CAPÍTULO 146: Talvez

Parte da série Paixão Secreta

Depois que todos nós jantamos nós assistimos um pouco de TV na sala. Eu me sentei ao lado do meu pai que me abraçou e me fez deitar a cabeça em seu ombro. Eu me sentia tão culpado por não ter contado sobre o apartamento. Eu tinha que contar, mas eu não criava coragem.

Quando o relógio marcou 23:30 eu decidi ir me deitar. Eu então me levantei.

- eu vou me deitar. Boa noite para todos.

- boa noite – falou meu pai me abraçando e me dando um beijo no rosto – eu te amo filho, boa noite.

- boa noite pai – falei beijando o rosto dele também e em seguida eu fui em direção as escadas.

Que droga. Meu pai é tão amoroso, prestativo e presente na minha vida e eu era um filho inútil que nem tem coragem de contar a verdade. Eu subi as escadas, escovei meus dentes e me deitei. Eu peguei meu celular para ligar para Gordon como eu tinha prometido. O telefone chamou algumas vezes e ele atendeu.

- boa noite – falou Gordon.

- boa noite, o que você está fazendo?

- estou deitado.

- eu te acordei?

- não – respondeu Gordon – na verdade eu estava com muito sono, mas eu deixei a TV do meu quarto ligada para me manter acordado.

- desculpa, se eu soubesse teria ligado mais cedo.

- sem problemas, além do mais eu não queria ir dormir sem ouvir sua voz outra vez.

Eu apertei os lábios achando aquilo muito fofo da parte dele.

- obrigado, você é muito gentil. Eu não consigo expressar como é estar ouvindo sua voz.

- você não enjoa dela? Eu fico brigando com você o tempo todo no trabalho.

- não – falei rindo – eu estava com saudades dela mesmo você gritando comigo o dia todo.

Nós ficamos em silêncio por alguns segundos.

- sua família sabe sobre você? – perguntei para Gordon.

- não sei. Quer dizer, eu nunca contei, mas eu nunca me casei ou tive namoradas.

- eles não te cobraram?

- sim. No começo eles ficavam falando muito, especialmente meus irmãos, mas em certo ponto eles pararam. Eu acho que eles perceberam que eu era gay e pararam de me perguntar. Eles nunca me perguntaram e eu nunca contei.

- eles sabem – falei – quando é assim é porque eles já sabem, mas quando o assunto é um tabu geralmente os familiares escolhem não falar sobre isso.

- provavelmente – falou ele.

- não quer perguntar nada sobre mim?

- posso?

- claro que pode.

- tudo bem – falou ele respirando no telefone – esse cara que está no seu pé, pedindo você em namoro…

- o que tem ele?

- você gosta dele?

- em que sentindo?

- você gosta dele do mesmo jeito que você gosta de mim?

Gordon estava se mostrando uma pessoa simpática e insegura com seus sentimentos. Eu estava gostando de conhecer esse seu lado mais vulnerável.

- sim – respondo devagar, essa era uma pergunta importante e eu tinha que ser verdadeiro quanto a isso – eu gosto muito dele, mas como amigo. E não é o mesmo sentimento que eu tenho por você.

- ok – falou ele – posso te perguntar uma coisa e você me responde a verdade?

- sim.

- esse cara é o Adam White?

Eu senti um frio na barriga quando ele disse aquilo.

- sim.

- ok – respondeu ele.

A impressão que eu tive foi que Gordon tinha acabado de ficar inseguro contra mim. Eu já tinha feito sexo com Adam e ele sabia disso, os jornais deixaram bem claro. Eu tinha que mostrar para Gordon que eu não queria nada com o Adam.

- você vai fazer alguma coisa amanhã?

- vou trabalhar quando acordar e depois vou cuidar dos meus cachorros.

- eu estava pensando… cachorros? Quantos você tem?

- oito.

- mentira, sério?

- sim, porque? Você não gosta?

- gosto sim. eu tenho um, se chama Pluto.

- eu sei a impressão que isso passa, o cara de quarenta anos, solteiro e com um monte de cachorros. Eu não estou sendo um ótimo candidato agora.

- Gordon você não é um candidato, você é o escolhido.

- ok – falou ele.

Eu o conhecia o suficiente para saber que quando ele respondia “okay” em uma conversa é porque ele não concordava com o que eu tinha dito.

- você tem compromisso para amanhã a noite?

- não.

- você sair pra namorar?

- só nós dois?

- eu chamei uma amiga.

- sim. você quer que eu te busque?

- não precisa.

- onde vai ser?

- tem um bar conhecido na rua Flynt.

- eu sei onde é, que horas?

- ás 22:00. Pode ser?

- pode – falou ele.

- fica combinado então – falei bocejando

- está com soninho?

- muito – falei bocejando e esfregando os olhos – queria que você estivesse aqui.

- também.

- eu vou desligar estou com muito sono.

- deixa o celular ligado.

- pra que?

- dessa maneira vai perecer que nós estamos juntos.

- tudo bem.

- desliga que eu vou te ligar de volta – falou Gordon.

- ok.

