CAPÍTULO 124: Escolha Certa, Motivo Errado.
Parte da série Paixão Secreta
Foi bom visitar Felix de manhã, mas eu precisava me concentrar no jantar porque se não sairia um desastre. Por volta dás 18h00min eu já comecei a fazer o jantar. Eu arrumei toda a mesa de jantar.
Por volta dás 20h00min chegou a primeira pessoa. Meu pai Stephen foi o primeiro a chegar.
- oi filho – falou ele quando eu abri a porta. – por sorte não havia uma legião de fotógrafos atrás dele.
- oi pai – falei abraçando ele – senti sua falta, que bom que pode vir ao jantar.
Ele me deu um beijo no rosto e eu o mandei entrar.
- eu fui o primeiro?
- foi sim senhor – falei tirando o terno dele e pendurando no cabide.
Logo alguém ligou no interfone.
- é só um chegar e todo mundo chega – falei indo até a porta.
- boa noite – falou Steve.
- boa noite – falou Jay.
- boa noite, onde estão as crianças?
- deixei com a babá.
- vamos entrando – falei saindo frente e os dois entraram.
- Steve, Jay… esse é Stephen, meu pai biológico.
Depois de 15 minutos todos já tinham chegado e por ironia meu pai Larry e Vanessa os dois moradores daquela casa foram os últimos a chegar. Todos estavam jantando e todos elogiavam a minha comida.
- viu pai, o senhor fica curtindo com a minha comida e todo mundo gostou – falei.
- eu paguei pra todo mundo mentir – falou ele.
- pro quarto agora pai, vai dormir sem jantar – falei fazendo todos rirem – bom, eu gostaria de aproveitar que todos estão animados e dar logo a noticia. A única pessoa que sabe é o Adam.
- pois é eu fui a pessoa privilegiada a saber primeiro – falou ele levantando a faça de champanhe e tomando ela toda de uma vez – façam o mesmo porque vocês vão precisar.
- engraçadinho – falei olhando para todos na mesa – bom, eu organizei esse jantar com todas as pessoas que me ajudaram muito esse ano, que sempre estiveram comigo e fizeram parte da minha vida porque vocês significam muito para mim.
- esqueceu do Roman – falou meu pai Larry – ele fez parte da sua vida.
- eu encontrei o George Clooney no aeroporto ano passado, nós conversamos, ele me deu um autógrafo e tiramos um foto e nem por isso ele está aqui.
Todos riam quando disse isso.
- continuando… sem interrupções espero.
- pode continuar – falou Vanessa – não vou deixar esse daqui te atrapalhar mais.
- quer saber, vou falar logo de uma vez: aproveitem o jantar porque no fim desse mês eu estaria viajando para Serra Leoa na África. Eu me inscrevi como voluntário para ajudar os pobres e eu não planejo voltar tão cedo.
Todos fizeram silêncio quando eu disse isso.
- eu avisei que precisariam da taça de champanhe – falou Adam.
- e então? Não vão me parabenizar?
- o que vocês está pensando? – perguntou meu pai Larry. – você vai viajar para África? E me diz isso agora?
- claro, porque devia dizer antes?
- Mike isso é sério – falou meu pai.
- eu sei pasi, eu estou falando sério. Eu não tenho propósito de vida vivendo nos Estados Unidos e eu percebi que vou ser mais útil lá. O senhor não vai me apoiar?
- eu te apoiei a vida inteira e hoje vai ser a primeira vez que eu não te apoio. Eu não vou apoiar o meu filho a ficar não sei quantos anos milhões de quilômetros de distancia de mim por causa de uma crise existencial.
- não é só uma crise existencial pai. é meu propósito de vida.
- desde quando?
- desde… não importa pai. Eu já me inscrevi e vou partir no dia 4.
- pelo amor de deus Stephen – falou Larry se levantando – conversa com o seu filho – meu pai saiu da sala de jantar e subiu as escadas.
- eu não sei o que dizer Mike, quer dizer… o motivo é nobre e o que você está pensando em fazer é lindo, mas não está fazendo pelos motivos certos. Você não pode simplesmente fugir daqui só porque não tem um propósito. E se você se arrepender? – falou Stephen.
