CAPÍTULO 12: Uma Noite Difícil de Trabalho

Parte da série Paixão Secreta

O Jantar estava marcado ás 21h00min em um restaurante grã-fino, um dos melhores e mais caros da cidade. Eu fui de carona com Adam e no caminho falamos sobre o que a noite prometia.

- é muito dinheiro envolvido – falou Adam parando no sinaleiro.

- eu imagino.

- pra você ter uma ideia Mike eu estou vendendo quase metade das minhas ações porque mesmo com metade o valor delas vão triplicar. – falou Adam – a empresa vai crescer bastante.

- eu vejo que tenho uma responsabilidade nas mãos.

- Mike, juro que se você conseguir essa noite eu te dou um beijo na boca.

- que é isso. – falei tentando mudar de assunto. – não quero essa oferta.

- haaaa, para com isso Vai dizer que não vai querer?

- vejamos a outra proposta ai eu penso. – falei.

- para de disfarçar você quer um beijo meu faz tempo – falou ele – eu sei que você gosta de mim.

Eu senti um calafrio no corpo quando ele disso aquilo.

- tá ficando doido? – falei tentando parecer brincalhão e levando na brincadeira o que ele disse.

- Mike eu sou advogado entender e perceber o que as pessoas querem e precisam é meu trabalho. Você é caidinho por mim. Eu sei que pode parecer clichê o gay se apaixonar pelo amigo hetero.

Eu fiquei sem graça quando ele disse isso e não consegui responder eu apenas olhei a paisagem virando o rosto.

- não fica sem graça, eu não importo, na verdade fico honrado.

Eu não disse nada, estava muito envergonhado.

- pelo amor de deus não fica calado me deixando falar sozinho, eu acertei ou apenas estou me achando demais?

Eu criei coragem e olhei para frente e falei.

- acertou.

- não fica com vergonha – falou ele – eu sei que você não escolhe por quem se apaixonar, pra você deve ser pior que vai ter que conviver com essa paixão até ela desaparecer.

- verdade – falei.

- mas é o seguinte, essa é sua motivação, se você conseguir eu te dou um beijo.

- é o meu trabalho – falei – não quero que me de nada.

- deixa de bobeira, só estamos nós dois aqui. Eu já te disse que te considero um amigo, você não me considera?

- considero.

- pois bem, se você conseguir que ocorra tudo bem essa noite eu te dou um beijo, mas não é um selinho não, te dou o beijo que você merece. Vou te dar o beijo que vai fazer você esquecer seu namorado babaca que te traiu.

Minhas pernas começavam a tremer com aquele assunto.

- tudo bem – respondi.

- tudo bem – falou ele. – fica combinado.

Nós finalmente chegamos á porta do restaurante e assim que saímos o manobrista pegou a chave com Adam estacionou o carro. Nós entramos no restaurante e vimos Steve, Gray e Vanessa sentados à mesa.

Nós fomos até eles. Nos cumprimentamos e conversamos um pouco para quebrar o gelo.

- quantas horas? – perguntei nervoso.

- 21h10min – falou Gray.

Eu respirei fundo.

- acho que não vou conseguir. Eu fiquei a tarde inteira treinando o nome dele: Dr. Kröhling e se quando eu disser eu pronunciar errado? Eu sou judeu, vocês sabem o que aconteceu da última vez que um alemão ficou irritado com um judeu.

- relaxa – falou Xavier. – vai se sair bem.

Eu não tinha ido de terno a pedido de Adam, isso me faria parecer mais confortável e menos um homem de negócios.

Eu todos olharam para entrada de repente eu olhei vendo um homem entrar pela porta. Ele veio em direção ao nossa mesa com um sorriso no rosto. Um homem de pele branca, olhos azuis, cabelos loiros bem claros e uma barba da mesma cor. Seus dentes eram lindos e os caninos pontudos o que deixava ele com um sorriso muito atraente. Ele veio em nossa direção. Dr. Fritz – falou Adam se levantando e apertando a mão dele.

- há quanto tempo – falou Fritz.

Todos se levantaram e o cumprimentaram. Inclusive eu.

- boa noite – falei.

- boa noite – falou ele apertando minha mão. Ele tinha claramente o sotaque alemão.

