Assunto de Família [Capítulo 24]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Ví meu pai e minha mãe entrando no restaurante.

- Peter olha lá. – falei bem baixo do modo que só apenas o Peter ouvisse.

Ele olhou e viu que era meu pai e minha mãe. Seria apenas uma coincidência? Eu acho que não. Afinal no bocudo do Tony deve ter contado tudo sobre o casamento. O que minha mãe estava fazendo com ele?

Eu fiquei apenas olhando enquanto eles vinham em nossa direção. Eu nem acreditava que eles estavam mesmo vindo em minha direção. Todo mundo se sentou e eu coloquei a taça na mesa e dei a volta na cadeira indo até eles antes que chegassem até a mesa onde todo mundo estava. Peter se levantou pra ir atrás de mim.

- não Peter – falei pedindo pra ele sentar. – pode deixar.

Eu me virei outra vez e fui até eles.

- por favor, Já chega. Não estraguem a noite também. – falei chegando até eles.

- nós não viemos pra isso – disse meu pai me abraçando.

- perdoa pelo o que eu fiz. Eu não quero mais atrapalhar sua vida. Eu nem acredito que você ia me deixar perder um momento tão importante pra você.

- me perdoa também filho. Eu sei que errei muito com você e seu pai no passado, mas você poderia me perdoar?

- claro mãe. Era tão estranho pra mim dizer aquilo. Chamar alguém de mãe era realmente algo novo pra mim.

- vocês estão juntos outra vez?

- não. – falou meu pai. A gente só quis vir comemorar com você. Não queremos perder mais nada da sua vida. Nós fizemos de sua vida uma droga. Se você tivesse seguido os exemplos que nós dois te passamos você estaria hoje na rua, usando drogas... sei lá. Mas ao invés disso você sempre conseguiu driblar os problemas. Por favor, continuem a ser essa pessoa até morrer.

Eu abracei ele. um abraço demorado. Quando um não quer dois não brigam. Era hora de perdoá-los. realmente era muito bom ter eles por perto.

- eu nunca vou mudar quem sou. – falei pro meu pai. Ele me deu um beijo no rosto e eu fui até minha mãe e abracei-a.

- não vai nos apresentar pra eles? – falou meu pai indo até a mesa onde todo mundo olhava pra gente.

Na mesa todos foram apresentados. Eles se sentaram com a gente.

- vocês fizeram a escolha certa. – falou a mãe do Peter.

- cadê o Max? – perguntou meu pai pro Peter.

- com a babá. – respondeu ele.

Todos estávamos jantando. Eu estava feliz. Peter deve ter percebido que eu estava feliz e resolveu fazer mais um brinde. Um brinde a família reunida. Eu pai sentou do meu lado direito e pegou minha mão pra ver a aliança em meu dedo. Eu ví o sorriso no rosto dele. Ele estava feliz de me ver feliz.

Depois que todos jantaram todos pediram uma sobremesa. A maioria pediu sorvete e mousse. Eu pedi mousse de maracujá que é meu sabor favorito.

- eu preciso ir ao banheiro – falei pro Peter.

Eu me levantei e fui ao banheiro. O restaurante estava cheio já que era noite de sábado. Depois que usei o banheiro eu saí.

Estranhamente senti repentinamente uma tontura. Eu parei por um momento no meio do caminho até a mesa. Essa tontura logo se tornou falta de ar. Meu coração estava acelerado. Senti uma pontada em minha cabeça. Desmaiei antes de cair no chão.

Eu acordei alguns minutos depois. Ryder estava ajoelhado dando tapas de leve no meu rosto. Havia um monte de gente em volta de mim. Eu estava deitado no chão e muita gente gritava sobre ligar para emergência. Meu corpo estava pesado. Eu não conseguia mexer meu corpo. De repente a falta de ar voltou.

- eu sou médico – falou uma das pessoas que estavam no restaurante.

Ele veio até mim e colocou a mão no meu rosto.

- ele está suando frio e está gelado. – falou o médico.

Eu senti que minha língua estava grande. Eu não conseguia deixar ela dentro da boca. eu tinha dificuldade pra respirar. Estava meio tonto.

