CAPÍTULO 133: Raízes

Parte da série Paixão Secreta

Eu me levantei cedo na segunda-feira para ir a minha entrevista. Eu achei melhor que Adam, Gray e Steve não soubessem que eu estava procurando emprego porque se não eles iriam me dar a oportunidade e sinceramente eu não queria trabalhar. Eles são ótimos amigos, mas não me vejo mais trabalhando para eles então por esse motivo eu tinha pedido para que Vanessa não contasse nada para ninguém.

- bom dia – falou meu pai quando eu desci as escadas.

- bom dia – falei dando um beijo no rosto dele. – onde está Vanessa?

- já foi trabalhar.

- nossa, ela anda trabalhando muito ultimamente.

- eu sei, eu disse para ela pagar leve no trabalho, mas ela é uma mulher forte e independente.

- eu sei. – falei tomando um gole de suco de laranja.

- animado para sua entrevista?

- sim.

- que horas que é? – perguntou meu pai tomando um gole de suco.

- as 10h00min.

- é em uma advocacia?

- si, a empresa se chama Cohen Brothers.

- eles são judeus?

- sim. são três irmãos que comandam a empresa. Os nomes deles são Seth, Matthew e Gordon.

- você vai fazer entrevista para ser assistente?

- sim, se conseguir a vaga serei assistente de Gordon.

- eu sei que pode parecer preconceito, mas eu fico feliz que você trabalhe com judeus, e o papai ficaria mais feliz ainda se você se casasse com um judeu.

- pelo amor de deus pai. Eu não preciso de mais um sobrenome.

- por falar nisso… porque você não usa seu sobrenome judeu? Sua mãe e eu demos vários nomes para que você não sofresse preconceito na escola, por isso sempre usou o Mickey Fox Fabray. Agora você já cresceu. Você me deixaria orgulhoso se começasse a usar seu sobrenome judeu, a não ser que você tenha vergonha.

- eu não tenho vergonha pai, é que eu acho tão difícil dizer meu nome inteiro. Eu sei de cor e sempre assino ele, mas as outras pessoas não sabem nem como pronunciar.

- mas é tão fácil – falou meu pai.

- Pai, meu nome completo é Mickey Judah Fox Fabray Zebulun Krigsman Klutz Perl Amzalag. Como diabos eu posso usar esse nome?

- nós iriamos colocar apenas alguns sobrenomes, mas seu avô insistiu em colocar todos os sobrenomes para homenagear seus bisavós que morreram nos campos de concentração.

- eu sei. – falei me sentindo triste eu não gostava de lembrar-se daquela época.

- mas eu não posso usar nove nomes.

- é fácil Judah, não é preciso usar todos, escolha dois sobrenomes. Além do mais se você conseguir o emprego não tem o porquê de ter vergonha e esconder suas raízes.

- não é esconder pai… olha… quer saber? Vou usar sim meu sobrenome.

- que bom.

- ok, a partir de hoje meu nome é Mickey Judah Zebulun Amzalag. Esse é o sobrenome que eu vou usar.

- fico feliz – falou meu pai me abraçando.

- eu não sabia que significava tanto assim pra você pai.

- significa muito.

- tudo bem. Eu uso o sobrenome, mas não garanto que me casarei com um judeu, especialmente da empresa, porque eu não quero romance por lá, é exatamente por isso que não quero trabalhar mais com Adam.

- ok, eu respeito você. seja lá com quem você namorar ou se casar eu vou ficar feliz que faça parte da minha família.

- obrigado – falei terminando o leite.

Meu celular tocou na hora e eu o atendi.

- alô?

- bom dia Mike, é o Adam.

- bom dia Adam, tudo bem?

- ótimo, e você?

- tudo ótimo.

- Mike será que você teria um tempinho para vir aqui hoje?

- pode ser na parte da tarde.

- era melhor que fosse antes da sua entrevista de emprego.

Eu fiquei em silêncio por alguns segundos quando ele disse aquilo. Como ele sabia? Tinha certeza que ele soube pela Vanessa.

- pode ser. Eu posso ir agora por que minha entrevista é ás 10h00min.

- fica esperando porque o Gray está quase chegando á sua casa.

- tudo bem.

- até daqui a pouco.

- até – respondi desligando o celular. – o Adam sabe sobre a minha entrevista a Vanessa deve ter contado.

- na verdade foi eu – falou meu pai.

- pra que pai? Eu disse pra não contar a ninguém.

- eu sei, mas eu pensei que talvez você quisesse voltar a trabalhar lá. Eu não sabia que tinha seus motivos, me perdoa.

- tudo bem, o Gray está chegando, te vejo a noite. – falei me levantando.

- shalom – falou meu pai.

- shalom – respondi.

Eu me arrumei rapidamente para a entrevista e logo Gray veio me buscar e entes de chegarmos a empresa ele resolveu me perguntar.

