CAPÍTULO 160: De Mãos Vazias

Parte da série Paixão Secreta

Havia chegado o dia 24 de novembro. O dia de ação de graças. Desde que Adam tinha me contado que tinha mais quatro irmãos eu não tinha tido sossego na minha vida. Eu estava realmente nervoso por causa desse jantar. eu nunca tinha conhecido a família de um namorado meu antes, agora eu estava prestes a conhecer a família do meu marido.

Eu estava pronto olhando para o espelho do quarto. Adam saiu do banheiro e eu então sai do quarto e fui para a sala esperar Adam se vestir. Apesar desse nervosismo eu não podia deixar de pensar na minha crise existencial. Eu me sentia de mãos vazias diante do universo. Eu procurava não ficar pensando nisso porque era realmente depressivo e esse sentimento me deixava para baixo. Eu já estava nervos o suficiente para um dia só.

Depois de vários minutos Adam saiu do quarto. Ele estava vestindo roupa social, assim coo eu, mas nós decidimos não usar os ternos porque se não ficaria formal demais, até para um almoço de ação de graças.

- você parece tão triste amor – falou Adam dando um beijo no meu rosto e me abraçando. – deixa eu te dar um abraço pra você melhorar.

- não é nada, é impressão sua.

- eu te conheço Mike, o que você tem em mente?

- eu estou falando sério.

- não está não, fala pra mim – falou ele se sentando no sofá e me fazendo sentar no meio das pernas dele – casamento é para isso, partilhas as alegrias e as tristezas e eu estou sentindo que você está triste a vários dias. Conta pra mim. – falou ele colocando a mão no meu ombro.

- não é nada de mais, é que… eu sinto um vazio no meu corpo. Tudo o que eu sempre quis foi um marido amoroso, e filhos… uma família. Agora que eu tenho eu sinto como se não tivesse mais motivos para viver.

- você não me disse que gostaria de fazer faculdade de direito e se tornar advogado?

- esse nunca foi meu sonho de verdade – falei respirando fundo e olhando para baixo – eu não tenho vocação para ser advogado.

- mas isso não significa que não possa ter outros sonhos – falou ele me puxando e me fazendo deitar a cabeça no seu ombro. Ele alisou minhas costas e me deu um beijo no rosto. – não fica triste não, dá um sorriso. Você só não tem sonhos agora, tudo o que você precisa é de uma oportunidade, uma luz na sua vida.

- mas enquanto essa luz não é acesa o jeito é eu meter um sorriso na cara para não fazer feio na frente de sua família.

- que saco, minha família – falou Adam – eu também estou nervoso por causa deles. Nós nunca os damos bem e todos os anos nos encontramos na casa da minha mãe em respeito a ela e evitamos não nos matar na mesa durante o almoço.

- imagina como eu estou – falei me levantando.

- relaxa, é só um dia por ano – falou Adam se levantando – depois que acabar cada um volta para sua vida até o próximo ano.

- ok – falei dando um beijo na boca dele – eu te amo.

- também te amo, mas não pense que nossa conversa acabou. Quando chegarmos eu vou te ajudar a encontrar um motivo para você viver.

- ok – falei rindo.

Nós entramos no carro e seguimos viagem para a casa da mãe de Adam.

- seu pai aceitou numa boa? – perguntou Adam apontando para a carteira de cigarros no bolso.

- sim – falei colocando um cigarro na boca dele e acendendo com o isqueiro – o sem vergonha foi passar a ação de graças na casa dos pais da Vanessa.

- ele deu sorte que você falou primeiro – falou Adam assoprando a fumaça.

- pois é. Ele ainda se fez de coitado, meu pai é uma piada. – falei rindo.

- não precisa ficar nervoso, meus irmãos vão ser legais com você… - falou ele tirando o cigarro da boca e assoprando a fumaça – …eu acho.

- você acha? – falei nervosa.

- relaxa, é como eu te disse: todos os anos nos encontramos e é uma matança porque todo mundo acaba brigando. Um tenta se desfazer do outro, mas fica tranquilo porque você não é da família. É só ignorar o que acontece e sorrir o tempo todo.

