A Vadia Está de Volta [Capítulo 18]

Parte da série Papai Me Fodeu!

Eu estava em uma enorme fila. Tinha várias pessoas. A fila andava devagar. Todos esperavam para entrar em uma porta. Quando eu passei pela porta do outro lado tinha uma ilha. Era uma ilha muito bonita, mas eu podia sentir que o clima da ilha era ruim. Eu me sentei um banco no meio da floresta. Eu esperava por algo ou por alguém. Eu fiquei sentado lá por muito tempo. Ninguém chegava ninguém aparecia. Eu estava esperando pro uma eternidade, mas eu não me sentia cansado nem ansioso eu apenas estava me sentindo bem.

As vezes sentia uma brisa passando por mim. Em alguns momentos eu podia sentir alguém segurando em minha mão. A sensação durava por alguns segundos às vezes por alguns minutos. Eu não ouvia som a não ser o som da floresta, dos animais, um som calmante.

Algumas vezes eu sentia um toque em meu rosto. Eu não me assustava com aquilo. Mas de todas as coisas que aconteciam enquanto eu esperava era um perfume que eu sentia. Era um cheiro muito bom. Eu me sentia feliz quando sentia esse cheiro. Não conseguia lembrar de onde conhecia aquele perfume, ele me deixava feliz.

Depois de muito tempo eu vi uma figura se aproximando ao longe. Parecia que a figura andava em minha direção, mas ela nunca chegava até mim. De repente senti uma forte dor de cabeça. Uma pontada que penetrou fundo em minha mente. Eu me senti tonto. Eu me levantei e minha visão ficou embasada. A figura se aproximava de mim. Eu estava fraco já não conseguia ficar de pé e eu caí no chão.

Eu abri os olhos. Eu me sentia cansado. Minha cabeça doía. Eu mexi minha cabeça um pouco e abri meus olhos devagar. Olhei para o alto e via uma luz forte que fez doer meus olhos. Eu sentia algo em meu dedo, sentia algo no meu pulso.

- enfermeira – ouvi alguém gritando. Ouvi a porta se abrindo e a voz continuou gritando no corredor. Eu reconhecia aquela voz. Vi uma figura se aproximando até mim, eu ainda não via direito minha visão estava embasada. Senti uma mão na minha testa. Senti um beijo na minha testa.

- fica calmo. – disse a figura em minha frente. Eu reconhecia aquela voz, eu reconhecia aquele cheiro, aquele perfume. Era Peter. Minha visão foi melhorando gradativamente.

- Peter - falei com muito esforço.

- shhhhhh – falou ele passando a mão em minha testa. – não fala nada.

Eu então fiz uma força enorme e levantei minha mão. Eu queria alisar o rosto dele. Senti-lo outra vez, mas antes que eu conseguisse ele foi puxado pra trás e vi outras pessoas ao meu redor. Minha cabeça doía um pouco. Alguém colocou uma luz forte no meu olho. Eu respirava fundo eu não queria me desesperar, mas aos poucos fui lembrando o que tinha acontecido.

Para mim foi como dormir, mas quanto tempo eu dormi? Então de repente senti outra vez vontade de dormir. Fiquei com medo de estar indo outra vez, mas percebi que tinham colocado algum remédio em minha veia.

Depois de muito tempo eu abri os olhos novamente. Eu estava muito descansado. Eu olhei para o lado e estava em uma cama de hospital. Era um quarto grande e não tinha ninguém. Tinha um relógio na parede que marcava 11h09min. Pelo o que eu vi na janela era da manha. A porta do quarto se abriu e eu vi a pessoa que eu queria ver. Peter entrou pela porta. Ele foi até mim e me deu um beijo.

- bom dia – falou ele – estava com saudade suas.

- também falei. – eu queria tocar o rosto dele – chega mais perto. E eu fui com minha mão em direção ao rosto dele e antes que encostasse ele pegou minha mão e colocou no rosto dele. Eu alisei o rosto dele e ele deu um beijo na minha mão.

- você está de barba – falei alisando o rosto dele.

- gostou? – perguntou ele.

- adorei. – falei alisando o rosto dele outra vez. Sua barba tinha cor marrom era muito macia eu estava agradecido por estar vivo para ver e senti-la - me dá um beijo.