- já te ligo – falou Gordon desligando. Segundos depois ele me ligou e eu atendi.

- deixa no viva voz e coloca do seu lado.

- ok – falei deixando no viva voz e colocando no meu lado na cama.

Eu então fechei os olhos para poder dormir.

- você tem um sotaque não tem? Eu notei, mas não tive coragem de perguntar – perguntei.

- sim, eu nasci na Austrália. Só vim morar nos Estados Unidos quando tinha 17 anos.

- está explicado – falei sentindo o sono chegar – eu vou dormir, espero que não se importe.

- tudo bem, é só dormir.

Essa foi a última coisa que ouvi antes de cair em sono profundo.

Eu acordei naquela manhã de sábado bem animado e disposto. Eu olhei da duração da chamada da ligação anterior e Gordon deixou o telefone ligado 30 minutos depois que eu dormi. Eu já não estava assim tão cansado. Eu estava começando a me acostumar com a rotina do trabalho. Enquanto eu tomava café da manhã Peter desceu as escadas. Ele foi o primeiro a acordar. Peter estava trabalhando como mecânico em uma oficina. Para quem vivia no meio do mato ele sabe muito sobre automóveis. Eu sei… é preconceito, mas a verdade é que ele era um ótimo mecânico ele tinha até arrumado o carro do meu pai quando ele simplesmente parou no meio da rua.

- bom dia – falou Peter entrando na cozinha.

- bom dia Pete! Como está sendo a sua segunda semana?

- ótima – falou ele se sentando de frente para mim na mesa. – eu não sei como posso agradecer por você e seu pai me hospedarem. Eu prometo que vou sair logo daqui.

- não tenha pressa. Você é bem vindo em minha casa.

- obrigado – falou ele.

- por nada.

- o que você está comendo? – perguntou ele olhando para minha tigela – parece bom.

- salada de frutas, quer provar? – falei levando uma colher até a boca dele. ele abriu a boca e provou.

- está bom – falou ele. – vou fazer pra mim – falou ele se levantando.

- não precisa – falei me levantando e indo até a geladeira – eu sabia que você ia querer porque eu sei que você adora frutas. De todos os tipos então eu já fiz bastante. Para você, meu pai e Vanessa.

- valeu – falou ele.

Eu coloquei o recipiente em cima da mesa e ele se serviu.

- você tem planos para hoje? – perguntei para Peter.

- não.

- está afim de sair para beber?

- com certeza.

- posso te perguntar uma coisa?

- pode – falou Peter engolindo.

- o que você acha do Adam?

- em que sentido?

- fisicamente.

- ele é bonito, quer dizer… do tipo gostoso.

- ok – falei rindo.

- porque?

- porque você não tenta algo com ele?

- eu?

- é. Ou você já conheceu alguém?

- não.

- então porque não?

- você acha que um homem como Adam vai se interessar por mim?

- mas é claro que sim. Peter não se menospreze. Você é uma pessoa boa, trabalhadora além de um homem sexy, bonito e sabe o que quer da vida.

- será que eu tenho chance? – perguntou ele envergonhado com um sorriso.

- eu estou gostando de outra pessoa Peter e o Adam está apaixonado por mim e na minha opinião tudo o que ele precisa é conhecer outra pessoa e na minha opinião você é a pessoa perfeita para ele.

- e se você e essa outra pessoa não derem certo? Você não vai se arrepender depois de estar me jogando para Adam?

- não – falei convicto – eu não vou me arrepender.

- tem certeza?

- sim.

- então está tudo certo. Hoje a noite vamos sair para beber.

- combinado – falei. – como você está indo no trabalho? Eu me atrevo a dizer que a roupa de mecânico deixa qualquer homem muito sexy.

- muitas mulheres dão em cima de mim no trabalho

- eu imagino – falei lavando o que eu sujei. – você com aquele uniforme deve deixar todo mundo com tesão.

- está me deixando com vergonha.

- mas é a verdade, você é bonito e não tem que ter vergonha disso.

- eu sei. – falou ele acabando de comer.

- eu lavo para você.

- obrigado – falou ele dando um beijo no meu rosto – obrigado.

- pelo que?

- por pensar em mim e ser meu amigo.

- por nada.

Comentários

Há 5 comentários.

Por NillDidas em 2014-04-30 06:11:41
Um casal ativo... Eta que isso ta ficando desastroso... KKKK' eu não iria me adaptar e.e mas não existe só sexo em uma relação :/
Por InWorldAlone em 2014-04-29 13:45:36
Perfeito !
Por Jason_ em 2014-04-29 03:02:12
Bem que poderia virar um filme, eu fico lento e imaginando cena por nada, cada detalhe, tudo...agora só falta montar um roteiro e começar a gravar (não sei quais são as etapas para um longa, mas tudo bem) kk
Por Klaytton em 2014-04-29 01:35:40
Eu adoro esse conto, cada capítulo vale a espera.... Boa sorte pro Mike e pro Gordon!!!!
Por NewDoctor em 2014-04-29 00:50:43
Gordon mostrando o lado fofo! Adorei!