O Final [Capítulo 30]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Três dias tinham se passado desde a revelação. Ver Ben e Peter serem presos pela polícia me fez sentir exatamente o que eu esperava. Eles entraram na viatura com as mãos pra trás e me encaravam com o rosto sem feição nenhuma. Minha mãe estava do meu lado.

- acabou – falou ela alisando meu ombro. – e só pra ficar bem claro eu nunca disse aquilo sobre você merecer. Chris só falou aquilo pra tentar te conquistar.

Graças ao bom trabalho do Chris eles puderam prender os dois sem sombras de dúvida. Não foi muito inteligente meu pai ter mudado tanto seu comportamento. Não foi muito inteligente meu pai ter dado veneno pro meu tio. Não existe crime perfeito, mas eu sentia tanto pelo meu tio. Na verdade eu estava outra vez chorando por causa dele. As pessoas do lado de fora da empresa do meu pai podiam achar que eu chorava por causa dele, mas não derramaria mais lágrimas por ele. Sei que já tinha dito aquilo muitas vezes, mas nunca estive tão certo de algo em toda a minha vida.

- porque meu pai não tinha me matado ou me feito assinar o papel antes? – esse foi o seu erro. Ele não me matou quando teve a chance. Afinal acho que ele me amava pra não ter feito o comigo o mesmo que fez com o irmão adotivo.

O sol brilhava lá fora. As pessoas cochichavam e tentavam adivinhar o motivo da prisão. Eu olhei para os lados limpando minhas lágrimas e fui até o carro do Chris junto com minha mãe e seguimos para a delegacia. Teríamos que dar depoimento. Todos os envolvidos. Especialmente eu. Consegui o melhor advogado que consegui. Contratei três advogados para defender Chris e minha mãe Sarah. Não seria bem uma defesa afinal não tínhamos feito nada seria mais para conselhos.

Assim que entrei na delegacia eu pedi para ver o delegado encarregado do caso. Eu fui até a sala de interrogatório e lá o médico legista do meu irmão estava junto com os papeis com os resultados toxicológicos do meu tio.

Pensar nele me doía o coração. Eu tentava me segurar, mas não conseguia. Meus olhos estavam inchados e corria lágrimas do meu rosto que eu limpava com uma toalha de rosto. Meu advogado me trouxe água e pediu para eu me acalmar. Apesar de chorando eu estava calmo, mas eu não podia ter fortes emoções ou eu morreria.

- seu tio morreu devido a overdose de remédios.

Quando ele disse isso um investigador entrou na sala.

Ele cumprimentou todo mundo e disse que estava encarregado da investigação da morte do Tony.

- não foi difícil descobrir sobre como foi à morte do seu tio.

- como foi? Como ele fez isso?

Seu tio chegou a casa e seu pai deu uma bebida com remédio para dormir. Quando ele pegou no sono e dormiu seu pai escreveu uma carta no computador, uma nota de suicídio. Nessa nota ele escreveu que o motivo do suicídio foi porque ele foi pedir ajuda pra você precisando de dinheiro e que você tinha tratado ele como lixo.

O investigador falou isso colocando o papel em cima da mesa.

- Enquanto Tony estava desmaiado seu pai pegou vários remédios comprados na farmácia e amassou todos eles.

Ele falou isso colocando a nota fiscal em cima da mesa.

- ele pegou todos os comprimidos e assim que colocou luvas na mão ele foi colocando na boca do seu tio junto com água.

- mas como ele engoliu?

O investigado olhou para o delegado e para o médico.

- como foi? – perguntei.

- seu tio estava acordado. Seu pai aplicou uma injeção no seu tio. Essa injeção paralisou o corpo do seu tio. Ele estava acordado, não conseguia mexer o corpo, mas estava consciente e sentindo tudo.

- ele aplicou a injeção embaixo da unha do dedão do pé esquerdo. Seu pai confessou. Ele conseguiu os remédios certos.

- Mas, como ele sabia o que fazer? – limpei meus olhos com a toalha. Eles doíam muito. Pensar que meu tio tinha sofrido tanto. Depois de tentar me proteger por tanto tempo ele tinha sofrido uma morte horrível.

- estamos tentando descobrir se seu pai apenas pesquisou tudo isso na internet, mas temos quase certeza que ele conseguiu os remédios e as instruções com algum médico. Com certeza ele pagou pra algum profissional vender os remédios e orientá-lo, mas até agora ele não contou quem foi. Ele insiste que fez tudo sozinho.