Ele se aproximou e me deu um beijo e depois do beijo olhei para o quarto mais uma vez e percebi que tinha algumas coisas no quarto como presentes e balões.

Eu coloquei a mão nas minhas pernas e não as senti.

- não se preocupa – falou Peter se sentando em uma poltrona ao lado da minha cama. – você quebrou uma das pernas.

- só isso? – perguntei aflito.

- graças a Deus, sim.

- quanto tempo eu dormir?

- você ficou dormindo por nove dias.

- todos esses dias?

- sim. Mas, ainda bem que você acordou.

- você ficou aqui comigo todos esses dias?

- sim, mas como você abe?

- eu não sei.

Ficamos calados por um momento, estava querendo perguntar o que tinha acontecido enquanto dormia.

- você está com raiva de mim por ter ido atrás daquela história?

- como eu posso ficar bravo com você? Eu não consigo.

- quem mandou aquelas coisas?

- algumas são minhas, mas outras são do seu pai e do seu tio. Têm algumas da sua tia Marcia e do seu tio. Eu queria que se sentisse bem quando acordasse. Esse ambiente do hospital é tão deprimente.

- obrigado, mas você não foi trabalhar todos esse dias?

- claro que não. O que é meu trabalho comparado a nossa vida juntos. Eu te amo e sempre te amarei.

- eu também te amo. E fique sabendo que você foi o único motivo para eu acordar.

Eu fechei os olhos e respirei fundo.

- o seu pai vem te ver. daqui um pouco ele chega aqui.

- não quero ver ele. por favor não deixa ele entrar. Não quero ver ele e nem o Tony.

- eu não posso fazer isso – falou ele se levantando – se não fosse por ele eu não ficaria aqui com você todos esses dias foi ele quem permitiu que eu ficasse aqui, afinal não temos parentesco.

Eu suspirei e decidi ceder. Não queria acreditar que ele estava arrependido, mas eu teria que dar o braço a torcer.

- tudo bem, mas eu não quero ver o Tony. Não deixa o entrar, por favor.

- tudo bem. Eu vou falar com seu pai, mas não prometo nada.

Quando Peter disse aquilo eu tive certeza que ninguém sabia o que Tony tinha feito, mas era uma questão de tempo até que eu contasse tudo. Aquela era minha meta.

Então alguém bateu na porta. E quando abriu era meu pai.

- oi filho. – disse meu pai vindo até a cama e me dando um beijo no meu rosto.

- eu estava com saudades papai – falei. Ele era meu pai eu o amava, mas demoraria muito para que eu o perdoasse afinal o que ele fez comigo era imperdoável.

- filho, eu tenho que te falar uma coisa.

- eu vou estar lá fora se precisar de mim – falou Peter.

- não Peter, fica aqui comigo – falei levantando a mão para segurar a mão dele, mas não alcancei.

- pode ficar – falou meu pai.

Peter ficou do meu lado e seu segurei a mão dele.

- o que foi pai?

- eu não sei nem como dizer isso, mas sua mãe está aqui.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa. O que ela estava fazendo aqui? Eu não queria ver ela. Ela tinha me abandonado. Achei que meu pai á odiasse, porque ele estava falando aquilo pra mim? Percebi então que o motivo era eu. Apesar de todos não se gostarem eu unia todos eles. Eles deixaram suas brigas de lado por minha causa.

Eu estava em choque.

- eu não quero ver ela.

- filho ela voltou só pra te ver.

- não interessa. Eu não quero ver ela.

- filho eu detesto ele tanto quando você, mas ela quer te ver e eu não posso fazer nada. Eu não posso obriga-la a ir embora, mas também não posso te obrigar a ver ela. A decisão que você tomar eu vou aceitar e ela vai ter que aceitar também.

- essa é minha decisão – falei sem delongas.

Meu pai olhou para o Peter e olhou pra mim.

- tudo bem, se é o que você quer vou ficar feliz em dizer pra ela.

- eu quero te contar uma coisa pai.

- o que foi?

- você conversou com o Leonardo esses dias?

- não, mas não se preocupe ele não vai receber mais minha ajuda.

