CAPÍTULO 20: O Visitante

Parte da série Paixão Secreta

Eu abri os olhos devagar. A noite passada tinha sido muito estressante, eu tinha contado tudo para meu pai e por fim acabei dormindo nos braços. Eu olhei para o lado e eu não estava no meu quarto e sim no dele. Eu me sentei na cama e me espreguicei e logo fui ao banheiro do quarto dele e lavei o meu rosto.

Eu desci as escadas e encontrei meu pai na cozinha.

- bom dia – falei me sentando junto a ele á mesa.

- bom dia – falou ele – eu não ganho nem um beijo de bom dia?

Eu me levantei sem jeito e dei um beijo no rosto dele.

- está com vergonha de mim?

- um pouco – falei sem graça.

- por causa do que você me contou?

- sim.

- não precisa ficar, eu já te disse que não foi culpa de ninguém além do Charley.

- eu não deixo de pensar que se eu não tivesse...

- pare de ficar pensando “e se”. O que aconteceu, aconteceu e pronto. Não podemos voltar no passado e mudar.

- tudo bem, mas acho que vou ficar envergonhado pro um tempo.

- tudo bem – falou ele.

- aonde o senhor dormiu?

- na sua cama.

- porque? Porque eu estava no seu quarto e o senhor no meu?

- você dormiu comigo aqui no sofá e eu te acordei e pedi para que subisse as escadas e fosse para seu quarto dormir. Você não respondeu nada, apenas se levantou e foi. Depois de mais ou menos 2 horas resolvi ir me deitar e quando entrei no meu quarto você estava lá.

- eu não me lembro disso, eu deveria estar dormindo, porque eu não me lembro de acordar. Eu dormi no sofá e acordei na cama, só isso que me lembro.

- pois é. Você estava dormindo tão bem lá que te cobri e fui dormir no sue quarto.

- curioso, eu sou sonambulo e nem sabia.

- eu já li em algum lugar que quando acontecem coisas estressantes durante o dia a pessoa fica mais propensa a ter sonambulismo.

- então foi isso. – falei – hoje eu vou ter de novo. Hoje vai ser o jantar e todos virão outra vez. Eu nunca vi todos eles juntos outra vez, eu nunca vi Fritz depois que cheguei a casa.

- não fica estressado ou nervoso, é só um jantar. Eu sei que você pode estar com vergonha. Ninguém quer ser visto na situação que você estava tão vulnerável, mas todos são seus amigos e não te julgam então você também não devia se julgar.

- tudo bem – falei.

Depois do café da manhã eu fui para meu quarto e entrei no banheiro e fiquei em frente ao espelho. Eu olhei meu pescoço e vi a cicatriz enorme que tinha ficado. Eu passei meus dedos nela e fiquei pensando que as pessoas veriam essas cicatrizes e ficariam imaginando o que teria acontecido. E quando alguém perguntasse? O que eu responderia?

À tarde eu arrumei a casa toda. Não gostava de contratar pessoas para fazer o serviço de casa eu mesmo gostava de organizar tudo. Não confiava minha casa em outras pessoas, não por motivo de roubos, mas por causa das lembranças. Quando uma pessoa arruma sua casa ela muda tudo de lugar e cuida do jeito dela e desde pequeno eu sempre ajudei minha mãe a arrumar a casa então preferia assim.

Meu pai começou a fazer o jantar ás 19h00min. Eu fui para a área no fundo de casa e arrumei a enorme mesa de madeira com 12 lugares que ficava lá. Por volta dás 20h00min Denny chegou. Ele logo foi até a cozinha ajudar meu pai. Eu fiquei sentado na sala assistindo TV esperando as outras pessoas chegarem.

Exatamente ás 20h42min eu ouvi barulho de portas de carro batendo.

- eles chegaram – falei gritando.

- receba os convidados e converse com eles – gritou meu pai da cozinha – eu e Denny vamos terminar o jantar.

Eu fiquei em pé próximo ao interfone apenas esperando ele tocar. Alguns segundos depois ele tocou.

- pois não? – falei atendendo.

- somos nós – falou alguém que eu não consegui reconhecer a voz.

Eu fui até o portão e recebi todos eles. Todos tinham chegado ao mesmo tempo.

- nossa, mas vocês combinaram de chegar juntos?

- pra falar a verdade foi – falou Adam.