- ok – falei respirando fundo e olhando para fora. – você só fuma quando bebe, quando fazemos sexo ou quando está ansioso, esqueceu? Você não bebeu e não fizemos sexo…

- hey, eu vou participar da matança… é claro que estou nervoso. Ano último almoço eu levei minha esposa e meus dois filhos. Hoje eu vou levar meu marido.

- você está me tranquilizando.

- desculpa – falou ele.

- eu preciso saber alguma coisa dos seus irmãos. Se não vai parecer que eu acabei de saber que eles existem.

- mas foi o que aconteceu.

- eles não precisam ficar sabendo disso.

- ok – falou Adam apagando o cigarro – meu irmão mais velho se chama Oliver, ele é agente do FBI, ele tem um temperamento muito peculiar.

- peculiar?

- ele é grosso. Não liga para o que ele disser.

- ok, Agente do FBI que é grosso… começou bem.

- eu sou o segundo filho, Xavier o terceiro, ai vem Lillyane.

- Lillyane, não posso esquecer o nome deles.

- pode chamar ela de Lilly ela não se importa.

- ok

- ela é dentista. Depois vem meu irmão Ariel.

- Oliver, Adam, Xavier, Lilly, Ariel… - falei tentando memorizar.

- ele é piloto.

- ok.

- e vem minha irmã mais nova: Valerie.

- Valerie? Igual a música?

- sim, mas não toca nesse assunto porque ela odeia.

- ok.

- ela é Chef. Uma das melhores.

- anotado na minha mente.

- o bom dela ser Chef é porque ela comanda o almoço de hoje. Ela é mandona, mas é uma pessoa legal.

- deixa eu ver se lembro: Oliver – Agente do FBI, Lilly – Dentista, Ariel – Piloto e Valerie – Chef.

- você está pronto para a matança – falou Adam rindo.

Depois de uma longa viagem chegamos em uma casa enorme. Tinha que ser porque para criar seis filhos era preciso uma casa enorme. Adam apertou o botão para que os portões fossem abertos e logo eles se abriram e Adam estacionou seu carro ao lado de outros.

- eles já chegaram – falou Adam saindo do carro.

- todos eles moram aqui em San Diego.

- não. Eles vivem espalhados pelo país. Eu sei que um deles vive em Washington, mas não sei qual.

- você não sabe nada sobre seus irmãos? – perguntei indo até a porta da frente com Adam.

- só sei os nomes, as profissões e se estão vivos ou não. É o suficiente.

Nós dois chegamos a porta da frente e bateu esperando alguém abrir. Ele então segurou minha mão.

- será que devemos? – falei levantando a nossas mãos juntas.

- porque não?

Então alguém abriu a porta. era um homem de pele clara e olhos azuis. Ele olhou para Adam, olhou para mim e em seguida abaixou o olhar até as nossas mãos e fez cara de riso e virou de costas.

- eles chegaram – falou ele entrando.

Eu então puxei minha mão e respirei fundo.

- é melhor não – falei entrando ao lado de Adam.

- esse é o Ariel – falou Adam cochichando.

Nós então entramos e fomos até a sala de estar e havia várias pessoas. Eu contei doze pessoas. Incluindo Xavier a esposa e os quatro filhos que jogavam algo em seus aparelhos eletrônicos.

- bom dia – falou Adam.

- bom dia – responderam todos.

Xavier e a esposa vieram até nós e nos cumprimentaram.

- oi Mike que bom que veio – falou Xavier pra mim e depois ele olhou para Adam – é uma boa ideia trazê-lo aqui?

- eu acho que sim – falou Adam.

- ele pode sair traumatizado.

- eu estou aqui – falei para Xavier.

- sinto muito – falou Xavier rindo.

- oi Adam – falou uma mulher de cabelos pretos e olhos castanhos iguais aos de Adam vindo para um abraço.

- oi Valerie – falou ele dando um beijo no rosto dela.

- você deve ser o tal Mickey, o que acabou com a família do meu irmão? – perguntou ela com um sorriso estendendo a mão.

- acho… que sou eu – falei apertando o mão dela sem graça.

- cadê a mamãe? – perguntou Adam, nós fomos andando para mais perto dos outros.

- está lá em cima se debulhando me lágrimas – falou Ariel esparramado no sofá – está lamentando que um dos seus filhos tenha sido abduzido – ele então olhou para mim. – sem querer ofender.