- não faz isso pai – falei tentando me sentar na maca.

- fica deitado – falou Peter colocando as mãos no meu ombro.

- não se preocupe com isso filho, isso não é problema seu ele vai receber o que merece.

- mas não foi ele que contou pro Peter.

- foi sim – falou Peter.

- vocês não entendem, ele disse, mas foi meu tio Tony que mandou fazer isso.

- como é que é – falou meu pai chegando até mim e colocando as mãos na cintura.

- Leonardo me contou antes de eu ir em casa brigar com meu tio.

- brigar? Tony me disse que você tinha ido lá em casa buscar alguma coisa que tinha esquecido na mudança. Ele tentou conversar com você e você saiu correndo fugindo dele.

Senti o fogo surgindo em meu coração. Eu tinha ódio dele. Até meu pai era vítima de suas mentiras.

- é mentira pai – falei gritando.

- se acalma – falou Peter apertando minha mão.

- pai ele me agarrou na cozinha e queriam e obrigar a voltar a morar com vocês.

- porque ele faria isso?

- ele disse que eu era quem unia vocês dois.

Meu pai ficou nervoso e começou a coçar a barba sinal de que ele tinha ficado irado com o que eu tinha falado

- ele agarrou meu braço e eu fiquei com medo e saí correndo pela porta.

Quando disse isso a porta do quarto abriu e era meu tio Tony entrando.

Eu ví meu pai indo pra cima dele e derrubando ele com um soco.

- você quase matou meu filho. – falou meu pai indo pra cima dele e esmurrando sua cara. Várias pessoas no corredor começaram a gritar até que veio dois homens e tiraram meu pai de cima dele.

- eu fiz isso por amor. – falou meu tio Tony.

Eu segurava a mão de Peter muito forte. Eu estava nervoso.

- parem com isso. Não façam isso aqui respeitem o Ricardo. – falou Peter.

Tony não falou nada apenas saiu pela porta sangrando. Meu pai estava suado.

- me perdoa filho – falou meu pai. – me perdoa por tudo.

Antes que eu respondesse de longe eu ví minha mãe Sara na porta.

Meu pai viu que eu olhava para a porta e se virou e quando a viu ele foi até ela.

- ele não quer te ver.

Eu não falei nada apenas fechei meus olhos e beijei a mão do Peter. Porque ela tinha voltado. Eu não queria mais pensar no passado.

- eu quero ver meu filho – falou ela.

- ele não quer te ver, se amasse ele tão teria fugido.

- o que você queria que eu fizesse? Depois de te pegar na cama com seu próprio irmão. – falou ela sem alterar a voz.

- vai embora – falou meu pai pedindo educadamente ficando na frente dela.

- a culpa não foi dele – falei interrompendo meu pai. – você não deve fugir dos problemas como você fez. todos temos problemas. Você não era obrigada a ficar casada com ele, mas não devia ter me abandonado. Agora faça como da última vez e desapareça sem deixar endereço.

Eu não vi seu rosto porque meu pai estava na frente dela, mas eu ví quando meu pai fechou a porta. Ele se virou pra mim e se ajoelhou.

- me perdoa filho. Eu acabei com sua vida.

- se levanta pai – falei me sentando na cama. Peter me ajudou a me sentar. Corria lágrimas nos seus olhos – vem aqui.

Ele se levantou e foi até mim e eu lhe dei um abraço apertado. Eu dei um beijo no rosto dele.

- eu te perdoo pai. Eu te perdoo – falei abraçando ele.

Meu pai me largou e virou para o Peter abrindo os braços.

- me perdoa também. – Peter então abraçou ele.

- sem problemas – falou Peter. – desculpa por ter batido em você aquele dia, mas você tem que sem entender que eu amo seu filho.

- não tem problema – falou meu pai soltando ele – eu mereci.

- então pai, a culpa não foi do Leonardo por favor continua ajudando ele.

- esta bom filho – falou meu pai vindo até mim e me dando um beijo – depois eu venho ver você de novo, eu tenho algumas coisas para resolver em casa.

Ele então saiu do quarto fechando a porta e me deixou sozinho com Peter.

Será que finalmente eu teria paz na minha vida?

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