Nas Noites de Sábado [Capítulo 23]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Eu tomei um banho rápido e assim que abri a porta do quarto eu ví que Tony estava na sala sentado conversando com todos.

- bom dia dorminhoco – falou ele.

- olha quem veio te ver! – falou Ryder – você não falou que alguém na sua família te aceitava.

Peter então apareceu e me deu um beijo de bom dia me empurrando dentro do quarto.

- pessoal nos dê licença só um minutinho. Peter entrou comigo dentro do quarto e fechou a porta.

- o que esse cara está fazendo aqui? – perguntei cochichando.

- calma – falou Peter se sentando na cama. – não é culpa minha.

- porque você deixou ele entrar?

- não foi culpa minha. O Ryder e o Alex saíram logo cedo e quando eles voltaram o Tony veio com eles. Eles disseram que ele estava lá em baixo na portaria. Eles o ouviram conversando com o porteiro e é claro o Tony falou meu nome e o seu. Ele disse que era seu tio e eles autorizaram subir e ele subiu com eles.

- como pode um ser como esse desaparecer por tanto tempo e aparecer assim do nada? Alguém no céu me odeia.

- o que você queria que eu fizesse? Pegasse ele pelo pescoço e jogasse pela janela?

- boa idéia. – falei me levantando nervoso e roendo as unhas.

- nós vamos ter que aguentar ele aqui. Eu não gosto disso tanto quanto você, mas até que ele decida ir embora nós não podemos fazer nada.

- tudo bem. Eu vou conseguir é só mais um dia com o cara que tentou me matar, me apunhalou pelas costas e agora quer roubar meu namorado. O pior de tudo... e se ele contar pra alguém sobre o passado? Se é que você me entende...

- não se preocupa se ele fizer isso eu mesmo mato ele. fica tranquilo eu espero que ele tenha vindo só infernizar nossa vida com a presença e nada mais.

Peter então me deu um beijo e abriu a porta do quarto.

- bom dia pessoal – falei indo até cada um e cumprimentando.

- pois é Ricardo – porque você não falou que tinha um tio que te amava tanto e te defendeu pra sua família – falou a mãe do Peter me dando um beijo.

- eu não sabia que ele tinha voltado. Ele viaja tanto por causa do emprego que eu nem sei quando está em casa.

- como não? – falou Tony se levantando e pegando na minha mão – eu te liguei há dois dias te avisan...

- eu esqueci – interrompi ele soltando a mão dele e indo para a cozinha.

Eu fui até a cozinha onde Anna estava comendo algo junto com Dianna.

- bom dia – falou Dianna me dando um beijo no rosto.

- bom dia. Bom dia Anna.

- bom dia – falou ela tomando um gole de leite.

- eu conheci seu tio – falou Dianna – ele é um amor de pessoa. Ele falou como sempre te apoiou desde o início.

Eu dei um sorriso e me sentei.

- quanto mais o tempo passa melhor ele fica.

- desculpa por falar isso, mas ele é um pedaço de mal caminho.

- literalmente – falei tentando esconder o sarcasmo.

- ele é solteiro?

- sim. Infelizmente. – falei rezando para que ela não pensasse em tal coisa diabólica. - “você não vai querer meter ele em sua vida!” pensei comigo mesmo.

Eu preparei algo para comer porque minha barriga roncava. Logo apareceu meu tio Tony e Ryder na cozinha.

- Ricardo nós vamos sair pra comprar cerveja e algumas coisas pro almoço, afinal hoje será mais especial já que temos sua família aqui hoje.

Aquelas palavras me deram nojo.

- você quer vir com a gente?

- foi mal Ryder eu tenho que cuidar de umas coisas.

Então eu gritei o nome do Peter alto. E ele logo apareceu na cozinha.

- porque você não via com eles amor? – falei dando um sorriso que Peter entendeu logo de cara.

- claro. – falou ele me dando um beijo no rosto e indo embora.

Assim que eles foram parece até que o ambiente da casa ficou melhor. O que diabos Tony estava fazendo lá?

Eu terminei de tomar o “café da manhã” e me deu uma forte dor de cabeça e decidi ficar alí mesmo na cozinha conversando com Anna e Dianna. Max ficou com os pais de Peter na sala assistindo tevê junto com Alex.

Depois de algum tempo de conversa Alex veio até a cozinha e se sentou com a gente. De alguma forma Dianna começou a conversar só com Anna e Alex puxou conversa comigo.

- então. O que rolas entre você e seu tio?

- como assim? – falei como se não soubesse de nada.

- olha é difícil não notar a tensão que rola entre vocês dois.

- deu pra perceber? Você acha que alguém mais percebeu?

- fica tranquilo. Quando se trabalha na policia e interroga pessoas a mais de 10 anos você começa a perceber os sinais da mentira.

Eu fiquei sem graça.

- é... não adianta mentir pra você então.