Todos nos sentamos. A ordem na mesa ficou a seguinte Adam-Gray-Steve-Vanessa-Mike- Xavier-Fritz-Adam. A conversa logo começou.

- então – falou Fritz – imagino que já tenham comido e que já querem falar de negócios.

Todos riram.

- claro que não – falou Adam rindo.

- não me venham com essa – falou Fritz em tom de brincadeira – vocês grandes homens e mulheres – falou olhando para Vanessa – de negócios só pensam em suas empresas e aumentar os lucros.

- nós pensamos também em uma boa refeição – falou Gray.

- vamos pedir algo para beber. – falou Xavier pegando o menu e logo todos a mesa fizeram o mesmo.

Cada um escolheu sua bebida e eu claro, não pedi bebida alcoólica.

Todos conversavam sobre tudo, negócios, família, dinheiro, comida e eu tentava me concentrar no que diria para Fritz quando ele se dirigisse a mim, mas a conversa com Adam no carro também vinha a minha mente de vez em quando e eu viajava em minha mente até que a conversa chamou minha atenção.

- e então Adam, você trouxe o funcionário que eu te pedi?

- sim – falou Adam me mostrando – esse é Mickey, meu assistente, ele trabalha comigo a cinco anos.

Eu dei um sorriso quando todos olharam pra mim.

- Mickey? – falou Fritz. – igual ao desenho animado?

- ele já deve ter ouvido isso muitas vezes – falou Steve fazendo todos rirem. Pela primeira vez na noite ele tinha feito algo de bom pra mim fazendo com que todos se descontraíssem um pouco, eu torcia para não precisar dizer o nome dele.

- Mike, você trabalha há cinco anos para eles?

- sim senhor.

- o que você pode me dizer? Você aprendeu muito todo esse tempo na empresa?

- é o meu primeiro emprego senhor. Tudo o que aprendi foi na trabalhando com eles.

- isso é bom. Criar raízes. – falou ele sorrindo pra mim. – esse rapaz Adam – falou ele apontando pra mim – é ele que vai me fazer mudar de ideia sobre vocês. O que ele me disser hoje vai pesar muito na minha decisão.

Até Fritz jogava a responsabilidade de tudo em mim.

Logo o garçom veio para anotar os pedidos. Todos disseram o que queriam e eu como nunca tinha comido lá, pedi ao garçom que me fizesse uma recomendação e ele me falou sobre uma comida que tinha carne de porco.

- tem algo que não tenha sido feito com carne de porco? Na verdade eu preciso que você me garanta em nada que eu pedir tenha vestígios de porco. Eu não posso, sou judeu – falei isso olhando para todos os lados menos para Fritz, ele é alemão e poderia levar aquilo como uma indireta.

Logo fiz o pedido e todos voltaram a conversar. Eu ficava apenas com um sorriso no rosto concordando com tudo o que eles diziam, eu ria quando eles riam, ficava sério quando o eles ficavam sérios, aquela cena parecia uma piada.

A comida chegou e logo que comemos todos pediram algo para beber, não sei o nome, mas Fritz recomendou um vinho que custava um mês de salário meu e claro, Adam fez o pedido.

Logo que o vinho chegou o garçom serviu para todos, mas na hora de colocar na taça de Fritz ele disse que não queria.

- perdão, eu não vou beber com vocês, agora vocês vão ter que dar licença para mim e para Mickey, nós iremos nos sentar no bar para conversarmos.

Eu arregalei o olho, mas logo voltei ao normal.

- claro – falou Adam. – fiquem a vontade.

Eu me levantei quase que tremendo, mas eu tentava me controlar.

Nós andamos em direção contrária do restaurante e nos sentamos no bar um do lado do outro.

- um Martini por gentileza – falou Fritz.

- um água com gás. – falei.

- água? Nós vamos falar de negócios e você nem vai beber comigo? Eu preciso ser convencido, você vai me convencer se beber junto comigo.

- tudo bem. – respondi.

- outro Martini, por favor – falou Fritz. – então Mickey. Posso te chamar de algum outro nome?

- Mike – respondi.

- ok Mike, você podem e chamar de Fritz também, não é porque eles são ricos e donos da empresa que eles têm o privilégio de me chamar pelo nome.

