CAPÍTULO 69: Vamos Falar Sobre Sexo

Parte da série Paixão Secreta

Eu fui embora do trabalho na segunda-feira pensando em Steve. Tê-lo visto na segunda mexeu comigo. Eu já tinha me apaixonado por ele e isso tinha me trazido antigos sentimentos de volta afinal ter me apaixonado por ele foi uma frustração.

Apesar de um pouco traumatizado resolvi ir embora de metro. Eu entrei no vagão e me sentei ao lado da janela porque o melhor de andar de metrô era ver a paisagem quando ele não estava no subsolo. Alguns trechos eram ao ar livre e a cidade estava toda iluminada àquela noite.

Eu me peguei pensando em Steve e em Roman assim que o metrô começou a se mover. Eu pensava em quanto eu amava Roman, mas também começava a me apaixonar outra vez por Steve. Minha barriga doía quando pensava nele e eu sentia um calafrio e um bem estar ao pensar nele. Eu senti o mesmo por Roman quando me apaixonei e logo após a paixão se tornou amor. E se com Steve acontecesse à mesma coisa? Poderia uma pessoa se apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo e conseguir equilibrar essas duas realidade? Ou será que não seriam duas realidades? Nos filmes de Hollywood nos fazem acreditar que temos sempre que escolher entre um desses amores.

Quando existe nos filmes uma relação a três sempre acaba mal, mas será que é sempre assim? Ou será que são apenas estereótipos como os dos gays, loiras e os judeus? Por acaso eu estaria ferrado. No meu caso sofreria muito preconceito: gay, judeu e em um relacionamento a três.

Decidi ligar para Roman. O telefone chamou e logo ele atendeu.

- oi amor – falou ele atendendo o celular.

- oi amor – respondi. – está em casa já?

- ainda não, estou no trabalho.

- se eu te chamar para jantar amanhã você aceitaria? – perguntei.

- com certeza – falou ele – é só falar à hora que eu te busco.

- ás 20h00min. Pode ser?

- pode sim, mas via dar tempo de ir a casa e se arrumar?

- sim, eu vou embora de taxi assim eu chego mais cedo e me preparo.

- é alguma ocasião especial?

- digamos que sim.

- digamos? – falou ele sarcástico – é ou não é?

- isso vai ser decidido amanhã.

- ok, suspense. – falou ele.

- sim, amanhã no jantar nos falamos.

- ok então. Beijos e até amanhã – falou Roman.

- um beijão – falei desligando.

Logo que cheguei em casa eu tomei um banho demorado na água morna e depois jantei com meu pai.

Na terça-feira eu me levantei ás 06h00min da manhã, fui direto para o banheiro tomar um banho. Desci, tomei café da manhã com meu pai.

- filho... – falou ele tomando um gole do café.

- o que foi?

- eu... hoje a noite... – falou ele nervoso.

- o que foi pai?

- hoje à noite eu vou preparar um jantar para a Vanessa.

- hoje a noite? – perguntei.

- sim – falou ele.

- eu não sei se...

- é que, era apenas...

- espera pai. eu não estou entendendo nada. Fica calmo. Diz o que você quer dizer e depois eu digo o que eu quero.

- tudo bem – falou ele respirando fundo e envergonhado. – eu vou fazer um jantar hoje a noite para a Vanessa, só que será uma coisa mais romântica e eu queria saber se você não pode sei lá, passar a noite na casa do Roman.

- bom... isso é uma surpresa – falei.

- não precisa, se você não quiser que eu traga outra mulher para essa casa eu entendo e te respeito.

- bom pai, primeiro: não é outra mulher é a Vanessa. Segundo: é claro que pode fazer o jantar e ser romântico. Não precisa ficar com vergonha.

- é que faz tanto tempo que não namoro e acho que posso ter me esquecido como se flerta com alguém.

- que é isso, você é charmoso se depender do senhor ela vai ficar caidinha. E não se preocupe, eu vou sair para jantar hoje com o Roman e posso dormir na casa dele.

- ok – falou ele rindo envergonhado. Eu senti que ele esperava outra resposta minha e ficou aliviado por eu ter aceitado.

- pai, não precisa ficar com medo de trazer alguém aqui. Ninguém nunca vai substituir a mamãe. Você pode namorar outra vez, sair, ou apenas trazer uma mulher para tranzar.

Eu vi que ele ficou envergonhado.

