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Conto de Cyruz como (Seguir)

Parte da série A Fuga

Lúrio corria desesperado em direção ao grande campo de capim alto. Os seus pés pareciam voar, hoje finalmente teve a chance de escapar do campo de xibalo, poucas oportunidades como aquela houveram. Apesar de serem muitos nos campos de xibalo, o segurança era bem apertada.

Homens carregavam espingardas e baionetas, e não hesitavam em matar ou ferir quem mostrar-se indícios de conspirar a fuga dali. Quem tinha oportunidades de fugir, desistia logo em seguida. Os espetáculos de horrores que os homens armados proporcionavam desestimulavam muitos.

Ver um prisioneiro amordaçado e humilhado durante dias não era algo bonito de se ver. Pior era ver a crueldade dos homens armados ao desmembrarem os fugitivos. Muitos resistiam ao terem os seus dedos e mãos arrancados, porém o continuo ato de retirarem-lhe membros não os faziam resistir mais tempo.

Uma velha frase corria naqueles locais – quanto quase para apanharem-te e melhor é morrer. Muitos que sabiam que seriam apanhados suicidavam-se antes de serem pegados, eram bem morrer assim do que devido as torturas que se viriam a seguir.

Diferente de muitos que acabavam perdendo a coragem, Lúrio era uma rapaz com coragem e esperança, apesar das condições que vivi nos campos de xibalo, nunca deixou de pensar em sua liberdade, nem que ela fosse alcançada a custa da sua fuga.

Raptado quando muito jovem era, basicamente um adolescente, Lúrio logo jovem teve o seu espírito moldado a imagem da responsabilidade de ser adulto. As cargas horárias de trabalho no campos era bem intensa. Desde o nascer do sol ao por do mesmo. Em suas primeiras semanas foi veemente punido por seus atrasos ou por não atingir a cota do seu trabalho.

Quando uma oportunidade de uma nova fuga surgiu, depois da última que vitimou a maioria dos fugitivos, Lúrio não hesitou, apesar do medo de ser apanhado. Ele nunca encaixou-se naquele local, e nunca sequer viu-se realmente como cativo permanente dali.

Aproveitando de um descuido dos guardas ele e muitos outros trabalhadores fugiram. A noite em que ocorreu era fuga era nublada e ausente de qualquer sinal de uma lua, assim dificultando a iluminação que permitiria que muitos fossem descobertos.

Enquanto se preparava para a sua fuga não deixou de notar o quão triste era deixar os idosos e os menos capazes no acampamento. Boatos de um grande grupo de guerrilheiros que iriam invadir o alojamento dos campos de xibalo ecoavam em sua mente. Realmente esperava que isso acontecesse. Apesar de não ter tido a chance de ter passado a sua maior parte da infância com os seus pais ou familiares, ele fizera daquelas pessoas a sua família.

Os seus pés agora descalços, caminhavam silenciosamente entre o campo. A escuridão era o seu disfarce. Os guardas estavam distraídos para notar a estranha quietude no local.

Lúrio ao máximo evitava fazer qualquer barulho, não desejava fazer notar ou denunciar o que ocorria naquele exato momento. Gotas de suor escorriam pela sua face e os dentes mordiam o seu lábio inferior, demonstrando o quão ansioso e temoroso estava.

Já na saída do acampamento, ele já podia calçar as sua sandálias que as trazia penduradas em seu pescoço.

O toque de alerta suou, despertando-o para um estado de medo, sem perder mais tempo ele corria, sequer tinha coragem de olhar para trás, temia notar que estava a ser perseguido.

Os latidos dos cães, tornavam-se intensos, gritos e sons de disparos tornavam-se intensos. Ele agora corria desesperadamente, seu pés agora pareciam mais doloridos e machucados. Os arbustos cheios de espinhos castigavam a sua pele, além do troncos árvores e pedras no caminho.

Uma sombra o seguia, ele assustou-se quando de rompante ela saltou-o em sua direção. Ambos caíram e rolaram até um tronco de uma árvore. A figura serviu de almofada para suavizar o impacto do menor na árvore.

Munidos de coragem Lúrio logo levantou-se e pegou uma pedra pronto para disferir o primeiro ataque. Ninguém ficaria em seu caminho, afirmava com uma expressão decidida em seu rosto.

A figura levantou com dificuldade, logo o seu corpo demonstrava o quão grandioso ele era, um suspiro de alívio escapou do lábios do menor.

