CAPÍTULO 144: Cantando Na Chuva

Parte da série Paixão Secreta

Eu acordei no domingo ás 08:17 da manhã. Eu estava morto de cansado da semana de trabalho e tinha ido dormir cedo no sábado assim que chegamos do aeroporto. No sábado meu pai e eu tínhamos ido buscar Peter no aeroporto. Eu ainda não tinha contado para o meu pai Larry que eu tinha ganho um apartamento de meu pai Stephen. Eu sabia que ele ficaria louco quando soubesse por isso eu estava esperando a hora certa de dizer e além do mais eu não tinha pressa para me mudar afinal o apartamento era meu e podia ficar sem ninguém por algum tempo.

Havia chegado o dia de ir a sinagoga com Gordon. Eu tinha ficado um tanto surpreso com o convite de Gordon afinal ele parecia ser um carrasco, uma pessoa sem coração, mal educado, ranzinza e extremamente antiprofissional.

- bom dia – falei chegando na cozinha.

- bom dia – falou meu pai.

- acordou cedo pai. – falei me sentando á mesa.

- eu queria passar um tempo com você filho… sabe… eu sinto falta de quando éramos só nós dois aqui em casa. Agora com a Vanessa e Peter está mais complicado termos um tempo só para nós dois.

- eu sei como é. Também sinto falta das nossas noitadas de filmes.

- bom, agora nós podemos pelo menos ter nossas manhãs – falou ele colocando uma panqueca.

- obrigado – falei agradecendo e colocando mel em cima delas antes de tirar um pedaço e comer. – só não faça muito barulho se não eles vão acordar.

- ok – falou ele se sentando ao meu lado. – sabe eu realmente sinto falta sua.

- eu também.

- desde que voltou a trabalhar você tem passado menos tempo em casa.

- é realmente estressante voltar a trabalhar sabe? As empresas são tão diferentes, os chefes, tudo…

- por falar nisso… você pode parar de me enrolar com esse machucado na perna – falou meu pai engolindo um pedaço.

- como assim?

- você acha que eu acreditei na história que você me contou?

- mas é a verdade pai – eu tinha inventado uma história maluca de que eu tinha tropeçado e caído e minha perna tinha caído justamente em cima de estilhaços de vidro no chão – acredite se quiser pai, mas foi isso que aconteceu.

- ok – falou meu pai engolindo – sabe filho, eu estava pensando em construir mais um quarto.

- um quarto?

- sim. com a chegada do bebê eu pensei em começar uma reforma sabe? A casa não está mais adaptada para um bebê e vamos começar construindo um quarto próximo ao meu.

- se o senhor quiser pode ficar com o meu.

- nada disso – falou ele – eu sei que você já está bastante estressado com essa história de ter um irmão – falou ele colocando a mão dele em cima da minha – eu nunca mandaria você sair do seu quarto por causa do bebê.

- não tem problema – falei pensando no apartamento que tinha ganho.

- tem sim. você é meu filho e vai continuar lá no quarto que é seu desde que te adotamos.

Eu dei um sorriso falso porque eu estava ansioso sobre o fato de que eu me mudaria em breve, mas como eu diria isso ao meu pai?

- pai eu queria te contar uma coisa…

- bom dia – falou Peter entrando na cozinha.

- bom dia – falou meu pai – dormiu bem?

- melhor do que bem – falou ele indo até a geladeira para tomar um copo de água.

- bom dia – falei baixo.

- o que você estava dizendo filho? – falou meu pai.

- não é nada – falei voltando a comer.

- espero que não se importem de eu ter acordado tão cedo – falou Peter tomando um gole da água – eu ainda não consegui me acostumar a vida de acordar tarde.

- você vai – falou meu pai – quando você conseguir um emprego você vai cansar durante a semana e eu duvido que você acorde antes das 10:00 no fim de semana.

- tomara que eu arranje logo um emprego – falou ele se sentando. – essas panquecas parecem deliciosas – falou Peter.

- eu faço algumas para você – falou meu pai se levantando.

- não precisa – falou Peter.

- não se preocupe – falou meu pai indo até a cozinha.

Eu comi o restante sem vontade, os pedaços pareciam não querer passar da minha garganta porque agora eu tinha ficado realmente nervoso sobre essa história de se mudar. Apesar disso eu comi tudo e depois eu fui lavar meu prato.

- como está o Sombra?

- está ótimo – falou Peter – ele está sentindo sua falta.

- também estou com saudades dele.

- não se preocupe porque seu tio e Leo estão cuidando muito bem dele.

