Cap.1: Trouble

Parte da série Rapsódia do Amor

Capítulo 01: Trouble

artista: natalia kills

________________________________________

Minha mochila balançava ao vento recebendo a água da chuva enquanto eu corria rapidamente por entre ela. Levantei o rosto bem devagar e senti a água da chuva caindo nele. Eu sempre gostei de chuva eu realmente não suporto o calor, talvez porque quando está chovendo eu posso ficar trancado o dia todo no meu quarto. Eu sempre me esforçava ao máximo para evitar meu pai e sua “maravilhosa” companhia. Eu sentia a falta dele com toda a certeza. Sentia falta daqueles dias em que éramos tão próximos e mesmo quando não dizíamos nenhuma palavras ,estar perto um do outro era o suficiente. Esses dias tinham se acabado e quanto mais rápido eu aceitasse melhor

Hoje começa o meu último ano na faculdade e eu estava feliz por finalmente terminar o meu curso afinal meu chefe tinha prometido aumentar meu salário caso eu terminasse o curso. Eu venho juntando um dinheiro desde que comecei a trabalhar para poder ter meu próprio lugar para morar. Não é o suficiente para comprar algo, mas eu posso alugar por um tempo.

Eu corri rapidamente pela rua atravessando feito um louco de um lado para o outro. Minha roupa estava encharcada e eu passava a mão no rosto tentando melhorar minha visão além do mais meu rosto estava dormente porque a água estava gelada. Eu queria parar em algum lugar para esperar para ela passar, mas para minha sorte não havia nenhum lugar disponível.

Senti minha respiração ficar forte e meu coração palpitar e eu fui obrigado a parar por alguns instantes. Eu olhava para os lado e quanto mais perto eu chegava do meu destino mais pessoas eu via em carros e outras com guarda-chuvas. Elas olhavam para mim e ficavam me encarando, mas eu tentava não me importar afinal seu eu me atrasasse era o meu que estaria na reta.

- que droga – falei olhando para o relógio enorme que ficava em uma praça próxima a empresa. Eu olhei para os lados e atravessei a rua agora mais calmo. A chuva tinha estiado e agora eu podia andar sem pressa, já estava todo molhado mesmo.

Depois de um tempo eu parei para conferir se minha mochila estava seca. Tinha valido a pena pagar um pouco a mais por um material impermeável. Eu segui rumo a empresa e agora eu já conseguia ver o enorme prédio a minha frente. Eu cheguei a calçada do outro lado da rua. Eu estava ao lado do bar e restaurante que ficava em frente a empresa.

Eu costumo ir a esse bar algumas vezes para tomar algumas cervejas antes de ir para a faculdade porque tem dias que é difícil de aguentar o dia de trabalho e em seguida a faculdade. Tomar algumas cervejas me deixavam mais esperto.

Eu então coloquei o pé na rua para travessar a faixa e um carro passou furando o sinal e jogou lama em mim. Eu nem estava acreditando. Eu já estava atrasado e isso ainda acontecia para terminar de fazer meu dia pior. Eu engoli um pouco da lama e comecei a cuspir. Eu estava parecendo um palhaço parado na calçada cheio de lama no rosto e na roupa.

O carro que furou o sinal parou mais a frente e começou a dar ré. Eu estava pronto para xingar o motorista de todos os nomes, mas quando ele abaixou o vidro eu tive que engolir a lama e o orgulho. Era Steve. Um dos meus chefes. Ao seu lado estava Addison sua namorada e a mais nova aquisição da “Advocacia White e Parceiros”.

- Steve seu babaca, viu só o que deu atravessar o sinal? – falou Addison olhando para mim com um sorriso falso.

Esses dois eram os mais novos na empresa. Literalmente. Steve tinha trinta e três anos e Addison vinte e nove. O pai de Steve faleceu em decorrência de um infarto. Na época Steve cursava a faculdade de direito e tempos depois do falecimento do seu pai ele e sua irmã Wendy internaram a mãe em um asilo alegando que ela não tinha condições de administrar o próprio dinheiro. Com isso eles ficaram com todo o dinheiro.

