Estou Pouco Me F... [Capítulo 29]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Eu tinha me tornado em algo que eu odiava. Eu não acredito que o tesão tinha falado mais alto do que o meu amor pelo Peter. Eu mal conhecia esse tal de Chris. Peter sempre foi tão bom pra mim. Ele era meu príncipe. Eu o admirava de tantas maneiras possíveis. Enquanto Chris estava na sala me esperando para contar algo sobre ele eu lavava meu rosto no banheiro me sentindo sujo. Quem era eu pra falar do meu pai e do meu tio? Afinal não éramos tão diferentes.

De repente a culpa chegou até mim e me dominou. Eu não queria sair daquele quarto. Queria voltar no passado e não fazer o que tinha feito. Será que meu pai e Tony se sentiram assim também quando me traíram? Eu sei que sim, mas o amor deles sempre falou mais alto do que tudo. Inclusive mais alto do que meus sentimentos.

Eu podia me casar com Peter sabendo o que eu tinha feito. Eu demorei bastante tempo sentado na cama com meus sentimentos me corroendo por dentro.

- tudo bem? – falou Chris batendo na porta.

- sim. Já vou sair em um minuto. – falei me levantando. – o que será que Chris queria me dizer? E se tudo aquilo fosse só mais uma armadilha? Eu não acredito que eu tinha caído na lábia dele. A culpa era minha. Toda minha. Como eu poderia olhar outra vez para o rosto do Peter?

Eu respirei fundo olhando para o espelho. Estava triste pelo o que eu fiz.

- não vou cair nessa. – pensei comigo mesmo. – não vou acreditar em nada do que ele disser. Ele deve dizer que Peter me traiu e que sempre foi do lado do meu pai e do meu tio. Era só uma forma de a minha mãe tentar me conquistar. Peter sempre estava ao meu lado e não importa a mentira que ele fosse contar afinal ele era advogado em questão de enrolar as pessoas ele provavelmente era um gênio. Advogados sempre conseguem o que querem.

Eu abri a porta do quarto e Chris estava sentado no sofá.

- o que você quer me dizer – falei cruzando os braços esperando pela mentira.

- você vai querer sentar pra ouvir o que eu tenho que te dizer.

- prefiro ficar em pé. – falei interrompendo ele.

Chris se levantou.

- olha eu entendo que deve estar confuso, mas eu realmente preciso de sua atenção para o que eu vou te falar agora. Esquece o que acabou de acontecer. Eu vou esquecer.

Eu respirei fundo e disse pra gente ir pra cozinha pra conversar.

Chegando na cozinha cada um de nós sentou de um lado do balcão.

- me desculpa estar tão arrogante. – falei sedento por um momento, mas ainda em alerta.

- tudo bem. – falou ele se sentando. – agora eu aceito algo pra beber.

Eu me levantei e peguei um suco de maracujá que tinha na geladeira e coloquei em um copo e entreguei pra ele. também coloquei um copo pra mim.

- olha... o que eu vou te falar é muito sério. Eu nem sei como começar, mas vou tentar ser o mais direto possível.

Coloque i como em cima do balcão e alisei minha mão que doía um pouco.

- pode falar, eu aguento.

- olha. Eu disse pra você que sou advogado, mas não sou.

- surpresa – falei sarcástico. – foi mal.

- tudo bem. Eu não sou advogado eu sou detetive particular e eu fui contratado para saber tudo sobre sua vida e ficar na sua cola o máximo de tempo que eu conseguir e eu lamento dizer isso, mas o Peter não é quem você pensa.

- detetive? Você não é o cara que trabalhava pro meu pai e fugiu com minha mãe?

- não. Isso é o que ele quer que você pense.

Ele disse aquilo me deixando aflito.

- quem contratou você? – perguntei ansioso pela resposta, mas ele ignorou a pergunta e continuou falando.

- eu sei tudo sobre sua vida e a vida do seu pai. Olha... nem sei como dizer isso, mas Ricardo, você sabe que seu pai tem um irmão mais novo que morreu ainda dentro da barriga da mãe dele.

- sim. Eu sei disso.

- Ricardo, esse irmão que é seu tio nunca morreu.

- como é que é?

- ele nasceu e logo após o nascimento ele foi dado para adoção?

- não – falei nervoso – isso é mentira. Ele morreu dentro da barriga da minha avó.

Ele tomou um gole do suco.

- você tem que se acalmar e me deixar contar.

- tudo bem – falei aflito e tomando o resto do suco no copo.

- continuando. Quando o bebê nasceu ele foi dado pra adoção.

- mas porque? Ele já tinha até nome: o meu nome “Ricardo”. E porque eles dariam o bebê pra adoção e logo após adotariam o Tony?

As perguntas eram muitas e Chris contava a história bem devagar o que me deixava ansioso.

