Tocar O Céu [Capítulo 17]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Vou matar aquele filho da puta! Foi o que eu pensei quando Peter me contou que Leonardo foi quem disse sobre minha relação com meu pai. Depois do que eu fiz por ele. Ele ia se arrepender daquilo. Mas no momento eu não tinha tempo para pensar em vingança, pelo menos hoje. Era 17h29min quando olhei no relógio. Max e Peter dormiam, eu não sei quem dormia mais fofinho. Finalmente eu tinha consumado minha relação com Peter. Eu estava feliz por meu amor ser correspondido da forma que eu queria.

Ás 17h39min Peter abriu os olhos e olhou pra mim se espreguiçando.

- bom dia.

- bom dia? Boa tarde. – falei com vontade de dar um beijo nele, mas não queria acordar Max. Ele como que adivinhando o que eu queria deu um beijo na mão e colocou a mão na minha boca e eu beijei a mão dele.

- você conseguiu dormir? – perguntou Peter se sentando na cama.

- nem pensar. Depois do que você me disse não consegui pregar os olhos.

Ele foi até o banheiro e ouvi o barulho de urina. Eu me sentei na cama. Ele saiu do banheiro e sentou do meu lado falando quase cochichando.

- não fica pensando nisso. – disse ele me dando um beijo no rosto, eu me virei e demos um beijo na boca.

Eu me levantei e também fui ao banheiro. Tirei água do joelho também, lavei minhas mãos e fui para a sala onde Peter já estava sentado assistindo televisão. Eu me sentei e Peter deitou no sofá colocando as pernas no meu colo. Eu fiquei alisando elas.

- você já se decidiu se vai voltar a fazer faculdade? – perguntou Peter.

- decidi... e depois de pensar muito decidi que não quero agora, amanha mesmo eu vou sair para procurar um emprego.

- não precisa. – falou Peter. – eu consigo uma entrevista para você. Fica tranquilo que eu vou arrumar algo legal pra você.

- ótimo! Você é tão bom pra mim. – falei sorrindo pra ele.

- não tem problema. A vida foi dura comigo quando era mais novo e tive que batalhar muito. Eu não tive ninguém que me apoiasse. Mas com muito esforço consegui tudo o que eu tenho. Eu só quero retribuir ajudando as pessoas. Nada nessa vida acontece por acaso. Todas as pessoas que você conhece, todas as pessoas que você tem contato de alguma forma foram colocadas alí para um motivo. Imagina se não tivesse conhecido seu tio? Ou seu pai? Nós nunca teríamos nos conhecido.

- verdade. Seria um saco nunca te conhecer. – Peter puxou meu braço e eu fui pra cima dele dando um beijo. Deitei em cima dele e fiquei com o rosto em seu peito peludo.

Chegando a noite nenhum de nós dois estava com fome, então fizemos apenas um lanche leve para podermos ir para a cama. Max tinha tomado sua mamadeira e já estava dormindo em seu berço. Nós deitamos na cama com as luzes apagadas, menos a da sala. Dormi junto com Ricardo em seu ombro, como já disse o melhor travesseiro do mundo, talvez do universo.

Segunda de manhã acordei cedo. Olhei para o relógio e ainda era 06:30. Eu me levantei e para fazer o café da manhã. Preparei pães, bolachas e fiz um café. Pra mim não fiz nada, pois só tinha o leite do bebê e preferi não mexer.

- já está acordado – falou Peter entrando na cozinha e indo até mim me dar um beijo para começar bem o meu dia.

- preparei o café da manhã. – falei sentando na mesa. – não sei do que você gosta, mas espero que algo na mesa seja do seu gosto. Ele colocou café e comeu algumas bolachas com pão. Ele ofereceu colocar café em um copo para mim.

- não não – falei pra ele antes que colocasse - eu não tomo café.

- você vai comer isso seco? Você toma leite? – perguntou ele.

- tomo sim, mas não vou beber o leite do seu filho.

- até parece que eu vou negar leite pra você. – ele se levantou e colocou um copo com leite no micro-ondas e logo que ele apitou ele me entregou o copo. Ele se sentou de novo. – quase me esqueci, você gosta de achocolatado no leite?