Addison fez faculdade junto com Steve e assim que ele recebeu a bolada ele comprou algumas ações da empresa e deu metade para ela. Isso sim é prova de amor. Isso ou ela tem o rabo de ouro. Os dois formavam um casal horrível. Os dois viviam botando banca de como eram ricos e viviam debochando das pessoas pobres e de como elas atrasavam o avanço do pais.

- foi mal Michael – falou ele com um sorriso no rosto.

- é Mickey.

- ok – falou ele olhando para frente e arrumando seus óculos escuros tentando esconder um sorriso – espero que não me processe por isso. Afinal todo pobre vive esperando a chance de poder arrancar o dinheiro suado de um rico.

- para de graça Steve – falou Addison dando um tapinha no braço dele com um sorriso no rosto – desculpa Mike – falou ela olhando para o banco de trás do carro e pegando uma toalha e jogando para mim – se limpa com isso.

- obrigado – falei esfregando no meu rosto – depois eu te devolvo.

- não precisa.

- eu vou lavar antes de devolver.

- eu sei. Mesmo assim eu não quero de volta.

- de qualquer jeito, obrigado.

- Não chegue atrasado – falou Steve arrancando com o carro jogando outra leva de lama na minha cara e sujando a toalha que Addison tinha me dado.

- bastardo – falei jogando a toalha em uma lixeira. Eu atravessei a rua e como estava todo sujo tive que dar a volta. Se eu entrasse pela porta da frente daquela maneira eu levaria uma bronca. A bronca por chegar atrasado já me renderia uma enorme dor de cabeça.

Eu dei a volta por trás do prédio e ao chegar a entrada do estacionamento eu comecei a descer uma rampa que levava ao subsolo. Ao chegar no estacionamento atravessei ele para chegar a porta que me levaria as escadas. No caminho um carro parou na minha frente.

- eu mereço – pensei. O dia que estou atrasado o mundo todo conspira contra mim. A janela se abriu e eu vi Cory, outro dos meus chefes.

- bom dia Mike – falou ela tirando os óculos escuros e olhando para mim de cima em baixo.

- bom dia – falei tentando parecer sério. Ele então coçou a cabeça e bagunçou um pouco os seus cabelos na cor castanho-claro, a mesma cor da barba – o que aconteceu com você?

- um acidente.

- você já está bem atrasado né? – falou ele olhando no relógio.

- sim, eu sinto muito.

- não, tudo bem – falou ele apertando os lábios – não precisa de pressa para iniciar o expediente, pode tomar seu banho, trocar de roupa. Eu aviso o pessoal.

- muito obrigado.

- por nada – falou ele andando com o carro e indo para a sua vaga reservada.

A empresa tinha sido fundada a pouco mais de doze anos por quatro pessoas: Adam, Cory, Sky e Lilith. Adam fazia faculdade quando decidiu que assim que se formasse fundaria sua empresa. Cory era seu amigo e colega de classe e assim que ouviu a ideia ele decidiu se associar a ele. Skylar, irmão de Adam, topou investir seu dinheiro sem muita esperança. Tempos depois Skylar percebeu que a empresa daria certo, então largou a faculdade de gastronomia para fazer direito. Adam na época namorava Lilith que mais tarde se tornou sua esposa.

Lilith fez faculdade de medicina, mas nunca chegou a exercer a profissão porque preferiu investir o dinheiro na empresa de Adam se tornando assim codiretora junto com os outros três. Eu não sei bem a data que isso ocorreu, mas a empresa cresceu muito e nesse período mais quatro pessoas se associaram: Addison, Gray, Steve e Roman.

Para resumir a história toda, foi difícil conseguir esse emprego. Eu tive que fazer nove entrevistas, uma entrevista individual com cada um deles e depois uma entrevista com todos.

Eu continuei andando em direção a escadaria e assim que cheguei abri a porta e subi até o quinto andar do prédio. Era lá que ficava o “cantinho dos funcionários”. Lá tinha chuveiros, além de uma copa e sala de descanso. Era o andar inteiro só para nós.