- é melhor não – falou ele rindo. – eu também ví que praticamente tudo o que ele falou é mentira.

- sério? O que ele faz quando mente?

- na verdade não é só o uma coisa que conta. Até o jeito de se mexer o jeito a pessoa se senta. Isso pode contar a vida inteira da pessoa. Mas, o que percebi que seu tio faz quando mente é piscar apenas um dos olhos e logo após o outro.

- nossa, nunca tinha percebido.

- pois é. Você mesmo quando mente morde o lábio superior.

Eu abaixei a cabeça tentando não ficar sem graça.

- desculpa. – falou ele – eu já fiz tanto isso que fica difícil de não notar. Desculpa ter te analisado... e seu tio também.

- não tem problema.

- então... sem querer me intrometer mais um pouco, o que aconteceu entre vocês que tem toda essa tensão?

- olha... meu tio me odeia e ele veio aqui pra me infernizar. Ele me odeia e é por causa dele que minha família não me aceita. Eu respirei fundo – mas, por favor não comenta isso com ninguém.

- não se preocupa, vai pro tumulo e além do mais agora você é da família.

- obrigado e desculpa o desabafo.

Mais ou menos uma hora se passou e o pessoal voltou das ruas. Eles traziam várias sacolas. Eles colocaram na mesa da cozinha e meu tio Tony e os rapazes pegaram uma cerveja e abriram. Eu tinha ódio de ver meu tio se aproveitando da bondade deles. Ele tinha conseguido enrolar todo mundo com aquela conversa mansa afinal ele era expert.

Eu me levantei da cadeira e fui até o Peter o chamando para ir até varanda onde não tinha ninguém. Ele deu um gole da sua cerveja e apenas me ouviu.

- então... ele falou alguma coisa?

- por incrível que pareça. Não.

- não? Ele não falou nada e nem tentou nada?

- eu não quero deixar você irritado. – falou ele pegando minha mão e cochichando.

- pode falar.

- ele deu em cima de mim.

- de que jeito?

- quando nós estávamos sozinhos no supermercado ele começou a falar sacanagens pra mim.

- e você fez o que?

- nada, meu irmão apareceu na hora e seu tio tipo que ficou rindo da minha cara. Ele acha que está em um tipo de jogo que ele está no comando, pois ele pode abrir o bico a qualquer minuto.

- que ódio. – falei olhando pra dentro e vendo-o conversando com Dianna. – ele não vale nada mesmo só veio pra ficar dando em cima de você e me deixar com raiva.

- não se preocupa com isso. Logo o dia passa e ele está fora daqui.

Peter deu um gole da cerveja e me de deu um beijo dizendo pra eu esquecer aquilo. Então eu fui pra dentro e sentei no sofá junto com o pai de Peter e Max.

Por volta dás 15h20min o almoço ficou pronto. Eu ajudei a arrumar a mesa. Então todo escolheu um lugar e eu tratei de ficar entre Peter e Ryder para que Tony não tivesse a chance de ficar perto de mim.

Depois que o almoço estava na mesa e Alex chegou com uma garrafa de champanhe e abriu. Tomo mundo gritou e bateu palmas. Então tomo mundo pegou suas taças e colocou um pouco.

- eu queria fazer um brinde ao meu filho e ao Ricardo – falou o pai de Peter levantando o copo – que eles sejam muito felizes nessa nova fase da vida que eles entram.

- não esquece do Max – falou Anna.

- é verdade. Que meu neto seja muito feliz, pois ele é sortudo de ter dois pais que vão amá-lo acima de qualquer coisa.

- saúde – falou Dianna.

Tomo mundo bateu as taças brindando. Tomamos um gole e eu e Peter demos um beijo e tomo mundo gritou e bateu palma.

Então Tony querendo acabar com a festa fez o favor de falar bem alto.

- também quero fazer um brinde. Ao meu sobrinho que seja muito feliz. E quero agradecer ao Peter e a vocês todos por deixar nós fazermos parte de sua família.

Eu nem acreditei que ele tinha se incluído na família e no brinde. Todo mundo brindou mais uma vez e logo após nos sentamos para comer.

Assim que comemos mais uma vez arrumamos toda a bagunça. Depois do almoço Tony fez o que devia ter feito a muito tempo atrás “desapareceu porta afora.”

Assim que o relógio marcou por volta dás 18h00min o pessoal começou a falar sobre os planos para a noite já que era sábado e todo mundo queria sair. Peter disse que poderíamos todos jantar fora e conhecer a cidade. Eu estava feliz que Tony finalmente iria tipo assim “desaparecer”.

- então fica combinado. Depois do jantar e de conhecermos a cidade nós podemos ir pra uma boate dançar a noite inteira. – falou Anna.

Todo mundo ficou animado inclusive eu. Fazia muito tempo que não saia pra dançar.

- vocês podem ir – falou o pai do Peter – eu venho pra casa pra cuidar do meu neto.

