CAPÍTULO 100: Paixão Secreta

Parte da série Paixão Secreta

Eu não consegui pegar no sono profundo e ficava cochilando 10 ou no máximo 15 minutos. Eu tentava me virar e ficar em todas as posições, mas nenhuma era confortável o suficiente. Acho que o comissário viu que eu tentava dormir, mas não conseguia e decidiu puxar assunto comigo para passar o tempo.

- difícil dormir? – perguntou ele ficando em pé na minha frente.

- um pouco – falei rindo – eu já tentei todas as posições possíveis, mas eu não consigo dormir.

- posso me sentar?

- claro – falei vendo ele se sentar na minha frente na poltrona de frente para mim.

- o que está te incomodando? – perguntou ele.

- como assim?

- geralmente quando eu fico com insônia é porque alguma coisa me incomodou durante o dia.

- alguma coisa te incomodou?

- sim, mas não quero falar sobre isso – falei olhando pela janela.

- tudo bem – falou ele.

Nós ficamos em silêncios por longos minutos que pareceram horas. Nada eu via na escuridão da noite, mas tudo era melhor do que encarar o comissário de bordo que ainda estava sentado olhando para mim.

- sabe… - falou ele – as vezes falar sobre o que te incomodas pode te ajudar e muito.

- por favor, eu não quero ser rude, mas eu não…

- você tem a chance de falar com alguém e o melhor de tudo com um desconhecido.

- como pode ser melhor? Você mesmo disse um ponto negativo: você é um desconhecido.

- mas isso é bom porque eu não vou te jugar e provavelmente nunca mais vou te ver de novo e você não precisa ficar com medo de seu segredo se espalhar.

Eu nunca tinha dito uma palavra do que me incomodava para ninguém em toda a minha vida, mas por algum motivo eu sentia pela primeira vez a necessidade de contar esse segredo que eu guardei por tanto tempo com tanto cuidado.

- pode confiar em mim, eu sou um bom ouvinte, quem sabe você não consegue dormir.

- tudo bem – falei – algo realmente me incomodou hoje.

- o que foi? Aconteceu algo no aeroporto.

- sim, um homem veio falar comigo e deu em cima de mim.

- ele fez algo que não gostou?

- na verdade eu estou arrependido do que eu disse para ele.

- o que ele fez?

- ele é um homem casado com uma mulher e simplesmente deu em cima de mim querendo me levar para casa e eu joguei na cara dele que ele é um gay horrível e merecia o sofrimento que ele tinha ao estar em um casamento sem amor.

- foi isso que te incomodou? Ter dito isso e não ter tido a chance de se desculpar?

- sim.

- e porque você queria tanto se desculpar?

- porque eu descarreguei nele o que eu queria dizer a alguém há seis anos. Vê-lo fez eu me lembrar da melhor e da pior época da minha vida.

- lembrou de uma paixão antiga?

- sim. Antiga e secreta.

- quer me contar que paixão foi essa? – falou ele levantando a mão direita – eu juro que vai ficar só entre nós, o piloto e as pessoas que ele contar – ele deu uma risada e me fez rir também.

- ok, mas eu quero saber seu nome.

- Robert – falou ele.

Eu respirei fundo e me arrumei na poltrona. Esse estranho seria a primeira pessoa a saber dessa história. Nem meu pai, nem meu psicólogo, nem Denny… ninguém sabe sobre ela – ok Robert, vou te contar a história da minha Paixão Secreta.

Eu então pensei por onde começaria e logo as palavras fluíram.

- tudo começou seis anos atrás quando eu arrumei meu primeiro emprego. Eu consegui um emprego na advocacia “Partners Advocacy” como assistente de arquivo eu estava contente e animado para o primeiro emprego, eu tinha 17 anos e tinha acabado de terminar o colegial e claro, paixões do colegial só duram até o colegial, ou seja, estava solteiro.

SEIS ANOS ATRÁS

- filho? – falou meu pai ao pé da escada – não vá se atrasar para seu primeiro dia de trabalho.

- não vou pai – falei descendo as escadas. Tinha completado dezessete anos a pouco tempo e estava animado para meu primeiro dia.