- gosto, mas fica sentado só me fala onde está. – ele mostrou o armário e eu coloquei e tomei o leite.

- coloca uma pitada de sal – falou ele pegando o sal atrás dele e me entregando – vai ficar mais saboroso.

Eu coloquei uma pitada misturei e tomei um gole.

- que delicia. – falei exclamando, tinha ficado muito bom.

Depois que ele tomou o café da manha ele fez a mamadeira do Max e foi acordá-lo. Enquanto ele ficou pra lá eu terminei de tomar o café da manhã eu guardei e limpei tudo. Quando fui até a sala Max estava no chiqueiro e Peter estava colocando a gravata.

- você vai pra algum lugar hoje?

- vou sim – falei sentando na cama – vou no escritório do meu pai.

Ele não falou nada apenas olhou para o espelho.

- tem certeza? – falou ele.

- tenho sim. Lá ele não pode me bater.

- não é isso.

Eu percebi o que ele quis dizer com aquilo.

- olha Peter, eu não sinto mais nada pelo meu pai.

- eu sei, só que eu realmente gosto de você para te perder praquele canalha. Sem ofensas – falou ele terminando de colocar a gravata. Eu me levantei e fui até ele arrumar a gola da camisa.

- nunca duvide do meu amor por você. – falei dando um selinho nele.

- tudo bem – falou ele colocando as mãos em minha cintura. – e por favor não fica com medo de fazer, pegar, comer qualquer coisa dessa casa. Tudo o que é meu é seu. Se você fizer isso eu vou ficar triste.

- tudo bem. – falei dando um beijo quente em sua boca perfeita.

- pega aqui. – falou ele abrindo a carteira e pegando dinheiro e me entregando. – caso precise de alguma coisa, e tem pra você almoçar se você não quiser fazer comida aqui.

- obrigado – falei pegando o dinheiro.

- hoje eu vou deixar aqui destrancado, mas quando chegar à empresa vou pedir para fazerem copia das minhas chaves e quando chegar a noite eu te entrego.

Ele vestiu o terno e eu peguei Max e desci com ele até o estacionamento.

Entramos no carro e Peter me deu uma carona até a empresa do meu pai. Quando chegou lá ele parou o carro me falou;

- toma cuidado, qualquer coisa me liga – ele disse isso me dando um beijo. Eu me despedi do Max e ele logo partiu.

Era quase 08h00min e chegando à recepção perguntei pelo meu pai e a recepcionista me disse que ainda não tinha chegado. Eu então disse que iria aguardar. Quando o relógio marcou por volta dás 08h19min ou vi a voz do meu pai cumprimentado a recepcionista.

- bom dia – disse ele.

- bom dia – falou a recepcionista. – você tem visita – disse ela.

Quando ele me viu ficou surpreso.

- oi filho. – disse ele.

- oi pai. – falei me levantando e cumprimentando ele com um aperto de mão.

- bloqueia minhas ligações e não quero receber ninguém até segunda ordem. – falou meu pai pra recepcionista.

Nó entramos no elevador e assim que ele começou a subir ví que meu pai levantou a mão para que eu segurasse. – eu não falei nada apenas balancei a cabeça negativamente. Era difícil se acostumar com aquela monstruosidade, mas mesmo com medo preferi não pegar na mão dele eu conseguia se virar.

Assim que chegamos no andar ele abriu a porta do escritório e eu entrei sentando na cadeira.

- que bom ver você filho – falou meu pai se sentando. – antes que você diga alguma coisa eu quero pedir perdão por ter te batido aquele dia.

- não foi nada, eu provavelmente mereci – falei sarcástico. Eu vi o que eu disse abaixou o estral dele.

- então, está precisando de alguma coisa?

- na verdade eu vim conversar com você sobre uma coisa.

- o que foi?

- eu e Peter estamos morando juntos e namorando é claro.

- entendo. – falou ele se recostando na cadeira.

- e ele sabe sobre o nosso relacionamento. – quando disse isso meu pai mudou a expressão.

- você contou pra ele? – perguntou meu pai.

