CAPÍTULO 102: Trabalho
Parte da série Paixão Secreta
Sabe aquele momento que você acorda calmamente e de repente se lembra de algo e abre os olhos?
Foi o que aconteceu comigo. Eu abri os olhos assustado e peguei meu celular, assim que eu olhei eu levei um susto o relógio marcava 09h43min. Eu levantei de uma vez e fui para o banheiro lavar o meu rosto e escovei meus dentes. Eu vesti uma das roupas que meu tio tinha me comprado. Uma camisa listrada no tom vermelho a calça jeans azul por dentro da calça, mas decidi não usar o chapéu porque me incomodava muito.
Ei desci as escadas e fui até a cozinha e meu tio estava em pé na porta olhando para fora e gritando com meu primo.
- cuidado se não ele vai fugir – gritou meu tio.
- tio me perdoa – falei indo até ele – eu esqueci de colocar meu celular para despertar.
- não se preocupa – falou meu tio – o Leo queria te chamar, mas eu disse para ele deixar você dormir, você estava muito cansado.
Eu então fui até a porta e fiquei ao lado dele e tive a primeira visão do território.
- obrigado – falei olhando até onde minha vista alcançava – isso tudo é de vocês?
- sim – falou ele passando o braço por trás de mim – tem mais onde você não pode ver.
- você é o que mais tem terras por aqui?
- o segundo. O que mais tem terras por aqui são os Morgan, mas eu tenho muita coisa, dentro das minhas terras tem uma floresta.
- o senhor vai destruí-la? – de todas as perguntas que poderia fazer eu fiz logo a mais ofensiva, mas eu me preocupava com a natureza apensar de ter vivido tão longe dela durante 23 anos da minha vida.
- não. Justamente por isso eu comprei, para preservá-la. É bom um lugar lá, direto Leo e os amigos vão ao rio, pescar, tomar banho e às vezes até acampam a próxima vez que eles forem você vai com eles, tenho certeza que você vai gostar. É igual à água que usamos, é tudo das chuvas. Tem reservatórios que coletam a água das chuvas. É ela que nós usamos.
- vou ficar ansioso para ir – falei vendo Leo tirando os cavalos do estábulo.
- vai lá para ver seu cavalo – falou meu tio – posso te dar um beijo? – perguntou meu tio
- pode – falei sentindo ele me dar um beijo no rosto e um abraço.
- obrigado por ter vindo, eu estou muito feliz.
- também estou feliz por estar aqui.
- vai lá – falou ele dando um tapa na minha bunda e eu fui andando. Agora eu sabia que ele era realmente irmão do meu pai porque os dois tinham o mesmo senso de humor e as mesmas brincadeiras.
Eu andei pelo capim e passei pelos porcos no chiqueiro, as galinhas, galos e vários pintinhos e cheguei a um enorme espaço onde os cavalos ficavam soltos durante o dia.
- quer ajuda? – me ofereci apenas por oferecer porque a única ajuda que eu daria era se fosse de tapete para os cavalos.
- entra ai – falou ele.
- eles não vão me morder?
- o mais perigoso primo é se eles te derem coices, mas não vai acontecer se você não ficar atrás deles.
- tem certeza?
- se quiser acariciar o seu cavalo vai ter que entrar.
- tudo bem – falei pulando a cerca e pisando no chão com as botas.
- fique ai que eu vou trazê-lo.
Leo foi para o estábulo e eu fiquei lá com aqueles cinco cavalos me encarando como se eu fosse uma apetitosa refeição… ou no mínimo um ótimo e macio lugar para dar coices.
Leo então saiu do estábulo segurando o arreio de um cavalo preto como eu tinha visto na foto.
- primo, esse é seu cavalo – falou ele parando e o cavalo ficou lá parado olhando para mim e depois para qualquer outro lugar – vem aqui.
Eu então comecei a ir na direção deles com passos curtos. Eu então fiquei ao lado de Leo.
- pode acaricia-lo.
- tem certeza? Ele não vai me estranhar?
- deixa de ser medroso primo, é só acaricia-lo, ele vai sentir que você é o dono dele.
- como isso é possível se ele acabou de me ver?
- você tem cachorro primo?
- tenho.
