CAPÍTULO 38: Diga o Tiver Que Dizer
Parte da série Paixão Secreta
Mais uma semana turbulenta passou-se tinha finalmente chegado à sexta-feira. Eu tinha trabalhado igual um condenado a semana inteira e estava louco para descansar. Eu cheguei animado. Cheguei ao 20º andar, fiz o que tinha que fazer e começou o expediente.
A cada hora que passava era um momento mais perto do fim de semana.
- bom dia – falou Adam saindo do elevador.
- bom dia – falei com um sorriso.
- está animado hoje? – perguntou Adam.
- muito, o fim de semana está chegando e eu estou tão cansado.
- agora eu fiquei até sem graça. – falou Adam.
- por quê?
- eu vou ter que acabar com sua alegria.
- pode acabar, alegria de pobre dura pouco – falei rindo.
- eu vou precisar que você fique aqui comigo para terminarmos as planilhas. Isso vai levar a noite toda. – falou Adam.
- não tem problema – falei rindo.
- faz assim, pega folga na segunda – falou Adam.
- olha eu não vou recusar.
- ótimo – falou Adam – fica combinado então.
Adam entrou na sala e logo Gray chegou.
- bom dia – falou Gray apertando minha mão.
- bom dia – falei. – Adam já chegou.
- ótimo, Mike... eu posso conversar com você sobre algo?
- claro – perguntei.
- você vai fazer alguma coisa na hora do almoço?
- eu?
- sim, você.
- além de almoçar, nada.
- ótimo, eu vou levar você para almoçar, eu tenho uma coisa muito séria e delicada para falar com você.
- tudo bem.
- ok, eu te pego aqui em frente e nós vamos almoçar em um restaurante aqui perto.
- tudo bem – falei.
Eu fiquei curioso. O que será que Gray queria falar comigo? Eu não tinha a mínima ideia. Eu fiquei pensando nisso por um bom tempo, faltava apenas 10 minutos para o horário de almoço quando infelizmente Kenn saiu pelo elevador.
Ele nem olhou pra mim e foi direto até a porta de Adam e ficou batendo. Logo o meu telefone tocou.
- Mike, quem está batendo na minha porta?
- o Kenn – falei.
- fala pra ele que aqui não é a casa da sogra, ele precisa falar com você primeiro antes de vir aqui. Eu odeio que fiquem batendo na minha porta se quem eu esteja esperando por alguém.
- tudo bem.
- vê com ele o que ele quer e me liga pra saber que eu vou recebe-lo – falou Adam irritado.
- ok – falei desligando o telefone.
- Kenn, você precisa passar por mim primeiro antes de ir até a sala do Adam, ele acabou de me ligou irritado.
Ele veio até mim.
- o que você quer? – perguntei.
- tenho uns cheques que Vanessa mandou para ele assinar – falou ele.
- quantos cheques? São pagamentos? recebimentos? São com urgência?
- olha eu estou com pressa Fritz e eu vamos almoçar juntos será que não pode pular essa parte e me deixar entrar? – falou Ken
- eu estou pouco me lixando se você vai almoçar com o papa, existe todo um fluxograma na empresa que foi feito para que não haja desordem se uma das etapas é burlada todo o processo desmorona. É como um castelo de cartas, então...
- não precisa ser arrogante.
- eu não estou sendo arrogante, só estou dizendo a verdade nua e crua. Ou será que você quer que eu floreie? Quer que eu fale com você como se fosse uma criança?
- olha o jeito que você fala comigo – falou Kenn – está pensando o que é quem? Deixa o Fritz saber disso. Ele bota você na rua.
- como é que é? Quem paga meu salario? Ele que não é.
- é mesmo? – falou Kenn – você não perde por esperar.
- deixa de ser implicante, você está doido para que eu seja mandado embora porque você sabe que Fritz ainda gosta de mim. Não se preocupe Kenn! – falei alto – eu não quero nada com o Fritz. A obrigação é sua de segurar seu homem e não minha de ficar correndo dele, mas como eu disse não se preocupe, eu não quero nada com ele.
- o que está acontecendo aqui? – falou Adam saindo da sala. – que escândalo é esse aqui? – falou ele vindo até a recepção.
- você quer alguma coisa Kenn? – perguntou Adam olhando para ele.
- eu tenho uns cheques para que o senhor assine.