- tudo bem.

O barman trouxe os Martines.

- com licença, eu posso fumar aqui? – perguntou Fritz para o barman e ele disse que sim.

Fritz pegou a carteira de cigarros, colocou um na boca e acendeu.

Eu fiquei olhando pra ele, fazendo aquilo e quando ele me olhou eu disfarcei.

- o que foi? – perguntou ele – você por acaso tem asma ou algo?

- não é isso.

- o que foi? – perguntou ele.

- não é nada.

- pode falar, estamos longe deles eu sei que eles devem ter te mandado me chamar formalmente e ser o mais direto possível. Fica tranquilo, eu não sou um bicho.

- é que, o senhor não é médico?

Ele assoprou ao fumaça e olhou para mim.

- bom, acho que acabei de perder um possível paciente. – falou ele com um meio sorriso.

- perdão por me intrometer. – falei.

- relaxa – falou ele. – eu já te disse não sou um bicho, não vou te morder.

- ok – falei.

Nós tomamos um gole do Martini e ele repousou o cigarro no cinzeiro.

- então Mike. Você trabalha cinco anos para eles?

- sim.

- você se arrepende de trabalhar para eles? Você mudaria de emprego?

- não senhor, pra ser sincero, nem por uma oferta de salário maior, como o senhor disse eu já criei raízes.

- que bom, isso mostra que você é uma pessoa de confiança – falou ele pegando o cigarro outra vez. – sabe porque eu insisti em fazer isso? Conhecer um funcionário deles?

- não senhor.

- eu penso o seguinte, em uma empresa, quem deve estar sempre satisfeito?

- o cliente? – falei me arriscando.

- não. Os funcionários. Raciocine comigo – falou dando uma tragada e assoprando a fumaça e em seguida apagando o cigarro. – se pensarmos sempre em tratar bem o cliente esquecemos dos funcionários e isso prejudica a empresa internamente e logo reflete de fora. Se os funcionários estiverem sempre satisfeitos e trabalharem com amor eles vão sempre estar motivados a fazer o melhor e tratar bem o cliente.

- o senhor está certo, dessa maneira não ficamos focados em apenas um deles esquecendo do outro.

- exatamente – falou tomando um gole do drink e eu fiz o mesmo.

- você tem quantos anos? – perguntou Fritz.

- 22.

- você parece ser um rapaz maduro e responsável para sua idade, está de parabéns.

- obrigado.

- sabe o que eu achei incrível? Eles deixarem você sentar a mesa com você. Posso te contar um segredo?

- pode – falei.

Eu fiz isso com todas as empresas que eu visitei. Disse que tinha gostado delas, marquei um encontro nesse restaurante e pedi um funcionário, essa é a primeira empresa em que o funcionário está sentado á mesa sendo tratado como igual. Nas outros o funcionário geralmente estava aqui no bar ou então ainda não tinha chegado.

- sério? Pra mim isso é tão normal, eles nunca me trataram diferente, especialmente Adam, meu chefe, ele sempre me tratou muito bem.

- sabe, talvez vocês sejam a última empresa que eu faço isso.

Eu dei um gole e um sorriso me sentindo satisfeito.

- só tem mais uma coisa – falou ele.

- o que? – perguntei.

- eu disse para Adam que daria a resposta em duas semanas, se eu compraria as ações ou não, mas eu posso dar a resposta hoje mesmo.

- seria perfeito – falei.

- depende de você – falou Fritz.

- o que eu poderia fazer?

- jantar comigo. – falou ele.

Eu fiquei sem entender. E não disse nada por alguns segundos.

- jantar? – perguntei.

- sim. Eu sei que isso pode parecer antiprofissional, mas estamos só nós dois aqui. Eu gostaria que você aceitasse jantar comigo semana que vem.

Eu olhei bem pra ele e foi ai que eu percebi que ele era gay e estava dando em cima de mim.

Eu namorei Charley por tanto tempo que fiquei enferrujado em paqueras.

Nós estávamos sentados um de frente para o outro com os braços em cima do balcão. Eu com o braço direito e Fritz com o braço esquerdo.

- então. Posso assinar o contrato agora e marcar em minha agenda um jantar?

