CAPÍTULO 103: Mr. Roboto
Parte da série Paixão Secreta
Na sexta-feira eu acordei ás 07h00min da manhã, tomei meu banho, escovei meus dentes e depois de vestir minha roupa eu desci ás escadas.
Meu primo estava lá fora colocando comida para os porcos. Eu sabia disso porque quem já esteva em uma fazenda sabe a barulheira que os porcos fazem quando estão comendo. Meu tio estava sentado á mesa na cozinha sem camisa e tomando um copo de leite.
- bom dia – falou ele quando eu cheguei.
- bom dia – respondeu ele.
Meu tio tinha um bronzeado porque seu peito era mais claro que o resto do corpo, não tinha muitos pelos e os que tinham eram loiros como o restante do corpo. E meu tio tinha um corpo definido e muito bonito, não me admirava que ele estava sempre namorando, como disse meu primo Leo.
- ei menino para de olhar pra mim desse jeito sou seu tio – falou ele brincando enquanto eu me sentava á mesa.
- para de graça tio, ficou doido?
- que nada, pode olhar não arranca pedaço.
- não tenha tanta certeza – falei brincando e pegando um copo de leite e em seguida tomando um bom gole. – não está com frio? Não está tão frio quanto ontem á noite, mas o vento está gelado.
- a gente se acostuma, você vai se acostumar também. Bom… depende de quanto tempo for ficar por aqui.
- eu realmente não penso nisso. Eu quero ficar o quanto me der vontade sabe? Não quero marcar dia ou mês para ir embora eu só quero ficar por aqui e aproveitar.
- acho bom – falou meu tio se levantando e em seguida pegando a camisa que estava pendurada na cadeira e colocando e começando a fechar os botões – não quero nem pensar que você já quer ir embora. Você ficou quase seis anos sem ver o tio e o primo e eu quero que fique aqui para compensar o tempo perdido.
- combinado – falei me levantando.
- filho eu posso te perguntar uma coisa?
- pode.
- você por acaso tem preferencia entre homens loiros como eu ou morenos como meu filho?
- não. Desde que seja uma pessoa responsável. Às vezes eu acho que sou mais velho por dentro do que sou por fora. Não gosto de garotos e sim de homens, se é que me entende...
- legal – falou meu tio – tem um rapaz que mora umas quatro fazendas pra lá – falou ele apontando para a esquerda – o nome dele é Joe Meyer, uma rapaz bonitão, alto, moreno, barbudo, eu não posso afirmar que ele é algo, mas as pessoas por ai dizem que ele gosta de homens também. Ele é amigo do seu primo vou pedir para ele te apresentar a ele.
- fico lisonjeado que se importe com isso tio, mas eu não quero conhecer ninguém por um bom tempo sabe. Nada que se envolva sentimentalmente.
- e quem disse que precisa se envolver? Pro diabo isso – falou meu tio quando saímos pela porta dos fundos e chegamos ao chiqueiro – converse com ele, se ele também gostar de morder a fronha vocês podem aproveitar a companhia um do outro.
Eu dei uma risada sem graça quando ele disse isso. Ele tinha em deixado envergonhado.
- Seu pai me falou sobre os últimos caras que você saiu e meu conselho é: pare de tentar. O que tiver que ser, será e vai acontecer naturalmente.
- o senhor não é o primeiro a me dar esse conselho.
- bom, parece que outra pessoa além de mim percebeu que se você tentar demais nada acontece. Eu só estou falando sobre esse rapaz para que você saiba em quem investir, mas se você quiser usar o seu radar para encontrar outros por ai, tudo bem. eu quero que você seja feliz.
Dessa vez eu desatei a rir com o “Gaydar”.
- tudo bem tio. Vou seguir seu conselho e deixar acontecer.
- ótimo – falou meu tio.
Meu primo saiu do celeiro e veio até nós.
- filho, você vai hoje na cidade comprar ração para as galinhas?