- eu vou te levar só hoje – falou meu pai brincando – os outros dias você vai ter que ir como todo mero mortal de ônibus ou metrô. – falou ele rindo e nós fomos até a garagem.

Nós entramos no carro e ele deu partida em direção ao centro.

- lá é muito grande? – perguntou meu pai.

- é sim pai o senhor vai ver o tamanho do prédio. – falei animado.

- como é o nome do seu chefe?

- Nathan. Ele cuida do departamento, mas ele não é o dono da empresa. Os donos são alguns homens, mas eu não sei que é.

- estou tão feliz por você filho. – falou meu pai.

- também estou feliz pai.

- sua mãe ficaria orgulhosa de você – falou meu pai.

- eu sei. – falei olhando para meu pai. Eu vi a expressão emocionada no rosto dele. Fazia pouco mais de um ano que mamãe tinha falecido.

Depois de muito dirigir meu pai me deixou em frente ao prédio e me desejou boa sorte no primeiro dia de trabalho. Apesar do trabalho não ser muito importante o uniforme era o mesmo em todos. Roupa social e camisa social.

Eu cheguei ao arquivo que ficava no 11º andar e meu chefe me recebeu e antes de me treinar ele me levou a todos os departamentos da empresa: no RH, no financeiro, aos estagiários, call center e por último no 20º andar onde ficava a sala do chefe.

Assim que chegamos vi um homem de ter preto conversando com uma recepcionista loira.

- bom dia – falou Nathan estendendo a mão e o homem apertou a mão dele.

- bom dia – falou o homem para Nathan

- Adam, esse é Mickey ele foi contratado para me ajudar no arquivo.

Adam estendeu a mão e eu apertei a mão dele.

- seja bem vindo – falou Adam – se esforce bastante Mike e um dia quem sabe você não se torna um dos sócios dessa empresa. – essa foi a primeira vez que Adam me chamou de Mike.

- não quero sonhar tão alto – falei com um sorriso.

- nenhum sonho é tão grande que não possa ser alcançado. – falou Adam com um sorriso

- leve essa frase para a vida – falou Nathan.

- foi bom te conhecer – falou Adam voltando a olhar para a recepcionista.

Durante aquele dia eu aprendi todo o serviço e como uma das minhas melhores qualidades é aprender com facilidade foi fácil decorar onde ficava cada arquivo naquela sala.

Eu fiquei muito feliz quando recebi o meu primeiro salário e no primeiro mês já estava acostumado com a rotina e naquela época não entendia como as pessoas podiam ficar infelizes no trabalho.

Mas foi em uma terça-feira que eu conheci o homem que iria mudar a minha vida. Fazia um mês e quinze dias que eu estava trabalhando e no horário de almoço eu resolvi procurar uma livraria porque precisava comprar um livro e como não conhecia nada eu resolvi ir pela sorte. Eu perguntava para as pessoas no caminho se conheciam uma livraria, é como dizem: que tem boca vai a Roma.

Eu andei bastante e finalmente encontrei uma livraria, mas infelizmente o livro que eu queria não tinha, mas resolvi dar uma olhada nos livros e foi quando eu esbarrei em uma das fileiras e derrubei vários livros chamando a atenção de todos. Logo eu me abaixei e comecei a pegar os livros um pouco envergonhado. Eu então vi que um homem se aproximou e começou a pegar os livros me ajudando. Logo que nos levantamos começamos a colocar os livros nas prateleiras.

- obrigado – falei olhando para ele.

- não por isso – falou ele com um sorriso. Sabe aquele momento que vemos uma pessoa tão atraente que nem disfarçamos ao olhar? Foi o que aconteceu e o pior é que o homem percebeu que eu o olhei mais do que devia e com medo do que ele pudesse fazer eu disfarcei. Pelo canto do olho eu vi que ele deu um sorriso. Sua boca era linda e seu sorriso derreteria um gelo de tão quente. Seu rosto tinha sido barbeado recentemente e seus dentes brancos como o leite conseguiram ser um colírio para meus olhos. Ele era maior do que eu provavelmente 1:87. Seu peito largo e seu corpo robusto chamava a atenção.

