Acredito Que Posso Voar [Capítulo 31]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Já haviam se passado 9 meses. Tinha terminado meu curso na faculdade, mas ainda não tinha criado coragem para voltar pra casa. Minha vida tinha parado e pensei em apenas ficar em casa sem fazer nada. Planejando minha vida. Eu falava com minha mãe 1 vez por semana e falava com Chris regularmente por volta de 2 vezes por semana, mas no último mês ele tinha desaparecido um pouco.

Ele tinha se tornado policial e trabalhava na delegacia da minha antiga cidade. Estava criando coragem para voltar. Não tinha certeza se eu queria voltar, mas a vida é feita de incertezas e não devemos ficar com medo da vida ou entramos em depressão e perdemos o jogo contra a vida.

É claro que eu tinha feito amigos na faculdade. Eu não tinha arrumado namorados, mas tinha arrumado ficantes afinal ninguém é de pedra e às vezes precisamos de carinho. Eu não tinha começado a gostar de ninguém. Algumas das pessoas que fiquei algumas vezes eram pessoas que tinha conhecido na faculdade e um dos professores. Além de não querer eu não estava pronto para um relacionamento.

Depois de muito pensar decidi voltar. Era o certo a fazer e agora tinha acabado o curso da faculdade podia iniciar minha carreira. Eu iria viajar naquele final de semana. Tinha marcado com minha mãe. Ela insistiu em me buscar no aeroporto, mas eu disse que não precisava.

Era sexta-feira. Sábado de manhã eu iria viajar. Eu me deitei cedo para poder viajar no outro dia. Se eu tinha medo de elevadores imagina o medo que eu não tinha de avião. Eu deitei, mas demorei a dormir. Estava ansioso.

No dia seguinte levantei ás 06h30min da manhã e fui me arrumar. Meu voo saia ás 08h15min. Chamei um taxi para me levar até o aeroporto. Cheguei lá por volta dás 07h32min. Assim que fiz o check-in eu fui para a sala aguardar o embarque. Logo ouvi que o embarque seria em alguns instantes. Os primeiros da fila eram os idosos, logo após gestantes e etc...

Assim que entrei na fila logo recebi ligação da minha mãe.

- já estou na fila para embarque.

- já estou aguardando por você. Tem certeza que não quer que eu te pegue.

- certeza, não se preocupa. O voo é só de duas horas logo eu estou aí.

logo eu estava dentro do avião. As pessoas iam sentando e eu olhava pela janelinha. O dia estava ensolarado.

Depois de um tempo e de todos os procedimentos o avião taxiou na pista eu respirei fundo e coloquei uma música bem alta no meu iPhone e deitei a cabeça pra trás para relaxar. Eu senti quando avião subiu e fiquei tonto. Respirei fundo e depois de um tempo eu abri os olhos e estávamos no alto. De alguma forma olhar lá pra fora me dava uma sensação boa. Olhar pra dentro eu via como o avião era pequeno e não suportava. Só de pensar nisso eu começava a sentir falta de ar. Eu fechei os olhos e respirei fundo.

A viagem continuava. Já tinha comido meu lanche e tinha ido um pouco mais da metade da viagem. Tinha me esquecido por um momento do voo e estava ouvindo minhas músicas até que eu senti algo e vi a luz para apertar os cintos acesa. A comissária de bordo avisou que era turbulência.

Eu apertei o cinto (literalmente) e fechei os olhos. O avião balançava muito. Eu olhava lá fora e passávamos por entre nuvens cinza. Eu olhei pra dentro e minha cabeça estava girando. Eu fechei os olhos, mas isso só piorou a situação. Eu estava tonto. Senti meus braços pesados. Eu tinha que avisar alguém que eu estava passando mal. O problema é que me sentia tão mal que mal podia me mexer. Antes que eu pudesse avisar alguém que eu não me sentia bem, eu desmaiei.

Eu abri os olhos devagar. A luz estava forte. Alguém chamava pelo meu nome.

- o senhor consegue me ouvir? – perguntou uma das comissárias de bordo.

Eu não conseguia responder apenas sinalizei a cabeça. Eu ainda estava dentro do avião.

- fica calmo, nós estamos quase chegando ao seu destino já temos ambulâncias esperando pelo senhor.

Eu continuei deitado no chão e coloquei a mão na testa.

- consegue se sentar? – perguntou o cara que sentava do meu lado.

- sim – respondi.

- eu te ajudo falou ele e outras pessoas me ajudando a se sentar.

- obrigado – falei me sentando e deitando um pouco a cadeira.

- vou trazer água – falou a comissária.

- está melhor? – perguntou ao rapaz ao meu lado.

- sim. Não estou 100%, mas estou melhorando.

Logo a comissária veio com um copo de água.

- o comandante Harry da aeronave pediu pra avisar que logo estaremos em terra.

- obrigado – falei bebendo a água e fechando os olhos.