- e o Peter? A família dele teve alguma coisa a ver com isso?

- a família confirmou que ele foi adotado quando tinha menos de 1 ano de vida, mas eles disseram que não sabiam sobre Ben e sua família, nem a ex-esposa dele. Eles ficaram tão surpreso quanto você sobre a história.

- Max vai ficar com a família dele?

- sim – falou o delegado, eles vão cuidar dele.

- graças à investigação do Chris nosso trabalho ficou mais fácil já que ele tem fotos e outros documentos de que seu pai e Peter tinham mesmo um caso e temos também a prova das dividas do seu pai. Ele teria que abrir falência e por isso precisava do sua parte do dinheiro.

Ele falou isso colocando mais documentos sobre a mesa.

Eu estava tonto. Minha cabeça doía.

- você está bem? Perguntou o médico.

- sim.

- a quanto tempo você não se alimenta?

- faz muito tempo. Eu tenho comido só alguns lanches. Eu também todo remédios controlado, mas não tomo faz três dias.

- você tem que comer algo.

- Senhor delegado nós podemos continuar com isso outra hora? Ele precisa se alimentar se cuidar. – falou o meu advogado.

Foi difícil encontrar um advogado que não conhecesse meu pai. Meu pai tinha muita influencia e muitos amigos. Ninguém da minha família acreditou que meu pai fosse capaz de fazer tal coisa e todos colocaram a culpa em mim. Tinha feito um acordo com a policia de que os detalhes do meu romance com meu pai ficasse fora dos arquivos. Toda minha família se virou contra mim exceto minha mãe.

Eu saí da delegacia e fui para um restaurante com minha mãe e Chris e o advogado. Eu me alimentei e logo tomei meus remédios.

- você precisa descansar – falou minha mãe. – vamos pra casa e amanha você vai estar bem melhor.

Eu não tive outra opção a não ser concordar, pois realmente eu estava precisando de uma boa noite de sono.

Quando cheguei ao hotel onde minha mãe estava hospedada pedi um quarto pra mim.

- quer que eu fique com você? – Perguntou Chris.

- não precisa.

Eu deixei bem claro na recepção que se minha mãe ou Chris quisessem entrar no quarto eles podiam entregar a chave e deixa-los entrar a hora que eles quisessem sem precisar me avisar.

Fui pro meu quarto e assim que fechei a porta fui até o banheiro tomei um banho demorado. Depois do banho me deitei na cama, olhei para o relógio e ainda marcava por volta dás 15h00min. Eu pensei que iria demorar a dormir devido aos meus pensamentos, mas pelo contrário. Eu dormi rápido.

Acordei depois de um longo sono. Olhei pela janela do quarto ainda deitado e o sol já tinha desaparecido. Olhei para o relógio e era 21h47min. Meu corpo estava descansado, mas eu estava com muita fome. Eu então desci e fui até um restaurante. Eu jantei e logo depois decidi voltar para o hotel. Eu liguei pra minha mãe e disse que tinha acordado.

Pouco depois de desligar o telefone e estar no elevador o meu celular tocou. Era Chris.

- oi Ricardo. Vem até meu quarto. A gente pode conversar.

- não precisa eu estou bem.

- como sou idiota. É melhor eu ir aí.

Antes que eu pudesse falar que não precisava e inventar uma desculpa ele desligou o celular. Assim que cheguei ao meu quarto alguns segundos depois Chris bateu na porta.

- boa noite – falou ele entrando. – se sente melhor?

- muito melhor.

Eu fui até a varando respirar ar fresco.

- eu sinto muito – falou ele chegando do meu lado. – pelo seu tio.

- obrigado a você por não ter desistido nunca do que ele te pediu.

Ficamos em silêncio por um momento.

- o que você vai fazer? – perguntou ele – em relação à empresa?

- vou vender minha parte pra pagar as dividas. Não quero nenhum contato com essa empresa.

- certo. – falou ele.

Ficamos em silêncio por um tempo e assim que nos olhamos por um tempo Chris levou o rosto até a mim e me deu um beijo.

Eu não correspondi o beijo e me afastei pra trás.

- não posso – falei indo pra dentro.

- me desculpa falou ele.

- não posso mais fazer isso. Preciso de um tempo só pra mim.