- não mexe nele. Deixa ele na posição que está.

Ele pegou o celular e apontou a luz no meu olho.

- os sinais estão bom.

De repente eu comecei a engolir o ar e não conseguir soltar.

- você está me vendo e ouvindo.

- eu sim sinal positivo com a cabeça apenas da dificuldade.

- calma – falou o médico colocando a mão no meu braço. Fica calmo. Você tem que controlar a respiração. Respira pelo nariz e solta pela boca. Respira pelo nariz e solta pela boca.

O medi disse isso repetidamente. Eu senti que conseguia controlar minha respiração, mas quando eu pensava em parar de controlar a respiração eu sentia meus lábios tremendo de frio. Eu não estava com frio. Meu coração estava acelerado. Meu corpo inteiro estava dando algum tipo de câimbra. O médico viu que eu apertava minha mão forte.

O médico segurou minha mão.

- calma. Aperta minha mão. Pode apertar o quanto você precisar.

- a ambulância chegou.

Eles tinham chamado os bombeiros.

Eles pediram para todos se afastassem. O médico disse o que ele tinha examinado. Um dos bombeiros começou a fazer exames furando meu dedo. Medindo a pressão entre outras coisas.

- vamos levar ele para o hospital.

Eles me colocaram em uma maca e logo estava dentro da ambulância há caminho do hospital. Eles me levaram pro mesmo hospital que eu tinha ficado quando sofri meu acidente.

Quando eles tiraram a maca da ambulância e entraram no hospital alguns enfermeiros vieram me colocaram em quarto. Eles colocaram soro na minha veia. Eu percebi que meu pai e Peter já estavam no hospital. E foi a última coisa que eu ví antes de apagar com o remédio que eles colocaram em minha veia.

Eu acordei e estava outra vez em uma cama de hospital. Eu olhei pro relógio na parede e era 03:07 da manhã. Peter estava no quarto.

- está se sentindo bem? – perguntou Peter.

- estou sim. O que aconteceu?

- não sabemos ainda. Estamos esperando o médico vir. Eles fizeram alguns exames da sua cabeça. Ressonância magnética pra ser mais exato. Logo ele deve aparecer pra dizer os resultados. Mas, provavelmente você vai ter que esperar até amanhã, pois o exame demora pra ficar pronto.

- estou me sentindo bem. Só meus braços e pernas estão doendo. Provavelmente por causa da câimbra.

- seu pai e sua mãe estão lá fora. Vou chamar eles pra te verem.

Ele chamou os dois. Eles conversaram comigo e perguntaram se eu me sentia bem.

- filho eu vou embora, mas amanha eu venho te ver.

- precisa de carona? – ofereceu meu pai.

- não precisa... o... Chris vem me buscar. – falou ela se referindo ao cara com quem ela tinha fugido no passado. Eu pensei que aquelas palavras cortariam meu pai, mas ele apenas desejou boa noite.

- todo mundo foi pra casa? – perguntei.

- sim. Falou Peter. Falei pra eles que dava noticias.

- quero ir logo embora desse lugar. – falei olhando em volta.

- fica calmo, se der tudo certo nos exames amanha você vai embora, mas você precisa tomar o soro e ficar em observação.

Eu então me virei e fechei os olhos para dormir. Eu queria que o médico viesse logo para que eu pudesse ir embora. E logo fechei meus olhos e dormi.

Acordei no outro dia cedo. O relógio na parede marcava 08h00min. Eu me sentei na cama. Chamei a enfermeira e ela tirou o soro da minha veia e disse que o médico logo viria. Peter saiu do banheiro e meu pai entrou no quarto me dando bom dia.

- Tomara que o médico venha logo – falei ligando a televisão.

Mais ou menos 20 minutos depois minha mãe entrou no quarto.

Imediatamente o médico entrou no quarto.

- bom dia. – disse ele trazendo meus exames na mão.

- bom dia doutor.

- vamos ver seus exames.

Ele pegou os exames e colocou na parede e acendeu uma luz. Ele olhou por um tempo.

- é óbvio que temos algo no seu lobo frontal – disse ele mostrando com um dedo – temos uma falha.