- não. É exatamente isso que eu quero te falar. Ele disse que um cara alto, bonito contou pra ele.

- como assim? Quem sabe disso?

- ele me falou que o cara que contou pra ele se chamava Leonardo. – quando disse isso meu pai ficou pensativo.

- porque ele faria isso? Porque ele faria isso sabendo que eu ajudo ele com os estudos?

- eu também queria saber – falei. – meu pai ficou pensativo e logo disparou.

- ele vai se arrepender de ter feito isso. Ele pode dar adeus à grana que eu enfio no rabo dele todo mês.

- obrigado – falei me levantando.

- você já vai? – falou meu pai se levantando.

- sim, tenho que cuidar de algumas coisas.

- você nunca vai me perdoar. – disse ele chegando perto de mim.

- olha, eu não queria tomar muito seu tempo. A gente se vê por ai. – ele segurou no meu braço.

- por favor. Me perdoa. – ele disse logo em seguida soltando meu braço.

- não posso – respondi.

Eu então abri a porta da sala e saí. Chegando lá em baixo peguei um taxi até o apartamento onde morava Leonardo. Eu queria tirar aquela história a limpo. Pedi para o porteiro ligar no apartamento dele.

- pode entrar – autorizou o porteiro. Eu fui até o prédio dele, entrei no elevador. Cheguei em frente a porta dele e bati. Ele abriu a porta.

- oi tudo bem – falou ele abrindo a porta. Eu entrei sem falar nada.

- porque você fez aquilo? – falei com muito ódio dele.

- fiz o que?

- não se faça de idiota. – ele fechou a porta e sentou no sofá.

- me perdoa. – disse ele.

- não vou te perdoar. Eu confiei em você. Você tem idéia do que eu fiz pra sua vida. Eu realmente gostei de você, achei você um cara bacana.

- me desculpa. – disse ele ainda sentado.

- não vou te perdoar. – falei ainda em pé. – você pode dar adeus a toda essa mordomia e há ajuda que meu pai te dá.

Eel se levantou rápido e quase com lágrima nos olhos me implorou.

- por favor, não faz isso eu preciso estudar.

- você podia ter pensado nisso antes de tentar foder minha vida outra vez. – eu me virei e levei a mão até a porta.

- mas ele disse que se eu não fizesse isso eu não teria mais ajuda. – aquilo me fez parar onde estava e me virar pra ele.

- eu sabia. Aquele bastardo não prende nunca. Ele quer me foder mesmo. – falei sentando no sofá.

- me perdoa – falou ele mais uma vez sentando no sofá.

- ele está te usando assim como fez comigo. Ele fala que não vai te ajudar mais se não fizer o que manda e quando você faz eu vou até ele implorando que não te ajude mais.

- como assim? -falou Leonardo.

- você não entende? Se você tivesse feito isso ou não meu pai não via mais ajudar você. Meu pai armou isso.

- não. – falou ele se levantando - Seu pai não. foi Tony seu tio que me mandou fazer isso. – quando ele disse aquilo eu me levantei do sofá.

- meu tio? – agora minha cabeça doía. Porque ele faria aquilo? O que ele ganharia com aquilo?

- eu não sei – falou Leonardo. – por favor, fala pro seu pai que eu não fiz por mal. Eu preciso da ajuda dele.

- claro – falei. – Leonardo então me deu um abraço. Eu o abracei e disse que ele podia ficar calmo, pois eu iria conversar com meu pai.

Eu me despedi dele e disse que ficasse tranquilo. Assim que eu sai do prédio me peguei pensando no que tinha acabado de acontecer. Porque meu tio faria aquilo? Leonardo não estava mentindo. Eu acreditava nele. Teria meu pai mais uma vez mentido pra mim? Eu tinha que tirar aquela história a limpo, então peguei um taxi e fui pra casa do meu pai para que Tony me esclarecesse algumas coisas.

Chegando próximo à casa do meu pai eu desci do carro e fui o restante do caminho a pé. Eu sabia que devia esquecer toda aquela história, Peter ficaria irado se descobrisse que eu estava desenterrando tudo aquilo, mas eu precisava saber a verdade.

