CAPÍTULO 145: Mais Que Um Sentimento

Parte da série Paixão Secreta

Havia se passado três semanas desde que Gordon e eu tínhamos dado um beijo depois de voltarmos na sinagoga. Durante esse tempo, como combinado, durante o trabalho nós não tocávamos no assunto e éramos apenas profissionais. Na verdade eu não sei bem o que seriamos fora do trabalho porque desde aquele dia nós nunca tínhamos nos encontrado fora dele então nunca mais tínhamos falado sobre o assunto ou se beijado.

Eu tinha medo que aquele beijo não tivesse significado nada para Gordon porque ele tinha mexido comido e tinha com certeza significado algo. ele não podia simplesmente me beijar e me tratar como se não tivesse acontecido nada. Mas eu estava tranquilo quanto a isso. Gordon era muito mais profissional que Adam e era isso que eu tinha gostado em relação a ele.

Havia chegado a sexta. Três semanas depois e eu ainda não tinha criado coragem de contar ao meu pai sobre o apartamento. Eu o amava demais para acabar com a felicidade dele desse jeito. A reforma de qualquer jeito esperaria por um tempo. Nós tínhamos comprado tudo de volta para nossa casa e Cody ainda não tinha encontrado o tal ladrão.

Adam tinha me convidado para tomar uns drinks naquele sábado e para a minha própria segurança eu levaria Peter, Robbie e Gloria porque dessa maneira eu não cairia em tentação. Eu não tinha contado para ninguém sobre meu beijo com Gordon. Nem Peter e nem meu pai porque eu sabia que tinha o costume de me apegar facilmente as pessoas e ficar falando sobre isso só fazia com que isso acontecesse mais rápido.

Depois de Felix todo homem que eu vejo é um marido em potencial e isso estava simplesmente fodendo com tudo… droga… eu já estou falando igual a ele. quer saber? Esquece!

Eu cheguei no trabalho ás 06:40. Agora eu passava sempre no 3º andar para vestir a minha roupa.

- bom dia – falei entrando no vestiário. Eu falei em vão porque parecia não ter ninguém.

Eu fui até meu armário e logo se aproximaram de mim três homens de toalha, eles tinham acabado de tomar um banho.

- bom dia – falou o do meio com barba e peito peludo.

- bom dia – eu respondi.

- meu nome é Tommy – falou ele apertando minha mão.

- meu nome é Mickey.

- nós sabemos o seu nome – falou ele.

- ok

- o do meu amigo aqui – falou ele olhando para a esquerda – é Brad.

- muito prazer ele – falou um homem moreno e de olhos castanhos apertando minha mão.

- e esse é o Jeremy – falou ele apontando para o amigo do lado direito.

- prazer – falou ele apertando minha mão. Jeremy era fortinho e era lisinho e usava cavanhaque.

- então – falou Tommy – eu sei que vai parecer estranho, mas nós estávamos conversando sobre garotas e quem de nós tem mais chance com elas e foi quando eu falei – precisamos da opinião de um homem, afinal gays são mais cuidadosos a escolha dos namorados.

- acho que estou entendendo – falei agora prestando total atenção neles.

- então o que estou perguntando é… se pudesse escolher um de nós. Para ter uma noite quem seria?

- é sério? – perguntei rindo.

- é, a não ser que não queira responder.

- não… ok – falei limpando a garganta.

- quem seria?

- bom, eu sei que não falo por todos os gays ou mulheres do mundo, mas se fosse eu escolheria você. homens de barba me atraem porque demonstram maturidade e especialmente homem peludos como você – falei sem graça.

- eu disse para vocês – falou Tommy.

- não é justo – falou Jeremy.

- porque? – perguntou Tommy.

- ele só viu o rosto.

- ok – falou Tommy.

Os três então abriram as toalhas e ficaram totalmente nus na minha frente.

- meu deus – falei tampando os olhos.

