CAPÍTULO 120: Descanse Em Paz
Parte da série Paixão Secreta
Eu nem acreditei quando Gray me disse que Steve tinha acordado. Eu senti uma alegria dentro de mim como se o que Leo me disse sobre Karma e recompensa finalmente fizesse sentido.
- promete que vai voltar? – perguntou meu tio me dando um abraço no aeroporto.
- prometo sim tio, muito obrigado por tudo, por ter me hospedado por aguentar meus ataques.
- que nada, foi um prazer te ter aqui – falou ele me abraçando outra vez.
- manda um abraço para o Leo, eu me despedi dele antes de sair, mas manda um outro abraço mesmo assim.
- mando sim.
- dê um abraço na Gwen no Peter na Katty e no Joe. Diz para eles que as condições a qual eu fui embora exigiram que eu fosse rapidamente, mas diz que eu vou voltar.
- fica tranquilo, eles vão receber essas mensagens.
- e você e meu primo tratem de passar alguns dias lá conosco também.
- nós vamos sim, prometemos. – meu tio então apertou a mão de Gray. – um prazer te conhecer Gray, quem sabe na próxima vez que nos encontrarmos nós tenhamos mais tempo.
- vou ficar ansioso – falou Gray.
- boa viagem para vocês – falou meu tio enquanto entravamos para a sala de embarque. Lá nós esperaríamos o nosso voo.
- você podia ter me ligado Gray, não precisaria vir até aqui.
- eu queria te dar essa noticia pessoalmente.
- eu estou tão feliz.
- hoje está sendo um dia ótimo.
- mas ele não acordou não foi ontem?
- foi sim, quer dizer… foi por volta da meia noite.
- a bom – falei passando pelo detector de metais.
Eu fiquei parado esperando Gray e logo nós dois seguimos para a sala de espera. Eu nem estava levando malas, apenas minha mochila que eu levava nas costas mesmo que só tinha algumas coisas.
- nós vamos chegar lá muito tarde, o voo sai que horas? – perguntei me sentando e Gray se sentou ao meu lado.
- ele sai ás 19h10min, nós vamos chegar lá por volta das 01h00min da manhã. Seu pai vai nos buscar de carro. Eu deixei meu carro na sua casa e de lá eu vou para a minha.
- porque meu pai mesmo não veio?
- eu quis vir. Eu sabia que você ia gostar e eu mesmo quis trazer a noticia.
- ok. Nós vamos direto para o hospital amanha bem cedo certo?
- o horário de visitas é só ás 15h00min, vamos ter que esperar até à tarde.
- que droga, eu estou muito ansioso.
Depois de alguns minutos esperando foi anunciado que o embarque para San Diego iria se iniciar no portão C em poucos minutos. Nós fomos para a fila e esperamos até que finalmente entramos na aeronave.
O voo foi longo e como eu estava ansioso eu não consegui dormir então eu fiquei acordado todo o tempo. Já Gray dormiu como um bebê quase toda a viagem.
Por volta dás 23h00min o avião ficou muito silencioso. A maioria das pessoas foi dormir. Algumas estavam lendo e outras simplesmente sem fazer nada. Eu estava nesse grupo.
- com licença – falou um homem chegando ao lado da minha poltrona, que ficava no corredor. Gray tinha ficado com a janela.
- oi – falei olhando para ele.
- desculpa te incomodar, mas você é Mike? O garoto da TV?
- suponho que sim.
- eu estou morrendo de vergonha, esperei as pessoas irem dormir para criar coragem e falar com você, não estou te incomodando… ou estou?
- não, fica tranquilo.
- eu queria te pedir uma coisa, mas acho que vai soar meio estranho.
- o que? Uma foto?
- eu na verdade queria conversar com você. – falou ele com um sorriso sem graça.
- conversar?
- sim, mas se for te incomodar eu volto para meu lugar e te deixo em paz.
- não… tudo bem é só que é meio estranho.
- eu avisei que seria um pedido estranho.
- tudo bem. eu converso.
- vem aqui, eu estou sentado sozinho. – falou ele indo lá para trás.
Eu olhei para Gray que estava com os olhos fechados e fiquei sem jeito de chama-lo então eu simplesmente decidi deixa-lo lá e seguir aquele estranho até o fundo do avião. Realmente eu não tinha juízo. Eu costumava tomar decisões por impulso. Depois não sabia o porquê de tantos problemas.
Ele estava sentado seis bancos atrás de onde estava.
- pode sentar na janela – falou ele esperando eu me sentar. Em seguida ele se sentou ao meu lado.
- então você quer só conversar? Tipo… qualquer assunto?
- não – falou ele meio sem graça – eu nem sei se você vai se lembrar de mim.
- eu te conheço?
- conhece. Bom… não é bem conhecer, mas nós já nos vimos umas três vezes. – falou ele se arrumando na poltrona – meu nome é Dean McCormick eu sou policial em San Diego.
- policial? – eu falei isso me lembrando na hora do Felix.
- sim. Eu era amigo do Felix. Você se lembra dele?