- o que significa – perguntou Peter com os braços cruzados.

- está vendo essa falha? – mostrou ele – essa falha é feita durante a gestação. Durante a gestação acontece algo do lado de fora da barriga, ou seja, com a mãe e isso atrapalha na formação do cérebro e temos essa falha.

- mas... isso é maligno?

- não. – falou o médico olhando pra eles. – na verdade isso é uma síndrome. Ela não tem cura, mas pode ser controlada.

- mas o que essa síndrome exatamente faz comigo?

- Esse problema é no sistema circulatório e têm vários sintomas além do desmaio, muitas vezes essa doença é confundida com epilepsia, labirintite, hipoglicemia e até doença do pânico. Pode acontecer numa queda brusca de pressão, num momento de fortes emoções – como casamentos e enterros – ou ao ficar muito tempo em pé em filas e shows por exemplo. Você vai ter que evitar ao máximo uma porção de coisas que vão fazer você sofrer um desmaio como doar sangue, sentir muito calor, fazer exercícios que exigem grande esforço, ficar desidratados ou sem comer por muito tempo. Os sintomas são vários: Além da perda de consciência, a pessoa sente tontura, mal-estar, calor, enjoo, palpitação, suor frio, palidez, pressão baixa, pulsação lenta e escurecimento da visão.

- mas o que exatamente acontece?

- bom pra ser mais especifico o coração não bombeia sangue pro cérebro e o sangue fica todo nos membros superiores. O seu corpo como resposta a essa falta de sangue se “auto desliga” que é quando ocorre o desmaio.

- eu vou ter isso à vida toda?

- infelizmente sim, mas você vai tomar remédios controlados. Esses remédios ajudam a controlar, mas como falei pra vocês: não tem cura.

Todo mundo ficou calado.

- ainda bem que é só isso – falei aliviado – tem pessoas pelo mundo que tem doenças piores e eu fico agradecido por ser apenas isso.

- verdade – falou o médico.

Ele então pegou uma receita e prescreveu os remédios. Três remédios diferentes.

- você vai tomar 5 comprimidos por dia. Três de manha e dois à noite.

- mas, doutor porque essa síndrome só apareceu agora?

- você sempre teve ela, mas alguma coisa que aconteceu na sua vida tipo uma situação de estresse extrema ou várias em um curto período de tempo pode fazer ela acordar.

Depois que o médico assinou minha alta e receitou os remédios ele saiu do quarto e ficamos apenas nós. Eu não pude evitar de pensar o que tinha acontecido durante a gravidez da minha mãe. Mas que diabos, eu ia perguntar pra ela.

- vocês dois tem alguma idéia do que aconteceu durante a gravidez pra que eu tenha essa doença?

- não tenho a mínima idéia – falou meu pai.

- eu sei – falou minha mãe.

- o que foi?

- é melhor não – disse ela – você não pode se estressar.

- pode falar. – falei.

Ví que meu pai estava surpreso, ele não sabia o que ela iria falar e estava com um olhar curioso.

- eu tentei te abortar.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa.

- como é que é – falou meu pai virando pra ela.

- me desculpa, mas vou ser sincera pelo menos uma vez nessa vida - disse ela olhando pro meu pai. – eu tentei abortar o Ricardo. Na verdade eu tentei três vezes. Tomei remédio, chás – tudo receitado por amigar, mas nenhuma das tentativas funcionou.

- por que você fez isso? – perguntou meu pai

- não precisa falar – disse me sentando na cama – isso só significa que eu sou um lutador mesmo antes de nascer.

Peter foi até a cama e me deu um beijo me abraçando.

- vai querer casar comigo ainda? – perguntei.

- é claro – falou ele me dando um beijo quente e demorado – agora mais do que nunca.

Eu não queria saber o porquê de minha mãe ter feito aquilo, mas pelo o que percebi do clima do local aquela história estava longe de acabar. Meu pai com certeza iria querer tirar a história a limpo, mas ele já sabia o motivo: o romance dele com Tony. De um jeito ou de outro parece que tudo o que dava de errado na minha vida era culpa dele.

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