- o que há de errado com vocês? O que estou fazendo é algo bom.
- é bom sim Mike – falou Adam – mas não é o que você quer da vida. Isso não é uma escolha do dia pra noite. Se você tivesse planejado com mais tempo talvez fosse mais fácil para todos aceitarem.
- mas é o que eu quero. Não importa o motivo eu pensei que todos vocês fossem me apoiar mesmo que eu estivesse fazendo a escolha certa.
- nós te apoiamos – falou Steve – só que também estamos dizendo que talvez você deva pensar um pouco mais se é isso mesmo que você quer.
- não nos leve a mal – falou Xavier – é só que sabemos como você já sofreu não queremos que você se arrependa de uma escolha.
- eu sei que a intenção de vocês é a melhor de todas, mas vocês podiam me apoiar e dizer tipo: será ótimo.
- converse com seu pai – falou Xavier.
- tudo bem – falei me levantando, mas vocês ficam aqui e terminam de jantar porque eu tive um trabalho danado pra fazer comida para esse “time de futebol”.
Eu então subi as escadas e fui até o quarto do meu pai e abri a porta.
- porque você me odeia? – perguntou meu pai quando eu abri a porta.
- eu não te odeio pai.
Meu pai estava deitado na cama dele olhando para o teto.
- então porque quer ficar longe de mim? Não é como se viajasse para New Hampshire com seu pai Stephen ou Shelbyville com seu tio Roger. Você vai realmente viajar para fora do país.
Eu fechei a porta do quarto e fui até a cama e me deitei do lado do meu pai.
- ei preciso que o senhor aceite pai ou eu não vou conseguir ir sabendo que o senhor vai ficar chateado.
- então é isso. se o único jeito de você não ir é se eu ficar chateado é isso que vai acontecer.
Nós ficamos em silêncio por um bom tempo até que finalmente eu decidi contar.
- pai, eu me apaixonei por um homem casado há seis anos atrás. Esse homem era policial e infelizmente ele morreu. pai eu amava tanto ele eu ainda o amo. Ele era casado porque o pai o obrigou sobre tortura e tudo o que tivemos foi um romance de dois anos sendo que o que eu queria era uma vida inteira ao lado dele. eu não aguento mais viver aqui pensando nele porque tudo o que consigo é sexo, sexo e sexo. Eu nunca mais vou conseguir um relacionamento saudável se eu não sair desse lugar.
Meu pai ficou calado e não disse nada.
- porque nunca me contou isso? – perguntou meu pai depois de alguns minutos de silêncio.
- eu nunca contei isso para ninguém pai. Me dói muito pensar nele. O relacionamento que nós tínhamos era como o do senhor e o da mamãe. Nunca vi um amor mais lindo.
- sinto muito filho – falou meu pai.
- então, será que posso conseguir o seu apoio?
- fazer o que né? Dizer adeus é parte do trabalho de ser pai.
Eu então dei um abraço nele.
- obrigado pai, não sabe o quanto isso significa para mim.
- promete que vai me ligar sempre que puder?
- prometo – falei me sentando na cama – nós vamos sempre nos contatar nem que seja por carta, e-mail sei lá.
- tudo bem – falou meu pai se sentando na cama.
- vamos lá então terminar de jantar?
- vamos – respondeu meu pai.
Nós descemos as escadas e terminamos o jantar e logo em seguida alguns foram beber e outros foram arrumar a cozinha. Ninguém me deixou arrumar a cozinha porque eu já tinha feito o jantar. Eu fique lá na sala conversando com Jay, Steve, Gray e Xavier.
- fico feliz por você – falou Steve.
- obrigado.
- eu gostaria de ter coragem para fazer uma escolha tão corajosa.
- sim – respondi mentindo. Eu sabia muito bem que a motivação disso tudo não era coragem e sim desespero. Um desespero incessante para esquecer de vez aquela minha vida.
Depois das 23h30min todos começaram a se despedir para irem embora. Eu agradeci a presença de todos e logo todas se foram exceto meu pai Stephen que dormiria na minha casa. Apesar de tudo tinha sido um dia perfeito e o jantar tinha um sucesso. Agora eu só aguardava a viagem.