- obrigado – falei com vergonha, mas antes que eu me virasse ele falou comigo.

- meu nome é Felix – falou ele com um sorriso estendendo a mão e eu apertei.

- sou Mickey – respondi.

- essa livraria tem bons livros, mas geralmente não tem os lançamentos – falou ele.

- verdade – falei disfarçando e olhando a mão dele. Tinha uma aliança na mão de casamento – o livro que eu procurava não tinha então eu vou ter que procurar outra livraria.

- eu sei onde tem uma ótima livraria – falou ele – se quiser eu te dou uma carona.

- não precisa – falei com uma pulga atrás da orelha. A gente via tanta coisa ruim acontecer na televisão então eu logo tratei e acabar com o assunto – pra dizer a verdade eu estou atrasado para voltar ao trabalho.

- eu te dou uma carona, não precisa ficar com medo eu não vou te fazer mal. Eu sei que não é comum as pessoas se ajudarem hoje em dia e realmente você está fazendo o certo não aceitando a carona, mas eu me garanto. Não vou te machucar prometo que é só uma carona.

- tudo bem – falei seguindo ele para fora da livraria. Como eu era um adolescente sem juízo aceitei a carona de um estranho que eu conheci em uma livraria que eu fui pela primeira vez na vida. Parabéns pra mim. Se meu pai descobrisse o que eu tinha feito ele me amarrava com uma corrente em casa e não em deixava sair até ter 30 anos de idade.

O carro dele estava estacionado um pouco a frente na mesma rua da livraria. Ele abriu o carro de longe e eu entrei no banco do carona e ele no do motorista.

Ele ligou o carro e começou a dirigir.

- fica longe? – perguntei apreensivo. Apesar do medo eu não me arrependia de ter aceitado a carona.

- não muito – falou ele.

Então o celular dele começou a tocar e como ele estava dirigindo pediu que eu procurasse o celular para ele. O som estava abafado então estava dentro de algo. Eu passe ia mão embaixo do banco, no compartimento ao lado da porta e em seguida abri o porta luvas. Eu levei o maior susto porque tinha uma arma.

- me deixa sair daqui – falei compulsivamente chegando para trás. Eu comecei a tremer e um frio cortante passou pelo meu corpo. – por favor – falei começando a chorar.

- se acalma – falou ele saindo da rua e estacionando rapidamente – eu sou policial – falou ele pegando o distintivo atrás da arma e me mostrando. – não se preocupa sou policial – falou ele me entregando.

Eu respirei fundo e peguei o distintivo e vi a foto e o nome dele. Felix Lawrence Conroy, 41 anos.

- você me assustou – falei olhando para ele.

- me desculpa eu tinha esquecido que isso estava ai. – falou ele guardando o distintivo, a arma, pegando o celular e desligando.

- tudo bem – falei limpando meus olhos – nunca me assustei tanto na vida. Eu nunca vi uma arma pessoalmente, só nos filmes.

- ficou um lugar – falou ele limpando meu rosto com o dedão da mão direita.

Quando ele me tocou eu fiquei olhando para o rosto dele e ele deu um sorriso e não sei porque diabos eu disse a pior coisa que eu podia dizer naquele momento.

- eu tenho dezessete anos – falei. Eu me arrependi de ter dito isso no momento em que saiu da minha boca.

Ele deu uma risada.

- é só uma carona – falou ele om um sorriso.

- foi mal – falei.

Ele continuou com o sorriso no rosto e logo voltou à estrada

- você está de folga? – perguntei.

- não. Sou um policial disfarçado.

- sério? – perguntei.

- sim, mas não estou investigando nada eu sou a pessoa que vai estar perto de você quando você precisa. Dessa maneira não intimidamos os criminosos.

- entendi.

- então, tem namorada? – perguntou ele.

- não. Nem namorado.

Ele olhou para mim com um sorriso no rosto.

- você é casado – falei.

- é uma pergunta ou uma afirmação? – perguntou ele.

- você tem uma aliança no dedo – falei apontando.

- sim, 10 anos de casado – falou ele levantando a mão e mostrando a aliança no dedo.

- tem filhos?

