CAPÍTULO 159: Sombras da Noite

Parte da série Paixão Secreta

Felizmente Adam tinha conseguido ver as crianças. Megan estava proibida de viajar com as crianças sem a assinatura reconhecida firma do pai. Eu tinha ficado tão feliz com essa vitória porque eu estava com tanto medo de ter que deixa-lo, mas a verdade é que Xavier era meu salvador, se por acaso ele não estivesse lá naquele momento de fora do tribunal acho que eu teria cometido um erro do qual eu não voltaria atrás, mas ainda bem que tudo estava bem.

Sábado seria o primeiro fim de semana das crianças com a gente. Adam não estava nenhum pouco nervoso afinal ele é o pai, mas eu estava quase dando um infarto de nervosismo. Eu não queria parecer chato para os filhos dele e eu não queria passar uma impressão ruim. Seria fácil conquista-los porque eles já me conheciam e gostavam de mim, mas eu era a pessoa que tinha acabado com a família deles e eu não sei como eles estavam se sentindo.

Chegou a sexta-feira a noite e Adam chegou do trabalho. O jantar estava pronto e eu estava esperando por ele.

- boa noite – disse ele vindo até mim e me dando um beijo.

- boa noite, como foi no trabalho?

- foi ótimo – falou ele sentando no sofá ao meu lado e tirando os sapatos e as meias – eu estou morto de cansado.

- o jantar está pronto.

- você já jantou?

- não.

- vamos jantar então – falou ele tirando a gravata e indo colocar no quarto junto com os sapatos.

Ele voltou e nós nos sentamos a mesa para comermos.

- você está nervoso com amanhã? – perguntou ele.

- pode apostar seu rabo que estou – falei brincando.

- não se preocupa, vai ocorrer tudo bem. Além do mais eles já gostam de você.

- é mais eu sou a pessoa que acabou com o conto de fadas de pai e mãe deles. Provavelmente eles te odeiam.

- deixa de ser bobo. Não existe ódio no coração de crianças.

- você é que pensa – falei rindo.

- eles vão gostar do quarto – falou Adam – muito obrigado por ter deixado transformar o quarto de hospedes em um quarto para as crianças.

- não foi nada. Eles precisam de um quarto aqui.

- obrigado – falou Adam segurando minha mão.

- por nada – falei alisando o braço dele e em seguida nós voltamos a comer.

- o dia de ação de graças está chegando.

- pois é. O ano passou tão rápido.

- você já decidiu onde vai passar o dia de ação de graças?

- na verdade eu estava querendo discutir isso com você.

- eu sei que você vai querer passar na casa do seu pai, mas eu estava pensando que já era hora de você conhecer minha família.

- conhecer… sua… família? – falei engolindo a comida que estava na minha boca.

- sim.

Eu fiquei pensando por um tempo.

- tem certeza? Quer dizer, é só a sua mãe nós podemos conhecer ela em outra ocasião – falei colocando uma garfada de comida na boca.

- não é “só minha mãe”. Você também tem que conhecer meus outro irmãos.

- o que? – falei engasgando com a comida.

- você está bem? – perguntou Adam batendo nas minhas costas.

Eu peguei um copo de suco e dei um gole.

- tudo bem? – perguntou Adam.

- sim – falei respirando fundo - irmãos? Não é só o Xavier?

- claro que não – falou ele com uma risada tomando um gole de suco – eu tenho outros irmãos.

- mentira.

- verdade – falou ele – eu sou o segundo filho dos meus pais e Xavier é o terceiro.

- quantos irmãos você tem?

- com o Xavier, cinco.

- cinco? – falei mais alto do que gostaria de ter dito.

- sim, dois irmãos e duas irmãs.

- meu deus, como eu nunca ouvi você falar neles? Eu trabalhei com você seis anos e eu nunca ouvi você tocar no nome deles. Eu pensei que você e Xavier fossem os únicos herdeiros da empresa.

- e somos. Meu pai deixou a empresa em nossas mãos porque meus irmãos não se interessaram, eles já tinham seus sonhos e nenhum deles incluía tomar conta dessa empresa. além do mais eles não gostam muito de mim e Xavier, na verdade o almoço de ação de graças é o único dia que nos vemos e nos falamos e só fazemos isso pro causa da minha mãe, se ela não estivesse nesse mundo nós nem nos veríamos mais.

- você está brincando comigo né?