Digamos que o trabalho que eu faço não permita que eu tenha amigos afinal eu sou o contato direto para os chefões da empresa e eu fui advertido cem bilhões de vezes de que o que acontece entre eles não deve sair espalhado por ai ou eu perco meu emprego. Mesmo solitário lá fui eu me aprontar pela segunda vez. Ainda bem que eu não ia vestido para o trabalho se não meu terno estaria pronto para ir para o lixo.

Depois de tomar meu banho e estar devidamente vestido eu peguei o elevador rumo ao 20º andar onde ficava os escritórios dos quatro “originais”. No 19º andar ficava a sala dos outros e logo mais abaixo era o andar dos estagiários. Assim que chegou ao 20 andar o elevador abriu suas portas e eu dei de cara com Adam e Sky na recepção conversando.

- bom dia – falei saindo do elevador e colocando meu dedão na máquina de ponto. Em seguida ela deu dois apitos reconhecendo minha digital e eu me virei para a recepção.

- bom dia – falou Sky sem me dar muita atenção.

Eu então fingi que eles não estava lá e fingi também que não cheguei cinquenta minutos atrasados. Eu liguei meu computador, a impressora e tantos outros equipamentos. Adam conversava com Sky sobre algo relacionado ao trabalho – ok, depois eu te envio os contratos assinados – falou Sky indo em direção a sua sala.

Assim que eu se foi Adam olhou no relógio na parede e em seguida olhou no relógio em seu pulso.

- quantas horas no seu relógio?

- em qual deles?

- em qualquer um – falou Adam.

- agora são 08:53.

- então você chegou mesmo atrasado – falou ele coçando a barba e pegando um papel no bolso e escrevendo algo.

- sinto muito, devido a chuva o metrô estava empacado porque alguma coisa caiu nos trilho externos…

- eu não quero saber – falou ele colocando um papel em cima do balcão – se esse homem ligar transfere direto para minha sala.

- sim senhor.

- a próxima vez que chegar atrasado e não avisar qualquer um de nós você vai ganhar uma advertência.

- eu avisei Cory.

- quando chegou aqui. Você devia ter avisado quando estava a caminho.

- sim senhor.

Adam colocou a caneta de volta no bolso do terno e entrou em sua sala. Eu abri o meu e-mail para saber se tinha alguma coisa que me chamava a atenção e tinha um enviado por Roman.

- o e-mail basicamente informava um erro que alguns estagiários estava cometendo e Roman estava passando um e-mail sobre esse assunto.

O segundo e-mail tinha sido enviado por Gray. O e-mail informava que no dia dezenove de setembro a empresa estaria viajando para a floresta de San Diego para uma confraternização. Haveria gincanas e bastante diversão. Todos os funcionários estavam sendo convocados. Quem fosse teria que responder e-mail com um okay.

Eu tratei de responder o meu logo. Apesar de não ser muito fã dessas coisas era bom fazer parte de tudo na empresa porque os feches avaliam isso na hora de uma promoção.

- Mike – falou Lilith, esposa de Adam saindo da sala dela.

- sim senhora.

- você pode por gentileza levar essa papelada para Roman? Ele precisa assinar e você me traga no instante que ele assinar o último papel porque meu cliente está vindo agora.

- sim senhora – falei pegando os papéis e indo até os elevadores e apertando os botões chamando pelos dois. Qualquer um que viesse seria lucro.

- não, não, não. Nada de elevador – falou ela apontando para a escadaria – eu disse que estou com pressa, além do mais é só um andar vai ser bom para você e sua saúde agradece – falou ela atendendo o celular e entrando na sala dela.

Eu fui pela escadaria e assim que cheguei no 19º andar fui direto a sala de Roman e bati na porta.

- pode entrar – falou Roman. Eu abri a porta pedi licença e disse que ele deveria assinar os papéis que Lilith tinha pedido. Ele assinou rapidamente falando ao telefone e em seguida fez sinal para que saísse como se eu fosse um escravo.

Quando ele fazia isso eu tinha vontade de quebrar os óculos que ele usava e arrancar a barba dele com cera quente.

- sim senhor – falei saindo da sala.

De volta ao 20º andar eu bati na porta de Lilith e assim que ela autorizou eu entrei e entreguei os papeis.

- ele assinou tudo?

- sim.

Ela folheou os papéis.

- você conferiu? Porque tem uma folha sem assinar.

