CAPÍTULO 123: Visitantes

Parte da série Paixão Secreta

Steve finalmente tinha saído do hospital e ele estava morando na casa de Jay. Eu realmente estava feliz pelos dois. Steve merecia ser feliz depois de tudo o que sofreu. Ele merecia alguém bondoso, que o compreendesse e Jay parecia ser a pessoa certa para ele e foi por esse motivo que eu marquei um jantar na minha casa. Eu tinha convidado Gray, Xavier, Steve, Jay, Adam, Stephen e Denny. Eu iria contar para todos que em menos de 22 dias eu viajaria para a África.

Meu motivo podia não ser dos mais nobres, afinal estava fugindo de tudo. Não aguentava mais viver na sombra de Felix. Tudo o que olhava me lembrava ele. Todos os homens que estiveram comigo depois dele me lembravam ele. O amor realmente não estava ao meu favor e que se dane a porcaria do karma que me daria uma recompensa, estava demorando demais e eu não estava disposto a viver uma vida de sexo sem sentido.

Era sempre a mesma coisa, eu ficava com tesão, fazia sexo e depois sentia um vazio dentro de mim. Eu estava literalmente me arrependendo de fazer sexo porque o sentimento que me possui depois era um sentimento ruim como se minha vida não valesse nada depois da gozada. Depois de uns três dias arrependido eu começava a ficar com tesão e o ciclo se se repetia. Isso não iria mudar a não ser que eu ocupasse minha mente com outras coisas. Parece que quando Felix morreu ele levou minha essência de viver. Só deus sabe o quanto eu amei aquele homem. Eu literalmente não tinha motivos para viver, eu não tinha sonhos, nem vontades nem desejos. Eu era um ser humano sem utilidade nasce mundo. E isso iria mudar no momento que eu viajasse.

Eu acordei naquela manha de sexta-feira animado. Realmente a viajem estava me dando uma nova perspectiva de vida. Eu tomei meu banho cantando “Last Friday Night” da Katy Perry então dá pra ser uma ideia de como eu estava animado.

- bom dia – falei descendo as escadas. Meu pai estava sentado lendo seu jornal e Vanessa estava sentada ao lado dele tomando café da manhã.

- bom dia – falou meu pai me dando um beijo no rosto.

- bom dia – falou Vanessa com um sorriso – parece que alguém acordou feliz.

- sim, estou animado para o jantar e o anuncio que eu farei.

- estou ansioso por esse anuncio – falou meu pai.

- eu fiz seu café da manhã – falou Vanessa.

- obrigado – falei me sentando em frente às panquecas que pareciam deliciosamente saborosas. Eu comi todas elas com mel e chocolate.

- vou trabalhar – falou meu pai dando um beijo na boca de Vanessa.

- também já vou – falou Vanessa.

- até a noite gente, por favor não se atrasem.

- tudo bem filho – falou meu pai me dando um beijo de despedida. – você que vai fazer o jantar?

- eu mesmo.

- amor, é melhor nós nos encontrarmos em um restaurante antes de vir – falou meu pai para Vanessa.

- muito engraçado pai, mas lembra-se que o senhor é só mais um convidado e eu posso desconvidar e te obrigar a ficar dentro do quarto todo jantar.

- não está mais aqui quem falou.

- até mais – falei mandando beijo para os dois.

Os dois foram trabalhar e depois que eu tomei o café da manhã eu comecei a arrumar a cozinha e foi quando eu ouvi o meu celular tocando lá no alto.

Eu sai correndo e consegui atender o celular antes que ele parasse de tocar. Era um número desconhecido.

- alô.

- oi, eu estou falando com o Mike?

- é ele. Quem fala?

- é o Dean.

Eu tinha me esquecido do Dean e de tínhamos combinado de ir ao cemitério visitar Felix.

- oi Dean.

- tudo bem com você Mike?

- tudo ótimo e você?

- estou bem. então eu queria saber se você vai mesmo ao cemitério porque eu estou pensando em ir agora de manhã.

Logo hoje que eu tinha tantas coisas para fazer, mas eu não conseguiria dizer não.

- tudo bem. Que horas você vai?

- se você puder me encontrar daqui uma hora em frente ao cemitério.

- eu posso sim.

- tem certeza? Eu não quero te atrapalhar.

- tenho sim. Pode me esperar.

- até daqui a pouco – falou ele.

- até – falei desligando o celular.