Eu terminei de lavar tudo e sequei minhas mãos.

- pai, hoje eu vou a sinagoga.

- sério filho? Eu vou com você – falou ele – faz muito tempo que não vou.

- não pai… - falei chegando mais perto e falando mais baixo – na verdade eu vou o Gordon.

- com quem?

- Gordon pai.

- haaaa – falou meu pai alto – você diz o seu chefe? – ele parecia querer que todo o mundo soubesse.

- ele mesmo.

- ele está tão na sua filho.

- para de graça pai.

- quem é esse Gordon? – perguntou Peter.

- é o chefe do Mike – falou meu pai – Mike tem um encontro com ele hoje a noite.

- não tenho não, para de graça pai. – falei empurrando ele.

- filho ele te demitiu e veio até aqui devolver o seu emprego e agora vem me dizer que ele chamou você para ir a sinagoga?

- o que é que tem? Eu nem sei se ele é casado, ou tem filhos… eu nem ao menos sei se ele é gay ou hétero… além do mais. Eu não estou interessado.

- o que é que tem? – perguntou meu pai rindo – porque está tão envergonhado disso? não devia ficar tão encabulado, se está dizendo que não é um encontro eu acredito, mas se não é um encontro você não tem motivos para ficar tão envergonhado por eu fazer essa posição.

- eu não estou

- a não ser que você sinta alguma coisa por ele.

- não sinto pai.

- então porque está tão vermelho?

- pai ele é tão mal educado com todo mundo, ele tem uma cara de malvado e as vezes eu tenho medo de conversar com ele.

- mesmo assim você vai sair com ele hoje.

- quer saber? Esquece – falei indo até as escadas.

- é brincadeira filho.

- muito sem graça – falei subindo as escadas.

- já apelou?

Eu então fui para o meu quarto e me sentei na cama. Eu respirei fundo. Eu não sentia nada por Gordon e não gostava que meu pai fizesse esse tipo de piada. Eu não queria misturar trabalho com a vida pessoal e meu pai ficava insistindo nessa história.

Ás 16:30 eu comecei a me arrumar para ia a sinagoga. Eu arrumei o meu melhor terno, peguei o meu Kipá, um chapéu típico da minha religião e meu Talit, uma espécie de chalé ou cachecol usado pelos homens da religião judaica.

Eu tomei o meu banho e vesti a minha roupa. Coloquei o Kipá e o Talit na cor camurça e desci as escadas. No meio do caminho percebi que meu pai estava filmando com o celular.

- esse é meu garoto – falou ele com um sorriso no rosto.

- me poupe pai – falei parando no meio das escadas. – até parece que nunca me viu vestido assim.

- não depois que ficou tão grande – falou ele – vamos, continue descendo as escadas.

- ok – falei terminando de descer.

- você está lindo Mike – falou Vanessa.

- obrigado – falei envergonhado, eu detestava ser o centro das atenções.

- o que achou Peter? – perguntou meu pai.

- está muito bonito Mike – falou ele em pé tomando um copo de suco.

- obrigado Peter.

- me dá um abraço filho – falou meu pai me dando um abraço – estou tão feliz.

- eu sei pai – falei abraçando ele.

- eu estou tão orgulhoso de você – falou ele com os olhos cheios de água.

- eu sei – falei beijando o rosto dele – quantas horas?

- 17:50 – falou meu pai – está quase na hora do seu encontro.

- para com isso – falei dando um passo para trás – o senhor nem sabe se ele vai vir sozinho. Ele pode muito bem ter me chamado para ir com a família dele, a esposa o filho sei lá.

- tudo bem menino estressado.

Nesse momento ouvimos a porta de um carro bater e em seguida o interfone tocou.

- deve ser seu namorado.

- quer saber? – falei indo ás escadas – digam que eu passei mal, que eu morri…

- é brincadeira – falou meu pai segurando meu braço.

- ok – falei parando.

- até mais tarde – falou meu pai dando um beijo no meu rosto.

- até – falei indo até a porta.

- até a noite – falou Vanessa.

- até – falei – tchau Peter.

- tchau Mike, até a noite.

- até.

Eu então fui até o portão e abri.

- boa tarde – falou Gordon quando o portão.

- boa tarde.

- vejo que está pronto. – falou Gordon me olhando de baixo para cima.

- estou sim – falei fechando o portão.

- vamos indo – falou ele dando a volta no carro e entrando. Eu entrei e coloquei o cinto de segurança.