- Um garoto – falou ele – você iria gostar dele, ele é lo0uco por vídeo games.

- não gosto muito de videogames – falei olhando para ele.

- o que faz para passar o tempo? – falou ele estacionando em frente a uma livraria – gosto de ler, assistir filmes e ir à sinagoga.

- é judeu? – perguntou ele.

- sim – respondi – espero que não tenha preconceito.

- nenhum – falou ele – eu não acredito em deus, espero que não tenha preconceito.

- não tenho – falei.

- bom, ai está a livraria, tenho certeza que qualquer livro que quiser vai encontrar ai.

Eu olhei para o lado e lá estava ela.

- eu te disso – falou ele com um sorriso – só uma carona.

- pois é – falei olhando para baixo. Eu não conseguia me mexer.

- não vai sair? – perguntou ele.

- não sei se quero mais o livro – falei.

Ele não disse nada e ficou me olhando com um sorriso e eu fiquei olhando para ele esperando ele fazer algo. Ficamos assim por alguns segundos e ele finalmente disse:

- eu não sou um predador sexual de menores então eu não vou te beijar porque eu não sei se você quer.

- eu posso? – perguntei.

- pode – falou ele se aproximando.

Eu coloquei as duas mãos segurando o rosto dele e fechei os olhos e nós demos um selinho e em seguida um beijo de língua.

Minha perna esquerda tremia de medo. Realmente o sabor do proibido é mais gostoso. Nossas bocas pareciam ser feitas uma para a outra.

- não vai ter problemas com isso? – falei parando de beijá-lo e olhando para ele – você é policial, seu dever seria prender homens como você.

- só vou ter problemas se você me denunciar – falou ele.

Eu fechei os olhos e nós nos beijamos outra vez.

- você quer se encontrar comigo hoje à noite? – perguntou ele.

- e sua esposa?

- não tem problema – falou ele – toda terça, sexta e sábado eu estou livre. Tenho álibis e posso mentir para ela e mesmo que um dia ela me pegue não tem problema porque você é homem e ela não sabe sobre mim.

- tudo bem – falei olhando para ele.

Ele me deu um selinho na boca.

- só te peço uma coisa – falou ele.

- o que?

- não conte para ninguém. Ninguém. Eu não posso correr o risco de ser preso – falou ele.

- ok – respondi.

E naquela noite nós não nos encontramos para o sexo e sim para conversar o que era para ser um encontro qualquer em um motel acabou virando um encontro romântico que marcou nossas vidas para sempre.

- e vocês se encontraram nesse dia? – perguntou Robert, o comissário de bordo.

- sim. Todas as terças, sextas e sábados e todo esse tempo ficou em segredo. Pode parecer coisa de adolescente, mas eu me apaixonei por ele e ele se apaixonou por mim e disse que me amava todo o tempo.

- você o amava?

- ele foi o meu primeiro amor. O primeiro homem que eu me apaixonei de verdade e ele se arriscava muito porque era um policial respeitado traindo a esposa com um garoto de 17 anos. Porque você sabe só é pedofilia se for um homem mais velho, aposto que se fosse uma mulher mais velha ninguém se importaria.

- e vocês se encontraram por quanto tempo?

- namoramos por dois anos – falei.

- então em certo ponto você fez 18?

- sim e nós continuamos a nos encontrar. Ele nunca me disse que iria largar a esposa, mas ele dizia que não amava ela e só a mim.

- é por isso que está tão incomodado com o homem que encontrou hoje?

- sim. Ele é exatamente como Felix. Felix tinha se casado por causa da família e ele não se aceitava. Depois de mais velho com filhos ele se viu preso a um casamento feito com mentiras e sem amor, mas não iria desmanchar a vida que tinha feito. Era difícil para um policial ser gay, mas diferente do homem que eu encontre hoje Felix sabia como tratar um homem. Ele me tratava como namorado. Dava-me carinho, estávamos juntos na alegria e na tristeza, ouvíamos os problemas um do outro.

- vocês então eram namorados mesmo?

- sim, só que em segredo e para dizer a verdade eu não me importava desde que eu tivesse ele três vezes por semana.

- você se apaixonou mesmo.