- é a mesma coisa. Quando você tem um cachorro ele acha estranho no começo, mas com o tempo ele vai percebendo que você é o dono dele e não vai fazer o mal.
Eu então coloquei a mão vagarosamente nele.
- sou eu cavalinho não precisa ficar com medo.
Assim que eu encostei ele fez um barulho e bateu os cascos no chão.
- ele vai se irritar comigo – falei afastando a mão e dando um passo para trás.
- não se assuste primo, ele sente seu medo você tem que ser confiante – falou Leo – você já escolheu um nome para ele?
- eu andei pensando em um…
- qual?
- Sombra.
- ok – falou Leo olhando para o Sombra – Sombra esse é o Mike seu dono.
Eu então me aproximei e dessa vez não hesitei eu apenas coloquei a mão na crina dele e alisei. Eu dei uma risada e um sentimento me possuiu.
- Sombra você é o cavalo mais bonito daqui – falei – sem querer ofender – falei olhando para os outros cavalos – não precisam vir atrás de mim só porque eu disse isso.
- ele é muito bonito mesmo – falou Leo – o único cavalo aqui que é todo preto.
- ele é lindo mesmo a luz do sol faz os cabelos dele brilharem – falei acariciando ele.
- quem te deu?
- meu chefe… meu ex-chefe, ele me deu de aniversário.
- ele escolheu bem.
- deve ser porque eu sou o único da família que tem os cabelos e os olhos escuros. Combina comigo.
- então, quando vai montá-lo?
- eu vou que, fazer o que? – perguntei assustado.
- monta-lo. Ou você acha que vai apenas fazer carinho nele?
- eu nunca montei antes, ele ficou nervoso só porque só porque fiquei ao lado dele, imagina o que ele vai fazer se eu subir nele?
Meu primo rei bastante
- vocês da cidade grande são medrosos demais.
- você diz isso por que nunca viu um metrô de perto – falei rindo.
- aquilo sim dá medo – falou Leo.
- bom, quem sabe eu monto nele depois de umas 60 aulas.
- eu vou te ensinar – falou ele – hoje não porque seu trabalho hoje vai ser com os porcos.
- eles mordem?
Leo riu outra vez.
Nós saímos daquele cercado e deixamos os cavalos lá e fomos até o chiqueiro. Nós ficamos um tempo vendo os porcos lá, inclusive um enorme e preto que mais parecia um javali.
- tem certeza que aquilo é um porco? Parece que um adolescente vestiu uma fantasia e se jogou na lama.
- talvez, mas o caso é que você está encarregado de entrar lá todas as manhãs para dar comida. Hoje cedo eu sei pouca comida, só para que quando você acordasse você pudesse ter o prazer de entrar lá.
- por falar em trabalho onde estão as vacas?
- estão pastando, mas para sua sorte você não vai precisar cuidar dela porque temos dois empregados para cuidar. eles cuidam das vacas, touros, ovelhas e carneiros. Eles também estão sempre andando em volta para ver se alguma cerca foi arrancada durante uma tempestade ou algum animal tentou entrar.
- tipo, raposas?
- isso.
- não me diz que aqui tem cobra porque eu tenho pavor.
Ele deu uma risada.
- não é isso que eu venho ouvindo todos esses anos…
- você entendeu – falei rindo e olhando para os porcos.
- aqui tem cobras grandes, mas as perigosas são as pequenas. Isso é inevitável o que você deve fazer é checar todos os dias antes de colocar os sapatos se não tem nenhuma dentro porque as pequeninas são as perigosas.
- podia ter me avisado isso ontem – falei sentindo uma coceira no pé.
- não se preocupe, nessa época não aparece, quando estiver chovendo é que é perigoso porque algumas gostam de lugares secos e quentinhos.
- vocês já encontraram alguma dentro de casa?
- sim, uma na sala, uma no armário da cozinha e meu pai certa vez encontrou uma dentro da bota dele.
- vou fazer disso uma rotina. Checar meus calçados vai ser minha meta de vida todos os dias, vou sacudir as cobertas os lençóis…
- não se preocupa com isso agora primo, se preocupe em alimentar os porcos.
Ele então pegou um balde de lavagem e me entregou. Ele abriu o cercado e eu entrei. A lama estava grudenta e eu tentei andar sem chamar a atenção, mas toda vez que um deles vinha em minha direção eu desviava do caminho.
