Episódio 1 - Boas Vindas

Parte da série O Novo Vizinho

Era uma sexta, acordei às 9:00 da manhã. Nunca havia acordado tão cedo desde o início das férias de verão. Acordei com uma batida no portão de casa. Minha mãe ainda estava dormindo, então, rapidamente escovei meus dentes e ainda de pijama fui abrir o portão. Quando abri, encontrei um garoto que aparentava ter minha idade. Ele tem a pele clara, é ruivo e tem olhos azuis. Ele usava uma camisa xadrez, calça jeans e tênis All-Star. Seu sorriso era encantador e me perdi em seu olhar. Ele falou comigo:

-Oi, meu nome é Jonathan, acabei de me mudar para a casa ao lado. Olhei para o lado e vi um caminhão de mudanças. Respondi:

-Bem vindo à vizinhança Jonathan, meu nome é Felipe.

-Então, meus pais me disseram para falar com os vizinhos do lado. Você mora com quem?

-Com minha mãe. -Respondi.

-Desculpa me intrometer, mas seus pais são separados?

-Sim, mas não precisa se preocupar.

-Então...

Jonathan ficou parado ali por um tempo, sem dizer uma palavra, apenas olhamos nos olhos um do outro. Ah, deixa eu me apresentar. Tenho 15 anos, minha pele é clara, meus cabelos e olhos são castanhos-claro. Me dei conta de que estava de pijama, então decidi acabar com aquela conversa:

-Jonathan, por que não saímos hoje à tarde? Eu posso te mostrar a vizinhança...

-Beleza, eu topo. Que horas eu posso aparecer aqui?

-As 3:00 da tarde, tudo bem?

-Por mim tudo bem, então tá combinado.

Jonathan foi pra sua casa e eu fechei o portão. Fiz meu café da manhã e enquanto jogava videogame, não pude deixar de pensar nele. Seu olhar, seu sorriso, seu perfume...algo nesse cara me deixa nervoso, ansioso. Acho que nunca senti antes por alguém, quer dizer, só por uma garota chamada Amanda, mas enfim, só de pensar que nos encontraríamos à tarde, meu coração acelerava. Quando deu 2:45, me arrumei para sair com o Jonathan. Peguei um moletom cinza e uma bermuda. Cara, eu amo tempo nublado, eu gosto de sentir o vento batendo em meu rosto. 15 minutos depois, Jonathan apareceu lá em casa e estava mais encantador do que antes. Ele usava uma blusa estampada azul e uma bermuda. Aquela blusa realçava a cor de seus olhos. Ao me cumprimentar, pude sentir seu doce perfume. Aquele cheiro vai ficar comigo pra sempre.

Ficamos em transe, olhando um para o outro:

-Então, você não vai me levar pra conhecer o bairro?

-Ah, me desculpa, eu tava viajando...

Começamos a andar. Mostrei a ele nossa rua, o colégio onde estudo fica na esquina, mostrei um campo que fica no final da rua, o ginásio de futebol e uma praça. Reparei que enquanto caminhávamos, algumas pessoas olhavam torto para nós. Demorou mais ou menos 5 minutos para eu me dar conta do que estava acontecendo. Eu e o Jonathan, estávamos perto de mais um do outro. Em determinados momentos, ele sorria pra mim e eu o retribuía dando outro sorriso. As pessoas que passavam por nós estavam achando que éramos um casal. Considerando as circunstâncias, até que parecíamos mesmo um casal. Só de pensar nisso, já me tremo todo. Nunca pensei que formaria um par com outro cara. Desde os 13 anos, me dei conta de que me sentia atraído por outros rapazes, mas achei que isso era só uma fase, por conta dos hormônios. Bem, 2 anos se passaram e eu continuo me sentido atraído por homens. De lá pra cá, só me apaixonei por uma garota, a Amanda, como disse anteriormente, mas depois explico isso. Enfim, nunca pensei que outro cara iria querer ser meu namorado, não que o Jonathan quisesse isso. Mas se ele está tentando me seduzir, conseguiu. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas ele olha pra mim de uma maneira diferente, é como se ele tivesse algum interesse amoroso em mim. Continuando, no caminho de volta, andamos mais perto um do outro. Começou a ventar muito forte e como só eu estava com blusa de frio, me ofereci para "lhe aquecer". Andamos praticamente abraçados a partir dali. Foi uma cena muito romântica, eu andando no frio, colado com meu mozão. Tá legal, pode parecer cedo demais para eu me apaixonar por ele, mas o que posso fazer? Eu não consigo controlar meus sentimentos. Assim que chegamos em nossa rua, pude sentir finas gotas de chuva caindo sobre minha cabeça. Eu e o Jonathan corremos para debaixo de uma árvore para nos proteger da chuva, que tinha começado a engrossar. Eu não sou especialista em tempestades, mas parece que árvores atraem raios. Tá certo, tenho quase certeza de que estou errado quanto a isso, mas estávamos debaixo de uma rede de cabos de eletricidade e considerando que a chuva ficava cada vez mais forte, concluímos que o mais esperto a se fazer era sair dali. Nos esgueiramos pela calçada, apenas protegidos pelo meu moletom. Para que Jonathan não se molhasse, fiquei abraçado com ele. Tínhamos chegado na porta de casa, quando ele fez algo que me surpreendeu. Ele me abraçou. Tá, andamos abraçado por um bom tempo, mas dessa vez foi diferente, ele me abraçou com bastante vontade, se é que me entendem. Ele chegou perto do meu ouvido e sussurrou:

-Me encontra lá em casa hoje à noite...

Nos despedimos e eu entrei em casa. Caramba, o que esse garoto planeja fazer? Calma, talvez não seja o que estou pensando. Talvez eu tenha uma mente poluída, só isso. Acho que ele quer jogar videogame ou algo do tipo. Vi que ele não tem nenhum irmão, então deve ser meio solitário. Mas o jeito que ele sussurrou aquelas palavras em meu ouvido...seu abraço...seu perfume...seu jeito de me tratar. Ok, agora é oficial, estou apaixonado. E mais: tomaria alguma atitude com ele logo mais à noite. Não seria algo muito radical, já que não quero estragar as coisas entre a gente, apenas quero saber se ele sente algo por mim, ou se realmente, após várias decepções amorosas, estou ficando paranóico. E pra ser sincero, acho que fico com a segunda opção, mas só pra ter certeza, vou por meu plano em prática.