- sim, eu conferi…

- ele está com cliente?

- não senhora, mas eu tenho certeza que eu conferi.

- você está me chamando de mentirosa? – perguntou ela olhando para mim.

- Lilly eu preciso falar com… – falou Adam entrando na sala na mesma hora.

- não senhora, me desculpe. Eu peço para ele assinar outra vez – falei levando a mão até os papéis.

- não, eu mesmo levo – falou ela levantando com os papéis na mão – se você quer as coisas bem feitas por aqui você mesmo deve fazer viu amor? – falou ela dando um selinho na boca de Adam – quando voltar eu vou na sua sala.

- ok – falou ele.

Ela saiu da sala e Adam olhou para mim.

- duas mancadas em um dia só – falou ele pegando o celular e ligando para alguém – tem uma fila de pessoas de olho no seu emprego, se eu fosse você tomava cuidado – ele saiu da sala ao dizer isso.

Eu respirei fundo e sai da sala indo direto para a recepção. Eu comecei a atualizar alguns contratos no sistema da empresa e não demorou muito para que uma estagiária aparecesse.

- bom dia – falou ela vindo até mim – eu sou nova aqui então eu gostaria de saber se você poderia me ajudar.

- o que você quer saber?

- eu quero deixar esses papéis com o irmão do Adam.

- você quer dizer o Skylar?

- sim.

- como é seu nome?

- Sabrina.

- ok Sabrina, aguarde só um momento – falei pegando o telefone e ligando para Skylar. Ele pediu que Sabrina esperasse que ele já estava saindo da sala. Skylar logo saiu da sala com o telefone celular na orelha e ficou por lá parado alguns instantes antes de vir em nossa direção.

Sabrina olhou para ele e olhou para mim.

- acho que não é esse.

- porque não?

- o Adam é branco e esse cara tem a pele morena.

- cala a boca – falei em um tom de voz baixo olhando para Skylar para ver se ele tinha ouvido, mas ele estava concentrado no telefone – esse é sim o irmão de Adam.

- mas ele…

- não interessa a cor da pele. Skylar é adotado.

- nossa… eu sinto muito.

- querida você é nova aqui né? Você tem quantos anos? dezesseis? Está querendo ser mandada embora no seu primeiro dia?

- mas eu não sabia…

- não interessa se você não sabia. Todo mundo tente a ser discreto com esses assuntos, não interessa se não tem a mesma cor de pele. Além do mais é ofensivo perguntar isso para alguém.

- não precisa ser rude.

- rude? Se ele ouve uma coisa dessas ele te joga no olho da rua.

Skylar nesse momento desligou o telefone e veio em nossa direção.

- eu trouxe esses papéis.

- obrigado querida – falou ele pegando os papéis – assim que eu ler e assinar eu ligo para você vir buscar. Sky não foi para a sala, mas jogou os papéis no balcão e começou a ler lá mesmo. Sabrina voltou para o décimo oitava andar de cara feia pra mim. Eu não estava nem ai pra ele, tinha feito isso para o bem dela.

Em seguida Adam saiu da sala dele e foi até a sala de Lilith. Ele abriu, viu que ela não estava e olhou para mim.

- onde está a Lilith?

- ainda está no 19º andar.

- vai lá e pede para ela vir aqui, eu tenho um assunto urgente.

- sim senhor.

Eu então fui logo pelas escadas para evitar uma briga e assim que cheguei no décimo nono andar Steve saiu da sala.

- Mike, você está ocupado?

- eu…

- uma criança vomitou na minha sala. Odeio quando meus clientes trazem os filhos – falou ele apertando o botão do elevador – limpa pra mim.

- sim senhor.

Ele entrou no elevador e eu fui até o deposito que ficava naquele andar mesmo. Eu andei pelo corredor e virei a esquerda e vi a porta lá no final do segundo corredor. Eu fui em direção a ela e assim que abri eu levei um susto. Roman e Lilith estavam se pegando. Eu assustei e fui assustado.

- fecha a porta – gritou Lilith.