- vou sim pai, vou só tomar o café da manhã.
- leva seu primo.
- pode deixar – falou ele tirando a camisa e revelando um corpo definido e ao contrário do meu tio ele tinha bastante pelos no corpo.
- lembre-se que ele é seu primo – falou meu tio rindo.
- pode ficar tranquilo tio porque eu estou de olho é no senhor – falei brincando enquanto nós andávamos para a cozinha.
- eu sabia – falou meu tio quando entramos na cozinha.
Eu me sentei à mesa e fiquei olhando para meu tio pegando algumas quitandas para comer e foi quando eu vi algumas fotografias na geladeira e eu me levantei rapidamente para olha-las mais de perto.
Tinha várias fotos do meu tio e minha tia com Leo pequeno. Minha tia tinha falecido a mais ou menos nove anos atrás por causa do câncer de mama que se espalhou para outras partes do corpo e desde então meu tio Roger e Leo moravam sozinhos.
Olhando as outras fotos eu vi uma foto de minha mãe e minha tia juntas, tinha também fotos do meu pai e tio Roger com garrafas de cerveja mão em um churrasco. Havia uma foto minha e de Leo vestidos de robôs, uma roupa feita por nós mesmos, foi quando eu lembrei que quando jovens nós estávamos encantados com aquela canção do Styx sobre Kilroy…
- me lembro desses dias como se fossem ontem – falou meu tio e meu primo se aproximando para olhar as fotos. – você e Leo viviam vestidos de robôs. Vocês usavam qualquer coisa para fazer a fantasia. Vocês ouviram tanto o meu álbum do Styx nessa música que chegou a furar.
- eu tenho apenas algumas recordações dessa época, mas eu lembro que sempre nos reuníamos nos fim de semanas e vivíamos viajando para a casa um do outro, mas eu lembro que em certa época isso tudo parou de repente.
- foi quando minha mãe ficou doente – falou Leo.
- sinto muito – falei me sentindo egoísta por ter tocando no assunto.
- não precisa se desculpar – falou Leo – eu sei que você conhece a mesma dor que eu.
- sim – falei olhando a foto das duas.
- por falar nisso – falou Leo desviando minha atenção das fotos – você vai adorar a namorada do papai, ela é super gente boa.
- fico ansioso para conhecer.
- vou te apresentar a minha também – falou Leo – para dizer a verdade Mike, amanhã todos nós vamos a um bar na cidade, muita bebida, dança e diversão e você vai comigo eu vou te apresentar a todos os meus amigos.
- faz um tempo que eu preciso sair para beber – falei voltando à mesa e me sentando.
Depois que tomamos o café da manhã nós pegamos o carro.
Nós dirigimos por trinta minutos e passamos por todas aquelas fazendas outra vez e depois chegamos à cidade. Eu vi aquelas pessoas andando e conversando todas pareciam felizes. Chegamos ao lugar para comprar ração para as galinhas e eu aproveitei para dar uma boa olhada em volta. Era tudo muito calmo, parecia que todo mundo conhecia todo mundo naquela pacata cidade. Tinha o banco, a igreja, o supermercado… literalmente! Só tinha um de cada na cidade. Para mais opções era preciso ir ao centro, mas tudo isso tinha seu lado bom. Todos eram bons vizinhos e amigos.
Quando saímos da loja eu esbarrei em um homem.
- desculpa – falei assustado, não queria arrumar confusão logo na primeira vez que fosse a cidade.
- sem problemas – falou ele.
- olá Thom – falou Leo apertando a mão dele.
- tudo bem Leo? Como está seu pai?
- está ótimo – falou Leo – Thom esse aqui é meu primo que veio da cidade grande, Mike.
- tudo bem Mike? – falou ele sorrindo para mim e apertando minha mão – seja bem vindo a nossa cidade espero que goste daqui.