- pode – falei com um sorriso no rosto.

Disfarçadamente ele chegou sua mão perto da minha e colocou a mão por cima da minha e ficou acariciando ela.

Eu estava envergonhado, mas não podia negar que estava gostando.

- só quero deixar bem claro uma coisa – falou Fritz.

Foi quando eu percebi que talvez aquele fosse um teste. E se ele estivesse conferindo se eu saia com os chefes por aumento e outras coisas, mas agora já era tarde o jeito era escutar o que ele tinha a dizer.

- o que? – perguntei.

- deixo bem claro que você jantando comigo ou não eu vou assinar o contrato hoje com eles. Não precisa aceitar o jantar pensando que eu não irei assinar. Eu vou ser sincero, eu gostei de você, sua simplicidade, o seu jeito, fiquei interessado em você quero que você aceite jantar comigo pelo mesmo motivo.

Eu olhei para ele profundo nos olhos e dei um meio sorriso.

- sim. Eu também gostei de você.

- ótimo – falou ele tirando a mão de cima da minha e pegando um cartão de visitas dele e uma caneta no bolso.

- me fala seu número – falou ele.

Eu falei meu número e ele anotou e colocou no bolso.

- fica com essa caneta pra você – falou ele me entregando. – ela tem meu número, pode me ligar se quiser.

- tudo bem – falei com um sorriso colocando a caneta no bolso.

Ele se levantou e nós fomos até a mesa. Todos olharam para nós dois a medida que nos aproximávamos.

- o vinho está bom? – perguntou Fritz.

- eu amei – falou Vanessa.

- você recomendou o certo. – falou Gray.

- vocês trouxeram o contrato? – perguntou Fritz fazendo todos naquela mesa ficarem sóbrios.

- sim – falou Vanessa pegando uma pasta que ela trouxe e tirou o contrato de dentro e entregou para ele.

- deixa eu me apoiar em suas costas – falou Fritz.

Eu fiquei de costas e ele colocou o contrato nela.

- me empresta a caneta que eu te dei.

Eu peguei a caneta no meu bolso e entreguei pra ele.

Ele apoiou o contrato nas minhas costas e eu o senti visitando todas as folhas e na última ele assinou. Ele apertou o botão da caneta preta com detalhes dourados fazendo a ponta desaparecer e me entregou.

- prontinho.

Adam se levantou e apertou a mão dele.

- bem vindo – falou Adam e todos se levantaram e apertaram a mão dele.

Logo eles pediram a conta e todos praticamente rolaram no chão para decidir quem pagaria a conta.

Eu estava desconcertado com o que tinha acontecido no bar. Parece que o perfume que ele usava tinha ficado em meu nariz.

Logo nos levantamos e fomos até a porta. O relógio marcava 00h22min.

- infelizmente nossa noite acabou eu realmente gostei da empresa de vocês – falou Fritz.

- obrigado pela confiança. – falou Steve.

- segunda-feira então ás 09h00min você vem ao meu escritório para revermos os últimos detalhes do contrato. – falou Adam.

- tudo bem – falou ele apertando a mão de todos e logo o manobrista trouxe o carro dele. ele logo partiu e quando ele se foi todos me parabenizaram.

- você conseguiu – falou Steve.

- parabéns – falou Adam.

- obrigado – respondi – confesso que estava muito nervoso, mas no fim deu tudo certo.

- o que vocês conversaram? – perguntou Gray.

- infelizmente ele pediu sigilo.

- não importa – falou Xavier – o que importa é que você conseguiu.

- você foi responsável por isso – falou Adam – essa nova fase aconteceu graças a você – falou Adam.

- obrigado.

Logo todos se despediram e Adam iria me levar em casa. Tudo o que eu conseguia pensar era em Fritz, eu nem tinha terminado com Charley ainda e já tinha pretendentes. Eu nem lembrava como namorar, paquerar nada disso. Do meu antigo namorado para Charley eu fiquei apenas três dias solteiro, ou seja, fazia quatro anos que não ficava solteiro. Afinal, aquela noite tinha valido a pena. E assim que entrei no carro Adam me parabenizou outra vez e logo começou a dirigir a caminho de casa. E foi quando o eu lembrei da proposta que ele tinha me feito.

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