Eu então troquei de roupa rápido e chamei um taxi que me deixou em frente ao cemitério. Ao pagar a corrida e sair do taxi eu vi Dean parado.

- bom dia – falou ele me dando um aperto de mão.

- bom dia – falei com um sorriso.

Nós então entramos no cemitério e fomos andando.

- esse cemitério está tão diferente – falei – parece que a seis anos atrás não estava tão cheio.

- concordo – falou Dean – muitas pessoas morrem todos os dias e esse lugar ficou cheio.

- pois é, mas você se lembra o local onde ele está enterrado?

- sim. – falou Dean - você se lembra do dia do funeral certo? Se lembra que não tinha muitas pessoas?

- lembro sim.

- o funeral era apenas para familiares e alguns amigos, Felix deixou especificado assim.

- então porque eu consegui?

- porque você acha?

A resposta veio logo. Às vezes eu tinha impressão de que Felix planejava mais a morte dele do que a nossa vida juntos.

- eu sei o que está pensando – falou ele virando para a direita – você acha que ele planejou mais a morte do que a vida.

- exatamente.

- mas a vida de um policial é assim mesmo. Especialmente policiais que trabalham disfarçados. Nós nunca sabemos se vamos chegar em casa quando saímos de manhã.

- eu entendo. Às vezes as escolhas que fazemos para nossa vida nos colocam em perigo.

- verdade – falou ele parando em frente um túmulo.

Felix Lawson Conroy, Marido amado, pai dedicado.

- eu nem me lembrei de trazer flores – falou Dean.

- eu também não, mas de qualquer jeito não vai fazer diferença, Felix odiava flores. Na verdade ele era alérgico a maioria delas.

- então não vai fazer mesmo diferença – falou ele.

Nós ficamos em silencio por alguns segundos e eu tirei algumas folhas secas de cima da lápide dele.

- essa frase foi para você, não foi?

- foi sim. É nossa música.

- vocês se amavam muito…

- eu o amava mais do que minha própria vida. De fato eu levaria uma bala por ele – falei limpando meus olhos. As lágrimas eram invitais.

Dean então me abraçou.

- ele está em lugar melhor e com certeza muito feliz de saber que você finalmente veio visita-lo.

- eu não tive coragem de vir antes.

- eu sei como é difícil ver a pessoa que você ama ser enterrada.

- pois é – falei olhando para Dean e ele usou os polegares para limpar meus olhos.

Eu então olhei para a lápide dele outra vez.

- eu tenho novidades – falei saindo dos braços dele.

- quais?

- daqui a alguns dias eu vou viajar para a África.

- a passeio?

- não. Eu entrei em um programa de trabalhadores voluntários.

- sério? Tem certeza mesmo que quer ir?

- sim. E pra te dizer a verdade o Felix é o motivo de eu ir. Eu não aguento mais ter o legado dele em volta de mim. Ele me assombra em todos lugares e todas as pessoas que eu conheço.

- não tome decisões precipitadas – falou Dean – quem sabe você não consegue superá-lo.

- já se passou seis anos e a dor é a mesma. Eu consigo evita-lo por um bom tempo, mas não importa o quanto eu tente fugir das lembranças dele. Ele me assombra outra vez.

- ok – falou Dean olhando para a lápide também – mas antes de ir procure me visitar para passarmos um fim de semana juntos. Nós podemos falar bastante sobre Felix. Você, minha esposa, minha filha de cinco anos de idade e eu. Podemos passar um fim de semana incrível. Tenho fotos de Felix, vídeos de quando ele ia a festas na minha casa.

- eu vou tentar. Prometo. É muito doloroso pra mim.

- ok – falou Dean – mas ele gostaria de saber que eu estou cuidando do garoto dele.

- tudo bem – falei rindo, achei fofo ele me chamar de garoto do Felix.

Nós ficamos um bom tempo apenas olhando a lápide e depois de uns 20 minutos decidimos ir embora.

Ao chegar na porta do cemitério ele chamou um taxi para mim e logo o taxi chegou.

- então é isso – falou ele – foi um prazer te conhecer Mike.

- igualmente – falei apertando a mão dele.

- você tem o meu endereço. Não precisa nem ligar, se um dia você quiser ir, é só ir. Eu vou te receber de braços abertos.

- obrigado – falei entrando no taxi.

- até – falou ele acenando e eu acenei enquanto meu taxi se afastou.

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