Eu vi que meu tio estava agora ao lado de Leo rindo de mim. Eu então respirei fundo e lembrei o que Leo tinha me dito sobre confiança e eu fui sem medo até lá e joguei a lavagem e todos os porcos vieram de uma vez nas minhas pernas para comer e eu me assustei, cambaleei e cai de costas na lama.
- bem vindo a fazenda primo – falou ele dando um grito.
- isso é o que? – falei me levantando – um ritual de iniciação?
- mais ou menos – falou meu tio.
- agora estou cheio de lama – falei pegando o balde me sentindo nojento.
- não é só lama que tem ai não – falou meu tio rindo.
- preciso de um banho falei chegando na saída e meu tio pegou o balde.
- tem uma ducha do lado da casa, se lave lá.
- e se alguém aparecer?
- não vai. – falou meu tio – vou pegar sua toalha.
Eu então fui até o lado esquerdo da casa e tirei minha roupa ficando apenas de cueca. Eu abri e a água caia e tirei toda a sujeira de mim. Meu tio me trouxe um sabonete e minha toalha de depois de um banho tomado eu me enrolei na toalha e fui para o meu quarto me trocar. Eu vesti outra muda de roupa. Estranhamente, aquele ocorrido me fez ficar feliz.
Essas eram minhas preocupações agora: cobras, lama, porcos, galinhas, cavalos, floresta… nada mais de vídeo de sexo ou pessoas me enganando para conseguir algo e eu não tenho vergonha de dizer que preferia mil vezes rolar na lama com os porcos do que ter que passar outra vez pelo o que eu passei no último ano.
Depois de vestido outra vez eu decidi ligar para meu pai. o telefone chamou várias vezes até que ele atendeu.
- bom dia filho – falou ele.
- bom dia paizão.
- paizão? Está animado! – falou meu pai.
- e muito pai.
- está gostando dai?
- estou aqui a menos de 12 horas e já não quero mais voltar.
- passou pelo ritual de iniciação?
- o senhor sabia? – falei rindo.
- mas é claro – falou ele rindo do outro lado da linha.
- pai eu já dei um nome para o meu cavalo.
- qual?
- Sombra. Pai ele é lindo, todo preto com os olhos castanhos bem escuro e eu consegui acaricia-lo.
- sério? Mas que menino corajoso.
- o senhor criou um valente.
- Vanessa mandou um abraço.
- ela dormiu essa noite ai?
- sim.
- manda um abraço para ela e para o Adam. Agradece o Adam o presente e diz que eu adorei.
- digo sim – falou meu pai.
- pai… - falei hesitando pro alguns segundos.
- o que foi filho?
- o Roman por acaso foi ai?
Meu pai suspirou.
- filho, esquece ele.
- eu sei, eu sei… só estou curioso.
- não ele não veio aqui, filho você foi para a casa do seu tio para se esquecer dos problemas daqui não quero que fique ai sofrendo pro um homem que não te quer mais.
- eu sei pai, me desculpa chateá-lo.
- tudo bem, só me promete que não vai ficar pensando nele.
- eu prometo;
- já sinto sua falta filho.
- também sinto a sua falta pai.
- quando quiser ligar, pode ligar ok? De manhã, de tarde, de noite ou de madrugada, quando sentir vontade.
- ligo sim.
- manda um abraço para o seu tio e para seu primo.
- mando sim pai.
- um beijo filhão.
- beijo paizão.
Assim que eu desliguei eu desci as escadas e voltei ao trabalho. Durante todo aquele dia eu aprendi muita coisa. Meu primo me levou até o meio do pasto para ver as vacas e me apresentou aos dois peões que trabalhavam para eles.
Eu limpei o celeiro e o estábulo. Meu primo me ensinou a pentear os cabelos dos cavalos de modo que não os machucasse e eu também peguei os ovos das galinhas sem irrita-las. No fim do dia eu estava morto de cansado e quando olhei no relógio não era nem 20h00min.
Meu tio fez o jantar e logo depois de comer eles assistiram televisão e me chamaram para assistir com eles, mas tudo o que eu queria era cair na cama e assim que tomei um banho e escovei os dentes foi o que eu fiz.