Ele logo ligou o carro e nós partimos. No caminho eu decidi conversar, eu não sabia qual seria o assunto afinal eu o conhecia a menos de uma semana e ele era uma pessoa grosseira então não sabia qual seria a reação as minhas perguntas, mas eu arrisquei.

- então… seus irmãos também vão?

- não sei – falou Gordon. – provavelmente não.

- ok – falei olhando para fora.

Nós seguimos viagem por mais algum tempo e eu decidi quebrar o gelo outra vez. Foi quando eu reparei que ele usava o terno que eu tinha pego.

- então o terno era para isso? ir a sinagoga? – falei olhando para o terno.

- sim. – falou ele.

- ficou bonito. – falei quando Gordon parou no sinal.

- o terno ou eu? – perguntou ele olhando para mim.

Eu senti um choque. Eu não sabia o que responder porque ele sempre tinha aquela cara de mal eu não sabia o que ele queria que eu respondesse. Se eu dissesse que era ele Gordon podia levar como uma cantada e isso não era o que eu queria.

- o terno.

- então eu estou feio?

- não. Você é bonito! Quer dizer… ficou bonito o terno e você…

- tudo bem – falou ele – você também está bonito – falou ele olhando para a rua e seguindo viagem.

Eu fiquei um pouco sem graça depois daquilo. Eu não queria que ele achasse que eu tinha dado em cima dele, mas ele tinha acabado de dizer que eu estava bonito. Estaria meu pai certo? Aquilo seria um encontro? Eu pensei que tinha sido apenas um convite porque ele sabia que eu era Judeu e ele imaginou que eu aceitaria.

Eu decidi ficar calado porque eu ganharia mais. Melhor do que eu dizer uma de minhas baboseiras e acabar me enrolando todo.

Depois de um longo caminho nós chegamos a sinagoga e entramos. Gordon cumprimentou algumas pessoas e me apresentou como um colega de trabalho. Logo nós entramos e o Rabino iniciou a leitura do Torá.

Eu me sentei ao lado de Gordon e aparentemente os irmãos deles não foram. Durante todo o tempo eu olhava para Gordon e viu ele tão concentrado e tão focado que por alguns instantes ele não pareceu o homem de ferro e sim um homem bondoso.

- você tem que olhar para frente – falou ele me assustando.

- o que?

- você tem que olhar para frente, você fica olhando mais para mim do que para o Rabino.

- desculpe – falei olhando para frente.

Eu passei o restante do tempo envergonhado porque ele tinha percebido que eu estava olhando para ele. Logo que acabou e saímos da sinagoga nós nos despedimos das pessoas e fomos em direção ao carro dele.

- o que você achou? Gostou de estar em toque com sua espiritualidade outra vez? – perguntou ele.

- sim. faz tanto tempo que eu não venho que eu me esqueci de como é bom.

- você sai como uma pessoa purificada – falou ele.

- pois é – falei procurando olhar sempre para frente. Não queria levar outra bronca por estar olhando para ele.

- eu gostaria de pedir desculpas – falou Gordon.

- pelo o que?

- pelas minhas grosserias no trabalho. Eu sei que eu sou grosseiro e xingo bastante e não quero que leve nada disso para o lado pessoal. Eu sei que sou insuportável e peço que tenha paciência.

- você não é tão insuportável, eu já conheci pessoas mais insuportáveis – falei quando chegamos ao carro.

Logo o céu ficou claro com um raio e em seguida ouve um estrondo.

- parece que vai chover – falou ele.

- parece.

- nós então entramos no carro e tiramos o Kipá e o Talit e dobramos e colocamos no banco de trás.

Ele ligou o carro e nós fomos embora.

- sua perna ainda doi? – perguntou ele

- não. Só coça um pouco porque está começando a cicatrizar.

- eu sei que meu irmão é um babaca por ter feito isso e eu peço desculpas outra vez pelo o que ele fez.

- eu é que peço desculpas pelo comentário infeliz que eu fiz sobre você.

- sem problemas – falou ele – Seth é o irmão mais velho, bonito, charmoso e sempre conquista as pessoas com sua aparência. Matt é o irmãos mais novo então sempre teve tudo desde criança. Eu sou o filho do meio. Eu fiquei meio que perdido entre os dois e acabei desenvolvendo um caráter não muito atrativo.

- me atrai – falei olhando para ele. Logo eu me dei conta do que tinha dito. – não de um jeito sexual… eu não tenho…

Ele riu. Pela primeira vez ele tinha dado uma risada.

- você está rindo de que? Estou parecendo um besta.

- você é engraçado, você tem esse jeito todo desajeitado.