- Ricardo não era filho do seu avô. Ele era fruto de uma traição. Quando sua avó Lisa contou pro seu avô Harry que estava grávida ela não sabia que ele tinha feito cirurgia e não podia mais ter filhos. Ela não pode fazer nada além de assumir que estava tendo um caso. Ele não aceitou criar o filho de outro homem e não se separaria dela, pois amava muito seu pai Ben para separar a família. Ele então disse pra ela se livrar do bebê, mas ela disse que nunca faria um aborto então ficou combinado que quando o bebê nascesse ele seria dado para adoção.

Pouco tempo depois do bebê ter sido dado para adoção seus avós disseram que o bebê tinha morrido no nascimento. Eles então adotaram Tony para preencher esse vazio.

- como você pode ter certeza disso?

- eu faço muito bem o meu trabalho. Um trabalho de 7 anos.

Eu estava abismado com aquela história. Nunca pensaria que aquilo poderia ter acontecido.

- mas o que isso tudo tem a ver com o Peter? – perguntei exigindo uma explicação mais breve.

- você não consegue encaixar as peças? Peter é Ricardo. Peter é seu tio “falecido”.

- que baboseira – falei me levantando. – vai embora. Não acredito em nada do que você falou.

Chris se levantou – você tem que acreditar, eu tenho provas de tudo o que estou falando. Meu trabalho é sério.

Minha cabeça doía. Como aquilo poderia ser verdade? Uma parte de mim não acreditava naquela história a outra parte começava a juntar peças do quebra-cabeças. Um quebra cabeças que nunca foi perfeito.

- se senta – falou Chris. – tenho que te contar o restante da história. Eu sei que vai doer em você, mas eu preciso fazer isso.

Eu tentei me acalmar e me sentei outra vez enchendo o copo se suco.

- como eu ia dizendo: Antes de sua avó Lisa falecer ela contou para o Ben sobre o filho que nunca morreu. Ben ficou surpreso com aquela noticia. Tony não deu muita importância, mas seu pai ficou obcecado em procurar o irmão desaparecido. Ele levou anos, mas quando você tinha 6 anos ele finalmente localizou Peter. Quando o seu pai se encontrou com Peter a primeira vez eles se tornaram amigos. Seu pai não teve coragem de contar para Peter que era o irmão dele. Quando seu pai decidiu contar algumas semanas depois era tarde demais. Eles estavam se amando.

- mas isso não é verdade. Meu pai amava meu tio Tony! Eles me traíram para ficar um com o outro.

- a história que você conhece é realmente a mesma, mas ao invés de seu pai ser obcecado por Tony ele era obcecado por Peter e essa obsessão tinha retorno.

Chris falou colocando suco no copo e jogando a caixinha fora. Ele tomou um gole.

- quer dar uma pausa? – perguntou Chris. é muita coisa pra assimilar.

- não precisa – falei ansioso – eu quero saber de tudo.

- tudo bem – falou Chris continuando com a história. – seu pai estava abandonando a família e fui contratado para descobrir o por que. Eu investiguei e ví que ele se encontrava com Peter pelo menos três vezes na semana. Às vezes em restaurantes, parques e outras vezes você sabe... em motéis e hotéis. Seu pai dizia que ia viajar a trabalho e passava dias com Peter.

- mas porque você fugiu com minha mãe?

- quantas vezes você me viu beijar sua mãe ou pelo menos segurar a mão dela.

Eu pensei tentando ver se lembrava se algo naqueles poucos dias que tinha visto os dois juntos.

- você não tem nada com minha mãe.

- exato – falou ele. – quando sua mãe descobriu tudo ele simplesmente foi embora. Ele te contou que ela tinha fugido com um funcionário.

- mas porque você apareceu com minha mãe?

- cara... Eu conheço sua mãe há poucos dias. Eu contei tudo pra ele e ela topou ajudar.

Aquela história toda não parecia fazer sentido. Na verdade fazia todo o sentido, mas se ele tinha acabado de conhecer minha mãe... quem o contratou a final de contas?

De repente tudo parecia fazer sentido. Quando Peter se casou com uma mulher meu pai entrou em depressão e eu pensando que era por causa da minha mãe. Era por isso que meu pai era contra nosso amor.

Eu me levantei da cadeira:

- que tem contratou?

Ele olhou pra mim por um tempo relutante em dizer o nome.

- Tony. – falou ele. – sinto muito.

Agora fazia sentido. Todo esse tempo Tony estava tentando me proteger e não ferrar comigo. Ele conseguiu me afastar do meu pai, mas ele não sabia que eu estava saindo de um lado da história e indo pro outro: Peter.

- meu tio nunca amou meu pai? Quero dizer sem ser amor de irmão?

