CAPÍTULO 80: Sacrifício
Parte da série Paixão Secreta
Eu não sabia o que esperar, eu não tinha ideia do que eu ouviria.
Meu pai desligou o fogo do almoço para ouvir o que Stephen diria.
- Mike, talvez você já tenha ouvido falar de mim – falou Stephen colocando a cerveja em cima do balcão.
- eu sei que eu já ouvi seu nome em algum lugar – falou meu pai.
- eu também – falei – quando você disse o seu nome pela primeira vez eu tive impressão de já tê-lo visto em algum lugar.
- Mike… eu… eu trabalho na política.
- você é aquele político corrupto?
- não – falou ele – eu sou governador.
- governador?
- sim, do estado de New Hampshire.
- o que? – falei – tipo, governador… governador?
- sim.
- é por isso que você tem tanto poder? Conseguiu parar o metrô? Sempre anda com guarda-costas?
- sim, e é por isso que eu precisei voltar na semana passada, eu não pude ficar muito tempo longe. Ninguém sabe que estou aqui. Apenas meu assessor Terry. Se outra pessoa souber e essa história vazasse meio mundo estaria aqui agora na sua porta querendo saber do filho abandonado do governador de New Hampshire. Seria a notícia do ano.
- é isso mesmo – falou meu pai – eu sabia que já tinha ouvido falar no seu nome.
- como você conhece o Roman?
- nós nunca nos encontramos pessoalmente, mas eu já ouvi falar dele.
- como? – perguntei confuso.
- Mike você por acaso já pesquisou o nome Roman Pearce Orth no Google? Ele é um ótimo advogado sempre envolvido em casos escandalosos.
- eu sabia que ele é um advogado conhecido, mas não sabia que era tanto.
- pois é, imagina minha surpresa ao saber que você namorava Roman. O destino é engraçado, nós estivemos tão longe e eu nem imaginava que estaríamos tão perto.
- mas porque não me disse logo? Não parece uma noticia tão ruim a menos que…
Eu parei de falar um pouco.
- o que foi? – perguntou Stephen.
- a menos que você tenha vergonha de mim.
- não. Eu não tenho.
- só pode ser isso – falei – você não quis me contar porque quer manter isso em segredo você tem medo do que seus eleitores vão pensar ao descobrir que o homem no poder abandonou seu filho. Quer dizer que nunca poderei ir a sua casa conhecer sua família, nunca poderemos ser vistos juntos.
- não é isso… – falou Stephen.
- se era pra ser assim era melhor eu nem ter te conhecido – falei sentindo um mal estar.
- você está bem filho? – perguntou meu pai.
- estou – falei – é só um mal estar.
Vanessa então encheu um copo de água e me entregou e eu tomei um gole;
- você está fazendo mal a ele, vai embora – falou meu pai para Stephen.
- por favor, me deixe explicar…
- vai embora, pelo bem dele – falou meu pai.
- deixa pai, é só um mal estar.
- eu não terminei, mas se você quiser eu vou embora – falou Stephen.
- tudo bem pode falar, mas é como você disse; hoje em dia não se pode confiar em ninguém.
- eu não tenho vergonha de você Mike, mas você vai ter que entender que o problema é maior do que você pensa.
- e qual é esse problema?
- eu esse ano eu vou me candidatar à presidência.
Aquilo foi uma surpresa para todos.
- você vai se candidatar a presidência dos Estados Unidos?
- sim – falou ele – eu vou anunciar minha candidatura em duas semanas.
- mas o que isso tem a ver comigo?
- você não entende Mike? – falou Roman
- sinceramente não.
- Mike – falou Stephen se aproximando de mim – durante a campanha todos os candidatos gostam de jogar limpo, isso é o que todos veem, mas a verdade é que um tenta destruir o outro. Quando eu anunciar minha campanha os meus adversários vão tentar me destruir. As pessoas que trabalham na campanha vão investigar cada detalhe da minha vida. Eles vão descobrir que eu abandonei um filho quando adolescente e não vai ser difícil eles chegarem até aqui.
- resumindo – falou Roman – diga adeus a sua privacidade.
- todos os repórteres do país e do mundo vão estar na sua porta. Aonde você for eles vão estar atrás de você. – falou Stephen – imagina a bomba que será. “Candidato a presidência tem filho abandonado aos 17 anos”.
- eles podem não me encontrar – falei.
- eles vão – falou Roman – detetives serão contratados, favores serão cobrados não tem outro jeito você vai ser encontrado.
- foi por isso que eu te procurei Mike. Eu queria te encontrar antes que eles te encontrassem.