- ok. – falou ele pegando os cheques e assinando. – que gritaria era essa? – perguntou Adam assinando um dos cheques e depois outro.
- não é nada – falei nervoso. Eu tive que respirar fundo para não começar outra discussão na frente de Adam.
- pronto – falou Adam entregando os cheques para Kenn. Kenn ficou na frente da porta do elevador esperando ele chegar
Adam então olhou pra mim. – Mike, gostaria que não ficasse gritando aqui na recepção eu tenho muito trabalho lá dentro e não estou aqui brincando e acho que você também não. Você é o primeiro contato que qualquer um tem comigo. Imagina se um cliente chega e você está aqui gritando? Estou decepcionado.
- desculpa senhor não vai acontecer outra vez – falei me sentindo envergonhado e me sentando. Em todos esses cinco anos de empresa eu nunca tinha sido chamado a atenção. Eu estava envergonhado e com raiva de mim mesmo.
Adam então olhou para Kenn.
- Kenn, aqui não é a casa da sogra que você entra e sai na hora que bem entende, toda as vezes que você vier aqui é para você passar na recepção. Se a recepção estiver sem ninguém você vai ficar aqui em pé em silêncio esperando eu sair. Eu não quero que você bata naquela porta outra vez enquanto eu for dono dessa empresa. E sim, eu sou dono da empresa, sou eu quem paga o salário do Mike, e se um dia ele for mandado embora sou eu que vou dispensá-lo e sou eu que vou assinar a demissão, inclusive a demissão de todas as pessoas dessa empresa são assinadas por mim.
- sim senhor – falou Kenn.
- depois eu vou ter uma conversa com seus chefes, você tem cinco supervisores e nenhum deles te explicou o fluxograma da empresa? Eu fico irado com isso – falou Adam.
O elevador chegou
- pode ir – falou Adam.
Kenn entrou no elevador e se foi.
Eu fiquei sentado mexendo no computador e Adam entrou na sala.
Eu esperei alguns segundos e arrumei minhas coisas para ir ao horário de almoço. Eu apertei o botão do elevador e fiquei esperando. Eu estava com vontade de chorar, era a primeira vez que eu levava bronca e eu sou muito sistemático quanto a isso.
O elevador abriu a porta e eu entrei. Enquanto ele descia eu limpei algumas lágrimas que caíram discretamente e antes que chegasse eu térreo eu não estava mais chorando.
Eu sai e Gray já estava lá fora me esperando.
- nossa, você demorou eu quase fui te buscar.
- eu estava terminado um serviço; - falei.
- vamos a pé mesmo – falou Gray – vamos naquele restaurante na outra quadra.
Nós então seguimos viagem a pé em silêncio.
Entramos no restaurante e logo pedimos a refeição e comemos.
- o que você queria falar comigo? – falei tomando um copo de água.
- eu nem sei como dizer.
- é só dizer o que tiver que dizer, deixe as palavras saírem, o que pode acontecer de ruim?
- ok – falou Gray.
Ele chegou um pouco pra frente na mesa e falou um pouco mais baixo.
- Mike, eu queria te falar que...
- olá – falou Fritz interrompendo. Eu olhei para ele e logo atrás Kenn estava parado. Ele com certeza estava perturbado
- olá – falou Gray.
- eu vou ficar com raiva de você Fritz – falou Kenn.
- o que é isso Mike? – falou Fritz – vocês estão juntos?
- com licença – falei – desde quando te devo explicação da minha vida pessoal?
- você não deve, só quero saber se vocês estão juntos.
- nós estamos tentando conversar – falou Gray.
- vamos Fritz – falou Kenn puxando o braço dele.
- eu só queria saber – falou Fritz – nada demais – falou ele se afastando e saindo do restaurante.
- que droga aconteceu aqui? – perguntou Gray.
- e eu sei? – falei. – eu quero ir embora. – falei me levantando.
- vamos – falou Gray.
- você ia me dizer algo? O que era? – falei olhando pra ele.
- nada – falou Gray. – depois dessa é melhor deixar pra depois.
Logo nós fomos embora e eu cheguei à empresa. Eu voltei para a recepção mais cedo para adiantar algum serviço, eu estava com vergonha de Adam, não sei com que cara eu iria olhar para ele, mas o jeito era esquecer aquilo e torcer para não acontecer mais.