- eu quero que se sinta bem e confortável em falar sobre isso comigo. Quando eu contei para você que era gay você não ficou com medo de falar sobre sexo comigo.

- foi mesmo – falou ele – eu tive que pesquisar uma semana na internet tudo sobre o sexo gay para conversar com você.

- e eu fico feliz por isso pai. eu agradeço por ter sido tão compreensivo. – falei pegando a mão dele em ciam da mesa e apertando – eu não sei o que faria se não tivesse seu apoio e todas as conversas que tivemos sobre sexo e namoro. Não existe vergonha no sexo pai. o sexo hoje em dia é tabu e tem pessoas que tem vergonha de falar, acham errado falar sobre o sexo, mas a verdade é que o sexo faz parte da natureza humana. Sentir atração, “tesão” é algo normal.

- eu sei – falou meu pai parecendo um adolescente com vergonha.

- nós crescemos em uma sociedade machista e hipócrita. Homem que pega todas é visto como garanhão e galinha, mulher que sai com vários homens é vista como vadia e vagabunda. E isso é errado. Você não precisa namorar para transar com alguém pai, se por acaso as coisas com Vanessa não derem certo, eu espero que dê tudo certo, mas se não der você pode se sentir livre para trazer mulheres aqui, não vou julgar você, é a natureza humana. Você me deu liberdade de trazer homens aqui porque você não pode ter o mesmo direito? Eu sou uma pessoa com mente aberta pai. eu não costumo julgar as pessoas quando se trata de sexo. Você tem vontade de fazer sexo com três, quatro pessoas? Faça. Você tem vontade de fazer algo esquisito? Encontre uma pessoa que goste do mesmo e faça. Você tem 20 e quer namorar uma pessoa de 60? Qual o problema? Eu não sei se pensa do mesmo jeito que eu, mas desde que as pessoas envolvidas concordem tudo vale.

- estou orgulhoso de você – falou meu pai – agora eu vejo que criei você bem. Uma pessoa sem preconceitos.

Eu olhei para o nada e pensei no que tinha dito para Denny. Tinha sido preconceito.

- não se engane pai, eu tenho maus preconceitos, mas ter preconceito não define a pessoa é o que você faz a respeito. Se você tenta vencer o preconceito. Isso si tem define.

- verdade – falou ele apertando minha mão. – obrigado por ter essa conversa comigo – falou ele.

- está vendo? Agora eu estou te dando conselhos sobre sexo. – falei rindo.

- pois é, e parece que eu te ensinei bem – falou ele – na verdade eu queria te perguntar uma coisa…

- o que? – perguntei.

- sabe, eu e Vanessa estamos saindo á dois meses e nós gostamos um do outro e estamos namorando... somos exclusivos… quando você sabe que pé hora de… não usar…

- camisinha? O senhor quer saber quando você sabe que pode confiar na pessoa a ponto de não usar camisinha?

- isso – falou ele;

- bom pai, isso depende da pessoa e do relacionamento. Eu vejo isso como uma prova de amor e confiança. Eu e Roman, por exemplo, nós nunca usamos camisinha, mas eu sabia desde o começo que ele é o homem para mim e confio nele totalmente. Claro que faço os exames todo mês, porque não é apenas no sexo que se pega DST.

- ok – falou ele.

- se você acha que a Vanessa é a garota para você pai e confia nela… não vejo problema em não usar preservativo.

- obrigado outra vez – falou ele terminando de comer. Eu me levantei e ele se levantou e me deu um abraço. – eu te amo sabia? – falou ele me olhando a colocando a mão no meu ombro.

- também te amo pai.

Eu então me arrumei e fui para o trabalho.

Ter aquela conversa com meu pai tinha sido bom pra mim também. A caminho do trabalho eu pensei em Denny e Charley. Será que eu tinha errado ao dizer o que disse sobre Charley para Denny? Eu sei que o que Denny tinha dito para mim era horrível, mas o que eu disse também foi horrível. As pessoas geralmente tem essa opinião de que estupradores merecem sofrer, mas parece que essa tinha sido a primeira vez de Charley e pelo o que Denny disse ele estava realmente arrependido. Talvez eu devesse dar o braço a torcer e ligar para ele. E então... o que eu faço? Ligo para Denny, peço desculpas pelo o que eu disse e abençoo o relacionamento dele com Charley ou eu devo apenas deixar essa história de lado e seguir minha vida sem Denny?

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