- só fico assim quando estou perto de você.

- eu sei, eu intimido as pessoas.

- não foi o que eu quis dizer.

- tudo bem – falou ele.

No meio do caminho começou a chover e nós continuamos seguindo. Aquele tempo com Gordon estava sendo realmente muito bom, eu estava conhecendo um lado dele que não vi naquela semana.

- o que você está achando da empresa?

- estou gostando. Melhor do que a que eu trabalha. Na questão de horários, pagamentos… bem melhor.

- fico feliz que esteja gostando.

Logo nós chegamos na porta da minha casa e a chuva tinha dado uma estiada.

- bom já vou indo.

- te vejo no trabalho? – perguntou Gordon

- sim, até amanhã.

Eu sai do carro e ao chegar no portão minha chave caiu no chão e a chuva começou a engrossar. Gordon saiu do carro com um guarda-chuva e veio até mim e me cobriu enquanto eu encontrava a chave naquele molho.

- obrigado – falei olhando para ele.

- por nada – respondeu ele.

Estávamos nós dois, parados em frente a minha casa, uma chuva gelada caindo e Gordon segurando um guarda chuva e ao invés de procurar pela chave eu me aproximei dele e o abracei e dei um selinho na boca dele. eu ia me afastando mas ele usou a mão livre e me abraçou e nós demos um beijo de verdade. Eu não percebi o quanto eu desejava beijar aquela boca até que finalmente eu a estava beijando. Gordon tinha um corpo atlético e seu braço grande e forte conseguiu me segurar e me manter junto dele naquele momento.

Depois de um tempo eu me afastei um palmo.

- desculpa, eu não devia ter feito isso – falei olhando nos olhos dele.

- isso é o que eu quero fazer desde que eu te vi hoje – falou ele colocando o guarda-chuva no chão. A chuva começou a cair no nossos corpos. Ele me abraçou e pressionou meu corpo contra o dele e tirou o meu fôlego com seu beijo.

Nós nos beijamos por um bom tempo debaixo da chuva e nenhum de nós parecia incomodado com o fato de ela estar bem gelada.

- isso foi um encontro? – perguntei. Nós dois ainda estávamos abraçados.

- você vai me processar por assédio?

- não.

- sim, foi um encontro – falou Gordon com um sorriso no rosto.

- você fica tão bonito quando sorri – falei rindo também.

- você acha?

- sim – falei dando um selinho – devia sorrir mais vezes.

- ok – falou ele me dando outro beijo.

- eu tenho que ir – falei.

- tudo bem – falou ele me dando um selinho – te vejo amanhã no trabalho?

- sim – falei dando outro selinho.

Eu destranquei o portão e antes de entrar olhei para ele.

- só uma pergunta… amanhã no trabalho nós…

- eu sou seu chefe e você meu funcionário – falou ele sério – nada de piada, nada de abraços, nem beijos e nem papo furado. Durante o trabalho eu vou te tratar do mesmo jeito que eu te tratei essa semana. Eu sei que pode parecer arrogante, mas é o jeito ético a se agir.

- obrigado – falei rindo e dando um beijo na boca dele – é tudo o que eu queria ouvir.

- sobre o beijo… – falou ele.

- eu si – falei interrompendo ele – eu também não sei o que esse beijo significa e sinceramente eu não quero saber. Vamos terminar a noite desse jeito. Está mais do que perfeita. – falei colocando a mão no rosto dele e tirando em seguida – seja lá o que tenha sido esse beijo, vamos deixar o tempo decidir.

- ok – falou ele com um sorriso – até amanhã – falou ele molhado dos pés a cabeça.

- até – falei vendo ele ir correndo em direção ao carro.

Eu então entrei em casa e fechei a porta. eu respirei fundo e fechei os olhos. Parece que a chuva tinha se tornado algo mais especial ainda para mim.

Comentários

Há 6 comentários.

Por InWorldAlone em 2014-04-26 13:35:39
Hahaha, que capítulo ótimo! Posta o outro □□□
Por dhair em 2014-04-26 11:20:44
posta logo!! vc tem o poder do suspense em???
Por Cyruz em 2014-04-26 03:35:01
Mike o caçador de XYs.
Por NewDoctor em 2014-04-25 23:34:10
Mike, Mike...
Por NillDidas em 2014-04-25 23:14:40
Wowwww... Mike, como disseram em outro capítulo, deve ser filho de Afrodite, kkkk' gosto mto das iniciativas dele.
Por Klaytton em 2014-04-25 20:37:58
Tava demorando, realmente muito bom!!!!!