- para você ter uma ideia Robert, eu perdi a minha virgindade com ele.

- sério?

- sim. Eu já tinha namorado, mas nunca tinha feito sexo. Eu tinha 17 anos e perdi a virgindade com um homem de 41 anos e te digo que foi a melhor experiência que eu tive. Muitos dizem não gostar da primeira vez porque dói e é tudo novidade, mas comigo não. Eu posso dizer que minha primeira vez foi perfeita.

- e porque vocês terminaram? Porque você tem raiva dele?

- eu não tenho raiva dele, eu fiquei com raiva porque eu me lembrei dele.

- o que aconteceu? Ele terminou com você?

- eu esperava ele como sempre dois quarteirões depois do meu trabalho e em uma sexta-feira ele não apareceu. Eu fiquei preocupado porque sabia que ele nunca me deixaria esperando sem avisar, mas eu sabia onde ficava a delegacia que ele trabalhava e peguei um taxi para lá.

Chegando lá eu me apresentei como um amigo a um policial na recepção e em seguida ele me ofereceu um copo de água e pediu que eu me sentasse. Em seguida ele disse que Felix tinha trocado tiros com um bandido naquela tarde e ele tinha sido atingido na cabeça. Ele teve morte cerebral ás 17h34min. Aquilo me machucou tanto. Eu senti como se um pedaço de mim tivesse sido levado.

- sinto muito – falou Robert.

- imagina como eu fiquei? Não podia desabafar com ninguém, não podia chorar perto do meu pai. eu me sentia sufocado.

- e como você conseguiu passar por isso?

- até hoje eu me pergunto de onde eu tirei forças para superar a morte dele.

- você foi ao enterro?

- sim. Eu tinha que me despedir dele e foi lá que eu tive a certeza que ele me amava. Ele comentou com um amigo policial a uns meses que se um dia acontecesse algo com ele era para escrevere: “Você é o único para mim, Eu sou o homem para você, Você foi feito para mim, Você é o meu êxtase, Se me desse toda a oportunidade, Eu mataria pelo seu amor.” Todos pensaram que essa mensagem era para a esposa, mas era para mim.

- como você sabe? – perguntou Robert.

- é um trecho da letra da canção do Queen “I Was Born To Love You”. Essa era a música que tocava quando fizemos amor pela primeira vez. Era nossa música. – falei isso limpando uma lágrima dos meus olhos. – ele foi minha verdadeira paixão e até hoje vem sendo minha paixão secreta. Essa paixão que me dominou e vem influenciando minha vida hoje em dia. Eu meio que procuro o Felix em todos os homens que eu namoro, Tyler, Kevin, Anthony, Charley, Fritz, Roman… acho que é isso que arruína meus relacionamentos. Eu me apaixono e espero que eles sejam como o Felix, mas eles não são como ele. Eles são totalmente diferentes.

- aposto que em todos esses relacionamentos você de alguma forma deixou eles péssimos para você mesmo.

- com Tyler o relacionamento esfriou, com Kevin a mesma coisa, Anthony disse que eu não me esforçava para o relacionamento dar certo. Charley era um ótimo namorado, mas era pervertido e isso não foi minha culpa, eu me apaixonei pelo meu chefe, Adam, que também é casado com uma mulher e eu acho que inconscientemente vi Felix nele afinal ele era atencioso assim como Felix era comigo. Fritz era atencioso e eu sempre arrumava um jeito de brigar com ele e com Roman eu acabei o traindo sem dar a chance que ele se explicasse.

- esse é o problema – falou Robert – talvez você não deva procurar alguém que lembre o Felix e sim alguém que faça você esquece-lo.

- eu não posso fazer isso com ele. Felix me amou até o dia de sua morte e eu vou amá-lo até o dia da minha.

- você não precisa esquecê-lo – falou Robert – você pode amá-lo, mas não pode deixar que esse amor atrapalhe sua vida e te influencia a tomar decisões.

- você está certo

- posso dizer o que eu acho? – perguntou Robert

- pode.

- eu acho que toda vez que encontra alguém e está feliz, inconscientemente você arranja um motivo para ficar infeliz porque você se sente culpado por estar apaixonado e feliz com outra pessoa que não é o Felix.