A sua frente estava Lukanda, o seu namorado. Deixou a pedra escorregar da sua mão em direção ao chão, coberto de vegetação. Aproximou-se do maior depositando um beijo, que logo passou a dominar o beijo que agora tornara-se ardente. O menos apesar de já ter dado e recebido vários beijos do maior, ainda se envergonhava, sorte que a sua pele não era alva, pois se fosse notaria-se o quão corado estava naquele momento. O ar faltou no pulmões do menor e ele quebrou o beijo encarando o menor, ainda tendo o seu corpo rodeado nos braços do maior.

Um sorriso formo-se na face dos dois, um sorriso puro. Saindo-se dos braços musculosos do maior, o menor agora retomando o que diria a seguir.

– Pensei que não tinhas fugido. – disse o menor fitando o olhar penetrante do maior.

– Eu nunca de deixaria sozinho, e tu sabes disso. – disse levando a sua mão ao queixo do menor e erguendo, assim para o menor encara-lo.

– Mas como me achaste? – indagou curioso.

– Foi difícil, mas imaginei que irias por este caminho. – disse sorrindo para o menor.

– Obrigado por estares aqui comigo. – a vergonha tornou-se presente no tom de voz do menor.

– Não tens de quê. – o maior depositou um beijo cheio de ternura nos lábios do menor. – Vamos, eles não devem estar longe daqui.

Os dois agora caminhavam silenciosamente, pois o ganhos secos, quando quebrados faziam barulho, e isso era algo que tinham que evitar.

Os sons dos latidos cada vez tornavam distantes a medida que saiam da mata, entrado em direção ao grande vale, adornado de capim alto. As mãos dois dois agora encontravam-se enlaçadas.

Depois do campo de capim ali, começava a nossa vida de ambos. Não mais precisariam de esconder o que sentem dos outros ou trabalhar arduamente em condições desumanas.

Uma palhota seria o suficiente para ser a moradia de ambos, nada tão grande, pensava o maior.

O menor não tinha pensamentos tão diferentes aos do maior, apenas acrescentando o facto que desejava encontrar os guerrilheiros. Por ele, os guerrilheiros deviam o quanto antes invadir e destruir aquele complexo infernal. O seu rancor pelos donos daquele local era tanto, que em um momento a sua face pareceu escurecer e seus pensamentos tornaram-se obscuros.

O menor em sua mente via em os colonos implorando perdão, enquanto ele via toda tortura que ele tinha visto a ser proporcionadas aos seus companheiros agora dirigidas ao eles.

Como que em intuição o maior reparou o quão estranha a face do menor estava tratou logo de desperta-lo dos seus devaneios. Até hoje lembrava de somente em uma vez, o menor apresentou aquele sombria face, os motivos para isso, ele não sabia exatamente.

Tentando desviar definitivamente o menor de seus pensamentos, o maior não hesitou em dar um beijo nos lábios do menor. Ele agora reparara que o beijo de ambos tinha um efeito bom em eles. Qualquer emoção negativa dissipava depois do beijo.

A caminhada agora parecia mais leve, o cansaço parecia distante ou inexistente, um sentido de liberdade apossava o corpo e mente de ambos, porém figuras não tão amigáveis observavam o casal de longe. Esperavam o momento certo para pegarem neles, todavia ainda pensavam em brincar um pouco com eles.

– Vamos. – foi o palavras que saiu da boca do homem que parecia ser líder do grupo.

– A caçada começou. – disse um homem atrás do líder. O divertimento na sua voz era notável.

Ali para o grupo, os fugitivos não representavam não mais que uma gazela, ou qualquer animal que servi-se de caça a eles. Jamais pensavam que aquele povo fosse igual a eles. Usavam de uma doutrina corrompida para reivindicar o que nunca fora deles de direito. Aquele povo que eles tinha como escravos, serventes e divertimento era um fruto de um pecado, tanto que a pele deles representava isso, assim pensavam a maioria dos colonos.

Um som foi ouvido pelo menos, o seu corpo logo passou para o estado de alerta. Sussurrou ao ouvido do maior, que sentia que estavam a serem observados, desde que entraram no capim alto.

O maior sequer duvidou do menor, a calmaria daquele lugar denunciava o perigo que ali se escondia. Com cautela ambos caminhavam, os passos agora eram apressados. Os colonos mercenários pareceram notar isso. Como uma grande chuva que se avizinha rapidamente, os trovões ,no caso os cães começaram a latir alto. As luzes da lanternas vasculhavam o capim alto.

O casal agora desesperado não mais podia continuar seguindo em frente teriam que despistar os seus algozes. As passadas tornaram uma correria sem fim. Ambos corriam desesperadamente.