A mãe do Peter disse que também iria pra casa. Todo mundo concordou e foi se arrumar para sair.

Por volta dás 19:50 todo mundo estava pronto.

Assim que estávamos todo mundo pronto pra sair ouvimos bater na porta.

- quem será? Você deixou alguém subir? – perguntei pro Peter.

- Deve ser o Tony – falou Dianna – eu liguei pra ele e falei que íamos sair e convidei-o para vir com a gente.

Ela tinha convidado ele pra ir. Aquilo acabou com minha noite. Eu fiquei cego de raiva. Aquilo nunca teria fim. Quando Anna abriu a porta lá estava ele todo arrumado.

- boa noite – falou ele abrindo os braços e entrando.

Não aguentava mais.

- nem pensar – gritei me levantando.

Ví que todo mundo ficou assustado e o silencio foi geral.

- chega desse jogo idiota. Vai embora. O que você quer pra sumir da minha vida?

Peter se levantou e colocou a mão no meu ombro.

- Ricardo se acalma.

- não vou me acalmar Peter. Se eu não fizer algo agora ele nunca vai nos deixar em paz.

Tony estava parado olhando pra mim com um rosto de satisfação. Quando percebi o que tinha feito não consegui conter as lágrimas e elas escorreram na minha face apesar da minha luta para não chorar.

- vai embora. Deixa a gente em paz.

- vem aqui – falou Peter me abraçando.

Eu chorava no ombro dele. Peter me abraçou e me mandou acalmar. Ele olhou pro Tony.

- por favor. – falou Peter. – vai embora.

Eu não vi o que aconteceu, mas estava tudo tão silencioso. Eu tinha vergonha de abrir os olhos. Eu ainda chorava. Peter então me guiou até o quarto e fechou a porta.

Eu pulei na cama e me deitei cobrindo meu rosto com o travesseiro.

- apaga a luz. – pedi pro Peter.

Ele apagou a luz e se se sentou na cama.

- não fica assim. Eles não vão te julgar por causa disso. – falou ele alisando minhas costas.

Eu continuei chorando. Estava tão envergonhado.

- olha eu vou lá fora explicar tudo pra eles. Quando você se sentir melhor e estiver pronto pode sair. Vamos estar esperando você. Se eu ouvir aquela janela abrindo eu derrubo a porta. – disse ele se levantando.

Ele saiu do quarto fechando a porta. Eu então deitei minha cabeça no travesseiro e olhei para o teto naquele quarto escuro. Eu pensei bastante, refleti bastante. Eu não era o tipo de pessoa que fugia dos problemas e não era dessa vez que fugiria.

Eu me levantei fui até o banheiro e lavei meu rosto. Respirei fundo mais umas mil vezes e abri a porta. Todo mundo olhou pra mim. Todos estavam calados. Peter veio até mim e ficou do meu lado e colocou a mão no meu ombro me abraçando.

Eu não conseguia dizer nada. Eu juro que podia ouvir no fundo, bem no fundo daquela cena a canção da Kelly Clarkson.

“Como um diamante que veio do pó negro É difícil saber o que podemos se tornar

Se você desistir, por favor, não desista de mim. Por favor, lembre-me quem realmente sou.

Todo mundo tem um lado sombrio

Você pode amar o meu?

Ninguém é uma imagem perfeita

Mas nós valemos a pena, você sabe que eu valho

Você vai me amar? Mesmo com o meu lado sombrio?”

- me desculpa. – foi a única coisa que consegui dizer. – eu devia ter aguentado mais uma noite.

- me desculpa Ricardo – falou Dianna vindo até mim e me abraçando. – se eu soubesse eu nunca teria chamado ele.

- a culpa não é sua. É minha por não respeitar todos vocês e fazer o que eu fiz.

Alex estava com Max nos braços.

- não liga pra isso – falou Alex – a culpa é nossa por não ter percebido o que rolava entre vocês.

Eu dei uma risada disfarçando.

- nós somos uma família agora. Vocês faz parte da nossa família e nessa família não jugamos ninguém. – disse a mãe do Peter me dando um abraço e um beijo.

Eles realmente eram a família que eu nunca tive. Uma família que te apoia incondicionalmente.

- vamos então – falou Peter – à noite nos aguarda.

Todo mundo saiu pela porta feliz como se nada tivesse acontecido. Eu estava triste por não ter suportado o Tony. Eu tinha prometido a mim mesmo que iria ser forte e não deixaria Tony e Ben me derrubarem nunca mais.

Assim que chegamos ao restaurante eles pediram um champanhe. Mais uma vez o pai do Peter se levantou para fazer um brinde.

- me perdoa senhor – falei me levantando – acho que eu devo um brinde a vocês é o mínimo que posso fazer. Eu então levantei minha taça.

Todos disseram saúde e assim quem bebi um gole quase engasguei quando ví meu pai e minha mãe entrarem pela porta do restaurante.

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