Cheguei na casa e toquei a campainha. Ele provavelmente me viu na câmera de segurança e abriu o portão e eu entrei. Assim que cheguei à porta ele abriu. Ele estava com um charuto na mão.

- que saudades sua – disse ele vindo para um abraço.

- corta essa – falei me afastando e entrando.

Ele fechou a porta. E eu fui até a cozinha. Ele foi atrás.

- algum problema? – falou ele assoprando a fumaça.

- todos os problemas. – falei me virando pra ele. – porque você mandou o Leonardo contar pro Peter sobre nosso caso amoroso? Você quer acabar com a minha vida? Já não basta o que vocês fizeram pra mim? Me usaram feito uma boneca de pano, me jogaram pro lado que queriam e eu idiota fazia tudo o que vocês queriam.

- aquele idiota – falou meu tio apagando o charuto e vindo em minha direção. – eu preciso de você. Ele disse isso vindo até mim e me dando um beijo na boca. ele enfiou a língua em minha boca. eu o empurrei.

- precisa de mim pra que? Você tem meu pai e ele tem você esse é o sonho de vocês dois. Vocês se amam e não a mim lembra o que disse?

- eu não aguente mais isso. – falou meu tio se sentando na cadeira. – desde que você foi embora Ben não me trata do mesmo jeito. É como se você de alguma forma tivesse se tornado a cola que nos unia.

- então pra vocês ficarem bem eu tenho que perdoar os dois e voltar a tranzar com vocês? Tenho que desistir da vida que eu tenho agora? Devo negar as oportunidades que a vida me deu só para que voltemos a ser uma família feliz?

- não é isso, nós começamos a te amar.

- mentira – gritei. – vocês só querem me usar de novo. Vocês só pensam um no outro especialmente você. Agora que meu pai não quer te foder você vem correndo atrás de mim. Eu sou um ser humano. Eu tenho sentimentos.

Eu falei isso indo até a porta da sala. Tony correu até mim e segurou forte meu braço. Mais uma vez eu estava tentando me livrar dele. Eu sai correndo pela porta, corri o mais rápido que consegui, meu tio estava atrás de mim correndo e gritando meu nome.

Porque ele não me deixava em paz? Ele não conseguia ser feliz apenas com meu pai? A felicidade deles dependia da minha tristeza. Eu estava com a cabeça cheia e atravessei o portão e antes que pudesse parar eu estava no meio da rua.

Eu estava em uma cidade completamente vazia. Cada vez que olhava para o lado a paisagem mudava. Hora a paisagem ficava bonita hora ficava feia. Então do nada quando olhei para o lado direito pela terceira vez um carro enorme vinha em minha direção. Eu ouvi um freio e de repente algo me jogou para trás. Eu caia devagar. Na minha cabeça aquilo acontecia em câmera lenta. Seria apenas mais uma queda da qual não seria difícil levantar? Eu sentia uma dor forte nas minhas pernas. Eu estava voando por cima do carro. A sensação era ótima. Eu sentia o brilho do sol no meu rosto então eu ví mais uma vez a estrada abaixo de mim. Bati minha testa no chão. Eu senti de repente um sono profundo. Estava muito cansado. O sono me dominou. Era algo forte. Eu já não sentia mais dor. Eu não queria dormir, mas meu corpo meio que falecia. Eu não estava morrendo só com muito sono. Eu desisti de resistir e fiquei esperando o momento que eu fosse acordar daquele pesadelo e ver Peter ao meu lado.

Eu esperei muito. Eu esperei até demais. Eu continuava caído no chão. Eu via vários rostos menos o de Peter. Eu queria vê-lo pela última vez. Eu queria chorar, mas já não controlava mais meu corpo. Escutava gritos de várias pessoas. Várias delas estavam em volta de mim. De todos os rostos eu não conseguia ver o dele. O rosto que eu amava. Tentei chamar seu nome, mas não saiu nada. Apenas um som baixo e roco. Então não consegui resistir ao sono que envolvia meu corpo. Eu estava vestido com aquela sensação de fim. Eu então desisti de lutar e apenas... dormi.

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