Eu fechei a porta e comecei a andar de volta pelo corredor. Meus olhos estavam queimando. Jesus, eu não podia ter visto aquilo. Eu estava fodido. Eu parei no fim do corredor e fiquei esperando eles saírem da sala. Depois de um tempo Lilith saiu primeiro e passou direto por mim sem ao menos olhar na minha cara. Ela desceu pelas escadas. Em seguida Roman saiu da sala enfiando a camisa por dentro calça. Ele veio andando até mim e parou na minha frente.

- se você contar para alguém o que viu aqui eu faço você ir pra rua e garanto para que nunca mais encontre emprego nessa cidade.

- sim senhor.

- você entendeu?

- sim senhor.

Ele então foi para a sala dele e eu fui para o deposito. Eu nem acredito que tinha visto aquilo. Eu abri a porta do deposito e a primeira coisa que vi no chão foi uma gosma branca.

- meu deus – falei entrando e tentando não pisar nela. Eu peguei um pano qualquer e joguei em cima. Eles fizeram sexo lá e ainda deixaram o resultado para que eu limpasse. Eu estava feito mesmo. Limpando vômito e porra dos outros.

Depois de limpar a sala de Steve e o chão do deposito eu peguei o elevador em direção ao 20º andar. Agora que tinha passado o susto eu me peguei pensando que a vida deles não era assim tão perfeita como eles gostavam de transparecer. Parece que dinheiro não trás mesmo felicidade… ou satisfação na cama.

Eu cheguei ao 20º andar e Adam e Lilith estava conversando. Ela olhou para mim quando cheguei ao andar e eu fui direto para a recepção.

- Mike, eu gostaria de me desculpar com você – falou Lilith.

- o que?

- eu estava errada, você fez o serviço certo eu é que estava desatenta. Sem ressentimentos?

Eu olhei para Adam e olhei para ela.

- sim senhora, sem problemas.

- ótimo – falou ela dando um selinho na boca de Adam e indo para a sala dela.

- bom, acho que eu também te devo desculpas.

- sim senhor.

Ele então tentou forçar um sorriso, mas logo voltou a sua cara normal e mais uma vez se enfiou em sua sala.

Eu não entendia a lógica. A vida inteira eu aprendi que ser gay é errado porque somos promíscuos. Eu reprimi meus sentimentos por causa de um pai preconceituoso e eles ficavam traindo enquanto tudo o que eu queria era a chance de poder amar alguém sem ser chamado de aberração pelo meu próprio pai. Parece que ninguém mais liga para essa coisa que fica dentro da gente entre dois pulmões.

Meu último ano na faculdade se inicia hoje e eu não tinha quebrado a promessa que fiz ao meu pai a três anos atrás. Eu não tinha me relacionado com homens. Eu esperei por muito tempo essa fase passar, eu realmente achei que meu pai estava certo, eu fiquei tão deprimido que o preconceito dele acabou grudando em mim.

Até hoje eu espero esses desejos que sinto desapareçam. Eu fico até alguns dias sem ter fantasias, mas em alguns momentos se torna inevitável e elas acabam inundando minha mente. Minha cabeça fica confusa e sinceramente não entendo esses sentimentos. Será que se eu me casasse com uma mulher esses sentimentos desapareceriam de uma vez?

Eu não sei, talvez eu esteja jugando Lilith e Roman demais porque as vezes acho que não escuto muito bem o que diz o meu coração.

A tarde o trabalho seguia tranquilamente. Cheguei até a pensar que apesar da manhã turbulenta minha tarde terminaria sem problemas. Foi ai que me enganei. Quando eu penso que o dia não pode ficar pior chega uma loira ao andar. Logo eu a reconheci. É Wendy, irmã de Steve. Ela já tinha vindo centenas de vezes á empresa, mas toda vez ela vinha ao andar errado.

- Avisa ao Steve que estou entrando.

- o Steve fica no décimo nono andar.

- que droga – falou ela parando e olhando para mim com um sorriso – você me faz um favor? Pode ligar pra ele e pedir que venha até aqui?

- posso.

- obrigada – falou ela se virando de costas e olhando para o nada. Eu peguei o telefone e liguei para Seve avisando que sua irmã o esperava.

Não demorou para que ele chegasse ao andar.

