CAPÍTULO 27: Contínuo
Parte da série Paixão Secreta
Adam estava esperando o elevador chegar.
- Mike, hoje na parte da tarde eu vou ligar para Kennley avisando que ele foi selecionado.
- tudo bem – falei.
O elevador chegou e quando a porta abriu Fritz saiu.
- olá Fritz – falou Adam – quer algo? Eu estou indo para o horário de almoço.
- na verdade, eu vim fazer um curativo no machucado do Mike – falou ele apontando.
- bem que está precisando – falou Adam – está começando a inchar – falou Adam.
- pois é eu até trouxe minha maleta – falou ele mostrando uma mala preta que ele carregava quando ia ver um paciente.
- tudo bem – falou Adam entrando no elevador – vocês já vão descer?
- se você estiver pronto, já podemos ir – falou Fritz.
- eu estou – falei desligando o computador.
Nós três entramos no elevador e ele fechou as portas.
- deve ter doído a queda – falou Adam.
- demais, eu achei que iria morrer – falei fazendo uma cara de repulsa em lembrar-se da cena.
Logo o elevador chegou no 5º andar e nós dois descemos e Adam se despediu.
- aonde podemos ficar sozinhos? – perguntou Fritz.
- no horário desses vai ser difícil, mas um lugar que não ter ninguém é no vestiário, as pessoas estão na copa, na sala de jogos ou na sala de descanso.
- vamos pra lá então – falou ele.
Nós entramos e alguns funcionários estavam sentados conversando. Eles pararam de conversar quando nós entramos eles ficaram olhando para meu olho roxo.
- boa tarde – falou Fritz.
Todos responderam e continuaram conversando, dessa vez em um tom mais baixo.
- prefere que eu fique sentado ou em pé?
- sentado – falou Fritz.
Eu me sentei e ele se sentou ao meu lado tentei ficar de frente para ele.
Ele tirou os curativos malfeitos que eu tinha colocado e logo pegou um algodão e colocou algum remédio nele. Eu me remexi um pouco quando ele colocou.
- ratinho, quando acontecer algo assim você pode me ligar eu vou te ver imediatamente.
- o que? – perguntei rindo.
- é sério pode me ligar qualquer hora.
- não é isso, você me chamou de que?
- ratinho, posso te chamar de ratinho? Um apelido carinhoso, você é Mickey Mouse...
- pode – falei rindo.
- é sério pode me ligar.
- tudo bem – respondi.
Enquanto ele terminava de fazer os curativos os funcionários saíram do vestiário.
- ratinho, posso te perguntar uma coisa?
- pode – respondi.
- me fala a verdade, eu sei que você não caiu de um uma mesa.
Eu senti um calafrio percorrer meu corpo.
- o que – falei rindo – foi sim, deixa de ser bobo.
- eu não sou bobo – falou Fritz – eu sou médico, eu conheço o machucado de uma agressão quando vejo um.
- desculpa – falei.
- não precisa de desculpar, eu quero que me fala quem te bateu? Foi seu pai?
Eu não respondi por alguns segundos, respire fundo e logo senti uma pontada na cabeça.
- foi – falei envergonhado.
- por quê? – perguntou ele – foi porque você saiu comigo?
- não. Ele bebeu um pouco além da conta e estava delirando, me confundiu com alguém e me bateu. Ele não teve a intenção.
- tem certeza? – perguntou Fritz finalizando o curativo.
- tenho. Foi sem querer, eu não disse nada porque se não todos iriam achar que era mentira e iria dar a maior confusão. Promete-me não contar pra ninguém?
- prometo – falou Fritz se aproximando e me dando um beijo na boca. Apenas um selinho e logo eu afastei.
- aqui não – falei me levantando.
- você vai fazer algo agora? – perguntou Fritz.
- só almoçar.
- eu preciso fazer algumas compras você poderia me fazer companhia.
- vai demorar muito?
- não, e se por acaso se atrasar um pouco não tem problema eu digo para Adam que você estava comigo me ajudando em algo.
- tudo bem – falei.
Nós então fomos para o supermercado e pegamos um carrinho de compras e ele começou a pegar as coisas.
- nossa é muita coisa.
- é sim – falou ele. – na verdade eu estou fazendo compras mais por você, eu não como em casa quando estou solteiro.
- que gracinha – falei segurando a mão dele por alguns segundos. Ele se aproximou e me deu um selinho. – posso considerar isso um convite?
Claro – falou ele.
- ótimo – respondi.
- qual você prefere? – perguntou ele me mostrando vários sabores de sucos.
- qualquer um – falei.
Enquanto comprávamos eu vi algumas coisas baratas e que faltavam na minha casa coloquei no carrinho.
Havia apenas uma pessoa finalizando as compras e seria a nossa vez e antes que chegasse nossa vez eu me lembrei de algo.
- Fritz, agora que eu me lembrei, vou no açougue pegar uma carne que meu pai adora para fazer um jantar para meu pai. Não vou demorar
- tudo bem – falou ele.