- não – falou ele rindo – porque parece tão surpreso e nervoso?

- Adam, eu vou ser apresentado a sua mãe e quatro irmãos. O cara que acabou com o casamento do irmão hétero.

- deixa de ser bobo, eles vão te adorar.

- eu duvido.

- não fique preocupado com isso. falta mais de dez dias para o dia de ação de graças, claro… se você topar.

Minha vontade era de dizer: não, vamos passar a ação de graças com meu pai, mas seria egoísmo da minha parte. Adam tinha aberto mão de tantas coisas em sua vida por mim, eu acho que aguentava um dia com a família recém descoberta de Adam.

- tudo bem, pode confirmar nossa presença.

- obrigado – falou ele com um sorriso.

No sábado Adam e eu saímos ás 15:00 para pegar as crianças. Nós entramos no carro e no caminho conversamos sobre o que faríamos com as crianças.

- quais os planos para hoje “papai”? – falei para Adam.

- não sei, estava pensando em passar na vídeo locadora com as crianças para cada uma delas escolherem um filme para assistirem e no domingo pensei em leva-las ao parque de diversões, o que você acha?

- ótimo. Nós podemos passar no supermercado e comprar sorvete e guloseimas para elas, mas não muito porque se não vai fazer mal.

- perfeito – falou Adam.

- o que você vai fazer com Roman?

- como assim?

- depois do que ele fez com você. você o demitiu ou algo assim?

- foi como eu te disse Mike, ele não fez nada de errado profissionalmente falando então não tem motivo para brigar com ele, afinal ele te mações na empresa e todos os sócios concordaram que não vamos fazer nada quanto a isso.

- ok – falei olhando para a casa da esposa de Adam. Megan e as crianças já estavam de fora da casa quando chegamos. Quando o carro parou Megan virou-se de costas e entrou dentro da casa deixando as crianças paradas na calçada. Ela era realmente uma mulher ignorante. Eu procurava não julgar ela muito afinal eu roubei o marido dela.

- oi papai – falou Christian, a filha de Adam vindo até ele.

- oi filha – falou Adam pegando ela nos braços e dando um beijo e em seguida colocando ela no chão.

- oi papai – falou Arthur vindo até Adam para um abraço e um beijo.

- oi tio Mike – falou Christian me dando um abraço – senti saudades.

Adam colocou Arthur no chão e ele veio até mim para um abraço.

- eu também senti sua falta tio Mike – falou Arthur vindo até mim.

Eu fiquei emocionado com esse abraço. Todo esse tempo eu pensando que as crianças seriam mesquinhas e não gostariam de mim e elas me recebiam com abraços e dizendo que estavam com saudades.

- também senti a falta de vocês.

- hoje o papai e o tio Mike vão levar vocês para a vídeo locadora pegar alguns filmes e amanhã vamos leva-los ao parque de diversões. O que vocês acham?

- oba – os dois disseram em coro.

Nós então entramos no carro e fomos para a vide locadora. Cada uma das crianças pegou dois filmes e logo que saímos de lá fomos até o supermercado e compramos algumas guloseimas para as crianças.

Assim que chegamos e casa já fomos assistindo aos filmes de cada um. Depois que assistimos dois filmes Adam foi fazer o jantar e eu fiquei assistindo ao canal infantil com as crianças. Cada um deles ficou sentado de um lado meu.

Depois de um tempo assistindo a televisão Christian chamou minha atenção puxando minha camisa.

- o que foi? Quer água?

- eu devo te chamar de pai? – perguntou ela olhando para mim envergonhada.

- não precisa querida, pode me chamar do que você quiser.

- podemos te chamar de Mickey? – perguntou Arthur.

- sim, podem me chamar de Mickey ou tio Mike… o que vocês quiserem. Não precisam me chamar de pai.

Eles deram sorrisos e voltaram a olhar para a televisão. Depois que o jantar ficou pronto nós comemos na mesa de jantar e depois voltamos para a sala para assistirmos aos filmes restantes.

Durante o primeiro ocorreu tudo bem, todos nós assistimos e as crianças adoraram, mas já no segundo as crianças começaram a cochilar. As luzes estavam apagadas e até eu comecei a sentir sono e antes que percebe eu estava cochilando no ombro de Adam e as crianças cochilando em nossos colos.

- bebê, vamos para a cama – escutei Adam falando com as crianças. Eu abri os olhos – eu te ajuda a leva-las.