Eu dei apenas um sorriso falso e voltei a minha expressão normal.

- não vai apresentar-nos a sua nova namorada?

- foi mal – falou ele se levantando – essa aqui é Dianna – falou ele abraçando uma mulher alta de cabelos negros, olhos claros e que tinha peitos enormes.

- muito prazer – falou ela apertando a mão de Adam e depois a minha.

- o prazer é todo meu Dianna – falou Adam – eu não me preocupar em aprender todo o seu nome porque ano que vem você não estará aqui – falou Adam alfinetando o irmão.

- sim, mas você nunca vai me ver trazer um homem. – falou ele olhando para mim outra vez – sem querer ofender – falou ele.

Tinha uma mulher conversando ao celular e ela olhou para Adam e em seguida desligou o celular e veio até nó. Tinha um homem ao lado dela.

Eles pararam na nossa frente e olharam para nós dois.

- eu não entendo – falou Lilly apertando a mão de Adam – você agora é gay? Ano que vem você vai fazer o que? Vestir uma roupa de astronauta e nos dizer que vai para a lua?

- é bom te ver Lilly – falou ele apertando a mão dela sem graça.

Todos os irmãos estavam nos humilhando, mas como Adam disse: era só um dia

- esse é meu marido Jason – falou ela apresentando o homem ao lado dela – você já sabe disso Adam, mas você não…

- Mickey.

- ok… Mickey! – falou ela.

Eu vi Adam estender a mão para apertar a de Jason, mas ele se virou abraçando

Lilly e indo embora. Adam recolheu a mão vergonhosamente. Bem que ele tinha dito que era uma matança, mas eu só via uma presa: Adam. E colocou seu braço direito sobre meu ombro. Todos olharam para nós disfarçadamente. Tão disfarçadamente que eu percebi que eles olhavam pelo canto dos olhos.

- o almoço já está pronto? – perguntou Adam.

- porque quer saber? – perguntou Valerie rindo – vai se casar com ele também?

Todos riram e eu respirei fundo. Eu queria que um meteoro caísse na nossa cabeça.

- oi irmão – falou um homem da altura de Adam. Tinha a pele clara, olhos azuis e barba no rosto igual a de Adam.

- oi – falou Adam abraçando ele. – Mike esse aqui é Oliver, meu irmão mais velho.

- muito prazer – falou ele apertando minha mão.

- igualmente – falei com um sorriso falso. Eu não estava no clima para distribuir sorrisos, mas Adam disse que seria bom sorrir o tempo todo. Eu então estampei um sorriso na cara.

- vamos nos sentar, eu estou com a perna doendo – falou Adam.

Nós então fomos para um dos sofás e nos sentamos. Nós ficamos em silêncio e Adam pegou minha mão e segurou junto a dele em cima da perna dele. eu vi que mais uma vez todos começaram a olhar e começaram a comentar entre si.

Eu então puxei minha mão discretamente e cocei meu rosto. Eu estava fazendo isso pelo bem de Adam, eu sei que ele queria mostrar para todos que estava confortável com a sexualidade e queria esfregar na cara de todos que estava feliz, mas eu tinha cansado de ver ele ser humilhado.

Depois de algum tempo todos começaram a se espelhar. Valerie e Ariel foram para a cozinha, Dianna e Jason foram para fora da casa fumar. O restante continuou na sala conversando entre si.

Adam e eu estávamos em silêncio. Eu estava querendo que aquele dia acabasse logo. A porcaria do almoço só sairia depois das 14:00. Eu estava ansioso para ir embora daquele lugar. Aquela casa estava parecendo o colegial e Adam e eu era o único casal gay da escola em que todos faziam piadas e ficavam encarando esperando nós darmos um beijo para gritarem suas palavras e ódio.

Adam se virou para mim para me dar um beijo e eu me afastei um pouco e limpei a garganta.

- não faz isso – falei baixinho pra ele.

- ok – falou ele parecendo decepcionado. Eu sei que estava magoando ele, mas eu sabia que não magoava mais do que os irmãos rindo e curtindo com a cara dele.

Logo eu vi uma senhora de cabelos brancos que iam até o ombro descendo as escadas.

- minha mãe – falou Adam se levantando e foi até ela. Eu fui atrás dele.