Eu então fui até o açougue e a fila estava gigante o jeito era esperar. Eu estava querendo fazer um jantar especial para meu pai, com certeza ele estaria sem graça quando chegasse em casa, mas não queria que ele se sentisse culpado.
A fila andava como uma lesma e eu já estava ficando sem paciência. Passou-se 20 minutos até que chegou minha vez. Eu pedi a carne e fui em direção ao caixa, mas Fritz não estava mais lá e nem as compras.
- meu deus, aonde está ele? Será que eu errei o caixa?
- booo! – falou Fritz me assustando.
- que susto, porque você saiu do caixa?
- já passei ás compras, vamos passar a carne que você pegou e já podemos ir.
- não era pra você passar a minha, eu iria passar separado.
- sério? – perguntou ele.
- claro, a fila estava gigante no açougue, mas não tem problema eu te dou o dinheiro.
- não precisa – falou ele.
- faço questão – falei entrando na fila do caixa rápido.
- é sério, não precisa – falou ele.
- nós vamos ficar o dia todo brigando por causa disso.
- tudo bem – falou ele parecendo um pouco desanimado.
Alguns segundos depois e eu resolvi perguntar.
- você achou mesmo que eu iria encher o carrinho com coisas pra mim e faria você pagar?
- posso te falar uma coisa? – perguntou ele. – eu tinha uma namorado que fazia isso. Todas as vezes que eu fazia compras, em qualquer lugar que fosse, supermercado, roupas... todas as vezes que ele ia comigo ele comprava um monte de coisas, ele não me pedia nem nada, mas colocava junto e no final eu pagava e ele nunca tocava no assunto. Eu acabei me acostumando a isso.
- nossa, eu nunca faria uma coisa dessas. – falei.
- pois é. Ele fazia.
Logo que paguei fomos para a casa dele e depois de colocar tudo pra dentro da casa ele pediu que a empregada que aparecia duas vezes por semana na casa dele guardasse as compras.
- falta 30 minutos pra acabar meu horário de almoço – falei.
- não se preocupa ratinho, nós vamos a um restaurante e nós comemos lá – falou ele.
Nós fomos ao restaurante e depois de comermos mais uma vez houve uma briga pois ele queria pagar a conta toda e eu não deixei e no final, dividimos.
Entramos no carro em direção á empresa e fomos conversando.
- Mike, quando algo assim acontecer quero que você me ligue imediatamente. – falou ele se referindo ao machucado.
- tudo bem – falei.
- não precisa ficar acanhado, qualquer coisa que precisar, carona, conselhos, até dinheiro. Não interessa o que precisar pode me ligar, eu sou seu namorado e quero que confie em mim.
- eu não gosto de incomodar, eu sempre fui muito independente nos meus relacionamentos.
- não é incomodo – falou ele pegando um cigarro e colocando na boca – acende pra mim? – perguntou ele.
Eu peguei o isqueiro e acendi. Ele deu um trago e assoprou a fumaça.
- pois é, qualquer coisa que precisar, eu estou aqui.
- tudo bem – respondi.
Logo chegamos à empresa e ele me deixou na porta e foi embora. Depois do expediente eu fui embora de taxi, para chegar mais rápido em casa, chegando lá meu pai não estava eu já fiquei um mais tranquilo, ele tinha ido trabalhar, então sua bebedeira já tinha passado.
Eu fiz o jantar e ouvi o barulho de um carro entrando na garagem por volta dás 20h26min. Eu esperei ele entrar pela porta da garagem, mas ele demorou um pouco e eu chamei por ele.
- pai? – falei.
Ele abriu a porta e apareceu. Ele estava com os olhos vermelhos.
- onde você estava? – perguntei. – estava bebendo? Veio dirigindo e bebendo?
- Mike... – falou ele se aproximando de mim e eu me afastei assustado. – não fica com medo de mim – falou ele. – me perdoa por ter te batido.
Ele se aproximou e o cheiro de bebida ficou forte no meu nariz.
- ta bom – falei me afastando.
- o que? Não posso te abraçar?
- o senhor está bêbado pai. eu fiz até um jantar para o senhor. Sua comida preferida.
Ele então foi até a mesa da cozinha aonde eu tinha arrumado para o jantar e empurrou tudo no chão quebrando os pratos e as colheres.
- que droga de jantar – falou ele alto – não posso nem abraçar meu filho nessa droga de casa.
Com medo me aproximei dele.
- se acalma pai.
Ele olhou pra mim e sua cara foi de confusão.
- quem fez isso no seu rosto – falou ele colocando o dedo no meu olho roxo.
- ninguém pai, esquece isso.
- QUEM FEZ ISSO COM VOCÊ! – falou ele agarrando meu braço e apertando.
- VOCÊ! – gritei – me solta.
Eu consegui me soltar. Eu me virei e subi as escadas e me tranquei no quarto. Eu não sabia o que estava acontecendo com meu pai. Ele estava realmente precisando de ajuda, um conselheiro, psicólogo, ele estava me assustando e me decepcionando. Sem jantar eu tomei um banho e fui dormir cedo ouvindo meu pai quebrando todo o andar de baixo.