- porque você não quer mais trabalhar conosco?

- não é nada pessoal Gray é só que eu preciso mudar e ares.

- é porque você e Adam transaram?

- você sabe disso?

- todo mundo sabe disso, a assistente dele fez fofoca e em menos de três horas todo mundo da empresa sabia. O Adam a demitiu no dia seguinte.

- mais um motivo para eu não trabalhar com vocês.

Nós chegamos a empresa e assim que chegamos ao 20º andar encontrei todos os sócios da empresa. Adam, Steve, Xavier, Vanessa e Roman.

- bom dia – falei entrando no andar.

- bom dia – responderam todos.

- então, o que eu estou fazendo aqui?

- vamos para minha sala – falou Adam.

Nós todos entramos na sala de Adam e eu como sempre me sentei de frente a ele.

- bom Mike, o motivo de estarmos aqui é uma oferta de emprego.

- olha, eu não…

- ouça a oferta de emprego antes de dizer não.

- ok – falei respirando fundo.

- eu quero te oferecer seu antigo emprego. O mesmo salário, os mesmos benefícios e a mesma carga horária. Vai ser como se nunca tivesse saído daqui.

- olha… muito obrigado mesmo pela oferta, mas eu vou recusar.

- é porque nós dois tivemos um caso. – falou Adam.

- será que podíamos não falar sobre isso.

- todo mundo já sabe.

- mesmo assim – falei olhando para Roman pelo canto do olho. Ele não demonstrava reação, ele já sabia que Adam e eu tínhamos transado, mas ele não sabia que tínhamos feito isso outras vezes depois que nós terminamos. – um dos motivos é esse Adam.

- não tem problema, ninguém se importa.

- eu me importo Adam, eu e você fizemos sexo, Roman e eu somos ex-namorados, Steve tentou suicídio por minha causa, Gray e eu fizemos sexo, uma vez a mais de um ano, mas nós fizemos. Quer dizer, não teria problema se eu tivesse relacionamento com apenas um de vocês, mas eu fiz sexo com praticamente todos, exceto Xavier. Eu não me sinto confortável trabalhando aqui.

- mas aqui você já conhece todos, já sabe os procedimentos e sabe que todos te tratamos bem. Em outra empresa você vai começar do zero. – falou Adam.

- eu estou disposto a correr esse risco Adam.

- eu te dou um aumento de 25% no seu salário.

Eu fiquei sem dizer nada.

- pode me oferecer o valor que você quiser Adam, eu não quero trabalhar aqui.

- acho que devemos respeitar a escolha dele – falou Roman.

- eu me ofereço para pagar seus estudos. – falou Adam.

- eu não quero seu dinheiro Adam.

- não sou eu, a empresa oferece bolsas de faculdade para os funcionários que se destacam e você se destacou por muito tempo. A empresa vai pagar seus estudos, materiais e uma ajuda para o curso que você escolher.

Eu confesso que fiquei tentado a essa oferta.

- não responda nada – falou Adam – vá para a entrevista e veja a proposta que eles te fazem e depois escolha a melhor.

- ok – falei olhando para ele me levantando e apertando a mão dele.

- pense na oferta e me ligue quando se decidir.

- ok – falei me virando e me despedindo de todos. Eu sai da sala e vi que alguém foi atrás de mim. Era Roman.

- Mike espera – falou ele segurando meu braço e eu me virei.

- o que foi?.

- eu queria me desculpar pela história do colar e queria dizer que eu encontrei o seu broche.

- eu disse que não precisava.

- pegue – falou ele colocando na camisa que eu usava – vai dar sorte na sua entrevista.

- você não quer que eu trabalhe aqui?

- eu quero o melhor para você.

- obrigado – falei passando a mão na camisa alisando o local do broche.

- de nada – falou Roman segurando meu rosto em suas mãos e me dando um beijo na boca, mas eu não correspondi e me afastei.

- o que você está fazendo? – falei limpando minha boca.

- eu pensei que era o que você queria.

- isso é machismo. Nem todo mundo quer ser beijado de surpresa a toda hora, nós não temos mais nada, nem amigos nós so0mos e você está em um relacionamento.

- eu sei, mas eu pensei que você ainda gostasse de mim.

- não, eu não gosto mais de você e se eu gostasse eu não gostaria de ser seu amante. Parece que você não me conhece Roman, você sabe o que eu quero da vida e ser “a outra” não é uma questão a ser discutida.

- me perdoa Mike.

- passar bem Roman – falei me virando e apertando o botão do elevador.

Logo ele apareceu e em pouco tempo eu estava fora daquele prédio. Eu não queria trabalhar com Adam, mas aquela oferta parecia ser uma porta para meu futuro, eu estava em conflito. O jeito era ir para a entrevista e depois eu analisaria a melhor oferta.