- eu estava falando com você – falou ele brincando.

- engraçadinho.

- você está dormindo tão fofo, igual a eles.

- eles são tão inteligentes – falei olhando para as crianças.

- e disse que eles iam gostar de você.

Logo nós colocamos as crianças na cama e assim que fui para meu quarto eu mal tomei banho e escovei os dentes e cai morto na cama. Adam foi tomar banho e escovar os dentes e eu prometi que esperaria por ele, mas eu não consegui. Eu então dormi ouvindo os raios e trovões do lado de fora. Cairia uma tempestade.

Eu não sei exatamente por quanto tempo dormi, mas eu acordei no meio da noite com o barulho de chuva e eu achei ter ouvido um barulho e olhei para a porta do quarto e acendi a luz dos abajur e vi Christian e Arthur parados.

- podemos dormir com vocês?

Adam então acordou na hora.

- o que aconteceu? – perguntou Adam olhando.

- papai o trovão está nos assustando, podemos dormir com vocês?

- o que o papai disse? É só um barulho assustador, não precisam ter medo. Vocês já são grandes podem voltar para a cama, não came vocês dois aqui o papai vai levar vocês de volta. – falou Adam se sentando na cama.

Eu vi a decepção estampada no rosto deles.

- venham aqui, podem dormir – falei me levantando rapidamente – o tio Mike vai dormir no quarto de vocês e vocês podem dormir aqui com o papai.

- não precisa Mike – falou Adam.

- tudo bem – falei levando elas até a cama – podem dormir com o papai.

- obrigado tio Mike – os dois disseram deitando ao lado de Adam e se cobrindo.

Eu então sai do quarto, fechei a porta e fui em direção ao quarto das crianças. E então deitei em uma das camas de solteiro deles e me cobri fechando os olhos. Eu estava tão cansado quando fui me deitar e agora eu já não tinha sono.

Eu olhei as horas no meu celular e era 02:11. Mais uma vez eu tinha sido pego pelo sentimento de vazio. Adam tinha um trabalho, tinha filhos. Ele tinha deixado sua marca no mundo e eu sentia como se minha existência naquele mundo fosse nula.

Eu não gostava de ter aquele sentimento comigo, mas tinha vezes que ele me possuía e dessa vez ele resolveu me pegar ás duas da madrugada. Eu acho que fiquei acordado por mais de uma hora e meia antes de cair no sono.

Eu queria fazer algo da minha vida, mas eu simplesmente não tinha vontade, eu estava indeciso e não sabia o que fazer. Eu sempre quis uma família e agora que eu tinha uma eu não em sentia completo como eu achei que me sentiria. Era tão frustrante me sentir assim.

Eu estava tendo um sonho estranho sobre aviões, névoas, cenouras e Grey’s Anatomy quando senti uma mão gelada no meu braço e eu acordei meio tonto.

- desculpa de acordar – falou Adam – chega pra frente.

- pra que? – falei olhando para ele com a visão embasada.

- vou me deitar com você.

Eu olhei para a janela e o sol já tinha nascido.

- mal em cabe aqui.

- não tem problema – falou Adam.

Eu então cheguei para frente e ele me abraçou e fez conchinha comigo.

- e as crianças?

- estão dormindo.

- ok – falei olhando para a parede.

- obrigado – falou ele nos cobrindo com o cobertor e beijando minha orelha.

- pelo o que?

- por ser tão bom com meus filhos.

- por nada. – falei fechando os olhos.

Nós então dormimos juntinhos por mais algumas horas. Nós teríamos um dia longo pela frente com as crianças então era bom nós aproveitarmos o sono enquanto podíamos.

Comentários

Há 3 comentários.

Por hugo em 2014-05-09 23:22:37
ai que lindo o que ele esta fazendo pelos filhos do Adan o amor supera tudo !!!!
Por vd em 2014-05-09 20:57:54
No seu site so tem contos seus ?? Quando começar a escrever vc vai postar aqui no romance gay ?? E qual vau ser o nome da história ?
Por Klaytton em 2014-05-09 19:46:18
Nem acredito que esse conto já está acabando, vou sentir saudade, eu sinto como se conhecesse todos os personagens. Espero que no fim o Mike consiga encontrar a felicidade, e se sinta satisfeito consigo mesmo.... De longe, a melhor história que eu já li.