Os colonos divertiam-se ao observar os trilhos aos quais os guiavam. Ali eles notavam que as suas caças não se deixariam capturam tão facilmente.

Um dos colonos desafiados teve a infeliz sorte de alcançar o casal, antes do resto do grupo. A pedrada que recebeu em seu rosto, foi inesperada, caiu desacordado com o impacto da mesma em sua face. O sorriso que a pouco tinha em sua face, agora não mais tinha o original significado.

O maior sorria ao menor, ao lembra-se da valente pedrada que deu a um dos perseguidores, porém ambos estavam em desvantagem, tanto numérica como bélica. Os cães eram uma força que tinha que considerar.

Adentraram uma parte da floresta que se erguia oponente até ao um precipício. Agora notavam o quão incautos foram ao adentrarem ali, ambos não conheciam aquele parte da floresta, além de relatos que ouviram no campos de xibalo, que contavam que lá residia o espírito de curandeiro muito vingativo aos que adentravam no seu território sem ser convidados ou prestarem as devidas homenagens. Ambos sentiam que a distância encurtara entre eles e o grupo que os perseguia.

– Fica aqui já volto. – disse Lukanda, dando dois beijos nas costas das mãos do menor.

– Por favor, fica comigo. – implorou o Lúrio, em um sussurro. As lágrimas já brotavam em sua face.

– Preciso ir, já volto. Vou tentar despistar-los. – disse o maior, enxugando as lágrimas do menor com os seus dedos.

Doía-lhe muito ter que fazer aquilo, mas era o necessário. Distanciando-se do menor, Lukanda ia em direção a outra parte da floresta. Já estava exausto, porém pelo menor iria se sacrificar.

Como de surpresa fora abatido, caio no chão tentando levantar-se, só para erguer o olhar e dar de caras com 3 homens encarando com sorrisos sádicos em seus rostos. Os cães o rodeava, a tentativa de fuga, falhara para si, mas para si acreditava ter dado tempo para o menor fugir.

Duas figuras aproximaram-se dele, amarando-o. Os nós eram apertados, limitando ao máximo os seus movimentos. A exaustão e a dor de ter estado em ativa atividade física, já mostravam sinais em seu corpo.

Não esperou para a série de muros que recebeu. Caiu incontáveis vezes. Quando perguntando onde o menor estava ou dirigia-se, ele permanecia em silêncio, e isso enfurecia os seus captores que não hesitavam em agredir-lhe violentamente.

– Um de nos foi a procura do seu namoradinho. – disse um deles, sorrindo. – logo irão capturar-lhe, mas ele não te fará companhia. – continuo, sorrindo mais ao ver que a indiferença do cativo dera lugar a preocupação. – Tenho planos para ele, bem mais intensos. – findou ele.

Como se um espírito apossa-se do corpo de Lukanda, ele ergue-se por momentos derrubando aquele que ousara profanar o menor, as cordas não o impediram de machucar o desgraçado que se encontrava a poucos na sua frente. O massacre só parou, quando ele recebeu uma coronhada na cabeça seguido de um murro forte no seu peito. O ar lhe faltou e a dor em sua cabeça culminou com o seu desmaio.

– Ele é bem forte. – disse um deles, olhando o azarado que foi alvo da fúria cativo.

– Realmente esses selvagens me surpreendem.

Enquanto isso, Lúrio chorava baixinho. Não tivera forças para distanciar-se tanto de onde se despedira do maior. O choro baixo deu lugar, a somente lágrimas.

– Apareça, pequeno. – disse uma voz. – Sabes que não irás conseguir fugir de mim.

O silêncio foi a resposta do menor. Agora deduzira que o seu perseguidor estava sozinho, e o melhor sem cães.

Esfregou a sua pele, com uma planta tentando disfarçar o seu cheiro, e caminhou lentamente em direção a outro arbusto denso. Ali provavelmente estaria a salvo.

– O seu amado. – a palavra saiu em tom de desgosto. – Já foi apanhado possivelmente no mínimo. – procurou entre aquela paisagens qualquer movimento que denuncia-se a localização do menor. – Mas é bem possível que já esteja morto.

Ele não notando o seu desconforto acabou revelando a sua posição. Em sua mente nunca esperava que eles fossem capazes de apanhar Lukanda. Lukanda conseguia ser bem esquivo e evasivo apesar de seu tamanho dizer o contrário.

Logo um braço pegou violentamente o menor, que tentou a todo o custo debater-se, a força que o outro proporcionavam no seu aperto era demais. Dificilmente o menor escaparia dali, porém ele não era o mais arisco de todos por nada. Munido de tamanha destreza, usou o seu corpo como peso para desequilibrar o seu captor. Um dos seus pés chutou-o violentamente no peito. Agora sabia que a sua baixa estatura dava-lhe certa vantagem em situações como aquela.

