Qual o Seu Nome? [Capítulo 27]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Eu estava em frente a uma grande e rústica casa de madeira que aparentemente não havia ninguém, sua fachada recebia os visitantes coberta de musgo verde e escorregadio. Parecia um imenso prédio de onde ele olhava e o medo parecia fazê-la crescer a cada instante. Um vulto preto passou pela porta da frente da casa rápido desviando sua atenção para ela.

A floresta negra e morta em suas costas deixava-o cada vez mais nervoso fazendo-o sentir um enjoo e borboletas no estomago. Seus pés como que com vontade própria começaram a dar passos em direção a casa, ele sabia que aquilo era insano já que entrar em uma casa que não conhecia era uma coisa meio louca de se fazer sabendo-se o quando endiabrado uma casa pode ser.

Quase desisti ao pensar no que poderia ter dentro da casa, mas como de costume a curiosidade foi mais forte e eu comecei a entrar. Estava escuro e sombrio. Percebendo a falta de iluminação da casa já que a única luz era a do sol não tão forte que passava pela porta da frente e de algumas janelas quebradas da sala. Ao entrar procurei por um interruptor de luz passando a mão pela madeira velha que formava as paredes da casa até que – ai – passei a mão por uma lasca de madeira fazendo um corte em seu dedo fazendo-o sangrar. Levei o dedo até a boca e lambi o sangue e resmunguei.

De repente outro vulto passou por trás de mim. Estava com seu coração palpitando de medo virei-me novamente pra frente da casa, comecei a apalpar a mesa até que encontrei uma lamparina apalpei mais um pouco e encontrei algo para acendê-la. Quando a luz da lamparina pouco a pouco iluminou a sala onde eu estava eu comecei a dar um pequeno passo para trás, meu coração bateu mais forte... Arregalou os olhos. Tinha uma sombra no topo da escada.

Eu não conseguia falar nada e quando olhei pra minha mão à lamparina tinha se transformado em uma lanterna. Olhei novamente para o topo da escada e a sombra tinha tomado forma e descia os degraus bem devagar. Não conseguia ver quem era por causa do escuro e tinha medo de apontar a lanterna para o rosto.

Eu me virei para sair da casa, mas assim que me virei meus pés não conseguia desgrudar-se do chão. Eu olhei pra trás e a figura ainda descias as escadas. Olhei pra frente e a porta estava lá aberta esperando apenas eu sair por ela. De repente senti uma respiração gelada na minha nuca.

Eu senti um arrepio forte. Eu olhei pra trás e não tinha ninguém. Quando olheira pra frente outra vez havia um homem parado em minha frente. Agora eu podia vê-lo. Eu não o conhecia. Mas não conhecer não o tornava mesmo assustador. Ele era de meter medo. Ele sorriu. Um sorriso nada agradável.

- você tem meu nome. – falou o homem alto na minha frente.

- quem é você? – perguntei assustado.

O homem alto na minha frente não respondeu nada e apenas parou de sorrir.

- Ricardo – falou o homem.

- o quê? – perguntei assustado. Então antes de percebesse o homem agarrou meu pescoço.

Eu tentava me soltar e batia nele. Dava murros e tapa no rosto dele.

- você está bem? Falou Peter segurando meus pulsos. Fica calmo. Sou eu.

Eu estava suado. Peter segurava maus pulsos.

- o que aconteceu? – perguntei assustado.

- foi um pesadelo falou ele soltando minhas mãos.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Olhei pro Peter e ele estava bem vestido. Estava com terno e tudo.

- já vai pro trabalho?

- não – falou ele se sentando na cama. Ricardo me perdoa, mas eu vou ter que viajar urgentemente. Meu sócio ligou e preciso ir para outro estado. É uma grande chance pra minha empresa e eu posso assinar um contrato. Eu sei que tudo oque está acontecendo deve ser muito difícil pra você, mas eu não posso deixar essa oportunidade escapar, por mais que eu saiba que você precisa de mim. Essa reunião era pra acontecer daqui a mais ou menos 1 mês, mas foi adiantada pra essa semana.

Eu me sentei na cama. claro que ele poderia ir. Ele tinha que cuidar da empresa.

- sem problemas Peter. Pode ir. Eu me viro sozinho.

Ele sorriu e me deu um beijo.

- Max vai ficar na creche ok? Ele vai ficar todos os dias durante o dia e a noite a babá vai buscar ele. não precisa se preocupar com ele.

- tudo bem. Eu posso ficar cuidando dele, mas se você prefere que ele fique com a babá tudo bem.

- obrigado por entender. – falou ele me dando outro beijo. – você vai no velório do seu tio? – perguntou Peter.

- eu nunca fui em um velório na minha vida. Eu não gosto de velórios. Gosto de lembrar da pessoa viva, mas nesse eu vou ter que ir. Talvez meu pai precise de um abraço e de companhia.

- tudo bem. – falou Peter se levantando. – se cuida e qualquer coisa me liga ok? Eu devo ficar fora por mais ou menos quatro dias. Na sexta feira eu volto.

