detalhes por ela esta atrás dele, e porque ela usava uma camiseta curta que amostrava toda sua barriga. Muito bonita por sinal.
Havia também, o garoto o qual ele já tinha visto com sua mãe anteriormente e outro garoto todo forte, moreno, cabelos raspados e olhos castanhos e com uma cicatriz em sua mão direita.
Estava fazendo muito sol, a tal arquibancada não tinha nada para proteger as pessoas (nós) que se sentassem ali.
– Meia hora e nada...
Sussurrou Iam cutucando o braço de Natan que estava de costas, conversando e fazendo caretas para descontrair os outros novatos. Estávamos realmente há exatamente trinta minutos expostos ao sol, suados, com cede e nervosos. – Acho que eles estão nos testando... Quem desiste primeiro morre! – Debochou Natanael com um sorriso enorme na cara. Iam lhe retribuiu o sorrio. Ele não conseguiu evitar a simpatia de Natan, seria muito grosseiro Iam ignorar Natan depois que ele lhe ajudou e tentou todo o tempo ser simpático. Iam decidiu se descontrair junto com os garotos e a garota que não parava de sorrir com as palhaças e caretas de Natan que também se divertia com a situação. Pelo menos a demora fez bem para Natan.
Passou mais alguns minutos ate que um senhor alto, forte e de cabelos grisalhos surgiu em nossa direção. Ele tinha em mãos uma prancheta e uma caneta azul (Dava para perceber pela tampa) de óculos escuro e fardado.
– Fila ombro a ombro, dos mais altos aos mais baixos.
Gritou o senhor de longe enquanto se dirigia na direção dos jovens, serio. Ele foi curto e grosso, andava corretamente com passos largos e rápidos, uma postura surpreendente, ereta.
– Corpo reto olhando para mim, sem sorrir, pisque devagar, controle suas respirações...
Continuou ele parando exatamente na frente da garota, a primeira da fileira.
– Me chame de tenente, sou o superior de vocês e coordenador! Quero respeito, me respondam com “sim senhor”, “não senhor”, “aqui senhor” e só responda se eu os perguntar. Não conversem entre si na minha presença, não aturo brincadeiras e se pensam que vão fazer o que quiserem... Desculpe, mas isso esta fora do meu regulamento.
As palavras do tenente eram rápidas, curtas e serias ele parecia ditar cada uma das frases que saia, Iam simplesmente tentou evitar olhar para o seu rosto, todos levantaram e fizeram o que foi pedido, inclusive Iam. Os garotos e a garota estavam eretos de cabeça erguida e olhar fixo para frente, Natan não parecia o mesmo, ele estava bastante nervoso e parecia se assusta a cada frase que o tenente dizia:
– Vou fazer uma rápida chamada, e logo a pós vou dizer o que fazer.
Ele afirmou em um tom grave. Cada grito, a cada palavra que ele dava, a garota parecia sentir a saliva respinga em seu rosto, Iam não queria esta ali na primeira fila, ele simplesmente urinaria nas calças só de esta frente a frente com aquele homen