- então esse é o motivo verdadeiro pela minha procura? Aquela história de arrependimento era só conversa fiada? O sonho que tinha de reencontrar o filho? – falei com água nos olhos.
- é tudo verdade – falou Stephen.
- mentira – falei limpando meus olhos – você só está preocupado com sua campanha.
- você acha que eu não tinha vontade de te procurar antes? Claro que tinha, mas e o medo? E se você não me aceitasse? E se me odiasse? Então todo esse tempo eu preferi não te procurar mesmo com o coração doendo. Era melhor não te conhecer do que te conhecer e saber que você me odiasse. Só que com minha candidatura não teve outra saída eu tive que te procurar antes de tudo vir a tona e você descobrisse do pior jeito. Ai sim você me odiaria.
Eu então não disse nada e fiquei pensando em tudo o que ele estava me dizendo minha cabeça doía muito eu tinha recebido muita informação para um dia só.
- é um milagre a minha candidatura ainda não ter vazado na imprensa – falou Stephen – acredite em mim, eu quis te procurar.
- eu não sei o que dizer – falei.
- nós vamos nos mudar, vamos desaparecer. – falou meu pai.
- não vai adiantar – falou Roman – o mundo inteiro vai querer cobrir a história do garoto abandonado que descobre que o pai é candidato a presidência, não tem para onde correr.
- é fácil se você o ama de verdade – falou meu pai – você não vai se candidatar.
- pai ele não pode abrir mão disso – falei para ele.
- porque não? – perguntou meu pai – seria uma prova de amor.
- eu não em sentiria bem em saber que ele desistiu.
- então você está disposto a passar por isso? – perguntou meu pai.
- Isso é um grande passo para ele. Eu não sou a pessoa que vai fazer ele desistir.
- Não vai ser fácil, você vai passar por muita coisa. serão abutres perto de você o mundo de olho em você seguindo seus passos e investigando sua vida – falou Roman – você estaria disposto a se sacrificar?
- sim – falei – é o que fazemos pelas pessoas que amamos.
- você é ingênuo – falou meu pai Larry.
- eu faria o mesmo por você pai. o senhor sabe que eu iria ao inferno por você.
- é só que… eu não quero ver você sofrer – falou meu pai Larry me dando um abraço.
- não se preocupe Larry. Nós ainda temos duas semanas até meu anuncio á candidatura. Eu e minha equipe vamos prepará-los para quando acontecer. Nós vamos usar essa história como um ponto positivo.
- o que quer dizer com “nos” preparar? – perguntou meu pai Larry.
- ele será o mais atingido, mas todos nós seremos – falou Roman. Ele não demonstrava reação de aprovação ou raiva ou alegria ele estava neutro como se soubesse exatamente o que estávamos prestes a enfrentar – eu, você, Vanessa, Denny, Adam, Charley, Gray, todos os que Mike tem contato serão atingidos. Todos tem que estar preparados. Todos serão questionados, serão subornados, serão pagos, ameaçados para liberar informações sobre o presente, passo e futuro de Mike. Agora é a hora de saber quem são seus amigos de verdade – falou Roman.
- ele está certo – falou Stephen – todos vocês serão atingidos, tudo o que posso fazer é proteger Mike das acusações que serão feitas e das pedras que serão jogadas afinal o país estará julgando-o.
- eu ainda tenho duas semanas de sossego até o anuncio? – perguntei.
- sim – falou Stephen.
- bom acho que tenho que começar a me preparar psicologicamente.
- só que eu te faço um pedido – falou Stephen.
- o que?
- quando eu fizer o anuncio quero você comigo na conferencia ao lado da minha esposa e dos meus filhos. Posso contar com você?
- eu tenho escolha?
- receio que não – falou Stephen.
- tudo bem então.
Todos nos olhamos e ficamos em silencio por um tempo.
- bom, acho que a comida esfriou – falou meu pai – vou ligar o fogo outra vez podem ir para a mesa.
Nós então nos levantamos para irmos á mesa e meu pai Stephen pegou no meu braço e me puxou para conversar comigo, todos foram e eu fiquei.
- você acredita em mim não é? – perguntou ele.
- sim, eu acredito.
- eu te amo filho, desculpa fazer você passar por isso – falou ele me dando um abraço.
- eu também te amo pai.
- me chama de pai outra vez – falou ele. Eu senti lágrimas no meu pescoço.
- pai – falei caindo lágrimas também.
Nós então limpamos nosso rosto e fomos para o almoço. Agora teríamos muito o que conversar.