- por favor, só diga qual é o mais… bonito… eu acho – falou Tommy.

- eu acabei de conhecer vocês e isso é antiético… é errado em tantos níveis diferentes…

- é só olhar e dizer qual você prefere.

- tudo bem, tudo bem – falei sem graça.

Eu tirei a mão dos olhos e olhei para o pau dos três.

- e então? – perguntou Tommy.

- eu… quer… - eu fiquei olhando sem graça e ao mesmo tempo curioso. Aquela situação era estranha e excitante ao mesmo tempo.

- diga de uma vez.

- o dos três são… sabe… grandes.

- qual você prefere? – perguntou Jeremy.

- o do Tommy.

- que droga – falou Brad.

- desculpem, mas é a minha opinião. Além do mais eu não uso só a parte de baixo eu vejo um homem como um todo afinal eu vou usar toda a embalagem.

- valeu – falou Tommy com um sorriso fechando a toalha e levantando a mão no ar esperando que eu batesse.

- por nada – falei batendo na mão dele.

Os três então foram se vestir e ficaram conversando. Aquela situação tinha sido no mínimo estranha e constrangedora, mas pelo menos eles eram sinceros não eram como os funcionários na empresa de Adam que falavam pelas minhas costas.

Eu me arrumei e logo fui para o 9º andar. Depois que fiz minhas obrigação eu fui para a recepção. Ás 07:10 Gordon saiu do elevador.

- bom dia – falou ele.

- bom dia – respondi.

- você gosta de Cappuccino? – perguntou ele.

- gosto.

- comprei pra você – falou ele me entregando.

- obrigado.

- trouxe algo para você comer também.

- obrigado – falei pegando um pão de queijo da embalagem que ele trouxe.

Ele foi para a sala dele e depois que eu comi o trabalho começou. Eu tinha uma papelada para digitar e não podia perder tempo. Eu estava a mais ou menos uma hora digitando quando Gordon me ligou.

- pois não?

- Mickey, venha a minha sala por favor.

- sim senhor – falei me levantando e indo até a sala dele.

Eu abri a porta e me aproximei, mas fiquei de pé.

- o que o senhor deseja?

- você pode por favor marcar uma reunião para o dia 25?

- sim senhor.

- você marca essa data e no dia cedo você pede para arrumarem a sala ok?

- sim senhor.

- mande um e-mail para todas as pessoas da empresa.

- ok.

- eu acabei de mandar uma lista atualizada de todos os e-mails da empresa.

- sim senhor, eu vou fazer isso agora mesmo. – falei me virando e logo em seguida voltando – qual será o assunto da reunião?

- programação do evento beneficente de novembro.

- sim senhor – falei saindo da sala.

Depois que eu sai da sala eu fiz o que Gordon me mandou. Enquanto eu escrevia o e-mail meu celular vibrou. Eu olhei e vi que era o nome de Adam. Eu respirei fundo e ignorei a chamada. Adam e eu nunca tínhamos nos falado desde o dia em que minha casa tinha sido assaltada.

Eu continuei digitando e depois de alguns segundos o celular vibrou outra vez. Eu decidi atender, eu teria que encara-lo de qualquer maneira.

- alô.

- bom dia amor – falou Adam.

- bom dia.

- senti saudades.

- também.

- e então? Quando vamos oficializar?

- oficializar o que?

- como assim o que? Lembra do que você me disse? Você não namora comigo se você trabalho comigo. Ou seja, somos quase namorados.

- Adam, eu preciso conversar com você.

- eu estou brincando – falou Adam – mas eu quero uma chance.

- Adam eu…

- vamos sair para um drink. Pode ser? Amanhã!

- ok Adam.

- combinado então. Eu te pego na sua casa.

- nós nos encontramos no local, pode ser?

- pode. Onde vai ser?

- pode ser aquele bar na rua Flynt.

- ok – falou Adam.

- combinado então.