- não. Deste modo não. Ele amava seu pai, mas seu pai estava cego demais. Ele então viu o mal que seu pai estava causando em você. Quando ele descobriu que Peter era o irmão perdido, você já estava envolvido com ele.

Agora tudo fazia sentido. As mudanças de humor do meu tio. Amava meu pai e de repente amava Peter. Ele queria que eu desistisse do meu amor pelos dois. Ele só queria me proteger. Ele queria me tirar daquele jogo de ping pong.

- mas... Porque meu tio Tony se mataria?

- seu tio te amava muito. Ele só queria o melhor para você. Ele estava triste por não conseguir separar você de Peter.

- você quer dizer que...

- sim – falou Chris. – queria que fosse de outro jeito, mas não é... Peter e seu Ben são amantes desde que você tinha 6 anos de idade e continuam sendo.

Lágrimas começaram a escorrer do meu rosto. Aquelas palavras me fizeram chorar. Eu tinha odiado tanto meu tio e ele sempre foi a única pessoa que realmente se importou comigo. Senti-me mais uma vez traído. Peter sempre estava do meu lado em tudo, sempre enxugou ás minhas lágrimas, mas aquilo não tinha valido de nada já que aquelas lágrimas tinham sido feitas por ele e por meu pai.

- porque meu pai e ele me querem por perto? Porque eles não podem viver a vida dele sozinhos.

- essa é outra parte da história que acho que você não conhece.

- eles precisam de você por causa do dinheiro. Peter te conquistou e você se apaixonou por ele. Assim que vocês se casassem Peter finalmente teria 50% de toda sua fortuna. Seu pai precisa do dinheiro para manter a empresa. Então seu pai pediu para Peter se casar com você então ele poderia conseguir o seu dinheiro e roubá-lo e entregar para seu pai.

- Eu não tenho dinheiro nenhum.

- 50% do dinheiro do seu pai não pode ser tocado por sua causa. Você é dono desses 50%.

- mas como?

- um dia antes de a sua mãe deixar seu pai ela embebedou ele e o fez assinar alguns papeis que passavam 50% de tudo o que ele tinha pra você. Antes de ela ir embora ela deixou cópias dos papéis em cima da cama.

- mas porque ele precisa de mim? Ele tem os 50% dele.

- 25% - falou Chris – com o divórcio sua mãe pegou metade dos bens do seu pai. Você é na verdade o dono da empresa já que você tem 50%. Seu pai e sua mãe são donos de 25%.

- mas como eu não sei disso?

- seu pai cuidou para que você não soubesse de nada para ele poder executas o plano.

Aquilo tudo fazia sentido foi por isso que meu pai me apresentou para Peter.

Tony se aproximou de mim para poder ficar dentro da casa o mais perto de mim o possível. Meu pai nunca imaginaria que Tony sabia de tudo. Enquanto meu pai pensava que Tony era só mais um fantoche, mas na verdade Tony sabia de tudo.

- meu pai sabe que Tony sabia de tudo? – perguntei.

- Sabe desde o dia do acidente que você sofreu. Lembra quando você acordou do coma e contou pro seu pai o que Tony tinha feito e seu pai avançou no Tony lá mesmo no hospital? Pois é, ele descobriu que Tony queria acabar com os planos dele.

Meu pai e Peter tinham um caso, se amavam e queria roubar minha parte do dinheiro.

- foi por isso que sua mãe apareceu agora. Eu contei pra ela sobre a investigação do Tony e ela apareceu para intervir. Ela e Tony queriam te contar tudo, mas você não dava chance.

- mas meu pai brigou comigo na frente de todos.

- Seu pai não se importa se você está com raiva dele porque segundo os planos dele, Peter ainda vai se casar com você. Você não entende? Sei pai só se preocupa com duas coisas: Peter e o dinheiro.

- quer dizer então que Ben, Tony e Peter eram um trio amoroso que se desfez quando Tony descobriu o que Ben e Peter queriam fazer?

- sim – falou Chris – seu pai realmente amava seu tio.

- e eu sou só um fantoche no meio dessa história toda. – falei tomando o resto do suco.

Aquela história fez doer minha cabeça. Era muita coisa pra assimilar. Estava exausto de ouvir tudo. Peter tinha mentido em relação a ter encontrado Tony na rua. Ele só queria que eu sentisse pena dele. Ele estava se fazendo de culpado.

- eu sei que parece inoportuno levando em consideração a tudo o que eu acabe ide saber, mas... o sexo fazia parte do trabalho?

- não. – falou Chris. – não se preocupa ninguém me pagou pra fazer aquilo.

Quando ele falou em pagar me veio uma dúvida crucial.

- porque meu tio se matou? – me levantei colocando a mão na cabeça.

- quem disse que ele se matou?

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