- lembro sim – falei sentindo um frio na barriga. Eu não gostava de lembrar-se do Felix.
- não sei se você se lembra, mas fui eu quem te deu a noticia sobre a morte do Felix aquele dia que você chegou à delegacia.
- é verdade. Acho que me lembro de você. Eu nunca vou esquecer aquele dia.
- eu sei – falou ele olhando para baixo – foi por isso que eu nunca esqueci você.
- é muita coincidência termos nos encontrado.
- é sim. Eu nem vivo mais em San Diego eu na verdade estou apenas de viagem para visitar os amigos de quando eu era policial em San Diego.
- sério? Você vive onde? Em Shelbyville?
- não. Na verdade eu vivo em Ohio, mas meu voo fez conexão aqui em Shelbyville.
Eu olhei para fora da janela e meu humor tinha mudado um pouco porque eu realmente não gostava de falar em Felix.
- eu te vi no jornal – falou ele chamando minha atenção – o herói que salvou cinco vidas.
- sou eu – falei sorrindo.
- quando eu vi seu rosto pela primeira vez eu tive a impressão de que eu te conhecia de algum lugar, eu fiquei dias tentando lembrar de onde eu te conhecia e foi quando eu me lembrei que você era amigo de Felix. Você foi aquele dia na delegacia e foi uma das pessoas que também esteve no funeral.
- foi muito triste aquela época.
- foi sim.
Nós ficamos em silencio por alguns minutos.
- eu sei que você é Felix eram mais que amigos.
Eu levei um susto quando ele disse isso.
- do que você está falando? – falei tentando desviar do assunto.
- não negue – falou ele – Felix falava muito de você e quando eu vi você na TV eu na hora encaixei as peças.
- você sabe que eu vou negar até o dia da minha morte se isso vazar não sabe?
- sei sim – falou Dean – mas eu não quero conversar com você porque eu quero vazar alguma coisa na mídia ou algo parecido. Eu só queria que você soubesse que o Felix gostava muito de você. Ele sempre falou bastante sobre você. Eu era o melhor amigo dele é claro por isso ele sempre falava de você, perto dos outros policiais ele nem tocava no seu nome.
- sério? – falei me sentindo um pouco mais animado. Eu gostava de saber que Felix falava de mim ara o melhor amigo. Isso mostrava que eu significava muito para ele. – eu também gostava muito dele… gosto na verdade. Pra ser sincero com você ter perdido o Felix arruinou cada relacionamento que eu tive na vida até hoje. Eu passei meses tendo pesadelos com Felix e todo o relacionamento que eu tive até hoje não deu certo por causa dele.
- eu não sabia que vocês eram tão ligados…
- nós éramos.
- sinto muito – falou Dean – deve ter sido mais difícil para você do que para a família dele.
- por falar nisso… a família dele se mudou?
- sim. Depois do falecimento dele a esposa e os dois filhos pequenos se mudaram, mas eu não sei para onde.
- é uma pena. Felix gostava tanto dos filhos.
- é sim – falou Dean parecendo deslocado.
- você está bem? – perguntei – parece distraído.
- não é nada – falou ele forçando um sorriso. – é difícil pensar nele e em tudo o que ele deixou para trás, mas acho que de tudo o que ele mais deve ter sentido falta foi de você.
Eu fiquei em silencio e apenas olhei para fora. Nós ficamos em silêncio durante mais ou menos quinze minutos. Ambos pensando em algo.
- quer saber? – falou ele se levantando. Ele foi até a mala pegou um papel e uma caneta e voltou a se sentar. – que se dane – falou Dean – vou anotar meu endereço – falou ele escrevendo algo no papel – quando você puder você pode passar uns dias lá na minha casa. Eu e minha esposa vamos ficar felizes de te receber. Nós poderemos conversar mais sobre o Felix tenho tantas histórias que podia te contar e você pode me contar sobre o tempo que ficaram juntos.
- tudo bem – falei pegando o papel. Ele morava na cidade de Cincinnati em Ohio.
- quando puder é só me ligar, eu te busco no aeroporto – falou ele mostrando dois números de celulares anotados.
- ok – falei dobrando o papel de colocando no bolso.
- vai mesmo, Felix iria gostar de saber que você me conheceu. Nós éramos grandes amigos. Não deixe suas últimas lembranças de mim e dele serem no enterro.
- eu vou sim – falei – obrigado mesmo por ter conversado comigo, significou muito.
- quer saber, eu vou visitar Felix no cemitério antes de ir embora, se você quiser vir comigo…
- quero sim.
- qual o seu número? – perguntou ele pegando o celular. Eu passei meu número para ele. – ok. Eu vou te ligar para nos encontrarmos lá tudo bem?
- tudo bem. – falei me levantando – obrigado mesmo Dean – falei apertando a mão dele.
- foi bom te conhecer – falou ele com um sorriso.
- o mesmo – falei sorrindo e voltando ao meu lugar. Eu me sentei ao lado de Gray que ainda dormia como uma pedra.
Eu escorei minha cabeça e fiquei pensando em Felix e então finalmente consegui tirar um cochilo que eu tanto merecia.