Sem perder tempos, saiu correndo em direção ao precipício, mas não conhecendo o que se

avizinhava ali, só parou quando se deu conta que já não tinha para onde fugir.

O seu perseguidor agora o tinha alcançado, avançou dado um passo adiante. Iria lutar ali. As suas chances não eram das melhores, e com o seu cansaço tinha chances nulos para conseguir escapar. Correr não era uma opção, e ele bem sabia disso. A sua mente pensava rapidamente em algo para mudar a sua sorte, mas nenhuma ideia teve.

O homem que o perseguia avançou calmamente em sua direção. O estado de inércia do menor, só fosse alterado com o firme aperto da mão do captor em seu braço. Tentou debater-se em vão, como último recurso apelou para a morder o seu captor.

A bofetada que recebeu em seu corpo fez-o cair no chão. Os olhos do seu captor agora faiscavam ira. O medo inundou o seu corpo. Ainda tentava se levantar quando recebeu outro estalo na cara. A série de empurrões e bofetadas que recebia o menor, o impediam de ter forças para revidar. A sua bela pele agora estava cheias de cortes devido aos ganhos e troncos que embatiam Lúrio. Dos seus lábios escorria um filete de sangue. Os apetitosos e chamativos lábios rosados do menor não pareciam ser os mesmos.

Erguia sempre para a próxima rodada, não mais se importava com nada. Desejava que a Morte o carrega-se logo ao seu encontro. Viver para que quando já não se tem o seu amado ao lado.

Desde vez já não se reergueria, rastejou até a borda do precipício. O captor notando isso andou lentamente de encontro ao menor. Não deixaria o seu brinquedo ir tão já.

Nas folhas algo movia-se tão sorrateiramente, o sua agilidade, o seu arco e flecha demonstrava o quão preparado para aquele situação estava. Colocando-se o arco em mãos e mirando para o colono a sua frente não hesitou a soltar a flecha, que não tardou a perfurar a perna do homem.

O captor só sentiu algo a penetrar em si. A dor não foi instantânea. Via o seu sangue escorrendo do corte da sua perna em direção ao chão. Fazendo vacilar em seus passos. Outra flecha o acertou em seu braço. Agora o grito saiu da sua boca. Algo bem parecido com um rugir de um animal machucado. Esperava que os seus companheiros o tivessem ouvido.

O guerreiro sorria ao ver aquele homem, tombando no chão, na flechada a seguir. Eles eram um dos melhores arqueiros e hoje pode finalmente usar a sua técnica naquelas criaturas que tanto detestava.

A última flechada atingiu em cheio o outro braço do captor. Algo estava estanho, apesar de sentir uma dor cruciante o som da sua boca não saia.

O menor agora virava o rosto e via o terrível destino porém justo que acometerá a aquele que o machucava. Não demorou a perder os sentidos.

Saindo do seu esconderijo, o jovem guerreiro viu que na borda do precipício, um corpo ali se encontrava. Passou direto pelo colono agonizando no chão, indo ao encontro do corpo que ali, parecia preso por milagre.

Qual não foi a sua surpresa quando chegou perto a ele, e viu que era o mais belo rapaz que já virá. Sentiu pena pelo estado do mesmo, ali parecia que aquele corpo tinha sido acometido de mil dores. Tomou-o no seus braços e dali saiu sem antes cuspir na cara do colono.

1 Semana Depois

Depois do rio, uma vila erguia-se imponente. Desconhecida aos olhos dos usurpadores.

Numa cabana, dormia o Lúrio, passou-se uma semana em que ele encontrava-se desacordado. Os seus ferimentos estavam menos visíveis. O seu salvador sempre o vinha ver, admirando a sua beleza, tal beleza que o hipnotizava.

Para si, o rapaz ali deitado mais se parecia com uma príncipe adormecido, como das histórias que o ancião o contava quando mais jovem.

Agora sozinho, Lúrio revivia o episódio da sua fuga. Era duro para ele reviver esse eterno ciclo. Enquanto dormia, era possível ver a sua face retorcendo-se demonstrado várias emoções negativas.

– Luka! – gritou o menor, despertando do seu coma.

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Olá a todos, acho que alguns já tiveram a sorte de ler esta fic que por acaso era uma one-shot que fiz e publiquei no Nyah, mas lá é uma one-shot mesmo, cá será uma short-fic, mas vai depender dos vossos comentários. Abs

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