Eles entraram e todos foram até a cozinha cumprimentar meu pai e Denny. Eu fiquei em pé na sala vendo-os se cumprimentarem e Steve olhou pra mim e deu um sorriso e olhou pro meu pescoço. Eu então rapidamente tratei de fingir estar coçando o pescoço e tapei a cicatriz.

- vocês todos podem ficar na sala, fiquem a vontade por o jantar será feito por mim e pelo meu amigo Denny.

Todos vieram até a sala e se sentaram. Eu me sentei em uma poltrona sozinho e abracei uma das almoçadas que tinham até meu pescoço e logo a ferida foi coberta.

- e então, como está tudo por lá? – perguntei.

- bem. – falou Adam – estaria melhor se você estivesse lá é claro.

- que nada – falei – vocês devem estar fazendo uma festa por dia.

- quem está sentindo sua falta é minha esposa – falou Adam – ela não teve ninguém pra ligar desconfiando de traições.

Todos deram uma risada.

- e a sorte que eu não tenho – falou Xavier – ela liga pra todo mundo lá, até para o Gray e Steve.

- é verdade – um dia ela ligou para Xavier, perguntou onde ele estava e depois de desligar me ligou e perguntou se era verdade – falou Steve.

- e você Fritz? – perguntei – já se acostumou com tudo?

- aos poucos. Eu não tenho muitos pacientes ultimamente então não está tendo conflito de horários, isso só vai acontecer quando houver uma emergência.

- que bom – falei – vocês querem algo para beber? cerveja?

- pode ser – falou Adam.

- em quantos carros vocês estão? – perguntei.

- em três – respondeu Gray.

- então três de vocês vão ser motoristas designados. Quem vai ser? Quem se candidata?

- Adam e eu viemos juntos – falou Xavier – então um de nós não vai.

- eu vou beber Steve – falou Vanessa – nem pense que eu vou ficar sóbria porque eu não vou.

- podem ficar tranquilo eu não vou beber – falou Gray.

- até agora só o Gray. – falei.

- eu também não vou beber. – falou Adam.

- falta mais um.

- Fritz veio sozinho – falou Vanessa.

- podem ficar tranquilos eu não vou beber.

- pode beber – falou Adam – é só você deixar seu carro estacionado aqui e eu te levo até sua casa.

- não precisa – falou ele.

- nem precisa ficar na rua, pode estacionar ele na garagem. Ela cabe até três carros – falei.

- se vocês insistem, pode trazer então.

- só um minutinho – falei indo até a cozinha e pegando vários copos de vidro e pegando garrafas de cerveja e enchendo os copos.

- o senhor via querer paizão?

- vou sim filho – falou ele.

- o jantar vai demorar muito a ficar pronto?

- uma hora no máximo.

- e você Denny? Vai querer beber também?

- com certeza – falou ele. – e você vai beber?

- refrigerante – falei.

Peguei três copos e coloquei refrigerante para Adam, Gray e pra mim. Logo que levei todos os copos eu me sentei outra vez e começamos a conversar. Hora ou outra eu pegava alguém olhando as cicatrizes no meu pescoço e eu tentava disfarçar.

- quase me esqueço – falou Steve – a Sabrina mandou um abraço e melhoras.

- sério? Que fofa, vocês podiam ter chamado ela parar vir ao jantar.

- eu não sabia se podia – falou Steve – mas fica pra próxima vez.

- ela é a única pessoa naquela empresa que se preocupa comigo...

Todos eles ficaram me olhando com uma cara esperando eu dizer algo.

-... Além de vocês é claro.

- ainda bem né? – falou Steve.

- é que vocês sempre me trataram bem que eu até me esqueço.

Eu sempre ia até a cozinha e enchia o copo deles.

Logo meu pai anunciou que o jantar estava pronto e todos foram para a área e nos sentamos à mesa.

Começamos a comer e logo o interfone tocou. Como eu estava na ponta da mesa que ficava mais próxima a porta.

- pode deixar que eu atendo – falei me levantando e atendendo o interfone.

- um amigo meu ficou de vir aqui me entregar uns papeis do trabalho – falou meu pai – se for ele pega a pasta preta em cima da estante e entrega pra ele.

- ok – falei indo direto ao portão.

Eu abri a porta e dei alguns passos até o portão. Quando eu abri levei um susto. Era Charley.

Comentários

Há 1 comentários.

Por em 2014-02-11 05:17:25
nossa que atrevimento dele ! estou super e mega curioso! to adorando!