- até amanhã – falou Adam.

- até. – falei desligando.

- já terminou de marcar seu encontro? – perguntou Gordon me assustando.

- sim senhor… quer dizer… não era…

- não quero saber – falou ele – só não fique falando na recepção assuntos pessoais porque eu já percebi que você se distrai quando faz isso.

- sim senhor.

- já enviou os e-mails?

- estou acabando de escrever.

- coloque que o horário da reunião será as 06:30.

- sim senhor.

Ele então foi para a sala dele.

- como eu sou idiota – falei para mim mesmo terminando de escrever o e-mail.

Na hora do almoço eu desliguei meu computador e fui até o Casablanca. Eu concordei em almoçar com Jude que essa semana era conhecida também como Anita de “West Side Story”.

- Jude, posso te perguntar uma coisa?

- sim – falou ela.

- você acha que Gordon e eu temos futuro? Eu sei que nos beijamos uma vez e já faz três semanas que não falamos nisso, mas… eu sinto que só nos faltou a chance de conversar.

- sabe o que eu acho? Eu acho que você devia falar com ele.

- mas ele disse que só falaríamos sobre isso só se não estivéssemos em horário de trabalho.

- você só está em horário de trabalho até as 17:00, depois disso você está liberado para falar sobre o que quiser com ele.

- será?

- claro Mike. E se ele estiver esperando que você diga algo? você não pode esperar por ele porque se não vão ficar a vida toda nessa.

- você está certa.

- eu sei – falou ela sorrindo.

- você vai fazer alguma coisa amanhã?

- não, porque?

- esta afim de ir a um bar beber amanhã?

- mas é claro.

- meu ex-chefe me convidou. Eu preciso conversar com ele mais uma vez sobre nosso relacionamento que nunca saiu do sexo.

- qual bar vai ser?

- o da rua Flynt. conhece?

- com certeza.

- esteja lá ás 21:00.

- combinado – falou ela.

A tarde eu trabalhei pensando se eu conversaria com Gordon depois do expediente. Ele entrava e saia da sala dele e eu ficava hipnotizado quando o via. Eu estava nervoso porque talvez eu estivesse me iludindo e eu não queria “terminar” com o Adam se eu estivesse confundindo as coisas. Essa era a promessa que eu tinha feito a mim mesmo: se Gordon e eu não acontecesse, manhã eu iria aceitar o pedido de namoro de Adam.

Para o meu azar um cliente tinha entrado na sala dele ás 16:40. Então essa conversa teria que ficar para outro dia. Quando o relógio marcou 17:00 eu arrumei toda a recepção e em seguida bati o ponto. Eu apertei o botão do elevador e fiquei esperando e quando ele chegou eu ouvi a porta da sala de Gordon se abrindo. O cliente saiu de lá. eu segurei o elevador para o cliente.

- obrigado – falou ele.

- por nada – falei me virando.

- não vai descer?

- eu esqueci de uma coisa.

- ok – falou o cliente sorrindo.

Eu então fui até a porta da sala de Gordon e bati.

- pode entrar.

- com licença – falei entrando e fechando a porta.

- pois não?

- é eu queria saber se eu podia conversar com você.

- pode – falou ele se levantando. – espera só um pouco que eu vou lá na sala do meu irmão.

- ok

Ele veio na direção da porta com uns papeis na mão e quando se aproximou de mim eu entrei na frente dele o abracei e dei um beijo em sua boca, mas ele não correspondeu.

- eu já bati meu ponto e não estou em horário de trabalho. – falei assustado

- tudo bem – falou Gordon.

Eu dei um selinho na boca dele.

- eu só vou ali na sala do meu irmão usar a xerox e eu já volto pra gente conversar, tudo bem? – perguntou ele me dando um beijo.

- tudo – falei dando um selinho na boca dele e o soltando.