Thom aparentava ter mais ou menos 45 anos de idade. Usava calça jeans azul, camisa branca e um terno na cor parda. Ele parecia ser um fazendeiro rico e importante. Ele era um homem muito bonito, mas eu já estava anestesiado quanto a isso.
- estou gostando e pra ser sincero já não sei se quero ir embora daqui.
- é assim que se fala – falou ele batendo a mão no meu ombro – você vai ter certeza que quer ficar depois que ver as mulheres por aqui – falou ele com um sorriso.
- espero que sejam tão bonitas quanto dizem – falei entrando na brincadeira afinal não era muito bom sair dizendo para todos que eu era gay, afinal não era assunto dele.
- elas são – falou ele olhando para Leo – meu filho estava te procurando Leo, quando tiver um tempo vá lá em casa.
- vou sim Thom – falou ele se despedindo – foi um prazer te ver.
- igualmente – falou ele entrando na loja.
- quem é esse? – perguntei quando nos afastamos em direção ao carro.
- esse é nosso vizinho Thom Morgan – Meu primo jogou a ração dentro do carro e fechou a porta de trás.
- bom, conheci o primeiro – falei entrando no carro no banco do carona.
- você se importa se eu for ver o Peter? – perguntou Leo – quero aproveitar que vamos passar lá em frente de qualquer jeito e já ir lá para saber o que ele quer.
- o filho dele?
- sim.
- não me importo não.
- prometo que não vou demorar, só vou passar lá para saber o que o ordinário quer comigo – falou meu primo rindo ao xingar o amigo. “Coisa de hetero” pensei. Apesar de que eu também xingava meus amigos gays apenas por brincadeira quando nos referíamos uns aos outros só que de nomes diferentes e percebi que nós não éramos assim tão diferentes.
Então meu primo ligou o carro e nós partimos. No caminho nós fomos conversando.
- então Leo… você tem namorada?
- tenho sim – falou ele colocando a braço para fora do carro – o nome dela é Katty.
- vocês namoram há muito tempo?
- sim, mais de três anos.
- queria ter um relacionamento que durasse tanto.
- pois eu já enjoei, estou quase jogando ela fora para arrumar uma nova.
- sério? – perguntei olhando para ele.
- brincadeira – falou ele – eu gosto muito dela. Eu e Peter conhecer nossas namoradas juntos. Elas eram amigas assim como nós.
- também namoram a três anos?
- sim, mas ele e a namorada ficaram noivos faz dois meses.
- que bom – falei – só deve ser ruim para você, sua namorada não fica no seu pé para ficarem noivos também?
- não, mas se ficasse não me importaria eu gosto dela.
- fico feliz pro vocês. É nesses momentos que eu morro de inveja de vocês héteros, me parece que o relacionamento de vocês são bem mais fáceis do que os nossos.
- não fica assim primo, você vai conhecer alguém. Eu vou fazer disso minha missão. Meu primo não vai ficar por aqui, solteiro e sozinho. Eu vi meu pai te falando sobre o Joe.
- foi sim, ele me falou que ele “talvez” goste de homens.
- talvez não entra aqui – falou Leo – ele gosta, mas ele está namorando.
- bom não foi dessa vez, mas como meu tio disse, isso vai acontecer naturalmente.
- não esquenta primo, meu pai está certo. Vai acontecer naturalmente quando menos esperar.
- só queria que não demorasse muito, eu preciso esquecer meu ex. eu pensei que se esqueceria dele assim que viesse para cá, mas até hoje eu não vi diferença.
- mas você só está aqui á três dias primo, você tem muitos dias pela frente para superá-lo.
- deus te ouça. – falei olhando pela janela.
Eu espero que meu primo e meu tio estejam certos e eu se esqueça de Roman e que um outro romance aconteça em breve. Eu podia mentir para todos sobre não querer namorar, mas a verdade é que eu queria e muito, mas eu tinha que me acalmar porque se eu ficasse ansioso acabaria caindo de cabeça em um romance com o homem errado.