Logo o avião posou e uma das comissárias de bordo veio até mim e pediu para que eu aguardasse atendimento dentro da aeronave.

Assim que todo mundo desceu ví o piloto da aeronave vindo até mim.

- bom dia – falou ele. – se sente melhor?

- bem melhor, obrigado.

Logo veio o pessoal param e atender. Depois de alguns exames como da última vez logo eu estava liberado.

- grande susto falou o comandante enquanto me ajudavam a pegar minhas malas.

- obrigado por voar com a gente – falou o comandante apertando minha mão – esse aqui é o meu número particular, qualquer problema pode ligar que nós faremos tudo pra te ajudar.

- obrigado a vocês. Eu só atrasei vocês.

- sem problemas – falou a comissária de bordo abrindo passagem para que eu passasse.

Depois que sai do avião veio uma pessoa que trabalha da companhia aérea e me levou para uma sala me fazendo trilhões de perguntas. Depois de algum tempo as perguntas acabaram e eu passei meus números de telefone e logo me liberaram para que eu fosse embora.

Chamei um taxi e logo cheguei em casa. Apertei o interfone e logo minha mãe veio me atender na porta. Leonardo estava com ela.

- que saudades – falou minha mãe.

- também – falei retribuindo o abraço.

- tudo bem? – perguntou Leonardo – você sumiu.

- que nada – respondi com um aperto de mão.

- vamos levar suas coisas pra dentro – falou minha mãe e Leonardo me ajudando a levar tudo pra dentro.

A casa não me trazia mais lembranças já que ela estava completamente diferente. Tanto de dentro quanto de fora. Eu subi até onde era meu quarto e pra minha surpresa continuava praticamente do jeito que eu deixei.

- então... acabou finalmente a faculdade? – perguntou Leonardo enquanto sentei na minha cama.

- sim, e você? Continua com a faculdade?

- com certeza. – respondeu ele.

Minha mãe entrou no quarto.

- está do jeito que você chegou.

- obrigado.

- por falar nisso. Chris disse que ainda hoje vem te ver. Assim que ele sair do trabalho.

- obrigado.

- vamos deixar ele sozinho – falou Leonardo saindo juntamente com a minha mãe e fechando a porta.

Eu arrumei todas as minhas coisas no quarto deixando ele o mais agradável o possível. Assim que tomei um banho eu fui conversar com minha mãe e Leonardo.

As horas passaram rápido e depois do almoço eu fui me deitar. Acordei por volta dás 18h40min. Eu fui até o banheiro e tomei um belo banho e assim que desci Chris estava na sala.

- boa noite – falei assim que cheguei na sala.

- boa noite – falou ele me abraçando. – estava com saudades.

- também. – falei sorrindo.

Nós fomos até a cozinha para conversar e deixamos minha mãe e Leonardo na sala.

Assim que chegamos na cozinha eu abri a geladeira para pegar um pouco de água.

- aceita uma cerveja? – perguntei para Chris.

- claro – falou ele – depois de um dia cansativo de trabalho não tem nada melhor.

Entreguei pra ele e peguei um copo de refrigerante pra mim com bastante gelo.

- queria muito ter te pego no aeroporto, se não estivesse trabalhando eu teria ido.

- não se preocupa com isso.

- então, como foram seus dias? – perguntou ele.

- bom, alguns melhores do que outros.

- voltou com um namorado de lá? – perguntou ele.

- que nada. Voltei solteiríssimo... e você? – perguntei curioso.

- bem... Estou saindo com um cara.

- sério – falei meio desapontado.

- sim, conheci ele pela internet e logo saímos pela primeira vez e... rolou.

- que bom pra você, sério fico feliz. – feliz e um pouco desapontado, mas eu não tinha nada que reclamar já que deixei bem claro que não tínhamos nada.

Depois de algumas horas conversando ele logo se despediu. O relógio marcava por volta dás 22:33. Eu sentei na sala e conversei um pouco com minha mãe.

- segunda feira eu vou procurar emprego – falei pra ela.

- boa sorte – falou ela- eu sei que vai conseguir logo.

- vou sim, como estagiário eu espero.

Ficamos em silêncio um pouco.

- então... vai acontecer algo entre você e Chris? – perguntou minha mãe sorrindo. Fiquei um pouco sem graça.

- ele tem alguém – falei tentando forçar um sorriso falso.

- sinto muito – falou minha mãe.

- não sinta. – falei me levantando – fico feliz por ele e eu quero pensar apenas no trabalho, essa história de namorar é só um certo tipo de trabalho, só que mais difícil.

- já vai se deitar? – perguntou Leonardo.

- vou sim.

Nós nos despedimos e eu subi. Entrei no meu quarto e logo peguei no sono pronto pra próxima fase da minha vida.

Confissão: Eu tenho medo de voar de avião, mas confesso que se toda vez que eu desmaiar em um voo um cara gostoso como o piloto vier conversar comigo acho que posso me acostumar.

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