Ele saiu da sala e eu me sentei na cadeira em frente a mesa dele. eu esperei alguns minutos, pouco mais de quinze minutos e ele abriu a porta, entrou e trancou ela. ele veio andando até a mesa, se sentou e colocou os papéis na mesa.

- você queria falar sobre o que?

- sobre nós.

- nós estamos no local de trabalho… o que eu te disse? Eu sou seu chefe.

- eu sei, mas o problema é que não nos encontramos depois daquele dia e nunca mais tocamos no assunto.

- eu sei – falou ele olhando para os papéis e depois para mim.

- eu quero saber se nós dois temos futuro?

- futuro?

- sim. eu quero saber se nós dois somos alguma coisa… ou podemos nos tornar algo. Tem uma pessoa no meu pá Gordon. Um pretendente e eu cansei de dizer não. Eu gostei muito daquele dia e eu não consigo tirar aquele beijo da minha cabeça, é tudo o que eu penso quando vou deitar e quando acordo.

- eu também penso muito naquilo.

- pois é por isso. eu cansei de dizer não Gordon, mas se você disser que podemos nos tornar algo eu posso dizer não para ele pela última vez.

Ele estava com aquela cara de mal que sempre tinha, mas dessa vez ele não estava praguejando e sim pensando. Eu estava ansioso e minha respiração ofegante.

- ok – falou ele esticando os braços para cima despreguiçando.

- ok o que?

- eu acho que talvez possamos ser algo.

- Gordon, eu já sofri tanto nessa vida. Se você me conhecesse você saberia. A última coisa que eu preciso é de um homem indeciso. Eu sei que estou te pressionando, mas eu gostaria que você me desse certeza.

- eu odeio ser pressionado – falou ele sem olhar para mim.

- é só dizer. Se você não quiser não tem problema, eu ainda não estou apaixonado por você eu só quero saber se por acaso no futuro eu me apaixonar você estará ao meu alcance.

Ele olhou para mim e olhou fixo por um bom tempo e depois olhou para baixo. Seus cotovelos estavam apoiados na mesa e suas mãos juntas.

- tudo bem – falou ele – definitivamente nós temos uma química ou seja lá como os jovens de hoje em dia chamam e eu não posso ignorar isso mesmo sendo seu chefe.

- então eu posso…

- sim… – falou ele colocando o braço na mesa com a mão aberta – pode dizer ao seu outro pretendente cair fora.

- ok – falei com um sorriso no rosto colocando a mão esquerda em cima da dele e ele fechou a mão e deu um sorriso.

- eu já vou então – falei me levantando.

- te vejo na segunda? – perguntou ele se levantando.

- sim.

Ele veio até mim e ao se aproximar me deu um selinho e logo esse selinho se tornou um beijo de língua. Nós estávamos tirando o atraso de três semanas porque durou muito tempo.

- vai embora com cuidado – falou ele entre dois selinhos.

- você também. Dirija com cuidado. – falei dando três selinhos na boca e dois beijos no rosto.

- é tão te abraçar de novo. – falou ele alisando minhas costas. – eu gosto mesmo de você Mickey.

- também gosto de você. – falei olhando para ele.

- a próxima vez que você entrar na minha sala e me der um beijo eu vou te dar uma advertência.

- mas eu não estou no horário de trabalho.

- mas estamos dentro da empresa o que é praticamente a mesma coisa.

- ok, me desculpe. – falei descendo a mão do ombro dele e alisando o peito enquanto minha mão direita estava em sua cintura – hoje quando eu me deitar posso te ligar para conversarmos?

- pode – falou ele.

- ok. – falei dando um último beijo na boca dele e em seguida pegando minha mochila que estava na cadeira. – eu vou te ligar.

- vou esperar a ligação.

- até a noite – falei destrancando a porta e saindo.

Eu então fui embora bem feliz. Gordon e eu não éramos namorados, mas tínhamos grandes chances de sermos no futuro. E isso era o bastante para mim. Só espero não foder com tudo…