CAPÍTULO 41: Conhecendo O Outro Lado

Parte da série Paixão Secreta

No sábado ás 08h40min nós acabamos todo o trabalho.

- finalmente – falei me levantando e me espreguiçando.

- estou louco para ir pra casa – falou Adam – vou cair na minha cama e não vou levantar tão cedo de lá.

- eu também – falei.

- eu vou arrumar tudo e nós já vamos, eu te deixo em casa.

- não precisa Adam eu vou de ônibus, vai para casa para descansar.

- não posso fazer isso eu te deixo na porta.

- nem pensar a minha casa é contramão da sua, pode ir tranquilo. Talvez eu pegue até o metrô.

- tem certeza?

- sim, toda a certeza possível.

- tudo bem então, fica como combinamos, você está de folga na segunda.

- ok – falei pegando minha mochila.

- Mike, eu gostei do que fizemos, mas espero que não confunda seus sentimentos – falou Adam.

- não se preocupe, foi só sexo – falei rindo.

- tudo bem – falou ele dando um sorriso – até segunda.

Eu então apertei o botão do elevador e fiquei esperando ele descer. Eu coloquei maus fones de ouvido e uma música bem alta, para me manter acordado até chegar em casa. O elevador chegou eu entrei e logo as portas se fecharam. Ele desceu andar por andar e eu batia o pé no chão de acordo com a música.

O elevador então parou no 10º andar e as portas se abriram e um homem de terno preto entrou no elevador. Eu dei um passo para o lado e ele ficou do outro lado do elevador.

Eu olhei para o lado e ele falava alguma coisa comigo e eu tirei os fones.

- perdão... falou alguma coisa?

- sabe, você pode ficar surdo ouvindo música muito alta com os fones. – falou ele.

- desculpa, às vezes eu me esqueço disso sem contar que fiquei acordado a noite toda trabalhando e preciso que algo me desperte se não eu vou dormir em pé.

- foi mal, não é da minha conta. Às vezes eu sou intrometido – falou ele com um sorriso de lado.

Ele tinha um sorriso bonito, usava barba, mas uma barba elegante e bem feita.

- não tem problema – falei tirando os fones por completo e pausando a música – eu não me importo quando homens tão bonitos como você me observam. Pra falar a verdade isso aumenta o meu ego.

Ele deu um sorriso quando disse isso

- quer dizer que sou bonito?

- me desculpa se eu estiver te ofendendo, a maioria dos caras héteros recebem o elogio de um gay como uma ofensa.

- e quem disse que eu sou um cara hetero? – falou ele com um sorriso de lado. A porta do elevador se abriu no térreo.

Eu dei uma risada.

Nós saímos andando do elevador um do lado do outro. Eu confesso que tenho o passo largo e ando muito rápido, mas diminui meu ritmo para andar ao lado dele.

- você trabalha a noite? – perguntou ele.

- não, eu tive que fazer hora extra para meu chefe.

- você deve estar cansado – falou ele quando nós saímos do prédio e paramos na frente do prédio, pois ali nós nos separaríamos.

- muito – falei – e saber que ainda tenho uma longa viagem até em casa...

- sabe, eu não me importaria se por acaso você resolvesse ir descansar na minha casa... na minha cama... de preferencia deitado ao meu lado.

Eu dei uma risada.

- me desculpa, eu não estou rindo de deboche, mas nesses últimos meses eu desenvolvi uma regra.

- qual? – perguntou ele.

- eu não saio com pessoas que tenham entrado por essa porta. – falei rindo e olhando para trás.

- mas eu não entrei por essa porta, foi pelo subsolo.

- você entendeu – falei rindo – espera um pouco... Se seu carro está no subsolo, então porque você desceu no térreo?

- eu não queria que nossa conversa acabasse no elevador – falou ele com a cara séria tentando disfarçar um sorriso.

- mas você nem chegou a apertar o botão quando entrou.

- já ouviu falar em amor a primeira vista?

Eu também dei um sorriso e tentei disfarçar.

- então, será que você vai quebrar a regra? – perguntou ele.

- depende – falei.

- do que?

- você trabalha aqui? – perguntei.

- não.

- você estava no 10º andar, lá é um dos cinco andares que não são da empresa. O 3º, 10º, 12º 15º e 17º, e são alugados para terceiros.

- sim – falou ele sorrindo – eu fui ao dentista.

- dá pra ver – falei vendo os dentes dele brancos. – estão todos bem limpinhos.

- se não estiver acreditando pode também fazer o teste do sabor é só me dar um beijo – falou ele.

- não obrigado, eu acredito.

- e então, eu me aplico a sua regra?

- sim, minha regra é bem especifica, se você entra por essa porta... por qualquer uma das entradas você não tem chance comigo.

- é uma pena eu estava realmente disposto a ser seu travesseiro hoje.

Eu dei um sorriso.

- quer saber? – falou ele – eu acabei de criar uma regra, se você rir de algo que eu disse você é obrigado a me dar uma chance. – falou ele rindo.

- então eu acho que não tenho escolha – falei.

- não tem mesmo – falou ele com um sorriso.

- só que eu tenho uma condição.

- qual? – perguntou ele

- eu sei que 98% dos relacionamentos gays começam com o sexo, todos os meus relacionamentos se iniciaram com aquela tensão sexual, aquele desejo ardente que sempre acaba na cama. Se você quiser mesmo sair eu aceito, mas não espere que...

- de acordo – falou ele me interrompendo. – e como eu posso entrar em contato com você?

- vou te passar meu telefone, me dá seu celular – falei estendendo a mão.

Ele então me entregou o celular e eu anotei meu telefone.

- está salvo com meu nome, Mickey.

- Mickey, será que você pode me entregar o seu telefone para que eu salve o meu número?

- claro – falei entregando o meu.

Ele pegou o meu celular e digitou o número.

- meu nome é Roman – falou ele entregando meu celular.

- ok Roman, nós nos falamos pelo celular então.

- tudo bem – falou ele esticando a mão e eu apertei.

- foi bom te conhecer – falou ele com um sorriso – só uma pergunta, se por acaso você não tivesse criado a regra de “sem sexo no primeiro encontro”, será que nós iriamos para cama?

- provavelmente – falei sorrindo – só que não iriamos fazer sexo, eu iria dormir porque eu estou muito cansado. – falei rindo.

- tudo bem – falou ele. – agora eu vou entrar porque meu carro está realmente no estacionamento odo subsolo.

- tudo bem – falei rindo – até mais.

- até – falou ele sinalizando com a mão e entrando na empresa.

Eu me virei e coloquei outra vez os fones de ouvido. Afinal não tinha sido tão ruim ter ficado até mais tarde no trabalho, eu tinha conhecido outra pessoa e o mais engraçado é que isso só acontece quando saímos da rotina.

Eu decidi ir para casa de metrô. No sábado de manhã o metrô era vazio, eu descia mais longe de casa, mas em compensação a vista era mais bonita e graciosa. E é isso o que importa na nossa vida, não é atingir a meta, mas seguir o caminho mais agradável até ela.

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