- não se desculpe a culpa foi minha.

- eu vou pro meu quarto – falou Chris. – boa noite e me desculpa por isso.

- sem problemas. – falei.

Fechei a porta e fui até a varanda sentir o vento frio em minha face. Eu não queria me envolver com ninguém. Eu queria apenas cuidar da minha vida. Agora que faltava apenas 6 meses para terminar minha faculdade eu iria voltar a cursar.

Passou-se o dia do julgamento. Meu pai foi condenado há 13 anos de prisão e Peter pegou 7 anos. Eu não queria saber mais da minha família. Apenas da minha mãe que foi uma das poucas pessoas que me amou.

Eu iria vender minha parte da empresa e deixei bem claro que não queria saber sobre a compra só assinar os papeis quando estivesse tudo pronto.

Minha mãe iria morar na casa do meu pai. Ela reformou toda a casa e deixou com um ar novo. Leonardo conheceu minha mãe. Eles pareciam se dar bem. Durante a época do julgamento eles se aproximaram e eu ví que estava rolando algo entre eles e eu queria mais é que eles fossem felizes. Eu continuaria pagando a faculdade dele. Chris se mudou para a cidade. Eu morei durante um mês com minha mãe até que tomei a decisão.

Chamei minha mãe pra conversar.

- mãe eu vou continuar a faculdade, mas vou transferir a faculdade pra outra cidade. Pra outro estado eu preciso me afastar um pouco. Preciso criar raízes em outro lugar. Não posso viver nessa casa, nessa cidade.

- eu entendo filho – falou ela me dando um beijo no rosto.

- falta só 6 meses de curso.

- eu vou ficar bem. Vou chamar o Leonardo para morar aqui comigo, têm certeza que você quer isso? – perguntou minha mãe.

Eu respirei fundo e olhei em volta. Olhei aquela casa.

- tenho tantas coisas para fazer e dizer, mas eu não consigo encontrar uma maneira. Eu realmente quero saber como. Eu estou destinado à outra coisa, mas primeiro eu tenho que me encontrar. Eu tenho que ter

Raízes antes de ramos para saber quem eu sou Antes de saber quem eu quero ser. E fé para arriscar. Preciso de fé Para viver como eu vejo. Preciso descobrir meu lugar no mundo.

Ela me abraçou forte e me desejou sorte.

- você vai se despedir do Chris?

- mãe... não quero alimentar esperanças. Ele com certeza tem uma vida pra viver.

- filho, eu sei que você passou por tudo isso. Se ele gosta de você ele vai esperar até que você esteja pronto pra um relacionamento. Não jogue uma oportunidade fora.

Eu pensei sobre e decidi que iria falar com ele.

Depois de uma semana eu já tinha transferido minha faculdade. Eu já tinha alugado um apartamento para poder morar. Tinha transferido minha faculdade para outro estado. Estava pronto para ir. Marquei com Chris. Ele iria me acompanhar até o aeroporto.

Antes de ir tinha uma coisa que eu precisava fazer. Chris me esperou no carro e eu fui com flores até o túmulo do meu tio. Era a primeira vez em todo esse tempo que eu tinha criado coragem para visita-lo. Assim que cheguei ao tumulo dele eu coloquei as flores. Eu me sentei e conversei com ele. agradeci tudo o que tinha feito por mim.

Eu chorei lembrando dele. Lembrando-se de tudo o que ele tinha feito por mim. Ele tinha vivido por mim. Ele tinha morrido me defendendo. E eu sempre seria agradecido. Depois de uns 15 minutos Chris apareceu.

- vamos se não você perde o voo.

- obrigado – falei pro meu tio antes de me levantar.

Eu tinha conversado com Chris. Falei que não estava pronto pra me relacionar outra vez. Ele ouviu e disse que gostava muito de mim. Eu disse que gostava dele, mas que iria viajar sem ter laço nenhum com ele. ele disse que estaria me esperando quando eu voltasse.

Ele parou o carro no estacionamento.

- se um dia você voltar e quiser me conhecer eu estarei por aqui.

- obrigado – falei dando um abraço nele. Eu saí do carro peguei minha mala. Minha mãe e Leonardo estavam no aeroporto me esperando. Eles tinham feito uma surpresa e tinham ido se despedir.

Chegou perto da hora de embarcar. Eu me despedi outra vez e sem olhar pra trás, parti.

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