- fala Wendy – falou ele dando um beijo no rosto dela – esse daqui te tratou mal?

- não, ele foi bem atencioso – falou Wendy olhando para mim.

- ele deu em cima de você?

- não, não – falei respondendo a pergunta que tinha sido feita para Wendy.

- ok, eu não perguntei para você, mas tudo bem.

- sinto muito.

- não precisa tanto desespero pra responder se não você fica parecendo até um baitola.

- eu tenho namorada.

- bom pra você – falou ele apertando o botão do elevador e desaparecendo com Wendy.

Assim que terminou meu expediente ás dezoito horas eu desliguei meu computador e coloquei meu dedo na máquina de ponto. Eu peguei minha mochila, coloquei nas costas e em seguida chamei pelo elevador. Eu estava cansado. Acho que passaria no bar antes de ir para a faculdade. Eu tinha uma hora antes do horário de aula.

Quando o elevador chegou Steve, Roman, Gray e Addison estavam dentro. Eles saíram do elevador e eu entrei. Eu apertei o botão do térreo e enquanto os outros conversavam na recepção Roman entrou outra vez no elevador. O elevador fechou as portas e assim que ele desceu alguns andares ele apertou o botão vermelho do elevador, que fazia ele parar.

Ouve um estalo e o elevador parou em um estrondo e eu tive que me segurar nas paredes para não cair.

- aconteceu alguma coisa? – perguntei.

- não, é que eu queria te dar isso – falou ele com um pacote pardo na mão. Estava recheado com algo e logo eu percebi que estava cheio de dinheiro. Ele levou a mão até mim, mas eu não peguei.

- não precisa, eu não vou contar para ninguém o que eu vi.

- não veja isso como um suborno, mas sim como um investimento. Eu sei que você faz faculdade longe e as vezes precisa pegar um taxi, ou comprar um carro, moto… sei lá. Esse dinheiro vai te ajudar e a única coisa que precisa fazer é ficar de boca fechada.

Eu olhei para o pacote na mão dele que estava cheio de dinheiro. Eu não sei o quanto tinha mais parecia ser muito porque estava bem gordo. Eu levei a mão para pegar, mas ele levantou o pacote.

- você tem que me prometer não contar o que viu para ninguém.

A minha vida toda eu guardei um grande segredo e assim que resolvi contar esse segredo o tiro saiu pela culatra. Então eu não revelava mais segredos porque uma hora ou outra os segredos que eu revelava se viravam contra mim e quem tomava na cara era eu. Eu não contaria de qualquer jeito, que mal faria aceitar esse dinheiro?

- eu prometo.

Ele então colocou o pacote na minha mão e eu coloquei dentro da minha mochila.

- acabamos que fechar um contrato verbal se você quebrar esse contrato eu te quebro. Até o último osso do seu corpo.

- sim senhor.

- ótimo – falou ele apertando o botão vermelho fazendo o elevador voltar a descer.

O elevador parou no andar seguinte, a porta se abriu e Roman tirou uma das pernas e olhou pra mim.

- lembra-se do que eu te disse: se você foder comigo, eu fodo com você e pode ter certeza que você vai sair bem machucado.

- sim senhor.

Roman saiu de vez do elevador e a porta se fechou. Roman tinha acabado de virar o jogo e ao invés de eu estar com ele e Lilith nas mão era Roman que tinha o controle sobre mim, mas eu não preciso me preocupar afinal de qualquer maneira eu não abriria a boca.

______________________

Será lançado 1 capítulo por semana. Aos Sábados. Abraços.

Comentários

Há 5 comentários.

Por Ricardopedro21 em 2014-06-25 00:47:37
Ótimoooo !!! Curto muito seus contos ...
Por NewDoctor em 2014-06-22 00:09:37
Cadê o próximo??
Por dhair em 2014-06-03 14:32:45
sim, ta bom mas 1 vez por semana e sacanagem pelo menos 1 dia sim outro nao!!
Por ThunderBlade em 2014-06-01 12:36:37
Não entendi isso e um remake ou e uma outra historia so que com os nomes de alguns personagens antigos.....
Por ThiagoAraújo em 2014-06-01 10:50:25
Muito bom As duas histórias são boas