Aquilo doeu um pouco em mim, mas era a pura verdade. Eu sofria muito com o amor na min há vida e talvez eu fosse o culpado por esse sofrimento.

- tenho certeza que o Felix gostaria que você fosse feliz outra vez.

- eu amo tanto ele – falei sentindo as lágrimas caírem.

- ninguém nunca vai poder te obrigar a deixar de amá-lo – falou Robert.

- eu sei – falei limpando os olhos. Agora eu soluçava de tanta emoção. Realmente ter aquela conversa trouxe tudo de volta – eu tenho medo que ao me apaixonar por outra pessoa eu me esqueça dele, me esqueça de como ele me tocava, como ele me fez sentir quando me beijou a primeira vez. Eu não quero esquece-lo. – falei limpando os olhos.

- você não vai, ele vai estar sempre no seu coração, mas você precisa superar a morte dele para seguir em frente. Superar não significa esquecer, significa se conformar e viver com a perda.

- eu só queria me despedir dele dizer o quanto eu o amava, eu não disse o bastante. Eu daria tudo o que tenho: meu dinheiro, minha saúde, minha vida só para ter mais dois minutos com ele.

- ele sabia o quanto você o amava – falou Robert – ele sabia, se ele não soubesse não teria deixado a mensagem para você.

Eu parei para pensar um instante e tudo o que conseguia pensar era em seu sorriso.

- você tem razão – falei olhando para Robert.

- ele te amava e você o amava e Felix sabia disso.

Eu então dei um abraço em Robert.

- obrigado – falei deixando algumas lágrimas caírem nele. – muito obrigado, você é melhor do que um psicólogo.

- por nada – falou Robert – eu realmente fico feliz em saber que pessoas realmente se amam. É isso que me dá esperança de que o mundo não está totalmente perdido.

Eu o soltei e limpei os olhos.

- agora eu acho que você vai conseguir dormir – falou Robert se levantando.

Eu agradeci mais uma vez por ele ter me ouvido e em seguida deitei a cabeça na poltrona e fiquei pensando em Felix. Por tanto tempo eu escondi isso de todos e tudo o que devia ter feito era conversado com alguém. De algum modo eu estava feliz por ter contado minha história para um estranho. Parece que agora sim eu estava pronto para recomeçar. Eu podia não ter me casado com Felix ou ter ganhado uma aliança de ouro ou ao menos ter uma fotografia nossa juntos, mas ele deixou uma marca onde ninguém conseguiria apagar: no meu coração.

Eu não mais tocaria no nome de Felix com medo de me sentir mal, mas agora diria o nome dele sentindo um calor dentro de mim porque eu sabia que ele estava comigo todo esse tempo

Todo esse tempo eu não tinha ido visita-lo no cemitério porque não suportava a ideia dele estar morto, mas agora quando me sentisse sozinho era só visita-lo no cemitério e ele iria sempre me dizer: “Você é o único para mim, eu sou o homem para você, você foi feito para mim, você é o meu êxtase, se me desse toda a oportunidade, eu mataria pelo seu a

Comentários

Há 7 comentários.

Por dfc em 2014-04-03 02:07:12
fiquei triste pelo fim de Mike e Roman
Por dfc em 2014-04-03 02:04:02
nossa que perfeita serie espero q tenha varias temporadas pq estou amando. e esse episodio me fez derramar lagrimas na hr q Mike contou sobre Felix
Por dhair em 2014-03-27 16:03:36
perfeito!! quem sabe steve não acorda pra acabar com todo esse sofrimento de Mike!
Por Cley em 2014-03-27 03:33:23
Agora sim... Sempre me perguntei o pq de paixão secreta? Mais agora tá explicado! Muito lindo...
Por Cyruz em 2014-03-27 02:57:59
Pobre Mike parece que sofrer está no sangue dele.
Por Gee em 2014-03-27 01:48:21
Aii que medo, pensei que iria terminar no 100. kkkkk Continua!! E agradece aii os comentários! ;)
Por NewDoctor em 2014-03-27 01:13:46
O primeiro capítulo que me fez chorar copiosamente... D':