- oi Adam – falou ela dando um abraço nele e um beijo.

- oi mamãe – falou ele olhando para mim – Mãe esse é Mickey.

- muito prazer falei estendendo a mão para ela, mas ela não apertou e me puxou para um abraço.

- você agora é da família filho.

- obrigado – falei abraçando ela. Finalmente aguem naquela família que não era cruel. Tirando Adam, Xavier e a esposa de Xavier é claro que sempre muito bons para mim.

Depois de algumas horas o almoço finalmente ficou pronto e todos os irmãos organizaram a mesa para o almoço. Todos nós fomos para a mesa e depois de uma oração cristã. Todos á mesa eram cristãos com exceção de Adam, a família de Xavier e eu, mas mesmo assim nós fechamos os olhos, porque podíamos dar graças a nossa maneira.

Depois que demos graça nós nos servimos.

- está com a cara ótima – falou Ariel – muito obrigado Chef.

- por nada – falou Valerie.

Eu coloquei uma garfada na boca e comecei a mastigar.

- foi tudo feito com a gordura de porco, que deixa a comida mais saborosa – falou ela.

Instintivamente eu peguei o guardanapo e cuspi a comida e todos olharam para mim.

- gordura de porco? – perguntou Adam.

- sim – falou Valerie – ele é alérgico?

- não – falei limpando a boca – eu sou judeu.

Nessa hora todos olharam para Adam e para mim.

- era o que faltava – falou Lilly.

- vira gay e judeu… - falou Ariel rindo e colocando uma garfada de comida na boca.

- valerie porque você fez a comida com gordura de porco? – perguntou Dakotta, a mãe de Adam.

- eu não sabia – falou Valerie.

- a culpa não foi dela mãe – falou Adam – eu esqueci completamente, mas eu também não imaginava que ela faria tudo na gordura de porco.

- a Valerie vai preparar outra coisa pra você comer.

- eu não -falou ela colocando uma garfada.

- não precisa mãe, eu vou a um restaurante e busco algo para ele comer. – falou Adam se levantando.

- não precisa amor. – falei sem perceber.

- amor? – falou Oliver.

- pra que tanto drama é só carne de porco – falou Ariel.

- não, não é – falei me levantando delicadamente. – vocês não precisam me respeitar, ou respeitar minha religião, mas precisam respeitar o fato de que eu acredito e fui criado acreditando nisso. Pode ser apenas porco para vocês, mas para mim significa muito. Se eu pegar o crucifixo da sala e queimar vocês vão gostar? – falei naturalmente. Eu não tinha alterado o som da minha voz.

Adam ficou calado.

- sabe, eu ate poderia aguentar vocês o dia inteiro me desrespeitando, eu faria isso calado e ainda concordaria, mas o que me incomoda é que vocês tem humilhado Adam desde que ele chegou. Ele não merece ser tratado dessa forma. Vocês precisam respeitá-lo. Em nenhum momento eu o vi desrespeitar nenhum de vocês. Ele apenas fez algumas brincadeira e vocês o atacaram com pedras na mão.

- você está sendo moralista de mais para quem tem um vídeo de sexo gay na internet – falou Jason, marido de Lillyane.

- quer saber? – falei jogando o guardanapo em cima do prato e me virando – eu não vou passar o dia de ação de graças sendo desrespeitado.

Eu então me virei e sai da cozinha em direção a porta da frente.

Comentários

Há 6 comentários.

Por limaajonas em 2014-05-11 23:08:48
no seu site tah que vai ter dois capítulos hoje vai mesmo ???
Por limaajonas em 2014-05-11 22:24:08
posta um hoje por favor -*-*-*?????
Por NillDidas em 2014-05-11 00:59:10
Galera, tava de boa agora, na página de lançamentos do site "megafilmes" e achei um romance gay muito maneiro, vocês vão gostar, chama-se "Hoje eu quero voltar sozinho" ainda ta lá na página de lançamentos. Bom filme a todos aew.
Por Klaytton em 2014-05-10 15:59:52
Crl, sem palavras aqui, ansioso por mais!!!
Por OhhProibido em 2014-05-10 14:44:06
Posta mais 1 hoje! =D
Por ThiagoAraújo em 2014-05-10 13:31:33
nossa o clima esquentou