Eu me levantei e dei um beijo nele.

- pode ficar tranquilo. Cuida das suas coisas e não se preocupa comigo.

Ele então saiu pela porta e eu voltei e me deitei na cama. Não queria ficar sozinho, mas não podia segurar o Peter comigo. Ele tinha que cuidar da empresa dele então esse seria meu sacrifício.

Eu tomei um banho na água gelada e fiquei pensando no meu sonho. Tinha sido estranho e com tudo o que tinha acontecido no dia passado era mesmo para tudo ser estranho no dia que começava.

Eu fui até a cozinha tomar um café da manha bem reforçado. Olhei as horas no relógio do micro-ondas e era 09:54.

Eu tomei o café da manhã. Eu ligava no celular do meu pai, mas ele não atendia. Eu então resolvi logo ir pra casa dele. Se o corpo do Tony não tivesse chegado eu esperaria lá. Eu chamei um taxi que me levou até na casa do meu pai. Tinha alguns carros na porta da casa. Reconheci alguns dos carros. Algumas pessoas da minha família já tinham chegado.

Assim que eu entrei pela porta eu reconheci algumas pessoas como minha tia Marcia e meu tio que me deram um abraço. Tinha alguns amigos do meu tio e claro; Priscilla. Eu fui até ela e cumprimentei-a. O corpo ainda não tinha chegado. Meu pai estava no quarto e eu preferi não ir até lá.

Sentei no sofá sozinho. O mais longe dos outros. Não queria conversa com ninguém. Minha mãe não tinha chegado. Aquela casa tinha tantas lembranças. Boas e ruins. Com certeza aquela lembrança seria mais uma lembrança ruim que ficaria em minha mente.

As horas passavam e pessoas chegavam. Alguns amigos do meu pai, amigos do meu tio e mais alguns parentes.

Logo o corpo também chegou. O caixão foi colocado no centro da sala. Meu pai logo desceu as escadas e algumas pessoas o cumprimentaram. Eu não tive coragem de ir falar com ele e de ir ver meu tio no caixão. Eu realmente não tinha sido feito para velórios e enterros. Eu me sentia mal.

Meu pai colocou uma cadeira do lado do caixão e ficou o tempo todo perto do meu tio. Ele não tinha me visto ainda. Ele não tinha olhando pra ninguém. Ele não queria saber quem tinha comparecido. Naquele momento ele só queria meu tio o seu irmão mais novo.

Foi naquele momento que lembrei do meu sonho.

- irmão mais novo. – pensei comigo mesmo. – eu tenho o nome dele.

Porque será que tinha sonhado com ele? Com certeza meu subconsciente queria me pregar uma peça.

Priscilla tinha feito café para as pessoas que estavam na casa. Eu então decidi ir até meu pai. Eu me levantei e fui me aproximando dele.

- pai – falei assim que cheguei atrás dele.

Ele olhou pra trás.

- Ricardo?

Ele se levantou. Eu pensei que ele iria me dar um abraço. Eu tinha me preparado para abraça-lo quando ele me empurrou.

- vai embora. – falou ele com ódio nos olhos. – ele não quer você aqui. Foi culpa sua. Ele está morto por sua causa.

Eu me assustei. As pessoas olhavam pra mim.

- mas pai. O que você está fazendo?

Antes que eu terminasse a frase ele me empurrou outra vez. Desta vez me fez cair no chão. Eu cai em cima da minha mão esquerda. Na hora eu senti que tinha machucado ela, pois começou a doer e nem consegui me levantar.

- fora da minha casa. Você matou ele – falou meu pai enquanto os amigos o seguravam. Algumas pessoas me ajudaram a me levantar. Minha mão doía. Eu olhei em volta e via tudo em câmera lenta. Eu fui andando até a saída. Eu estava envergonhado com tudo aquilo.

Minha tia Márcia e meu tio andaram até mim.

- Ricardo, não via embora ele só está sofrendo.

- ele está certo falei me virando pra eles – a culpa foi minha. Eu nasci. – eu alisava minha mão. Ela doía muito.

- me deixa dar uma olhada na sua mão. – falou meu tio.

- não precisa. Eu vou embora.

Eu me virei e saí pelo portão e fui andando me afastando da casa. Não acredito que depois de tudo o que meu pai fez pra mim e de eu ter perdoado ele ou pelo menos ter voltado a conviver com ele, ele tenha tido coragem de dizer tudo aquilo. Ele tinha me humilhado pra todo mundo ver. Eu parei de andar. Peguei meu celular para ligar pro Peter. Antes de terminar de discar os números eu desisti. Não podia atrapalhar ele. Se eu ligasse com certeza eu iria desconcertar sua mente.

Decidi então apenas chamar um taxi e ir casa. Eu estava à beira de um colapso, mas não cedi. Eu esperei pelo taxi e logo ele apareceu. Assim que entrei no taxi dei o endereço do apartamento.

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